Gallifrey's Song. escrita por Time Lady


Capítulo 6
06.




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Doctor acordou meio zonzo lado de Rose no colchão que tinha colocado para ela no chão da Tardis, perto da "cozinha".

Percebeu que estava deitado por cima do vestido dela e puxou ele debaixo de seu corpo. Ao fazê-lo, Rose se mexeu um pouco no colchão. Por fim, ela se virou para o lado de Doctor e apoiou a cabeça entre os braços, voltando a dormir.

Doctor encostou a cabeça na parede e suspirou.

Ele gostava de Rose mais do que ela poderia imaginar. Estava demonstrando isso. Mas não sabia se estava fazendo da maneira correta. Já tinha visto várias demonstrações de amor humano. Pessoas se beijando, se abraçando e compartilhando vidas inteiras.

Vidas inteiras.

Doctor levou as mãos aos olhos, massageando suas têmporas. Ele não poderia oferecer a Rose uma vida normal.

Ele tinha tantas coisas para se preocupar. Tinha que descobrir quem enviara Rose de volta e porque. Não poderia ser uma mera coincidência. Também teria que descobrir mais sobre a profecia. "A Canção de Gallifrey" não poderia ser bom. E se envolvia Rose, pior ainda. O que Rose tinha a ver com Gallifrey?

Gallifrey.

Ele tinha feito da Terra um abrigo, mas Gallifrey sempre será seu lar.

Doctor voltou a olhar Rose. Estava dormindo tranquila. Gostava de ver Rose dormindo, gostava de como ela apoiava o rosto entre as mãos. Ele sempre a observou dormindo, mas nunca dormiu com ela, de fato. Sempre respeitou Rose. Ela ficava com o colchão, e ele quando tinha que descansar, deitava-se no banco da Tardis.

Se lembrou da noite anterior. De como tinha surpreendido Rose e a ele mesmo.

Beijaram-se como se fosse a última vez que estariam juntos. Ela não esperava que isso acontecesse, ele pode perceber, mas se entregou a ele como se não tivesse medo de nada.

Dois corações. Mais intensidade. Ele não amava como um humano. Ele tinha desejos humanos por Rose, isso era claro. Até mesmo para um Senhor do Tempo, desejos humanos eram perigosos.

Por que ele não conseguia pensar em nada além de tê-la?

Nunca tinha ouvido falar de algum Senhor do Tempo que havia tido relacionamentos afetivos com humanos. Claro que humanos e Senhores do Tempo se envolviam desde os velhos tempos, mas nada muito sério.

Olhou para o rosto de Rose. Depois para seu peito, subindo e descendo tranquilamente. Por que ele a desejava tanto?

As pernas de Rose estavam descobertas até a coxa. Doctor as encarou, lembrando de um flashback da noite anterior. As mãos dele estavam nas coxas de Rose, e ele já tinha tirado seu sobretudo. Quando se deitaram no colchão, Rose e Doctor já estavam cansados e simplesmente dormiram. Não tinham feito nada demais, na verdade.

Doctor apertou os olhos e se levantou devagar, caminhou pela Tardis com as mãos nos bolsos. Estava do jeito que fora dormir. Com uma fina camiseta, suas calças e os pés descalços.

O que ele deveria fazer?

Depois de alguns minutos, Rose acordou.

Estava com o cabelo bagunçado, e ainda estava meio grogue. Rose abraçou Doctor por trás.

– Bom dia.

– Bom dia, Rose.

Ele se virou, beijando a testa dela.

Pensara que ficaria com repulsa de tocar novamente em Rose, mas parecia que ficava com mais vontade, quanto mais a tocava.

Rose encostou a cabeça no peito de Doctor. Sentiu seus corações batendo e suspirou. Adorava a frequência de seus corações, os batimentos alimentando o corpo do homem que ela ama.

Ela sentia atração por ele. Seu pensamento anterior que não precisava tocá-lo para amá-lo estava errado. Ela o queria, e ele a queria também. A noite anterior fora só a primeira entre muitas.

Mas ela era um humana. E ele era um Senhor do Tempo.

– Rose. - Ele sussurrou. - No que está pensando?

Ela riu. Não uma risada de verdade.

– Temos que descobrir quem me trouxe de volta.

– Ah, estive pensando nisso também.

Rose lembrou mais ou menos do que Sarah Jane tinha lhe falado.

"Ele vale a pena, mesmo que quebre seu coração."

– Vou trocar de roupa. - Rose informou, se soltando dele.

– Se vamos viajar, devo colocar minhas roupas também.

Rose parou e se voltou para Doctor.

– Acho que você fica bem assim.

– É mais confortável, porém pareço meio vulnerável.

Doctor olhou para si próprio e depois para Rose. Estava sorrindo de verdade agora.

– Gosto quando parece vulnerável.

– Exclusividade sua. - Ele piscou.

Rose encontrou sua mala na Tardis e percebeu que estava guardada. Pegou algumas roupas simples e guardou o vestido de Marilyn no fundo da mala. Nem parecia que tinha conhecido Marilyn Monroe na noite anterior.

Também não parecia que tinha ficado com Doctor. Ficado de um jeito que nunca tinha ficado antes. De um jeito íntimo. Imaginou a boca dele em seu pescoço, suas mãos em suas pernas e um arrepio percorreu pelo seu corpo.

Ele não parecia estar diferente ou arrependido da noite anterior, o que deixou Rose curiosa e pensativa.

Sempre quisera voltar para seu Doctor. Mas nunca havia pensado no que fazer quando voltasse.

Ela o amava, ele a amava também. Ele era um Senhor do Tempo. Tinha que se lembrar disso algumas vezes, porque quando eles estavam juntos, parecia um humano normal. Era a naturalidade das coisas. Eles salvaram o mundo diversas vezes, mas ela nunca o considerou um alien de verdade. As vezes, ele parecia ser tão humano quanto ela.

Não queria que as coisas ficassem estranhas entre os dois. Na verdade, ela não sabia bem o que queria. Viajar com ele para tantos lugares incríveis, a fez gostar dele. Será que ele também gostava dela pelo mesmo motivo?

Se sentia uma boba com tais pensamentos. Mas um fato ela tinha que aceitar: Namorar um Senhor do Tempo não seria uma tarefa fácil.

Doctor não queria admitir, mas ele espiou Rose trocar de roupa. Não fora por muito tempo, mas foi o suficiente para deixá-lo atordoado. Ele teria que controlar o seu eu humano.

Ele se focou no painel da Tardis, com mil coisas passando por sua mente. O que ele faria agora? Não poderia contar para ela sobre a profecia, pois ela ficaria preocupada. Não sabia por onde começar a procurar quem havia trago Rose de volta. Pela primeira vez, não saber o frustou em vez de o fascinar.

Pensou em Freya. Em como ela havia encontrado ele. Talvez ela possa encontrá-lo outra vez.

Talvez não deveria importa-se com isso. Talvez deveria limpar sua mente de pensamentos negativos. Talvez ele devesse aproveitar seu tempo com Rose.

Talvez, talvez...

Rose se colocou ao lado dele sem ao menos ele perceber. Ela sorriu e beijou seu ombro.

– Quer tomar café?

Rose fez que sim.

– Na França?

Ele disse e colocou a Tardis para funcionar.

Riu sozinho ao pensar que sua máquina do tempo agora era seu único abrigo e o melhor que poderia oferecer a Rose.

Ela o cutucou.

– O que? Está rindo sozinho.

– Estou feliz.

– Pelo o que?

– Você está comigo, tenho todos os motivos para estar feliz.

Com uma troca de olhar, eles sorriram um para o outro.

Era um hábito antigo. Sorrir um para o outro. Se abraçarem.

Os beijos e a intimidade eram uma coisa nova para eles. Porém era uma coisa nova e boa. Para ambos.

Estavam satisfeitos, embora preocupados com o que poderia vir com a felicidade.


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