A Tardis aterrizou e Rose deu um suspiro de ansiedade, dando alguns passos até a porta da nave.

– Espere aí! - Doctor correu e entrou na frente de Rose, deu um riso de lado. - Não estrague a surpresa.

Doctor abriu a porta da Tardis e colocou a cabeça para fora. Deixou a porta entreaberta e foi atrás de Rose e tampou seus olhos com as mãos.

– O que? - Ela riu.

– Sim!

– Quanto mistério, hmm.

Assim que Rose colocou os pés para fora da Tardis, sentiu um vento gélido passar pelo seu corpo. Doctor tirou as mãos de seus olhos e ela pôde ver onde estava.

– Não! - Ela exclamou, virando-se para ele.

– Sim! - Ele sorriu de volta.

– Década de 50!

Doctor colocou as mãos no bolso.

– Na verdade, 5 anos antes. 1945 pra ser exato.

Rose deu um pulo e abraçou Doctor. Ainda achava estranho o fato de agora poder beijá-lo.

Estavam do lado de fora de um cabaret luxuoso. Pelo menos era o que parecia de fora. Doctor usou o Papel-Psíquico para entrar e o pensamento de Rose se confirmou. Era luxuoso, e de fato era um cabaret. Mas não com mulheres com roupas vulgares dançando de uma forma obscena. Os tempos eram outros e até as mulheres ali consideradas sexys eram respeitadas.

Era um bom presente, Rose pensou. Mas aquilo não era tudo. Assim que se sentaram em uma mesa, Doctor não parava de olhar para a mesa da frente.

– Rose. - Doctor percebeu a inquietação de Rose e a chamou. - Aqui, sente-se do meu lado. - E deu um tapinha no banco ao seu lado, chegando para o lado e se espremendo na parede.

– O que tanto olha?

Doctor levantou os olhos e apontou com o dedo discretamente para frente. Rose acompanhou o dedo dele com o olhar.

Rose que estava tomando algum tipo de bebida alcoólica da época engasgou-se quando a viu. Doctor se segurou para não rir.

– Marilyn Monroe!

– Sim!

– Só pode estar de brincadeira comigo! - Ela cutucou Doctor.

– Não, não estou. - Doctor pegou a bebida de Rose e a bebeu.

Rose abraçou Doctor e com o calor do momento, ela o beijou. Estava tão feliz.

Doctor recebeu o beijo dela numa surpresa bem vinda, e ele nem sabia se ela iria gostar de conhecer Marilyn Monroe. Só achava que elas eram parecidas, bem de longe...

Ele se levantou, segurou a mão dela e a levou até a mesa onde estava Marilyn.

– Com licença. - Marilyn se virou para encarar os dois. - Eu sou Doctor. E essa é Rose Tyler. Está muito só, Srta. Monroe.

– Muito observador, Doctor. - Marilyn deu um último gole em sua bebida e se virou para Rose. - Gostei do cabelo, amada. Suas roupas não estão muito boas para a ocasião, só por isso deixarei que se sentem comigo. - E apontou para o banco em sua frente.

Eles se sentaram automaticamente e ficaram em silêncio. Marilyn pareceu incomodada.

– Então. - Ela começou. - Estão em lua de mel?

Doctor e Rose se olharam e depois riram.

– Ah, não! - Doctor disse.

– Definitivamente não! - Rose completou.

Marilyn levantou as sobrancelhas.

– De onde vocês veem? Parecem de bem distante.

– Somos de Londres. - Disse Rose, beliscando a palma da mão de Doctor.

– E lá em Londres não tinham uma roupinha melhor para te oferecer, amada? - Marilyn fez uma cara de piedade. - Venha, estou hospedada aqui em cima, um andar acima de Einstein.

– Einstein! - Doctor exclamou. - Não sabia que ele gostava de lugares agitados.

– Ele não gosta. - Marilyn respondeu, se levantando da mesa. - Mas é o melhor Hotel que tem por aqui, não teve escolha. Vamos.

Doctor e Rose seguiram Marilyn entre as escadas do Hotel.

Ele parou um andar antes para ver se encontrava Einstein. Ele juntou coragem e a beijou na boca quando se separaram. Rose prosseguiu até o quarto de Marilyn.

Estava com Marilyn Monroe e mal poderia acreditar.

Rose deixava com que Marilyn andasse na frente para poder observá-la. Era uma mulher charmosa, mas não com os padrões de magreza exercidos no futuro. Era muito bela, e se o seu cabelo não tivesse escurecido nos últimos meses, ela teria o mesmo loiro que o de Marilyn.

Doctor bateu na suposta porta do quarto de Albert Einstein. Ficaria muito honrado em conhecê-lo. A princípio, ninguém atendeu. Ele saiu caminhando lentamente, na esperança que a porta abrisse e um homem grisalho com pijama o saudasse. Em vez disso, a porta ao lado se abriu e um jovem adulto saiu de dentro do quarto.

– Doctor! Esperava mesmo vê-lo por aqui.

Doctor ergueu as sobrancelhas.

– Como sabe quem sou eu?

– Ben Young. - Ele estendeu a mão, Doctor olhou para ela antes de aproximar-se e apertá-la. - Sou Segurança.

– De Einstein ou da Marilyn? Ou, de qualquer outra celebridade?

Ben Young riu.

– Sou Segurança de uma pessoa que quer muito conhecê-lo e te contar algumas coisas sobre você mesmo.

Doctor o olhou preocupado.

– Freya Sandore. - Respondeu o jovem.

– Esse nome não faz sentido algum para mim.

– Daqui meia hora, haverá uma peça de teatro nesse Hotel. Deixe Rose com a Marilyn, vou passar por vocês e você deve me acompanhar. Tudo bem, Doctor?

Doctor estava pensando se lembrava de alguma Freya, então apenas gesticulou que sim com a cabeça. Ben Young continuou:

– E não conte nada para Rose. Por enquanto. A gente se vê, Doctor. - Ben Young fechou a porta.

Quando se deu conta, Rose já estava sentada na cama de Marilyn Monroe, dentro do quarto de Marilyn Monroe, com Marilyn Monroe em pessoa.

– Amada, você deveria provar esse vestido. - Disse Marilyn, e Rose a ouvia de longe. - Rose!

– Oi!

– Tire essas roupas e vá provar o vestido. Anda, anda!

Marilyn empurrou Rose para dentro do banheiro com um vestido cor de creme. Quando Rose saiu, Marilyn olhou-a e ficou pensativa.

– Essa cor não te valoriza, amada. - Ela se virou para o seu closet e batia as unhas bem feitas no queixo. Por fim, ela escolheu um vestido rosa seco. - Experimente esse.

Rose encarava seu reflexo no espelho enquanto se trocava. Percebeu que tinha um sorriso involuntário no rosto. Assim que ficou pronta novamente, voltou a se encarar. Estava linda.

– Bem melhor! - Disse Marilyn assim que Rose abriu a porta do banheiro. Parecia que esteve ali encostada o tempo todo. - Agora, vou ajeitar seu cabelo. Venha, amada.

Marilyn tinha mãos delicadas e estava passando os dedos entre os cabelos de Rose. Ela fez um pequeno coque e puxou algumas mexas do cabelo de Rose para frente, pendendo sob o rosto.

– Amada, se você gostar daquele Doctor o quanto ele gosta de você, vocês estarão em lua de mel em breve.

Rose riu do comentário de Marilyn.

– É complicado...

Ouviram um bater na porta. Marilyn correu para atender. Era Doctor.

Rose ficou sem jeito assim que ele entrou. Estava com um vestido de frente única, um pouco acima dos joelhos, com os ombros e a clavícula totalmente expostos.

Doctor ficou maravilhado em ver Rose. Estava linda e tão parecida com Marilyn agora...

Marilyn tossiu e Doctor ajeitou os óculos.

– Não encontrei Albert, deve ter saído pra se divertir.

– Ou, está dormindo. - Disse Marilyn, passando por Doctor e se aproximando de Rose.

– Vocês duas deveriam se olhar no espelho.

Rose e Marilyn olharam uma para a outra e depois foram se olhar no espelho do banheiro.

Marilyn apertou a mão de Rose.

– Amada, não traria você aqui e deixaria que você usasse meus vestidos se não soubesse que você tinha algum talento.

Ela sorriu para Rose, que ficou sem jeito.

– Rose! - Doctor chamou, sem nem ter saído do lugar. - Quero te levar ao teatro.

– Ah, vocês também vão! - Disse Marilyn, voltando com Rose do banheiro. - Já deve estar quase na hora. Podem ir indo, só vou retocar meu batom.

Rose percebeu a expressão tensa de Doctor, mas achou melhor não comentar. Seja o que for, ele iria comentar com ela assim que estivessem longe de Marilyn.

Doctor segurou a mão de Rose e eles desceram as escadas em direção ao teatro.