Gallifrey's Song. escrita por Time Lady


Capítulo 13
13.




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[Oito semanas depois]

Rose Tyler estava imensa. Doctor sentia dor de cabeça só de olhá-la. A ideia de ter feito a escolha errada martelava em sua mente.

Se sentia cruel por pensar nisso. Em abandonar Rose, em abandonar seu filho.

Seu filho, seu menino. Ele havia criado um amor pela criança antes mesmo dela nascer. Rose não gostava que ele se comunicasse com o filho, mas sempre que ela dormia, ele pegava a chave sônica e depois de conferir de que ele estava lá, colocava os dedos na barriga dela, certificando-se de que estava bem.

Seu filho com Rose era mais um Senhor do Tempo do que humano. Freya tinha dito isso, mas era óbvio. Rose estava prestes a dar a luz, como se tivesse grávida de meses, e não de semanas.

Após a descoberta da gravidez, ela ficara mais sensível do que o normal. Tinha um grande coração, embora apreensiva com a ideia de ter um filho alienígena. Tentava tratar ela com a maior gentileza, mas não era o suficiente. Ele não sabia lidar com tantos sentimentos ao seu redor. Era muita confusão, até mesmo para ele.

Tinham ido ao encontro de Freya, em uma pequena ilha em Marte. Ela congratulou Rose e Doctor, disse que a Gallifrey's Song tinha dado um grande avanço e que ela considerava agradável.

Também explicou o restante da profecia. Gallifrey's Song falava sobre o filho de Rose Tyler e Doctor, isso já fora esclarecido. Mas o que?

Seu filho viria a ser um grande Senhor do Tempo, um comandante.

– Assim que ele nascer, - Dizia Freya. - os sinos de Gallifrey irão tocar numa música que durará por alguns anos. Ele ficará crescido, Doctor. A infância dele terá tanto valor quanto a sua. Seu filho com a humana reinará. Quando for crescido, deverá chamá-lo de Capitão.

Rose ficara mais atordoada ainda com a informação, tinha passado aquele dia inteiro quieta. Doctor pediu para que Freya se encarregasse de procurar quem havia aberto a fenda do tempo.

Concordaram em voltar para Tardis. Em volta para ao que era antes. Mesmo que o cuidado agora tenha sido redobrado.

Foram ao Egito, onde teve um ataque de vespas extraterrestres. Marte, Urânio, Terras Nórdicas, voltaram ao passado, foram para o futuro. Coisas típicas de uma rotina de Senhor do Tempo e sua acompanhante.

Rose era mais do que sua acompanhante. Era sua mulher.

E se fosse errado? E se perdesse a essência de ser um Senhor do Tempo com a paternidade?

– Pare. De. Pensar. Assim. - Doctor batia a cabeça na parede da Tardis a cada palavra que falava.

– Doctor?

Ouviu Rose chamar ao longe. A esse ponto da gravidez, estava muito frágil. Correu até onde ela estava.

– Olá?

– Já escolheu o nome?

Rose tinha encarregado Doctor de escolher um nome para criança. O que era uma tarefa muito difícil, pois ele conhecia nomes alienígenas e não queria que seu filho tivesse um nome alienígena.

– Ainda não. - Admitiu. - Mas, - Levantou o indicador. - vou escolher em breve.

– Temos só uma semana. - Ela meio que gemeu as palavras.

– Verdade! Tinha me esquecido. Vamos para Torchwood.

– Fazer o que em Torchwood?

– Ter nosso filho.

Ele sorriu para Rose. Aquele sorriso transmitia uma certa tranquilidade para ela.

Martha estaria em Torchwood, e Martha era uma doutora. Poderia fazer o parto de Rose sem problema algum.

Poderia levá-la para lá assim que ela tivesse sua primeira contração, mas não era uma gravidez normal, então decidiu levar Rose o quanto antes.

E conforme foi aproximando a semana seguinte, Rose foi ficando mais saudável. O que era estranho. A criança dava vitalidade para ela.

Rose podia sentir o bebê agitado dentro de si. Já estava na nona semana de gravidez e sua barriga estava gigante. Doctor evitava ficar olhando para ela, e de certa forma isso a aborrecia e a deixava amena.

A sensação de estar grávida era muito estranha. Nunca havia ficado grávida antes, mas sabia que era mais intenso para ela. Não era um bebê comum. Rose gostava do bebê, e como sabia que era menino, gostaria de que ele fosse parecido com Doctor.

Era uma quinta feira quando começou a sentir as contrações. Ela não sabia que seria tão fortes, que chegavam a machucar.

Como já estavam em Torchwood, Martha também já estava posta. Estava tudo certo. Era só ficar tranquila. Doctor segurava sua mão.

Mas não por muito tempo...

– Doctor, você precisa me deixar sozinha com a Rose. - Martha disse, lançando um olhar firme para ele.

Doctor assentiu e olhou para Rose. Estava pálida. Estava com medo. Beijou a testa dela e sussurrou em seu ouvido.

– Vai dar tudo certo.

Depois beijou a mão dela, ainda junto da dele, olhando-a firmemente.

– Amo você, Rose Tyler.

Doctor soltou a mão dela. Não queria ter soltado. Quando se deu conta, a porta do quarto já estava fechada.

Jack apareceu logo depois, batendo nas costas dele.

– E ai. Tudo bem?

Doctor virou-se para Jack. Não era o tipo de pergunta que ele faria.

– Bem, Rose Tyler está tendo um filho meu nesse exato momento.

– Isso é bom. - Jack disse.

– Isso é bom. - Doctor repetiu.

Ele andou de um lado para o outro em frente a porta do quarto onde estava Rose. A ouvia gritar e gemer, e algumas palavras de Martha que não conseguia entender.

Por fim, os barulhos angustiantes que vinham de dentro do quarto tiveram um fim, e como numa dramática cena de filme, Martha saiu do quarto.

Não houve choro de bebê.

Entrou em pânico.

– Martha...

– Está tudo bem, Doctor. - Ela colocou a mão no ombro direito dele e sorriu. - Você é pai de um lindo menininho.

Martha abraçou Doctor, depois Jack também o abraçou.

– Posso? - Apontou pra porta. - Entrar? Posso entrar? - Estava controlando as lágrimas.

– Vá em frente. - Disse Martha.

Empurrou a porta. Era tudo tão branco lá dentro que os olhos de Doctor demoraram a se acostumar. Avistou Rose assim que entrou, mesmo com a luz ofuscando sua visão.

Estava com roupas que ele julgaria de hospital, com um pequeno embrulho nos braços. Ela cantava alguma canção de ninar tão baixo, que mesmo perto, Doctor não conseguia distinguir as palavras.

Ela ergueu os olhos quando o viu se aproximando da cama. Se espreitou para o lado e deixou que Doctor senta-se.

Não falaram nada por alguns instantes. Trocaram olhares e sorrisos entre si e a criança que estava no colo de Rose. Era tão frágil...

Rose suspirou e olhou para seu filho. Era parecido com o pai. Tinha seus cabelos e olhos negros e a pele clara.

– Doctor? - Chamou.

Ele parecia não ter escutado. Estava distante, sorrindo feito bobo enquanto segurava a mão de Rose e com a outra, a mão do bebê.

– Doctor? - Chamou outra vez.

– Rose Tyler.

– Precisamos de um nome.

– Certo. Precisamos. - Respondeu, colocando o óculos no lugar.

– Eu pensei em Baron.

– Ótimo nome. Podemos chamá-lo de Barry.

Rose sorriu. Doctor se inclinou e beijou a testa dela.

– Barry... - Ele disse, passando os dedos pela testa do bebê. - Você será um grande homem!

– Sem pressão, ele acabou de nascer!

Rose riu.

– Quer segurá-lo?

– Acho que não levo jeito...

– Você é o pai, tem que levar jeito.

– A maternidade te deixou mandona, Rose Tyler.

Estendeu o braço para pegar o pequeno Baron. Como era parecido com ele...

Ela observava Doctor com seu filho nos braços. Era um momento tão perfeito que Rose desejaria vivê-lo para sempre se não estivesse tão cansada.

– Preciso descansar. - Disse, pegando na mão de Doctor.

– Claro. Você foi fantástica hoje, Rose Tyler. Fantástica!

Doctor beijou Rose. Era o beijo mais feliz em semanas de tanta confusão e instabilidade. Agora eram os três. Não poderiam ser uma família feliz e normal, mas estariam juntos.

Rose não sabia ser mãe. Mas a sensação de ter seu filho em seus braços era maravilhosa. Se sentia diferente, se sentia mulher.

Doctor também não sabia ser pai. Mas tinha noção de que isso era uma tarefa importante, dado ao destino de seu filho.

– Vou levá-lo daqui, dai poderá descansar.

– Não precisa, deixe ele aqui...

– Quero mostrar uma coisa pra ele.

Rose ergueu a sobrancelha e Doctor deu um sorriso de lado. Ela sabia para onde ele levaria Barry.

– Tudo bem, só vou fechar os olhos...

Doctor ficou lá por alguns instantes observando Rose dormir. Adorava ver como seu peito subia e descia tranquilamente. Olhá-la fazia com que ele esquecesse de tudo aquilo que era ser um Senhor do Tempo.

O último Senhor do Tempo.

Dor. Raiva. Ódio. Saudade. Sabedoria contínua. Galáxias e povos distintos, nunca conhecidos. O poder de controlar o espaço e o tempo. A solidão...

Olhou para Baron.

– Venha, acho que já está na hora de conhecer sua futura melhor amiga.

Doctor não avistou nem Martha, nem Jack. Supôs que estava sozinho.

Caminhou até onde estava a Tardis. Entrou dentro dela e pela primeira vez, a viu com olhos diferentes. A Tardis era mais do que sua nave, era seu lar.

– Essa é a Tardis. Tardis, esse é o meu filho com a Rose. Acho que você deve saber disso.

Disse em voz alta, claramente falando com sua velha nave.

Voltou-se para seu filho e sussurrou:

– Allons-y, Barry Tyler.


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