Gallifrey's Song. escrita por Time Lady


Capítulo 10
10.




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"Rose Tyler está grávida."

Para Doctor, ainda era uma ideia difícil de processar.

"Não entre em pânico. Ela precisa de você. Está tão assustada quanto você."

Isso era difícil também.

Rose e Martha entraram na casa enquanto Doctor e Jack desciam as escadas. Martha olhava aflita para Jack, e Rose mordia os lábios, ansiosa, esperando que Doctor descesse e abraçasse.

Martha estava com os braços arranhados, e acima da clavícula de Rose, havia um corte superficial.

Jack se pronunciou.

– O que aconteceu com vocês duas?

– A princípio, meu palpite é que o mundo entrou em colapso. - Martha respondeu enquanto Rose estranhava Doctor. Parecia distante novamente.

Martha contou tudo com detalhes. Disse que foram atacadas por uma espécie que ela desconhecia, e passou todas as características da criatura para Doctor, que estava com a cabeça pesada demais para reconhecer qualquer espécie naquele momento.

– ... Quando dissemos que não sabíamos de nada, disse que éramos mentirosas por sermos acompanhantes do Doctor. Típico, é claro, mas...

– Eles disseram algo sobre uma profecia. - Rose interrompeu. Estava com o olhar perdido.

Todos na sala se entre-olharam e depois olharam para Rose, que estralava os dedos frequentemente demonstrando nervosismo.

Jack suspirou. Doctor entendeu aquilo como um sinal.

– Não deveriam passar tanto tempo fora, meninas. - Doctor bateu os dedos na mesa. - Rose, venha comigo.

Doctor estendeu a mão para Rose, que olhou sua mão esticada, depois para ele. Por fim, segurou a mão dele e se virou para despedir-se de Jack e Martha, porém os dois já estavam aos sussurros.

– Longo dia, Rose Tyler. Longo dia.

Rose estava fechando a porta atrás de si. Doctor estava tirando o sobretudo e pendurando-o. Encostou-se na porta e tratou de observar ele em silêncio.

– Estou sinceramente cansado deste lugar.

Ele prosseguiu, tirando o terno. Então ficou só com a regata fina que usava por baixo de todas as outras roupas e calção. Era engraçado vê-lo assim. Regata, calção e meias. Deu um breve sorriso. Vê-lo assim a tranquilizava instantaneamente.

Rose tratou de se esquecer um pouco do dia estranho que teve e se trocar. Seu pijama estava dobrado com cuidado em cima da estante do quarto. Incrivelmente, ela já tinha se acostumado a trocar de roupa na frente dele.

Sua mente estava tão acelerada que não havia percebido quando ele tinha parado de falar e se juntara a ela. Estava dobrando suas roupas, quando ele lhe deu um beijo no ombro, assustando-a.

Deu um pulo. Ele riu.

– Está realmente muito tensa. - Comentou Doctor.

Rose suspirou.

– O dia não foi nada bom. E estou meio enjoada. Nada que eu comi hoje parou no meu estômago. Deve ser algum tipo de gripe francesa.

Doctor ergueu a sobrancelha, com a expressão preocupada. Depois deu de ombros.

– Vai ver não é nada demais.

– Possivelmente é uma gripe francesa.

Rose sorriu.

Os dias eram tensos, mas ela não poderia estragar a estranheza boa que eram as noites com o Doctor.

Deitaram em silêncio, e depois de alguns instantes, Doctor se debruçou por cima de Rose.

– Não vai perguntar?

Ela sabia do que ele estava falando, mas mesmo assim perguntou.

– O que?

– Sobre a profecia.

– Ahh. - Ela se ergueu na cama com os cotovelos. - Sim. Obrigada por lembrar. Sabe de alguma coisa sobre a profecia?

Doctor coçou o queixo.

– Um pouco, devo admitir.

– E o que é essa profecia?

– É sobre mim. - Ele deu de ombros. - Mas não quero falar sobre.

Rose deu a Doctor um olhar de reprovação, mas decidiu mudar de assunto. Olhou pelo quarto. Era tudo tão normal. Pensou nos dois deitados na cama agora. Seria algo que normalmente fariam, todas as noites, se fossem normais.

Mas não eram.

– A vida normal é um saco, não é?

– Não aguento mais esperar. - Admitiu.

– Por que espera? Aliás, pelo que espera?

Ele pousou a mão no rosto dela.

– Rose... Não é tão simples.

– Sei que não é.

– Rose, não. Olhe, eu estou apaixonado por você. Não sei como lidar com isso. Não sabia nem como dizer que te amava. Entenda, se é difícil para um ser humano normal estar apaixonado, tente imaginar para um Senhor do Tempo.

Ela se calou.

Difícil. Confusa. Essa era a vida com Doctor.

– Tudo bem. - Ela disse e deu de ombros. - Posso lidar com isso.

– Você está bem? - Perguntou.

Ela sabia que era uma pergunta que as pessoas se faziam normalmente, que era uma pergunta inofensiva, uma pergunta que na maioria das vezes era respondida com uma mentira.

– Não vou mentir. Não estou mal, nem bem. É confuso demais. Eu tinha me acostumado com toda essa loucura, mas... É diferente quando se é um casal.

Doctor sorriu e beijou Rose.

Não pararam de se beijar. Mais uma noite estava por vir. E a última noite. Doctor não estava mais disposto a esperar.

Eles se encaixavam bem, afinal. Agora sabiam o que fazer. Agora não se negavam ou escondiam o que desejavam. Agora poderiam ser eles mesmos.

As mãos dele, iam abaixando a alça do pijama dela. As mãos dela, iam puxando a regata dele.

– Rose Tyler...

Rose estava cansada. Doctor percebeu pelo seu sono pesado. Havia esperado duas horas depois dela dormir para poder levantar da cama e sair do quarto. A casa estava escura, tudo apagado. Martha e Jack já estavam dormindo. É claro que estavam, era tão tarde da noite.

Subiu as escadas na ponta dos pés, tentando não fazer nenhum barulho. Enganou-se em relação a Jack assim que terminou de subi-las, pois a luz de um dos últimos quartos do andar de cima estava acesa. Sabia que era Jack pois nenhuma outra pessoa subia ali sem ser ele, ou o próprio Doctor.

Parou em frente ao Quarto-Mensagem. A luz ainda estava piscando por debaixo da soleira.

Esticou a mão e tocou a maçaneta, incerto de que queria ver ou não que o Quarto-Mensagem tinha por dentro.

Abriu a porta. Não foi surpreendido por nada. O quarto que tinha visto ali, com os desenhos de Gallifrey tinha sumido, e agora um quarto igual ao Quarto-Chamada estava a sua frente.

Entrou, e a porta fechou sozinha. Sentou, e no painel a luz continuava a piscar. Levou a mão até o painel, e assim que o tocou, a imagem de uma gravação de Freya apareceu.

– Olá. Sou Freya Sandore e essa é uma gravação do Arquivo de Vida do Doctor. Serei breve. Arquivo 1, encontra-se a infância de Doctor. Arquivo 2, encontra-se o desenvolvimento de Doctor. Arquivo 3, encontra-se a história de como Doctor está aqui hoje. Arquivo 4, encontra-se o momento em que Rose Tyler voltou. Arquivo 5, encontra-se como a profecia irá se concretizar. Arquivo 6, encontra-se a vida que Doctor levará se de alguma forma, rejeitar a profecia. Arquivo 7, encontra-se o desenrolar dessa história toda. Devo alertar que o Arquivo 7 não é acessível.

Doctor passou as mãos pelo rosto.

– A exibição dos Arquivos começa em 9 segundos. 9, 8, 7...

Ao fim da contagem, apareceu uma imagem da infância dele. Gallifrey. Não conseguiu evitar o sorriso.

Passou o dedo pelo painel. Uma voz robótica, sem ser a de Freya invadiu a sala.

– Você pulou a exibição para o Arquivo 4.

Na sua frente, uma imagem do vácuo onde havia encontrado Rose apareceu. Vazio, sem nada. Encontrou a Tardis e em poucos minutos, a luz cortou o vazio e Rose estava no chão, desmaiada em seus braços.

– A que ponto chegamos, Rose?

Ele se perguntou e avançou novamente.

– Você pulou a exibição para o Arquivo 6.

Doctor se inclinou para frente, com os olhos colados no painel.

As imagens passaram sem som algum.

Uma mulher ruiva apareceu na tela, e abaixo estava escrito seu nome.

Donna Noble.

Todos os momentos com Donna Noble foram reproduzidos no painel.

Depois, uma mulher loira de cabelos cacheados e muito charmosa apareceu.

River Song.

E assim como os momentos com Donna se passaram no painel, os momentos com River Song também foram reproduzidos.

Uma garotinha ruiva, claramente escocesa surgiu na tela, seguindo de uma versão de si mesma mais crescida com um parceiro.

Amelia Pond. Rory Williams.

Após os momentos com Amelia Pond e Rory Williams terem fim, um estranho invadiu a tela.

O indivíduo usava uma gravata borboleta e tinha cabelos compridos.

Usava terno como ele, tinha uma chave sônica como ele.

Era o Décimo Primeiro Doctor.

Doctor se remexeu na cadeira, percebendo que suas roupas estavam molhadas. Estava chorando.

Se recompôs, tratou se não pensar muito sobre o que acabara de ver e saiu do quarto. Caminhou em direção ao onde a luz estava acesa e bateu.

Jack abriu a porta, com um lápis entre os dentes e o cabelo bagunçado.

– Posso ajudar?

– Jack, preciso de um favor seu.

– Claro.

– Vá ao Quarto-Mensagem e assista o Arquivo todo. Ok?

– Ok. Estou indo agora.

Jack percebeu que Doctor estava com uma expressão vazia, perdida.

– Mais alguma coisa, Doctor?

– Não, tudo bem.

Jack seguiu Doctor pelo corredor. Parou em frente a porta do Quarto-Mensagem e Doctor se virou para olhá-lo. Ele deu um olhar de apoio para Doctor, que simplesmente sentou-se na escada, colocando o rosto entre as mãos.


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