A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 79
Capítulo 71 – Campo de guerra: O Senhor do Medo


Notas iniciais do capítulo

Atlântida declarou aliança com o Santuário de Atena para combater o genocídio de Ares, mas o deus da guerra mostra estar preparado para enfrentar os dois exércitos. Atena toma a importante decisão de dar início a batalha final onde tudo começou. Enquanto isso no Templo do Grande Mestre, Phobos, o deus do medo, arrasta a alma de Seiya para o mundo onde ele governa. A dimensão do medo.



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Capítulo 71 – Campo de guerra: O Senhor do Medo


Templo de Atena, Santuário – Grécia

Os deuses da guerra estavam finalmente frente a frente. De um lado estava Ares, acompanhado por Draco, o deus dragão, e Dionísio, o deus do vinho. Do outro lado estava Atena, seguida por Henry de Câncer, Selkh de Escorpião e Delfos de Altar.

Mas a tensão entre Atena e Ares foi interrompida com a chegada da frota marinha de Poseidon cruzando o céu noturno através de inúmeras fendas dimensionais. O som dos tambores tocados pelos soldados marinas ecoava pelo Santuário como uma música de guerra e o cheiro da brisa do mar rapidamente se espalhou sendo levado pelos ventos fortes.

— Ares... — disse Dionísio, com tom de preocupação olhando para as nuvens. — Temos visita.

Atena e os seus cavaleiros ficaram incrédulos ao ver os navios de Atlântida no céu com o símbolo de Poseidon estampado em suas velas e com o discurso de Tritão, filho de Poseidon, declarando apoio ao Santuário de Atena. Mas Ares não parecia surpreso e nem tão pouco intimidado. O deus da guerra se quer olhou para os navios. Ele apenas encarou Atena e deu um leve sorriso.

— Eis o estopim da guerra, Atena.

A deusa voltou-se para Ares desconfiada com a estranha reação do deus. Atena estava ciente do confronto que houve entre o deus da guerra e o deus do mar em Atlântida, mas não compreendia o porquê de Ares parecer tão confiante.

...

— Ares! A sua queda é inevitável! Você falhou em tomar Atlântida e irá falhar em conquistar a Terra!! — disse Tritão.  O seu cosmo azul marinho se levou envolvendo seus olhos verdes e agitou seus cabelos prateado-azulado. O tridente divino em sua mão reagiu respondendo ao cosmo do deus. — Pois não é só Atlântida que se ergue para destroná-lo. Asgard também! Como resposta a sua ambição de desafiar os reinos dos deuses.

O céu trovejou mais uma vez, gerando um forte abalo que fez a montanha do Santuário tremer. Ao lado de Tritão surgiu Alberich XV, o conselheiro de Hilda e também guerreiro deus de Megrez, a estrela Delta. Alberich estava liderando o pequeno exército asgardiano composto pelo guerreiro deus Sigurd de Dubhe e soldados de Asgard.

...

Ares sorriu.

— Asgard?! — disse em tom irônico. — Acha que isso me intimida, filho de Poseidon? — seus olhos vermelhos brilharam e sua voz ecoou por todo o Santuário. — Ou melhor... Acha que isso intimida o meu exército?! Um único berserker seria capaz de varrer esse mísero exército do Norte; Dois ou três berserkers seriam suficientes para arrancar a cabeça dos seus Generais e Capitães; Um Espírito da Guerra destroçaria seu irmão semi-deus; E qualquer um dos meus filhos o derrotaria, Tritão. Então me diga, que ameaça um exército tão ínfimo como esse pode me oferecer?! Você não tem poderio militar contra mim. Talvez a única coisa relevante nessa frota seja a arma divina que você empunha. Mas eu facilmente poderia arrancar a sua cabeça com um simples arremesso da minha lança antes que você pensasse em erguer o Tridente de Poseidon. — Ares sorriu. —Dois exércitos se unem contra mim e mesmo assim não são uma ameaça considerável. Você é um tolo, filho de Poseidon, e sua tripulação também!! Eu não queria tomar Atlântida. A cidade submersa não me interessa por enquanto. Meu interesse é na criatura marinha que o exército de Poseidon possui e que é uma arma capaz de destronar até mesmo o Olimpo. — o tom de voz de Ares ficou mais alto e as palavras foram ditas com total clareza. Era como se o deus da guerra quisesse enfatizar o poder militar de Poseidon, alertando não só Atena, que o olhou curiosa, mas também o Olimpo que silenciosamente observava a Guerra Santa. — Poseidon declarou que iria se aliar a Atena nessa guerra santa e eu não duvidei disso. Pelo contrário. Eu estava esperando por esse momento. Mas fico surpreso que Poseidon tenha se rebaixado ao ponto de se aliar com Asgard. Se bem que... Quanta decadência, Guerreiros Deuses. Se aliaram a um inimigo milenar de Asgard. Contudo, eu não me importo. Não passam de ratos tumultuando essa Guerra Santa. — o tom de voz de Ares aumentou ainda mais. — A Terra agora me pertence. Eu sou o deus da Guerra! Não me subestimem!

O cosmo de Ares se elevou e se expandiu por todo o Santuário, gerando uma força cósmica ofensiva poderosa que varreu a montanha e foi sentida por todos, gerando um forte abalo na frota marinha. Era um cosmo agressivo e quente como fogo. Os soldados marinas gritaram como se estivessem envolvidos por chamas invisíveis.

...

Tritão segurou o tridente com força e expandiu seu cosmo, anulando o queimor provocado pelo cosmo do deus da guerra.

Mesmo distante ele conseguiu ser ofensivo contra o meu exército apenas expandindo o cosmo. pensou o deus marinho cerrando o punho. Mesmo cercado e encurralado ele continua demonstrando um forte poder ofensivo. Não é à toa que ele é um Olimpiano.

...

De volta ao Templo de Atena, não havia sido apenas os soldados marinas que haviam sofrido com o cosmo expansivo de Ares. Delfos e os outros cavaleiros foram arremessados violentamente contra as estruturas do templo. Ao contrário de Atena, que se quer deu um passo para trás.

Então esse é o poder do deus da guerra?! pensou Henry de Câncer se levantando.Um simples movimento do seu cosmo já foi suficiente para quase nos lançar para fora da montanha.

— Você quer guerra, filho de Poseidon?! — perguntou Ares estampando um sorriso maléfico. — Então eu lhe darei uma!!

— O que pensa que vai fazer, Ares?! — questionou Atena.

Mas o deus da guerra não lhe deu ouvidos.

— Seja homem o suficiente para não enlouquecer diante da carnificina que o meu exército fará com o seu!! — gritou o deus.

...

O chão do Santuário começou a tremer e o som de tambores de guerra podiam ser ouvidos, mas os batuques não estavam vindo dos navios de Atlântida. Bedra de Lymnades, o General Marina guardião do Oceano Antártico que estava liderando o navio holandês Flying Dutchman, estreitou seus olhos dourados ao avistar surpreso uma massa negra marchando em direção a região central do Santuário.

Eram milhares de guerreiros. Na primeira fileira marchavam os arqueiros e lanceiros, liderados por alguns berserkers, seguidos por soldados desarmados e batedores de tambores de guerra. Eles caminharam cercando os cavaleiros e pararam ao sinal do último Espírito da Guerra sobrevivente que os esperava, o guerreiro Makhai. Um homem alto e forte, de pele negra como ébano e olhos vermelhos como sangue. Seu corpo era marcado por símbolos finos e alaranjadas em ambos os braços pulsando como brasa viva na pele escura. Seu rosto tinha ângulos duros, marcado por cicatrizes. Uma delas desregulava sua barba pontiaguda na lateral do rosto.

Os arqueiros prepararam suas flechas e apontaram para a frota marinha, mirando o coração dos Atlantis, enquanto os lanceiros deram passos a frente encurralando o pequeno grupo de Cavaleiros de Atena.

— Esperem o meu comando. — disse Makhai aos berserkers, encarando Tritão e Nasile, o Capítão de Mar-e-Guerra.

...

Atena sentiu a movimentação do exército de Ares e enrugou o cenho desconfiada.

— Mais soldados?! — disse a deusa. — Achei que...

— Achou que seus cavaleiros haviam dizimado o meu exército?! Tolice. Lembra dos corpos na casa de Câncer e nas escadarias das Doze casas, não é Atena?! Aqueles corpos pertenciam aos homens que foram mortos pelos seus cavaleiros após o seu retorno do Tártaro. — disse Ares. — Mas não passavam de jovens que haviam sido recrutados em todo o mundo para participarem desta guerra. Eu precisava preservar meus guerreiros originais para esse momento, pois estava ciente da interferência de Atlântida. — Ares olhou sorrateiramente para Delfos. — Mas acredito que tudo isso já estava previsto e calculado no seu grandioso plano, Grande Mestre. Agora assistam a queda do exército de...

— Desgraçado! — disse Henry, furioso, interrompendo Ares. O deus da guerra olhou para o Cavaleiro de Câncer com a mesma indiferença que um leão pisa em uma formiga. — Eram apenas adolescentes!! Você os usou. Brincou com a vida deles!!

— Morreram servindo ao deus da guerra. Não é para isso que se alistam nas Forças Armadas?! Qualquer soldado humano é subjugado a servir o deus da guerra. Eu sou o senhor dos exércitos!!

— O alistamento é para defender a pátria! — disse Henry, cerrando o punho. — Mas aqui... Morreram a troco de nada.

— Mas não é disso que se trata as guerras humanas no final das contas, cavaleiro?! Morrer a troco de nada! Pensei que estivesse mais acostumado. — disse Ares. — Soldados lutam e morrem em guerras humanas achando que fazem pela pátria, mas na verdade estão lutando pela ganância ou ignorância de homens que nem se importam com eles. Guerras humanas são iniciadas por políticos egoístas que criam os conflitos, mas não vão para o campo de guerra. Países são invadidos, civis são mortos, famílias são destruídas, pessoas são torturadas e mulheres e crianças são abusadas. E tudo isso a troco de nada. Tudo pela ganância de quem detém o poder militar, mas que é covarde para lutar na linha de frente.

— Você não tem moral para criticar as guerras dos humanos! — bravejou, Henry. — Você não é diferente deles!

Ares sorriu.

— Silêncio, criança. — disse o deus exercendo autoridade divina. O cosmo de Ares pesou o corpo de Henry, que se curvou e caiu de joelhos. — Você está começando a me incomodar, garoto. Não me faça rasgar a sua garganta tão rápido. Eu sou o deus da guerra caótica, não espere algo diferente de mim. Ao contrário de vocês, eu não faço discursos hipócritas de paz. Eu sou a guerra sangrenta, eu sou a ausência dos direitos humanos, eu sou a carnificina. E diferente dos seus líderes políticos, eu lidero os meus soldados na linha de frente e todos os meus subordinados lutam pelos meus interesses pessoais. Aqueles homens lá embaixo não estão sendo enganados. Mas não entenda as minhas palavras como uma crítica. É esse desprezo humano pela vida e essa facilidade para criar conflitos constantes que me alimenta durante milênios. O sangue derramado prepara o caminho por onde o meu exército marcha. E está na hora do sangue dos Atlântis ser derramado junto com o sangue dos Cavaleiros de Atena!

A fúria de Ares foi interrompida ao perceber que um cosmo familiar estava se apagando na Casa de Áries. Ares sentiu que a berserker Alecto de Érinia, a última comandante do seu exército, havia caído em batalha.

Os olhos do deus brilharam com mais intensidade se acendendo com o seu cosmo e sua visão percorreu as doze casas. Ares avistou Seiya e Phobos no interior do Templo do Grande Mestre, Ikki e Jabu atravessando a casa de Capricórnio, e todos os demais templos zodiacais vazios até chegar na primeira casa, a casa de Áries, onde Jake estava de joelhos exausto após enfrentar a berserker.

Mas Ares não foi o único a perceber. Atena também sentiu e compreendeu a expressão no rosto do seu irmão.

— Parece que um dos seus subordinados derrotou a minha comandante. — disse o deus da guerra. Ares girou a lança na mão e a segurou com força, deixando Atena e os cavaleiros em alerta. — Talvez eu consiga transpassar o coração dele daqui.

— Já chega, Ares! — disse a deusa. Ela não tinha dúvidas de que Ares teria capacidade para tal. — Você deve recuar agora. Aceite sua derrota.

— Aceitar minha derrota?! Atena... Você por acaso já me viu recuar antes? Não diga besteiras.

— Se Atlântida veio como aliada do meu exército, não há como você vencer essa guerra. Você não tem guerreiros suficientes para enfrentar dois exércitos. — disse a deusa aumentando seu tom de voz e transmitindo para todo o Santuário através do seu cosmo com a intenção de estimular seus cavaleiros e aliados, e desencorajar o exército de Ares. — Além disso, sua última comandante foi derrotada e seus principais berserkers foram mortos, assim como quase todos os Espíritos da Guerra, Amazonas e deuses aliados. Desista, Ares! Se renda com o pouco que lhe resta.

— O pouco que me resta é suficiente para abater o seu exército e o de Atlântida. Meu exército ainda segue forte, Atena. Ainda tenho subordinados poderosos ao meu lado. — Rebateu o deus da guerra.

— Está se referindo aos deuses aliados restantes ou aos quatros berserkers sagrados que lhe servem secretamente? — perguntou Atena. — Os quatro guerreiros mitológicos que fazem a guarda da sua Onyx divina. Os seus primeiros berserkers. É só o que lhe resta de vantajoso, mas... — a deusa estreitou os olhos — Eles não estão aqui no Santuário.

— Não, eles não estão, pois não há necessidade. Eu os enviei para os quatro cantos desse planeta. A minha vitória é certa. Enquanto a grande batalha se desenrola no Santuário, os meus quatro berserkers mais poderosos se espalham pela Terra devastando a humanidade com guerra, fome, doença e morte.

— Você se aproveitou que todos os cavaleiros estão reunidos no Santuário. — disse Selkh de Escorpião. — Atena...

— Eu não vou permitir que isso continue. — disse Atena, elevando o cosmo e erguendo o seu báculo. —  Ouçam, Cavaleiros de Ouro!!! Shalom de Virgem, Ápis de Touro, Kastor de Gêmeos e Selkh de Escorpião!! Percorram a Terra na velocidade da luz e encontrem os quatro berserkers sagrados de Ares!! Não permitam que eles continuem assolando a Terra com mais guerra.

— Atena... — disse Selkh, o Cavaleiro de Ouro de Escorpião, se ajoelhando.

— Você compreende, não é?! — disse a deusa. — São quatro guerreiros poderosos e perigosos. São a personificação de calamidades, capazes de dizimar um continente inteiro. Temos que detê-los. Delfos e Henry ficarão aqui comigo. Preciso de alguém poderoso como você enfrentando esses berserkers. E Selkh... Apesar da forma ríspida como nos reencontramos... — a deusa deu um singelo sorriso. — Eu fiquei feliz por poder revê-lo. Foi um prazer tê-lo ao meu lado novamente. E como sempre, você mais uma vez foi essencial para o meu exército. Obrigada por abrir os meus olhos para as suas questões.

Selkh fez reverência com a cabeça.

— Sempre, minha senhora. Peço perdão pelas minhas dúvidas

Draco, o deus dragão, que estava ao lado de Dionísio, se moveu para impedir o Cavaleiro de Ouro, mas Ares o conteve sinalizando com a mão para que ele não interferisse.

— Deixe-o ir, Draco. — disse Ares. — Escorpião... Um dia você me disse que o lado que você apoiasse venceria essa Guerra Santa. Mas que peso tem o corpo de um homem morto para definir a vitória de uma guerra?! Vá para a morte.

Selkh encarou Ares sem temor e elevou o cosmo intensamente.

— Sou discípulo de Anúbis. A morte me acompanha. Você perdeu antes e vai perder novamente. A atual geração é poderosa e perspicaz para frear o seu genocídio. — disse Selkh olhando sorrateiramente para Delfos e depois voltou-se para o deus da guerra. — Sua derrota é inevitável, Ares.

Selkh saltou e disparou do alto da montanha como se fosse uma estrela cadente cortando o céu. E assim como Selkh, os outros Cavaleiros de Ouro mencionados por Atena ouviram a ordem da deusa e imediatamente elevaram seus cosmos, disparando na velocidade da luz.

Ares encarou as luzes douradas dos Cavaleiros de Ouro desaparecendo na escuridão da noite e deu um sorriso.

— Você é um tolo, Cavaleiro de Ouro. Igual a sua deusa. — disse o deus, ainda olhando para o horizonte escuro. — Atena, você ainda não notou a defasagem do seu exército? Com esse movimento você acaba de tirar quatro dos seus guerreiros mais poderosos do campo de batalha. Me surpreende que você tenha enviado os Cavaleiros de Ouro ao invés dos Lendários. Mas o que lhe restou? — O deus voltou-se para Atena. — Áries e Leão estão feridos. Câncer e Sagitário estão isolados aqui na montanha das Doze casas diante de deuses, Capricórnio está restrita ao Coliseu levando adiante o seu plano patético de selar meus berserkers, Libra está em Rozan isolado vigiando os Espectros de Hades, e Peixes e Aquário estão mortos. Com exceção de Fênix e Andrômeda, os demais cavaleiros são de prata e de bronze. Facilmente descartáveis. Atena... Você perdeu.

— Está enganado, Ares. Meu exército foi treinado para ser forte independente da patente da armadura. Os meus guerreiros poderosos não se resumem aos Cavaleiros de Ouro. Além disso, eu estou com o meu exército. E Nike também.

— Veremos qual vitória irá prevalecer. A sua com Nike, a deusa da Vitória. Ou a minha com Alala, a deusa do grito de Vitória. Mas antes de esmagar o seu exército, tenho uma pendência. — Ares voltou-se para as embarcações de Atlântida. — Irei expurgar o exército do deus do mar. Draco... — o deus da guerra encarou Atena e sorriu, desencadeando uma visível preocupação no semblante da deusa. — Extermínios!! — ordenou o deus.

Draco, o deus dragão, saltou em direção ao céu com o seu cosmo vermelho ardendo como fogo rodopiando em volta do seu corpo. 

Prevendo o que estava por vir, Atena reagiu, mas Ares se pôs diante dela.

— Você não vai interferir. — disse o deus da guerra. — Sua luta é comigo. Apenas observe.

— Não vou fazer os seus caprichos! Delfos!! Henry!! Detenham ele! — ordenou a deusa, que não podia baixar a guarda diante de Ares.

O cavaleiro de Altar e o Cavaleiro de Ouro de Câncer saltaram em direção a Draco no momento em que o deus abriu o par de asas vermelhas de dragão de sua Onyx e expandiu o seu cosmo divino. Os Cavaleiros de Atena foram repelidos, sendo arremessados de volta ao chão.

Antes que Draco pudesse se distanciar mais, o Grande Mestre se levantou para uma segunda investida e preparou um dos selos de Atena.

— Ativação dos Selos! — gritou Delfos, e os selos em sua mão brilharam intensamente.Contenção...

Delfos estava preses a atacar, mas Dionísio surgiu diante dele.

— Para onde pensa que vai, Grande Mestre?

— Dionísio?!

O deus do vinho encostou um dedo no peito de Delfos e o golpeou, arremessando o cavaleiro de prata em direção as escadarias do templo.

 Delfos cuspiu sangue durante o percurso e colidiu em um pilar. O deus do vinho olhou para Atena e deu um leve sorriso em resposta ao olhar furioso da deusa da guerra.

O cosmo ardente de Draco rodopiou ao redor do seu corpo e formou a imagem cósmica e transparente de um dragão vermelho gigante. Tão grande que suas asas se estenderam para fora da montanha do Santuário, cobrindo toda a região, mergulhando na escuridão da sua sombra. Sua cauda se agitou como se fosse capaz de varrer as estrelas e sua cabeça se ergueu como se fosse atravessar o céu.  Draco se posicionou onde seria o coração da criatura e seu cosmo pulsava como batimento vívidos.

A figura monstruosa podia ser vista por todos no Santuário sobrevoando o Templo de Atena, e até mesmo em algumas regiões além da montanha das Doze Casas, assim como também podia ser sentido o calor emanado pelo seu cosmo.

—...—


Coliseu – Região central do Santuário de Atena

Tithonos, o antigo Cavaleiro de Ouro de Câncer da Era Mitológica que estava sacrificando o seu cosmo para criar o limbo que selará os berserkers, ergueu seu rosto velho e cansado para observar a criatura mitológica que estava se erguendo no topo das doze casas.

— O deus dragão está revelando a sombra da sua verdadeira forma. Uma besta que nasceu do adultério da deusa do Amor com o deus da Guerra e tomou uma forma humana para poder viver entre os deuses e os homens como se fosse um igual. Atena... Espero que esteja bem. Nunca imaginei que o seu templo sagrado pudesse ser profanado dessa forma. As doze casas deveriam ser invioláveis. — Tithonos olhou para o horizonte escuro para onde Selkh e os outros Cavaleiros de Ouro haviam se dirigido. — Meu amigo... Espero que seu coração tenha se aliado com o de Atena novamente.

Vejo que está com a mente bastante agitada. disse uma voz sussurrando na mente de Tithonos.

O antigo Cavaleiro de Ouro moveu seus olhos azuis calmamente pela arena e avistou um homem parado nas sombras da entrada do Coliseu. Tithonos percebeu que Tourmaline de Capricórnio, Alkes de Taça, Shina de Ophiuco e os demais cavaleiros que faziam a sua guarda não estavam incomodados com a presença daquele homem.

Você consegue ler a minha mente e falar diretamente comigo sem ser interceptado pelos demais... É uma habilidade lendária que poucos dominam. disse Tithonos, respondendo psiquicamente.Quem é você, cavaleiro?

O homem deu alguns passos à frente e revelou sua identidade.

Meu nome é Asterion. Não sou mais um cavaleiro. A armadura de Cães de Caça possui um novo dono.

Mesmo que não tenha mais a sua antiga armadura, continua sendo um cavaleiro. Veio se juntar aos demais para fazer a minha guarda?

O senhor não precisa ser protegido. É poderoso o suficiente para se defender, mas não faz mal dar a esses jovens um pouco de responsabilidade e serviço. disse Asterion telepaticamente.

Tithonos deu um sorriso abafado.

Na verdade, meu jovem, não há necessidade de proteger a vida deste homem velho. A única responsabilidade dessa noite é proteger a minha missão, mas diga-me... Qual é a sua missão?

Perdão pela falta de sensibilidade nesse momento, mas eu vim a pedido do Grande Mestre. O senhor tem algo que é de interesse do Santuário. disse Asterion caminhando até Tithonos enquanto mantinha o assunto em uma conversa mental sigilosa. Sei que o senhor pretende dar tudo de si nesse plano, mas há algo que o senhor deve deixar para um sucessor.

—...—


Casa de Áries – Entrada das Doze Casas

Na entrada da primeira casa, Jake de Leão, que agora estava acompanhado pelo seu mestre Chertan de Girafa, observou surpreso a figura gigantesca se erguendo no templo de Atena.

— Atena está lá. — disse Jake — Temos que ir ajudá-la.

— Não é necessário. — disse Chertan, encarando o dragão vermelho. — Atena não está em perigo. Posso sentir. A fúria do deus dragão está voltada para a frota do exército de Atlântida. Temos que ir para a região central do Santuário ajudar os outros cavaleiros. Sinto uma grande quantidade de berserkers e soldados se concentrando.

— Mas e Atena? — questionou Jake.

Chertan deu as costas para as doze casas e caminhou em direção as escadas.

— Como eu disse, ela está bem.  Sinto que Atena está em conflito com Ares, mas não estão lutando. Além disso, ela está acompanhada por Delfos e Henry. Ikki e Jabu também estão a caminho, além de Seiya e Shun que estão no Templo do Grande Mestre. Não precisamos nos preocupar. Por isso temos que recuar e ajudar nossos companheiros. Vamos Jake!

—...—


Templo de Atena – Santuário, Grécia

— O que você pretende, Ares?! — questionou Atena, com um tom incisivo.

— Uma resposta de guerra. — respondeu o deus. — Não estou disposto a perder, Atena. Não importa quem se levante contra mim. Vão morrer! Draco! Oblitere o exército do mar!!

O dragão cósmico abriu a boca em direção as estrelas e uma esfera de cosmo energia começou a crescer no interior de sua boca.

— Vocês irão queimar. Assim como Atlântida ardeu em chamas. — gritou Draco com ferocidade mirando a frota marinha. — Morram!

...

Nasile de Thatch, o Capitão de Mar-e-Guerra do 1º distrito de Atlântida, que liderava o navio principal Atlantis, avistou com preocupação a imagem do dragão divino se posicionando ameaçadoramente.

— Senhor Tritão...

— Nasile... — disse Tritão. — Ataque.

O capitão olhou para o deus Chrysaor a sua direita, que liderava o navio britânico Eurydice, e para o General Marina Bedra de Lymnades a sua esquerda, que liderava o navio holandês Flying Dutchman.

— Está bem, senhor. Eu cuidarei disso. — disse o capitão, passando por Tritão e por Alberich.

Nasile era um homem alto e forte, de expressão dura e olhar frio. Seus cabelos azul-escuro eram curtos na lateral e comprido atrás. E ele trajava um sobretudo militar azul por cima de sua escama azul marinho.

O Capitão de Mar-e-Guerra elevou o cosmo e envolveu as dezenas de navios que compunham a frota de Atlântida. Os tambores de guerra foram tocados em sincronia com a vibração do cosmo. Nasile entendeu os braços concentrando uma grande quantidade de cosmo na palma de suas mãos e conjurou círculos azuis preenchidos por runas antigas de Atlântida ao redor do seu braço e diante da proa de cada navio.

— Ele está transformando os navio em uma extensão do seu poder. — comentou o deus General Marina Chrysaor, admirado. — Isso multiplicará o seu cosmo e sua capacidade de dano. Um grande poder bélico capaz de propagar uma onda de destruição. Mas será suficiente para ferir um deus?!

— Morra, deus dragão! — gritou Nasile. — Boroc!!

O som parecia o de um bombardeio. O ataque foi disparado como se os braços de Nasile fossem dois canhões lançadores de misseis, assim como os navios usados como ampliação da sua técnica. Dezenas de tiros simultâneos foram disparados e multiplicados em centenas indo em direção ao templo de Atena para bombardear o deus dragão.

Os disparos cruzaram o Santuário como uma chuva de estrelas azuis em direção ao topo das doze casas, mas antes que pudessem atingir o deus dragão a técnica foi interceptada pela barreira erguida por Ares em volta das Doze Casas. O choque da técnica gerou um som ensurdecedor e um forte tremor.

— Que tolo. — disse Ares.

Draco, que estava posicionado no centro da figura bestial, deu um sorriso zombando da frustração do capitão.

— Foi um belo show de luzes, capitão. — disse o deus. Sua voz alternava entre humano e dragão. — Mas teria sido tão insignificante quanto a picada de um mosquito. Seus esforços não me alcançam. Eu sou um deus e como tal estou longe de vermes como você. — A imagem bestial em volta do deus-dragão continuava a concentrar cosmo no interior de sua boca. — Me permita corresponder aos seus esforços.

— Ele tem razão. — disse Tritão friamente. — Ele está longe do alcance de um humano... — O deus passou por Nasile em direção a proa. Seus olhos, verdes como algas marinhas, fitaram a imagem do deus dragão. — Mas não de um deus. Recue, Nasile. Eu cuidarei disso. Proteja os navios e os tripulantes. Irei tirar Draco do caminho para que o exército possa avançar.

— Sim senhor. — disse Nasile.

Draco gargalhou no centro da imagem cósmica do dragão.

— Você está dizendo tolices, filho de Poseidon!!

A gigantesca cabeça do dragão atravessou a barreira de Ares e mirou um olhar assassino. No interior de sua boca brilhava uma grande quantidade de cosmo energia vermelha, rodopiando de forma concentrada. Era como se ele estivesse prestes a engolir uma estrela em plena noite escura.

— Irei converter sua frota em cinzas. Ouça o grito de dor do seu povo!!

A imagem cósmica do dragão entufou o peito concentrando o máximo de cosmo em sua boca e em seguida disparou uma poderosa rajada de energia flamejante em direção as embarcações. O percurso da técnica deixou um rastro de calor no Santuário, cortando o céu como se fosse um cometa.

Tritão segurou firme o tridente e elevou o seu cosmo, pegando impulso e disparando contra a rajada de energia. No ar, o céu trovejou, sendo tomado por nuvens de tempestade, e uma chuva pesada começou a cair na medida em que Tritão avançava. O deus marinho manejou o tridente e reuniu milhares de gotas de água, criando uma gigantesca muralha cristalina para servir de escudo.

— Essa sua defesa não vai suportar!! — gritou Draco.

A rajada flamejante se dividiu em centenas de feixes cósmicos e colidiu violentamente contra o escudo, criando rachadura que se estenderam por toda a defesa. Tritão moveu o tridente para reforçar a barreira, mas não rápido o bastante e teve o bloqueio rompido.

O que está fazendo, Tritão?pensou o deus Chrysaor.Você tem que reagir!

O deus marinho viu a grande chuva de cosmo flamejante avançando em sua direção e da frota marinha, mas não recuou. Os inúmeros fragmentos cósmicos da barreira destruída se transformaram em feixes de energia e circularam ao redor das rajadas lançadas por Draco, estrangulando a técnica e anulando-a completamente. Deixando o deus-dragão surpreso. Tritão então contra-atacou disparando uma rajada de cosmo ao mesmo tempo em que Draco voltou a disparar sua técnica. Os golpes colidiram no céu acima da região central do Santuário, gerando um forte clarão que iluminou toda a montanha.

A colisão de cosmos foi sustentada em empate por alguns segundos, mas o cosmo de Tritão começou a empurrar o cosmo flamejante de Draco. Fortalecido pelo tridente divino de Poseidon, o deus marinho rasgou a técnica do deus dragão ao meio e sua rajada de cosmo penetrou a barreira de Ares, provocando rachaduras, e atingiu Draco. A imagem cósmica bestial oscilou e o filho de Ares foi lançado para trás, mas Draco recuperou o equilíbrio ainda no ar com ajuda de suas asas.

Tomado pela ira, o deus dragão disparou em direção a Tritão ainda envolvido pela projeção cósmica. A imagem pesada da besta divina ao redor de Draco avançando furiosamente contra a frota marinha chamou a atenção de todo o Santuário. Draco atravessou por completo a barreira de Ares, saindo do perímetro das doze casas, e materializou sua espada divina, mas Tritão também se moveu e partiu em uma investida contra o deus.

Os deuses colidiram em um forte impacto no céu, rangendo espada e tridente. Draco tentou investir, mas o deus marinho bloqueou seus ataques. Ciente de que estaria em desvantagem diante do Tridente de Poseidon, Draco desfez a imagem cósmica do dragão e o dissolveu em cosmo, drenando para si toda energia flamejante em um forte redemoinho, que explodiu e se expandiu, e em seguida desapareceu.

O som ensurdecedor somado com a forte pressão e a evasão do deus pegou Tritão de surpresa, mas ele sentia a presença do seu inimigo escondido na dobra do espaço. O deus marinho então moveu a haste do tridente e bloqueou o ataque de Draco que investiu por um suposto ponto cego vindo pela lateral. Apesar do perfeito bloqueio, o deus dragão não recuou. Assim como Tritão, que continuou a atacar.

— Você não é um deus de guerra. — disse Draco, provocando.

— E você não é um deus. — disse Tritão com um olhar altivo e enojado. — É apenas uma besta.

Ainda no ar, o deus marinho fez movimento de que iria avançar e em seguida seu corpo desapareceu. Se deslocando entre as gotas de chuva, Tritão se aproximou de Draco e o golpeou com o tridente, mas o deus dragão percebeu o avanço do deus inimigo e bloqueou a investida. Os deuses trocaram inúmeros golpes, colidindo com suas armas divinas e gerando incontáveis propagações de choque cósmico.

— Para alguém fraco, você até que luta bem. — disse Draco, sustentando o ranger das armas sagradas.

Tritão se afastou e voltou a se movimentar em rápida velocidade, usando a chuva e as nuvens de tempestade a seu favor para se ocultar, mas os olhos de Draco estavam atentos. O deus marinho avançou e golpeou, mas o deus dragão girou desviando e bloqueou. Draco ia contra-atacar, mas Tritão voltou a se ocultar.

Não demorou para que o primogênito de Poseidon tentasse uma nova investida, mas dessa vez se deslocando cada vez mais próximo do deus dragão. Em um dos seus saltos ele conseguiu ferir Draco na perna, mas foi apenas cortes superficiais. Tritão então se materializou acima do deus dragão e brandiu o tridente disparando feixes cortantes. Draco desviou dos ataques e avançou em um rápido disparo manejando sua espada divina. O choque das armas sagradas provocou uma poderosa explosão. O deus dragão atravessou a nuvem de poeira cósmica e atacou. Tritão bloqueou, mas não esperava que Draco fosse adotar uma luta mais corpo a corpo. Entre as investidas o filho de Ares aplicou um chute no peito do deus marinho, lançando-o fortemente para trás.

Que força física é essa?! É como se um imenso dragão tivesse me golpeado. pensou Tritão, recuperando o equilíbrio.Apesar da forma humana, a aptidão física dele é o de uma besta. Nesse ritmo vou acabar sendo lesionado por dentro.

O deus marinho retomou a posição de ataque e rapidamente teve que desviar de uma investida de Draco e contra-atacar, entrando em uma frenética troca de golpes com suas armas divinas.

Preciso tirar o tridente das mãos desse desgraçado. pensou Draco.Ele pode ser um lixo, mas a arma divina em sua mão pode lhe dar vantagem. Eu não vou perder!!

Tritão recuou desviando do ataque e girou contra-atacando, golpeando Draco fortemente no abdome com a haste do tridente. O deus dragão foi arremessado violentamente para fora da montanha do Santuário de Atena, caindo ao leste em um forte estrondo após colidir com uma montanha.

Ainda flutuando no céu em meio a chuva, Tritão olhou para Ares, que o assistia ao lado de Dionísio e diante de Atena. Os deuses se encararam por um breve instante. O deus marinho esperou ver uma expressão de raiva ou frustração estampada no rosto do deus da guerra, mas a única coisa que ele viu foi desinteresse. O olhar assassino de Ares estava apático. Tritão se questionou o porquê de Ares estar indiferente após ver um dos seus filhos ser lançado para longe pelo seu inimigo.

Para a surpresa de Tritão e de todos os outros aliados que assistiram aquele rápido confronto, um rugido forte, imponente e ensurdecedor se propagou entre as montanhas, fazendo o chão treme e o ar vibrar.

— Ele está esperando por você. — disse Ares, com um leve sorriso no rosto.

— Não se preocupe. Trarei a cabeça do seu filho antes que Atena arranque a sua. — disse Tritão.

O deus encarou Ares mais uma vez e em seguida voltou-se para a sua frota marinha. Ele acenou para Nasile e em seguida pegou impulso através do seu cosmo, disparando ao encontro de Draco.

— Esse é o momento! — disse Nasile, no navio Atlantis, observando o deus marinho se distanciando. — Marinas!! — Nasile ergueu o braço direito, chamando a atenção dos tripulantes das embarcações que flutuavam no céu acima da região norte do Santuário, e encarou o Espírito da Guerra Makhai, que o observava na região central cercado por berserkers. — Ataquem!! — gritou o Capitão de Mar-e-Guerra acenando com o braço em direção aos berserkers.

O deus menor e General Marina Chrysaor e o General Marina Bedra de Lymnades acenaram com a cabeça concordando e saltaram de seus navios liderando os soldados marinas. Nasile também avançou, bravejando gritos de guerra assim como todo o exército do mar e os Guerreiros deuses liderados por Alberich.

— Berserkers... — disse Makhai. — Matem todos.

—...—


Templo de Atena – Santuário, Grécia

Os cosmos de Draco e Tritão se afastaram do Santuário em direção ao lado leste. Com o filho de Ares fora do Santuário, Atena concluiu que deveria avançar com o plano. A deusa avistou o relógio de fogo. Faltavam quatro horas para as chamas se apagarem e o sol nascer no horizonte.

— Henry... — disse a deusa chamando o Cavaleiro de Ouro de Câncer que a acompanhava. — Seiya está enfrentando Phobos. Você precisa ir para o Templo do Grande Mestre imediatamente. Você tem uma missão a cumprir.  

— Está bem. — disse o cavaleiro de ouro.

Henry virou-se e correu em direção ao templo. Ares se moveu para interferir, mas Atena se pôs diante do deus impedindo seu avanço e encarou Dionísio como um alerta para que ele não interferisse.

— Você não vai a lugar algum, Ares. — disse Atena

— Seu cavaleiro tem algo que me pertence. — disse o deus da guerra se referindo a alma de Deimos selada na joia da armadura de câncer.

— Eu não vou permitir! — disse Atena.

— Então vamos lutar agora mesmo.

— Vamos, mas não aqui.

— E onde você pretende morrer? — perguntou o deus.

— Nós dois iremos para o lugar onde o nosso conflito começou. Daremos um fim a essas Guerras santas sangrentas que vem se estendendo desde a Era Mitológica. — o cosmo de Atena se elevou e a deusa ergueu o báculo dourado em direção ao céu. — Vamos para o seu antigo Santuário que foi varrido da Grécia pelos meus cavaleiros na Era dos deuses. — o cosmo dourado da deusa se ergueu como um pilar de luz e se expandiu envolvendo Ares no interior da coluna de cosmo. — Vamos para a região mitológica de Esparta!!

Ares sorriu.

— Farei de você o pilar principal do meu novo templo. — disse o deus.

— Grande Mestre... — disse Atena, ignorando a ameaça de Ares. — Convoque-o.

— De quem você está falando? — perguntou Ares, desconfiado.

— Shiryu de Libra. — disse Atena, para a surpresa do deus.

Temendo pelo uso das armas de Libra que sempre foram um empecilho contra o seu exército, Ares reagiu.

— Atena!!! — gritou o deus pisando forte no chão, fazendo o solo se desprender com a pressão do seu cosmo.

Ares girou a lança na mão e deu um passo a frente contra Atena, aproximando a ponta da lança no pescoço da deusa, mas nesse momento o pilar de cosmo dourado emitiu um forte brilho e puxou os dois deuses em direção ao céu, rumo ao local onde será travada a batalha final.

— Deixo tudo em suas mãos, Grande Mestre! — disse a deusa.

Os deuses atravessaram a barreira de Ares violentamente, gerando um deslocamento de cosmo tão poderoso que despedaçou a barreira de Ares e varreu o templo, lançando Delfos e Dionísio contra o chão e provocou rachaduras na estátua de Ares que havia sido erguida no lugar da estátua de Atena.

As rachaduras foram se estendendo até comprometer toda a estrutura, que acabou se despedaçando e desmoronando. Com a barreira de Ares completamente destruída, a antiga barreira de Atena foi novamente ativada e o exército da deusa retomou o controle do perímetro das Doze Casas. Agora os cavaleiros podiam transitar livremente.

—...—


Templo do Grande Mestre – Santuário, Grécia

Seiya estava encostando o corpo de Marin em um pilar para ela poder descansar quando sentiu o cosmo de Atena e Ares se afastando do Santuário.

Atena! pensou o cavaleiro lendário, preocupado.

— O cosmo do Senhor Ares e de Atena... — disse Phobos, surpreso. — Para onde os dois estão indo?! Esse deslocamento... Sinto os cosmos dos dois atravessando o Mar Mediterrâneo indo para o Oeste... — o deus arregalou os olhos. — Será que... O Antigo Santuário da Guerra em Esparta?! Então lá será o palco da batalha final entre os dois deuses da guerra!!

— Esparta?! Então foi para lá que Atena foi com Ares? — perguntou Seiya se levantando após cuidar de Marin. O cavaleiro de ouro cerrou o punho e olhou para Phobos por cima do ombro. — Eu não posso perder tempo aqui com você. Tenho que ir ao encontro de Atena.

Seiya virou-se e disparou em direção ao deus concentrando cosmo em seu punho. O cavaleiro de Sagitário aplicou um soco, mas Phobos interceptou o golpe ao elevar o cosmo, sem precisar se mover. O punho dourado parecia ter sido bloqueado por uma parede invisível.

— Não se preocupe com isso. Eu levarei o seu cadáver até ela, Seiya. — disse o deus. Seiya ergueu a cabeça para encarar Phobos e se assustou ao ver a expressão do deus mudar. Havia uma natureza ameaçadora crescendo ali diante dele. Emanando uma sensação desesperada de perigo. Os olhos azuis de Phobos começaram a escurecer, se convertendo em um vermelho-sangue. — Você pode ter elevado o seu cosmo ao nível de um deus e trajar uma armadura divina, mas você não é um de nós. É apenas um transgressor da ordem dos deuses que ultrapassou os limites e deve morrer.

Seiya deu um passo para trás e cerrou o punho.

— Eu não me importo. Elevarei o meu cosmo cada vez mais alto se for necessário para derrotar deuses como você.

— Eu não vou cometer o mesmo erro de Thanatos e Deimos. — disse Phobos elevando o seu cosmo cada vez mais. — Eu sou um deus, Pégaso. O fato de você trajar a armadura divina de Sagitário não fará qualquer diferença nessa batalha. E você sentirá isso na medida em que os seus ossos forem quebrados. Farei com que você sofra ao ponto de amaldiçoar o dia em que nasceu.

Phobos e Seiya elevaram seus cosmos ao mesmo tempo, gerando uma pressão tão esmagadora que o piso do grande salão se desprendeu e começou a ser revirado. Um forte tremor tomou o templo, provocando rachaduras na estrutura.

Sem prolongar os diálogos, Phobos e Seiya avançaram um contra o outro no mesmo instante, se encontrando no centro do salão e desferindo socos e chutes em uma velocidade e potência espantosa. O deus do medo aplicou milhares de socos contra Seiya, mas o Cavaleiro de Atena os bloqueou erguendo os braços diante do corpo. Notando que Seiya estava em completo estado de defesa, Phobos deu um rápido salto e desceu desferindo um chute cortante.

Seiya se lançou para trás, mas o impacto gerado na colisão com o chão propagou um forte deslocamento de cosmo que golpeou o Cavaleiro de Ouro e o arremessou contra a parede. Mas Phobos não esperava que Seiya pudesse recuperar a postura tão rápido e avançar de imediato. O Cavaleiro de Sagitário se aproximou do deus e desferiu alguns socos, mas o filho de Ares desviou dos punhos dourados com total precisão.

— Muito lento. — disse o deus, avançando e aplicando um soco no estômago de Seiya. Em seguida Phobos girou e desferiu um chute no peito.

O dourado foi arremessando rasgando o chão do grande salão e colidiu em uma parede lateral, atravessando-a e caindo em um cômodo vazio.

Assim como seu irmão, Phobos também é um excelente combatente. É de fato um deus guerreiro que sabe usar os punhos em uma luta. pensou Seiya, se erguendo e observando o deus que o encarava. Sua visão estava um pouco turva e seu corpo fraquejou por um rápido instante, mas agora não era hora de descansar.Tenho que continuar. Eu tenho que vencê-lo.

Os olhos de Seiya brilharam e ele se deslocou acima da velocidade da luz. Seu punho cerrado alcançou o rosto de Phobos, mas apenas o pegou de raspão. O corpo do deus se desfez em cosmo e ele surgiu atrás de Seiya desferindo uma rajada. O Cavaleiro de Ouro virou-se e segurou o golpe, mas acabou sendo pressionado para trás.

— É tolice medir sua força contra um deus!! — disse Phobos, se teletransportando e surgindo acima de Seiya.

O deus estava prestes a atacar, mas o Cavaleiro de Ouro se moveu na velocidade da luz e desferiu um golpe.

Meteoro de Pégaso!!  — mais de um bilhão de socos foram desferidos por segundos em uma velocidade que supera a da luz.

Mesmo sendo um deus, Phobos não conseguiu anular a técnica e se viu obrigado e bloquear os punhos de Seiya. Ele só não esperava uma aproximação repentina. Seiya abriu as asas douradas e avançou aplicando um chute no queixo do deus seguido por uma sequência de golpes no peito. Phobos foi arremessado contra o solo e caiu abriu uma cratera.

Ainda no ar, Seiya concentrou cosmo em seu punho e desceu como um meteoro de encontro ao chão.

Cometa de Pégaso!!! gritou Seiya. Eram bilhões de socos concentrados em um único golpe e em um único ponto.

Seiya desceu para desferir o golpe, mas Phobos se dissolveu em cosmo e desviou. O punho de Seiya afundou no chão e gerou uma poderosa explosão. Um domo de energia se espalhou revirando o solo e explodiu erguendo uma coluna de cosmo que atravessou o teto do templo, gerando um forte tremor no edifício.

—...—


Templo de Atena – Santuário, Grécia

Seiya!pensou Delfos, surpreso, observando o pilar de cosmo iluminando o céu e afastando as nuvens.O seu cosmo se erguendo contra um deus e subindo ao céu é uma afronta ao Olimpo. Por isso... Você não deve hesitar. Eles estão nos assistindo nesse momento. Não podemos sucumbir aos caprichos egoístas dos deuses.

Ao fundo, Dionísio, o deus do vinho, acompanhava com espanto o poder crescente de Seiya.

—...—


Templo do Grande Mestre – Santuário, Grécia

Apesar da demonstração de poder, Phobos não se intimidou. O deus avançou atravessando a coluna de cosmo e aplicou um soco no peito de Seiya, danificando a armadura divina. Pego de surpresa, Seiya foi arremessado violentamente e desabou por cima do trono do Grande Mestre.

— Vamos, Seiya. Levante-se! — disse o deus, parado no centro do salão. O cosmo de Phobos estava elevado e seus olhos emitiam um forte brilho vermelho. O deus do medo estava abandonando por completo a sua forma pacífica e estava assumindo a sua verdadeira natureza. O Senhor que reina o mais profundo medo da humanidade. — Se quiser me derrotar, você precisa ficar de pé. Mas a questão é... Por quanto tempo você irá conseguir?

O cosmo do deus se expandiu pelo recinto, mergulhando o salão em uma dimensão obscura. As paredes, o teto, e até mesmo Marin, desapareceram. Naquele espaço havia apenas o trono do Grande Mestre, Seiya, Phobos e os pilares laterais.

— Onde está a Marin?! — disse apreensivo ao perceber que a sua mestra não estava dentro daquele espaço. —  Onde... Onde estamos?

— Longe demais do Mundo dos Sonhos de Morfeu, mas perto o suficiente da Dimensão do Pesadelo governado pelo deus Icelos. Estamos em uma encruzilhada dimensional. O caminho obscuro percorrido por qualquer ser vivo entre o sonhar e o desespero. Aqui é o plano dimensional que eu governo. Um local onde a esperança não floresce, a coragem definha e a angústia corrói o espírito. Aqui é a Dimensão do Medo. Pégaso, irei estraçalhar a sua alma de um modo que nem mesmo o ciclo da reencarnação surtirá efeito em você.

— Não irei cair nos seus truques!! — gritou Seiya, disparando contra Phobos.

— Tarde demais... — disse o deus.

Sua voz soou como um sussurro e sua imagem desapareceu diante de Seiya no momento em que o Cavaleiro de Ouro estava prestes a golpeá-lo. Ao invés de atingir o rosto do deus, Seiya acabou dando um soco em uma porta de madeira.

A porta foi aberta de forma brusca, revelando o interior de um pequeno quarto. As paredes eram cinzas e havia uma pequena cama encostada na parede, forrada com lençóis brancos. Não havia janela, quadros, outros moveis ou qualquer outro item naquele ambiente. Era um local frio, silencioso e desolador.

Esse... Esse quarto... pensou Seiya, surpreso e aflito.Foi aqui que eu passei meus últimos dias antes de ir para a Grécia. O dia em que fui separado da minha irmã!!

Seiya se assustou ao ver uma criança atravessando o seu corpo e caindo no chã0 diante dele. Era ele. Com sete anos de idade.

— Para onde vocês estão me levando?! — gritou o pequeno Seiya para dois seguranças parados na porta. Apesar da expressão dura de Seiya, seus olhos estavam cheios de lagrimas e seu coração batia acelerado. Ele estava amedrontado e se sentindo acuado. A última imagem que passava em sua cabeça era a sua irmã correndo atrás do carro e caindo no chão aos prantos. — Onde está a minha irmã?

— Se quiser ver a sua irmã de novo, terá que voltar da Grécia com uma armadura. — disse Tatsumi, passando pelos seguranças.

— Me levem para minha irmã!! — gritou o pequeno Seiya, partindo pra cima do mordomo da família Kido. — Eu não vou trazer nenhuma armadura para aquele velho!! Me levem para minha irmã!!

Tatsumi segurou o braço de Seiya e aplicou um soco no rosto do pequeno garoto, jogando-o no chão.

— Saiam! — disse Tatsumi para os seguranças. Ele trazia uma espada de bambu na mão esquerda. — Ele merece uma lição antes de ir.

O mordomo segurou na maçaneta e começou a fechar a porta. O pequeno Seiya protestou implorando para que não deixassem ele sozinho, mas os seguranças não olharam para trás.

Não faça isso, Tatsumi!! É só uma criança!!gritou Seiya, mas ele estava impotente. Podia apenas observar aquele fragmento do seu passado. Um dia triste e doloroso que ele havia se esforçado para esquecer.

A porta se fechou e Seiya pôde ouvir os gritos de desespero antes que a imagem mudasse. Ele agora estava diante do orfanato onde viveu com a sua irmã. “Orfanato filhos das estrelas”, dizia a placa.

— O orfanato?! — disse ele, olhando para os lados. — Será mais uma visão do passado?

O dia estava claro. Seiya olhou para trás e avistou um relógio digital na via pública. Eram 8 horas da manhã do dia 22 de novembro de 2001. O mesmo dia da batalha final no Santuário. Como o fuso horário do Japão tem diferença de seis horas a mais em relação a Grécia, ainda seria 02:00 da noite no Santuário.

Então aquilo não era uma ilusão. Seiya estava em tempo real no Japão. Saber disso fez o seu coração apertar e questionar o porquê de Phobos enviá-lo para lá. Seiya olhou para o céu e estreitou os olhos. Havia algo diferente nas nuvens. Era como se algo numeroso estivesse se movendo entre elas de forma lenta, como se acompanhasse o percurso do Sol. Seiya estava prestes a saltar em direção a nuvens quando escutou a pesada porta do orfanato ranger.

A porta ficou entreaberta e ninguém saiu. Seiya então se aproximou e percebeu que o interior estava escuro e silencioso. Relutante, o Cavaleiro de Ouro subiu as escadas e empurrou a pesada porta, mas seu corpo congelou ao se deparar com o interior do orfanato. Seus olhos se arregalarem e suas mãos tremeram.

Havia dezenas de corpos pendurados pelo pescoço e pelos braços no teto da sala. Eram crianças e adultos despidos, com marcas de tortura em seus membros. Cortes de lâmina, queimaduras, perfurações e membros amputados. Era uma visão pavorosa. O cheiro era pesadamente fétido e havia uma grande quantidade de moscas voando no local, depositando suas larvas nas feridas abertas. Seiya tentava desviar o olhar, mas para onde quer que ele olhasse, ele se deparava com olhos arregalados e vazios, mergulhados no silêncio da morte e com a boca aberta em um grito mudo. E todos pareciam encará-lo, mas na verdade era um olhar sofrido de quem esperou com esperança que alguma ajuda pudesse atravessar aquela porta.

— Se-Seiya... É você? — disse uma voz fraca, qual inaudível.

Desesperado, Seiya avançou entre os mortos atrás da fraca voz e defrontou-se com Mino, amarrada em cima de uma mesa com marcas de cortes de lâminas em seu corpo. Seus cabelos azuis estavam cortados e espalhados pelo chão. Um lado do seu rosto estava inchado e seus olhos quase não se abriam.

— Mi-Mi-Mino?! O que... O que aconteceu? — perguntou Seiya.

Lagrimas misturadas com sangue seco começou a escorrer e marcar o rosto da jovem professora do orfanato.

— Eles nos atacaram... E as crianças... Elas passaram dias chorando esperando você atravessar aquela porta. Elas... Elas esperaram pelo Cavaleiro da Esperança. Eu disse a elas, Seiya... Eu disse a elas... Eu disse que você viria. Mas você não... — as palavras se perderam no último folego de vida.

— Mino?! Mino?! Não morra!! Mino!!!! — gritou Seiya, tremendo e chorando desesperadamente. — Mino!! Isso não pode ser verdade. Não pode ser verdade!! — disse ele fechando os olhos com força e repetindo várias e várias vezes, como se ao abrir os olhos fosse acordar daquele pesadelo. — Eu devia ter protegido vocês — Seiya se aproximou do rosto de Mino e suas lagrimas se misturaram com a dela, marcando seu rosto sujo de sangue seco e poeira.

— Mas você falhou, Seiya. Os soldados de Ares chegaram primeiro.

Seiya virou-se e se deparou com um rosto familiar. Era um jovem alto, de cabelos e olhos castanhos e estava parado na porta segurando na mão uma bandeira do exército de Ares suja de sangue.

— Ma... Makoto? — disse Seiya, se levantando e reconhecendo um dos antigos órfãos que cresceu naquele orfanato sob os cuidados de Mino há quinze anos atrás. — Você...

— Eu me deparei com essa cena hoje de manhã. — disse ele olhando para a bandeira, a qual segurava com raiva. —  Minha reação foi correr para chamar as autoridades locais. Já deveriam ter chegado, mas o mundo inteiro está um caos, não é?! 3 meses de guerra. — Havia um ponta de indignação em suas palavras e Seiya sentiu que elas foram proferidas para atingi-lo. — Eu não sabia que a Mino ainda estava viva. Eu não sabia... — disse o jovem cerrando o punho. — E não foi apenas ela e as crianças que foram mortas cruelmente.

Makoto olhou para o canto da sala e fixou seus olhos em um corpo desmembrado. Era uma linda jovem de cabelos curtos castanhos, laço amarelo na cabeça e blusa rosa manchada de sangue.

— Aquela é...

— Mimiko. — disse Makoto chorando pela morte de sua colega. — Ela estava trabalhando no orfanato, ajudando a Mino.

— Makoto, Eu... — Seiya se levantou e foi até o amigo colocar a mão em seu ombro para confortá-lo, mas sua mão atravessou o corpo do jovem como se fosse fumaça. — Mas...

— Você se quer está aqui, não é?! Nem mesmo agora. Então é melhor que saia daqui.

Com os olhos cheios de lagrimas, Makoto cerrou o punho e atravessou a imagem de Seiya com o braço, desfazendo a imagem do Cavaleiro de Ouro que protestou gritando o nome do amigo.

Enquanto a alma de Seiya caminhava à deriva sofrendo na escuridão da Dimensão do Medo, seu corpo permanecia imóvel no salão do Grande Mestre.

— Espero que goste do que eu preparei para você, Seiya. — disse Phobos.

— O que foi que você fez com ele? — perguntou Marin, que tentava se levantar.

Phobos olhou para a amazona por cima do ombro com desprezo. Como se nem lembra-se da presença da guerreira.

— Seu discípulo está enfrentando os próprios medos. E você será a peça final. — o deus se afastou do corpo do Cavaleiro de Ouro e voltou-se para Marin. Phobos abriu a mão e assumiu o controle do corpo de Marin, deixando-a paralisada. — Seiya está navegando entre a realidade e a imaginação. Nem sempre ele saberá diferenciar uma coisa da outra. Mas quando eu souber que a alma dele está toda rachada e no limite da sanidade, eu irei acordá-lo para mostrar a ele o corpo desfigurado da mestra dele.

— Acorde, Seiya!! — gritou Marin, tentando resistir.

— É inútil. Não adianta chamar por ele. Ele não vai escutá-la. Nem mesmo os seus gritos de dor implorando para parar iriam acordá-lo. Seiya está vagando em uma dimensão muito longe daqui. — explicou o deus.

— Que bom saber disso. — disse um homem entrando no salão.

— Você é... Andrômeda!!

Ainda trajando a armadura divina de Andrômeda, Shun disparou sua corrente pontiaguda que se multiplicou e avançou ofensivamente contra Phobos. Uma das correntes se enroscou em Marin e a puxou, libertando-a da restrição de Phobos. Shun a segurou com o braço esquerdo.

— Você está bem, Marin?

— Shun!! Obrigada!

As outras correntes pontiagudas atacaram o deus, mas Phobos desviou e em seguida as bloqueou com uma barreira de cosmo. Mesmo interceptadas, as correntes voltaram a se agitar e se ergueram como serpentes. Shun ordenou mais um ataque, mas Phobos as desviou com o cosmo e as correntes passaram pela lateral do deus.

O deus do medo aproveitou a abertura e avançou, mas um forte brilho dourado vindo de trás chamou a sua atenção.

— O seu oponente não sou eu. — disse Shun. — Ele está voltando.

Phobos virou-se e viu a corrente de Shun atravessando uma distorção dimensional aberta no peito de Seiya

— Im-Impossivel!! — disse o deus.

— Não importa a dimensão ou a distância onde o meu alvo esteja!! A minha corrente é capaz de encontrá-lo! Agora Andrômeda! Traga a alma de Seiya de volta! — gritou Shun.

— Desgraçado!! Pare agora!!

Phobos avançou contra Shun, mas foi detido por uma sequência de golpes em suas costas. Pego de surpresa, o deus foi golpeado e desabou no chão.

— Phobos... — disse Seiya cerrando os dentes e os punhos. — O que foi que você fez?! — gritou ele. — Eu quero que você olhe nos meus olhos e me diga que tudo aquilo que você me mostrou era uma ilusão!!

— Era tudo verdade. Passado e presente. — disse o deus, se levantando. — Eu quero ver você implorar, Seiya.

— Desgraçado!! Como teve coragem de matar a Mino e todas aquelas crianças?! — gritou Seiya. — Eu vou me vingar!!

Ele atacou o orfanato?! pensou Shun, com os olhos arregalados.

— Tolice. Você não está em condições de me enfrentar.

— Não é tolice. — Os olhos de Seiya se acenderam e a sua cosmo energia se elevou cobrindo todo o interior do templo. — É justiça! Você tirou a vida de muita gente. Plancius, Retsu, Tatsume, June, Nachi, a família de Jake, Mino, as crianças do orfanato... Ainda me fez enfrentar a Marin e sequestrou a minha irmã!! Eu farei justiça por eles!! Por todos eles!! Cada lagrima e cada sangue derramado... — Seiya elevou ainda mais o seu cosmo e cerrou o punho com força. — Você irá pagar!!

Seiya se moveu tão rápido que nem mesmo Shun foi capaz de acompanhar. O cosmo dourado rodopiou no punho de Seiya e o cavaleiro de ouro se aproximou do deus desferindo um golpe no peito.

Cometa de Pégaso!!

A união de bilhões de socos desferidos em único ponto por segundo gerou uma devastadora rajada que envolveu Phobos e o arremessou. O deus atravessou o salão e colidiu com a porta de entrada, caindo no corredor que dá acesso a saída do templo.

Desgraçado! Ele conseguiu me acertar em cheio. disse o deus se levantando.

Phobos ergueu a cabeça e avistou Seiya caminhando em sua direção. De repente o cavaleiro de ouro parou no centro do salão e materializou o arco e a flecha dourada de Sagitário. Seiya preparou a flecha e elevou o cosmo, sussurrando o nome de todos aqueles que Phobos feriu.

Flecha estelar!!

A flecha dourada foi lançada em um poderoso disparo, gerando um som ensurdecedor em seu deslocamento. No meio do percurso a flecha se multiplicou em centenas de flechas cósmicas. Phobos avançou contra Seiya desviando das flechas, mas mesmo se esquivando acabou sendo ferido pelo atrito cortante do deslocamento do golpe.

Ao se aproximar do Cavaleiro de Ouro, Phobos saltou e disparou uma rajada de cosmo. O golpe gerou uma poderosa explosão, fazendo uma nuvem de fumaça se erguer, mas ao cessar revelou que Seiya havia bloqueado o golpe com as asas divinas.

— A vantagem de ser um cavaleiro... — disse Seiya. — É que nós somos treinados para estudar o estilo de luta do adversário e assim evitamos cair no mesmo truque de combate.

Seiya saltou contra Phobos no momento em que o deus pousou e pela primeira vez o alcançou antes que ele pudesse desviar. Seiya aplicou um soco no estômago de Phobos, fazendo o deus do medo cambalear para trás cuspindo sangue, e seguiu atacando até desferir uma joelhada no queixo do deus. Phobos foi lançado para o alto e Seiya se aproveitou para girar e aplicar um chute que arremessou o deus de volta ao salão principal.

O Cavaleiro de Atena se moveu acima da velocidade da luz e passou por Phobos ainda no ar, girando e golpeando as costas do deus, jogando-o para o alto. Ainda não satisfeito, Seiya saltou para uma nova investida. Phobos se teletransportou para atacar por trás, mas Seiya leu os movimentos do deus, girou e atacou antes que o filho de Ares pudesse disparar o golpe.

A onyx divina explodiu em pedaços e o deus foi arremessado violentamente contra o chão, abrindo uma profunda e extensa cratera no centro do salão.

— Acabou. — disse Seiya. — Você perdeu.

Cuspindo sangue, Phobos se ergueu cambaleando. Apesar dos ferimentos, seu cosmo não enfraqueceu.

— Um humano querendo dar o veredito final? disse o deus encarando Seiya através do cabelo embaraçado. — Essa luta só acaba quando a sua cabeça estiver rolando em direção aos meus pés.

O Cavaleiro de Ouro partiu para o ataque e Phobos também avançou. Seiya tentou desferir um soco, mas Phobos bloqueou o ataque erguendo uma barreira e contra-atacou disparando uma rajada de cosmo que lançou Seiya para trás.

O cavaleiro de sagitário pousou flexionando os joelhos e aproveitou a aterrisagem para pegar impulso contra o deus. Se movendo acima da velocidade da luz, Seiya conseguiu acertar um soco no rosto do filho de Ares, mas Phobos também o golpeou no abdome, arremessando Seiya para o alto.

No ar, Seiya abriu as asas da armadura divina de Sagitário e concentrou cosmo em seu punho, disparando em seguida um ataque.

Meteoro de Pégaso!!!  

Phobos desviou de cada punho enquanto avançava em direção a Seiya. E ao se aproximar do Cavaleiro de Ouro, o filho de Ares se teletransportou para atrás de Seiya e o golpeou lançando o antigo cavaleiro de Pégaso contra o chão, abrindo uma cratera no centro do grande salão.

O deus do Medo desceu em um rápido disparo para desferir um chute em Seiya que ainda estava caído, mas o Cavaleiro Lendário reagiu. Seiya desviou do ataque e contra-atacou desferindo uma sequência de socos. Phobos se teletransportou para se esquivar e em seguida avançou em zigue-zague se teletransportando. Ao se aproximar de Seiya, o deus desferiu um chute, mas o Cavaleiro de Ouro bloqueou com o braço esquerdo e aplicou um soco no peito do deus, seguido de um chute e uma segunda rajada do Meteoros de Pégaso, que acertou o deus em cheio e o arremessou.

Phobos foi bombardeado pelos punhos de Seiya, mas conseguiu pousar rasgando o solo e recobrou o equilíbrio, avançando para mais uma investida em uma velocidade acima da luz. O deus expandiu o seu cosmo, atingindo Seiya antes mesmo de alcançá-lo. Desnorteado, Seiya recebeu um soco de Phobos em seu peito. O golpe foi tão forte que gerou uma explosão de cosmo e arremessou o cavaleiro de Atena contra um pilar.

— Essa é a diferença entre um deus e um humano que tem a ousadia de caminhar no território dos deuses. — disse Phobos. — Eu matarei o matador de deuses.

 Seiya se ergueu, mas Phobos desceu de forma ofensiva contra ele aplicando um chute. Seiya se lançou para trás a fim de desviar, mas o deus recuou o braço direito concentrando cosmo em seu punho e desferiu um golpe no rosto de Seiya, gerando mais um deslocamento de energia que fez o cavaleiro de ouro cambalear para trás. Aproveitando o desequilíbrio do Cavaleiro de Atena, Phobos aplicou milhões de socos no peito e no rosto de Seiya, e finalizou com uma poderosa rajada de cosmo lançada com as duas mãos unidas.

Seiya moveu as asas divinas de Sagitário para se proteger e forçou os pés contra o chão para não ser arremessado novamente.

— Eu não vou perder. — disse Seiya resistindo. — Eleve-se meu cosmo!! Ao infinito!!

 As asas divinas se abriram dispersando a rajada cósmica de Phobos e emanando ondas de cosmo dourado.

— Não lhe darei essa oportunidade!! — gritou Phobos.

O deus correu em direção a Seiya para ganhar aproximação, mas Seiya deteve o punho de Phobos com a palma da mão.

— Mas... Como pode ser possível?! — disse o deus surpreso.

— Não existe limites para a força de vontade dos humanos. — respondeu Seiya.

O cosmo dourado de Seiya se expandiu e lançou Phobos para trás rasgando o solo. Antes que o deus pudesse parar, Phobos se teletransportou e surgiu acima de Seiya materializando sua espada divina. Uma arma sagrada de lâmina negra e punhal cravado com joias azuis.

— Morra, Seiya!!

A espada do deus estava prestes a partir Seiya ao meio quando uma corrente dourada atravessou o salão e se enroscou no braço de Phobos, desviando o trajeto da lâmina que acertou o chão ao lado do cavaleiro.

— Eu não vou deixar que você mate Seiya. — disse Shun.

— Andrômeda... — Phobos olhou furioso para o deus. — Não interfira!!

— Como eu poderia ficar parado sem antes vingar a morte da June?! — gritou Shun, puxando o braço do deus. Phobos resistiu. — Foi você quem deu a missão! Foi o seu subordinado que tirou a vida da June!

— Está falando da Amazona de Camaleão?! Eu não me importo. Se a morte dela faz você chorar, então estou satisfeito.

Shun segurou firme em sua corrente.

— Você vai pagar!!

— Espere, Shun! — gritou Seiya. — Eu entendo a sua dor, mas essa luta é minha.

Shun encarou Seiya por alguns segundos e em seguida concordou acenando com a cabeça. Ele estava prestes a recuar a corrente de Andromeda quando foi surpreendido por uma corrente negra de cosmo que surgiu entre as cortinas atrás do trono e se enroscou no outro braço de Phobos.

— Mas não é só você que tem contas a certar com esse deus, Seiya. — disse Henry de Câncer, entrando no grande salão vindo do templo de Atena. — Temos pendências com um inimigo em comum.

— Câncer... — disse Phobos em tom de repúdio. — Você foi uma grande decepção. Esperava que seu instinto assassino fizesse você ingressar no exército da guerra.

— Eu sou o tipo de assassino que mata pessoas como você. — disse o Cavaleiro de Câncer. — Seiya! Você tem que derrotá-lo no próximo ataque. 

— Eu não perderei para vocês!! — gritou Phobos expandindo seu cosmo.

As correntes de Henry foram partidas e o Cavaleiro de Câncer foi arremessado contra a parede. Phobos voltou-se para Shun para livrar-se das correntes divinas, mas Seiya se posicionou na frente do amigo e elevou o seu cosmo com mais intensidade, reunindo energia em seu punho.

— Você já perdeu, Phobos! Isso é por todas as pessoas que você matou e machucou!

— Covardes!! Me solte, Andrômeda!

— Quem é você para falar de covardia?! — questionou Shun.

— Esse é o seu fim, Phobos!! — gritou Seiya avançando para um golpe direto. O cavaleiro de ouro se aproximou do deus do medo e desferiu o ataque pressionando o peito de Phobos.Cometa de Pégaso

O deus arregalou os olhos segundos antes do golpe gerar uma poderosa explosão. O deus foi nocauteado e desabou contra a parede do templo.

A corrente divina de Shun recuou, assim como o cosmo de Seiya, que caiu de joelhos exausto.

— Pégaso... E todos vocês, cavaleiros... — disse Phobos, reunindo forças para se levantar. — Os deuses do Olimpo não irão perdoá-los. Eles estão inquietos. Vocês serão exterminados como punição. Eles estão vindo... Você sabe disso, Seiya. Você viu.

Seiya lembrou das inúmeras figuras se movimento entre as nuvens no Japão, mas não comentou a respeito.

— Ah não ser que a gente extermine os deuses do Olimpo antes. — disse Henry, surgindo atrás de Phobos. — Está na hora de você se juntar ao seu irmão.

O cavaleiro de câncer removeu a joia vermelha de sua armadura que estava presa na peça do pescoço. A joia brilhou revelando o nome de Atena em grego cravado nela após o selamento de Deimos, e do interior dela rompeu um turbilhão de espírito que se agitaram ao redor de Henry e Phobos. Eram almas dos milhares de vítimas dos Cavaleiros de Câncer ao longo dos séculos e que nunca conseguiram completar a passagem para o Mundo dos Mortos, mas que agora ajudavam Henry a selar deuses malignos emprestando seus cosmos.

Colheita do Yomotsu!!

O turbilhão de espíritos avançou contra Phobos e o pressionou no centro, entre gritos de lamentos e expressões de dor e ódio. O redemoinho sugou a alma de Phobos para dentro da joia, abandonando o corpo do deus no chão.

Ao terminar de selar a divindade, Henry cambaleou exausto, mas conseguiu se equilibrar.

— Consegui. — disse ele, olhando para joias que agora prendia os dois deuses filhos da guerra.

Seiya ficou satisfeito, mas lembrou que havia uma coisa importante a fazer. Encontrar sua irmã.

O cavaleiro de Atena olhou para Shun e depois para Marin. Era um pedido silencioso de “Cuide dela por mim”. E Shun compreendeu acenando com a cabeça. Seiya então adentrou em um dos corredores laterais que levam para os aposentos internos. Ele percorreu aquele longo corredor pensando em qual cômodo sua irmã poderia estar, até que ele parou diante uma porta.

Ele podia sentir que havia alguém do outro lado. Era uma presença familiar e não agressiva. A armadura de ouro divina de Sagitário se desfez em cosmo e recuou para o interior de Seiya, deixando-o com roupas civis. Ele então segurou na maçaneta e abriu a porta, mas para a surpresa de Seiya sua irmã não estava lá dentro, mas sim outra pessoa.

Era uma mulher de longos cabelos verdes de várias tonalidades, olhos dourados como ouro e trajava uma Onyx.

— Uma berserker!! — disse Seiya, recuando. Mas ao olhar com mais atenção, percebeu que se tratava de alguém que ele conhecia. — Mãe!!

Medusa, uma das berserkers de Ares e também mãe de Seiya, a qual está destinada a reencarnar como a mãe do Pégaso, estava em pé no centro do quarto encarando uma cama bagunçada.

— Ela não está mais aqui. — disse Medusa. O seu tom de voz estava firme, mas no fundo soava triste.

— Seika?! Onde ela está?

— No final do corredor, indo para uma saída lateral do templo que dá acesso a uma das passagens secretas que existe na montanha do Santuário. — respondeu Medusa. — Aproveitei que a atenção do exército de Ares está concentrada na chegada da frota de Atlântida.

— Tenho que alcançá-la. — disse Seiya, saindo do quarto. — Não posso deixá-la sozinha.

— Ela não está sozinha. — disse Medusa.

Seiya parou e virou-se.

— Quem está com ela?

— Tem um guia esperando por ela para escoltá-la em segurança para longe do Santuário.

— E por que eu devo confiar em você?

— Porque eu sou mãe e jamais iria machucar vocês. Ouça, Seiya. Você deve ir até Atena. O seu lugar já não é mais aqui no Santuário. Apesar de ser um Cavaleiro de Ouro, você ainda é o homem que nasceu destinado a ser o Pégaso e deve ficar ao lado dela. Tem algo maior se aproximando. Atena sabe disso e Ares também. O relógio de fogo não foi aceso por Atena à toa. Existe uma razão para Atena estipular doze horas para encerrar a guerra e pelo visto ela está disposta a fazer isso em Esparta.

— Mas o que seria? O que está se aproximando?

— O Prólogo do Céu.

Seiya enrugou o cenho.

— “Prologo do céu”?!

— Vocês, cavaleiros, podem não sentir ou enxergar, mas os deuses e os antigos conseguem sentir. Tem algo se movendo no plano superior. No Olimpo. É como se fosse burburinhos. Tem algo vindo e chegará quando a última chama do relógio se apagar e o sol nascer no horizonte. A cada hora esse sussurro soa mais alto. E você deverá estar ao lado de Atena quando esse momento chegar.

— E quanto a senhora? É uma berserker. Não sofrerá consequência por estar ajudando?

Medusa sorriu. Era um sorriso triste.

— Ah meu querido, você acha que Ares deixará isso passar impune? Não mesmo. — um pequeno filete de sangue escorreu no canto de sua boca. Seiya arregalou os olhos preocupado e deu um passo à frente para ajudá-la, mas Medusa balançou a cabeça.  — Eu sou uma berserker e devo fidelidade incondicional a Ares. Qualquer sinal de traição é punido com a morte. A minha Onyx está me matando por dentro nesse momento. Contaminando meu sangue, provocando dor e adoecendo os meus órgãos de uma forma tão rápida quanto você possa imaginar. Mas não tem problema. — disse ela chorando. No início eram lagrimas, mas depois se tornou sangue. — Daqui a duzentos anos eu irei reencarnar como sua mãe novamente. É a minha maldição, mas também é a minha benção. Antes de ser uma berserker, eu sou mãe, e como tal irei proteger os meus filhos a todo custo. Pégaso... Você é o meu filho. É a espada contra os deuses e tenho orgulho de homem que você se tornou nesta geração. Agora você deve ir embora. Atena foi para o Oeste.

— Antigo Santuário de Ares em Esparta.

— Exatamente. Foi lá onde tudo começou e é lá que deve terminar.

— Mas e a senhora?

— Eu ficarei aqui esperando o meu fim como berserker.  — O som de passos agitados foi ouvido vindo do corredor. — São soldados berserkers. — disse Medusa. — Devem ter vindo atrás de você. Ou de mim. Você deve ir. Eu seguro eles.

Seiya acenou com a cabeça. Seus olhos estavam cheios de lagrima.

— Até mais, mãe.

Medusa sorriu, mas dessa vez feliz. Seiya não estava se referindo ao fim da guerra. Ele estava se referindo a próxima reencarnação.

— Até.

Seiya saiu do quarto e seguiu pelo corredor. Gritos de “não deixem ele escapar” foram proferidos pelos soldados. Medusa saiu do quarto e parou no meio do caminho.

— Para onde ele foi, Medusa? — questionou um dos soldados berserker. Havia dezenas tumultuando o corredor. Todos armados com espadas e escudos.

O cosmo da berserker se elevou e seus cabelos verdes se agitaram se transformando em serpente.

— Morram!

— Desgraçada traidora!! — gritou o soldado antes de ser petrificado junto com todo o batalhão. Os corpos racharam e foram feitos em pedaços.

Satisfeita, Medusa relaxou o seu corpo. A onyx abandonou o seu corpo, montando as peças e formando a imagem mitológica de Medusa. Um ser metade mulher e metade cobra com centenas de serpentes no lugar de cabelos e armada.

O corpo de Medusa se converteu em cinzas e sua alma desapareceu na escuridão, caindo no fluxo da reencarnação.

...

Após ter deixado Medusa para trás, Seiya seguiu pelo corredor até chegar na saída lateral que sua mãe havia mencionado. Seiya atravessou a porta e se deparou com a lateral da montanha do Santuário. Havia uma escadaria de pedra serpenteando a montanha e descendo as escadas estava a sua irmã acompanhada por outra pessoa.

— Seika! — gritou Seiya.

A irmã de Seiya virou-se surpresa e, assim como ele, correu para um caloroso abraço.

— Graças a Atena! Você está bem. — disse Seiya.

— Seiya... A nossa mãe.

— Eu sei. Eu sei. — disse ele abraçando a irmã com força.

Seiya ergueu a cabeça para conhecer o guia de Seika e ficou surpreso ao avistar uma mulher de longos cabelos brancos, olhos negros, pele morena e usando um vestido branco de seda.

— Aracne?! — disse Seiya, incrédulo. — Você está... Viva?! Achei que tivesse sido morta.

— Sua mãe me poupou. — disse a antiga berserker, que havia sido libertada por Atena das algemas de Ares. — E agora tenho que levar Seika em segurança para longe daqui. É o mínimo que eu posso fazer.

— Obrigado. — disse Seiya. — Vão para a casa do lago da família Kido no Japão. Existe proteções na casa para o caso de necessitar de um esconderijo.

— Está bem. Mas você não vem? — perguntou Seika.

Seiya ia responder, mas Aracne adiantou a resposta.

— Não. Ele deve ir ao encontro de Atena. A guerra santa só irá terminar quando Ares cair. Até lá, Seiya não pode se afastar do campo de batalha. Por isso, Seiya, deixe a armadura de ouro de Sagitário para trás e voe até Atena como o Pégaso. Agora vamos, Seika.

— Cuide-se. — disse Seika. — E proteja Atena.

Seika correu até Aracne e as duas desceram as escadas às pressas até desaparecerem entre as passagens da montanha.

Seiya avistou o campo de batalha. Ele sabia que seus companheiros estavam tendo um combate acirrado, mas sua missão era ao lado de Atena. O cosmo dourado de Seiya se elevou e a armadura de sagitário se materializou ao seu lado.

— Obrigado, Aiolos. Obrigado, Sagitário. Mas agora... — o cosmo de Seiya se intensificou e o dourado se converteu em um cosmo branco e puro, materializando no corpo de Seiya peças brancas de armadura com adornos dourados e um grande par de asas brancas. — Devo me tornar o Pégaso.

Seiya vestiu novamente a armadura divina de Pégaso, emanando um grande poder. O seu cosmo se agitou ao seu redor e Seiya disparou no céu estrelado em direção a Atena como se fosse um meteoro.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal!! Tudo bem com vocês?

Espero que o capítulo corresponda a expectativa de vocês. Vamos juntos para a reta final dessa história, pois uma nova cortina está prestes a se abrir. Rumo ao Prologo do Céu!

Abraço a todos!! Não esqueça de deixar a sua opinião. Ajuda muito!



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