A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 58
Capítulo 53 — Guerra em Atlântida: Oceano de sangue


Notas iniciais do capítulo

O sanguinário deus da guerra conseguiu atravessar a passagem que leva para Atlântida no outro lado do "véu". O lado primordial e selvagem dos Oceanos. Mas o exército marinho de Atlântida aparece de imediato para detê-lo. Tritão, o filho de Poseidon, surge acompanhado do Almirante de Leviatã e da General de Dragão Marinho, ao som da linda e mortal "Sinfonia final da morte" de Sorento. Uma sangrenta batalha começa, e as águas turbulentas do oceano atlântico norte se convertem em sangue.



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Capítulo 53 — Guerra em Atlântida: Oceano de sangue


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

— Aos tripulantes dessas embarcações que seguem em direção a sepultura nesse agitado Oceano... Atlântida lhes oferece um cortejo fúnebre. Sinfonia final da morte!

Sorento encostou a boca no bocal da flauta dourada, e seus dedos moveram-se graciosamente pelos abafadores. A sinfonia foi emitida na forma de onda sonoras, alcançando todo o exército de Ares. O oceano continuava agitado e o vento parecia soprar cada vez mais forte, mas nada impedia ou abafava o som que aquela linda melodia emitia.

— Esse homem... Como ele é... Gracioso. Parece um anjo. — disse Dionísio, caminhando lentamente como se estivesse em êxtase. — E que melodia maravilhosa...

— Não é hora para se apaixonar pelo inimigo ou pela música, Dionísio. — disse o deus Anteros, segurando o braço do deus do vinho a poucos metros da beira do navio. — Esse homem com aparência angelical é como uma sereia demoníaca surgindo das águas para nos arrastar para o fundo desse oceano turbulento. Ele é o General Marina de Sirene. Não se entregue para a sinfonia dele.

— Compreendo. — disse Dionísio, voltando a si. — Mas... — ele afastou a mão do deus. — Não precisa falar me tocando.

— Estranho. — disse Éris, pensativa. — Dois Generais, um Almirante e algumas centenas de marinas... Esse não é todo o exército de Atlântida.

Ares deu uma risada chamando a atenção dos subordinados mais próximos.

— É realmente uma melodia encantadora, mas... General, você não acha que essa melodia irá nos amedrontar, não é? Arqueiros!! — gritou o deus, e todos os soldados nos navios ouviram. — Preparar flechas e apontar!! — O movimento coletivo das flechas negras feitas de onyx sendo puxadas da aljava e preparadas nos arcos, deu para ser ouvido de forma sincronizada. O cosmo de Ares se elevou e em seguida as flechas negras foram tomadas pelo cosmo vermelho sangue do deus. Ares olhou para Tritão e deu um sorriso sádico. — O meu cortejo fúnebre para vocês, será o zumbido das minhas flechas. Arqueiros!! Disparar!!

As flechas foram lançadas e uma onda negra mortal se ergueu indo em direção a Sorento e o exército marinho. O som de zumbido era semelhante ao som que um enxame de gafanhotos faz em direção a uma plantação. A fome devoradora prestes a consumir tudo.

Tritão deu um singelo sorriso de canto e Ares enrugou o cenho desconfiado. A chuva de flechas estava indo em direção a eles, mas ele e seus soldados não moveram um músculo para se defender. Foi então que a sinfonia de Sorento se intensificou, as asas douradas se abriram e o general multiplicou sua imagem em centenas de réplicas. As flechas atravessavam suas imagens e em seguida perdiam a força, caindo nas águas do oceano atlântico.

— Mas o que está acontecendo?! — questionou Ares. — As flechas... Caíram.

Tritão continuava a encarar o deus da guerra sem qualquer preocupação no rosto.

— O que houve Ares?! — gritou ele. — Você estava tão confiante, mas agora seu semblante é de um deus perdido procurando explicação para o que viu. Será que apenas um general é suficiente para dar conta de todo o seu exército? Talvez eu tenha me precipitado ao mover um numeroso exército de marinas até aqui.

Ares ficou sério e cerrou o punho. Os músculos do seu rosto ficaram rígidos.

— O mito sobre a escama de sirene é verdadeiro. — disse Anteros.

— Do que está falando, Anteros? — perguntou Ares.

— A flauta que aquele homem está tocando... Ela tem o poder de reduzir o cosmo do adversário até um por cento de sua capacidade. Se isso for verdade, se não for uma lenda, significa que os cosmos de todos foram reduzidos. Inclusive o seu.

— Isso é tolice. — disse Deimos, passando por eles. — Um humano não tem o poder de afetar um deus dessa forma.

— Concordo, mas... Olhe para a flauta dele, Deimos. E depois compare-a com o resto da escama. Ela não lhe parece um pouco “modificada” ?! — questionou Anteros. — Essa flauta não está em seu modo comum. Ela está em uma forma divina, como se fosse um presente dos deuses. Uma arma capaz de matar um deus. Acertei general?

Sorento deu um singelo sorriso.

— Bastante observador. Ares lhe chamou de Anteros. Deus da manipulação e da separação, não é? A contra parte do amor e conselheiro de Ares. Vejo que estudou bastante sobre o exército do Imperador Poseidon. E sobre a flauta... Você está correto. Normalmente essa flauta tem a capacidade de reduzir o cosmo do meu oponente para um por cento da sua capacidade, sendo mais eficaz que a temível barreira do imperador Hades que reduz apenas até dez por cento, mas essa flauta em sua forma normal não alcança um deus. Por isso a senhorita Anfitrite abençoou essa flauta com seu sangue, convertendo ela em uma arma divina para combater os inimigos de Atlântida, e isso inclui vocês, deuses. Agora não passam de um exército enfraquecido e fadados a derrota!

— Que audácia. — disse Ares, abrindo um sorriso sádico. — Essa guerra... — o sorriso se converteu em uma risada insana. — Está ficando tão interessante!! — gritou.

Sorento ergueu uma sobrancelha.

— Está achando, Ares? Então achará isso aqui interessante também. — o cosmo lilás de Sorento se elevou e converteu o turbulento oceano azul escuro em águas brilhantes igual o seu cosmo. Reflexo da morte!

Centenas de luzes lilás romperam da água subindo ao céu. Eram as flechas lançadas pelo exército de Ares, mas agora tomadas pelo cosmo do general.

— Receba de volta suas flechas, Ares! — disse Sorento erguendo o braço direito e em seguida estendendo em direção a frota de Ares, disparando a chuva de flechas contra o deus da guerra.

— É... Lindo. — disse Dionísio. — Encantadoramente lindo, mas também... Aterrorizante. É como estar no palácio do Olimpo observando uma chuva de estrelas lançada pelos deuses para extinguir uma nação. — A expressão serena do deus do vinho mudou, ficando mais sério. — Mas não posso deixar que prossiga.

O deus elevou seu cosmo estendendo a mão, e uma fina barreira rubra surgiu diante dele. Quando as flechas atravessaram a barreira, elas foram pulverizadas, transformando-se em cintilante poeira lilás.

Sorento ficou nitidamente surpreso. Ele não esperava que os deuses ainda tivessem poder suficiente para segurar um contra-ataque influenciado pelo poder divino da flauta. Mas foi um bater de palmas que trouxe Sorento de volta a si. Ares estava novamente com um olhar sádico arregalado e um sorriso insano.

— Talvez eu precise ser mais drástico. — disse o deus, elevando o cosmo. — Preparem as armas navais!!!

Os canhões, metralhadoras navais e misseis de curto alcance foram apontados em direção ao exército marinho.

— O que ele vai fazer? — perguntou Agave, a General Marina de Dragão Marinho. — Por acaso ele pretende...

— Irá usar armas humanas para nos enfrentar. — respondeu o Almirante Moshchnost.

— Não sei se é desespero ou se ele está zombando de nós. — disse Tritão.

Vendo o olhar curioso de Tritão, Ares não conseguiu segurar o sorriso. Sélestat, que já havia desconfiado do sorriso dado por Ares ao sair dos aposentos de Afrodite, voltou a nutrir mais desconfiança. Não era normal ver Ares sorrindo. O deus se divertia na carnificina, mas geralmente sua postura era um pouco mais séria.

— Soldados... Disparar!!!

O disparo arrítmico foi ensurdecedor. Os tiros dos canhões eram com intervalos de segundos, enquanto as metralhadoras disparavam dezenas de tiros por segundos, e os misseis subiam ao céu em um assobio, deixando rastro de fumaça.

Mais uma vez Sorento se pós diante do fogo cruzado e tocou a sua flauta, intensificando o som, abrindo suas asas e multiplicando sua imagem. Ele se tornou uma barreira impenetrável, protegendo o exército marinho. O ataque foi inútil assim como a chuva de flechas. As munições explodiam diante de Sorento, mas sem afetá-lo. 

— O que ele está fazendo usando armas humanas? — cochichou Éris, se aproximando de Anteros.

— Mandando um sinal. — respondeu o deus. — Espero que o som tenha se propagado de forma que chegue até Atlântida.

— Por acaso o armamento estava sendo direcionado pelo seu cosmo, deus da guerra? — perguntou Sorento, ainda sobrevoando as águas do atlântico. — Com um por cento da sua capacidade, você não é grande coisa.

— Um por cento é?! — disse Deimos, dando uma risada abafada. Seu cosmo se elevou e seus olhos se tornaram vermelhos. — Saiba que um por cento do cosmo de um deus já é suficiente para matar vermes como você!! Se o Senhor Ares tivesse lhe atacado com um por cento do seu cosmo... Seu cadáver estaria afundando no oceano. Mas eu mesmo providenciarei que isso aconteça!!

O deus saltou em direção a Sorento com o punho cerrado, mas o general formou um círculo dourado com a flauta diante de si, formando um escudo de cosmo e detendo o punho do deus.

Agora, frente a frente com o deus do terror, Sorento sentia uma sensação estranha. A energia emanada pelo deus era pesada e obscura, lhe causando calafrios e fazendo suar. A face de Deimos era maligna e parecia que uma sombra cobria o seu rosto, restando apenas um par de olhos vermelhos e afiados. As sombras que fluíam dele, pareciam refletir tudo de mais abominável.

Que sensação é essa que toma o meu corpo?! — pensou o general Por que a minha alma está tremendo?

— Você agora não me parece ser tão temível assim, general. — o punho do deus continuou a forçar contra o escudo de energia e rachaduras começaram a se formar. — A única coisa que impede a minha mão de rasgar a sua garganta, é essa fina camada de cosmo que você se ilude achando que irá te proteger por muito tempo. Me diga general... O que você vai fazer quando isso aqui se romper?

— O que eu vou fazer?! Não é óbvio?! — Sorento levou a flauta até a boca. — Você morre, pois eu vou matar você. Uma vez que tenha ouvido a Sinfonia final da morte, sua vida já está sentenciada ao Clímax final da morte. Portanto, basta apenas mais uma sinfonia, e tudo isso terminará.

— Ora seu... — o cosmo de Deimos explodiu e ele disparou um novo golpe contra o escudo de Sorento.

— General Agave! Senhor Tritão! Agora! — gritou Sorento.

— Marinas! Avancem!! — gritou Agave, a General Marina de Dragão marinho.

Os eventos seguintes foram simultâneos. O escudo de energia foi rompido pelo punho de Deimos, quebrando-se em centenas de pedaços, e o deus acertou um forte golpe no rosto de Sorento, arrancando o elmo e impedindo que o general tocasse a flauta novamente. A força do golpe lançou Sorento violentamente contra as águas do oceano, e o general afundou, desaparecendo nas águas escuras do Oceano Atlântico junto com sua flauta. Enquanto isso, o grito da General Marina ordenando o avanço foi respondido pelo grito de centenas de homens do primeiro e do segundo distrito que estavam montados em cavalos marinhos. Eles seguiram em direção as embarcações em grande velocidade, preparando suas lanças e as demais armas de Oricalco que traziam consigo.

Tritão, o deus herdeiro de Poseidon, apontou o tridente para a embarcação em que Ares estava e disparou um golpe que atravessou o oceano como um raio extenso prestes a atingir o navio porta-aviões onde os deuses se encontravam, mas Ares estendeu a mão e disparou uma rajada de cosmo vermelho que colidiu com o ataque do deus marinho, causando uma poderosa explosão.

Os marinas saltaram de seus cavalos e invadiram os navios, dando início a um turbulento confronto. As condições não eram nada favoráveis para os berserkers. Os movimentos das ondas gigantes e o efeito da flauta de Sorento estava dificultando o combate, privilegiando o ataque dos marinas.

— Parecem peixes pulando por vontade própria para dentro de um barco de pesca como se estivessem desejando a morte. — disse Ares tranquilamente. — Nyctea, cuide da General de Dragão Marinho. Sélestat, fique com o velho que está ao lado de Tritão. Eu... — Um marina avançou em direção a Ares apontando uma lança. O deus rapidamente se moveu tomando a lança e segurando o marina pelo pescoço. — Eu vou matar os ratos e cuidar de Tritão. — disse o deus cravando a lança no peito do soldado lentamente, o fazendo gritar e cuspir sangue pela boca enquanto se debatia tentando se livrar de Ares. — Agora vão!!

— Sim senhor!

— Sim senhor!

Os berserkers saltaram do navio e correram sob as águas em direção a grande carruagem onde a general e o almirante se encontravam.

— Pensei que me faria ir até você, Tritão. — disse Ares se virando e se deparando com o filho do deus do mar. — Veio fazer desse navio o seu tumulo? Ou por acaso se ilude achando que será o contrário?

—...—

 


Adrano, Ilha Sicília — Final da tarde do 2º dia

Adrano é uma comuna italiana da região da Sicília, província de Catania, e se estende até as encostas do Monte Etna. É uma área montanhosa. A cidade foi fundada no ano de 400 a.c. próximo ao templo dedicado ao deus menor do fogo e da guerra, Adrano, pelo tirano de Siracusa chamado Dionísio I.

O tirano era filho do deus grego do vinho e recebeu o nome do pai em homenagem. Tornou-se um escriba, mas viu na Guerra de Catargo uma oportunidade para tomar o poder. Sua ambição o levou até o antigo Santuário de Ares que ficava em Esparta. Jurando lealdade a Ares e se aproveitando da intimidade do pai com o deus da guerra, Dionísio I recebeu a benção de Ares e um exército de mercenários, e durante oito anos se dedicou ao crescimento do poder, fortificando Siracusa, fundando Adrano, derrotando inimigos políticos, destruindo, e ocupando cidades gregas vizinhas. Ares ordenou que os ferreiros de Esparta criassem uma Onyx para Dionísio I, e ela se chamaria Onyx de Adrano, convertendo-o em um berserker. Guerra após guerra ele saiu vitorioso guiado pelo poder da vitória em combate, até que ele fez uma aliança com a cidade de Atenas. Com o Santuário.

Ares então ordenou que Dionísio I fosse executado por traição. O deus do vinho tentou negociar com o deus da guerra para poder salvar o filho, mas Ares endureceu o coração e não atendeu o pedido do amigo. Na guerra de 344 a.c, Dionísio I foi derrotado e estava prestes a ser executado, mas o deus Hefesto o salvou a pedido do deus Dionísio. O tirano de Siracusa pagou indenização pela derrota e tornou-se um habitante de Adrano. Para homenagear o pai Dionísio e o deus Hefesto, Dionísio I criou um altar para os dois deuses na parte mais alta do Etna e se empenhou até seus últimos anos de vida para espalhar pela Ilha Sicília dezenas de plantações de uva, principalmente nas terras férteis do Etna. E todo ano ele escalava o monte para entregar no altar dos deuses um grande banquete acompanhado com o melhor vinho da região. Desde então um ritual foi criado e cabe ao ancião de Adrano o dever de levar essa oferenda aos deuses, e assim o povo acredita que o Etna irá se manter estável. Sem erupções.

— Ual. — disse encantada uma das crianças que estavam sentadas no chão da praça da cidade.

Eles estavam reunidos ouvindo as histórias de um ancião que estava sentado no banco. Era um velho calvo, com poucos cabelos brancos na nuca, barba longa e branca e de pele morena castigada pelo tempo e pelo sol. Vestia uma camisa laranja, uma calça escura e estava descalço. Em seus braços haviam faixas de pano marrom cobrindo até seu antebraço, e em sua mão direita ele segurava uma bengala. Apesar da idade, seus olhos eram cheios de vida, como os olhos das crianças. Eram alaranjados como o pôr do sol.

— E os deuses comiam o banquete? — perguntou uma criança.

— Sim, comiam. — respondeu o ancião. — Dionísio principalmente. Ele é bastante animado, igual a vocês, cheio de energia. Bastante oposto a Hefesto.

— E o que aconteceu com a Onyx de Dionísio I? — perguntou um garoto, voltando ao assunto principal.

— Pelo visto alguém aqui prestou bastante atenção. — disse o ancião sorrindo. — A Onyx foi tomada por Hefesto. Os ferreiros de Esparta eram discípulos do deus ferreiro, mas o deus abomina Ares e suas atitudes. — O ancião olhou para o sol que já estava se pondo. — Agora eu preciso ir.

— O senhor levará o banquete para os deuses? — perguntou uma menina.

— Levarei sim. E pedirei a eles para que abençoem as plantações e continuem nos protegendo da fúria do vulcão, das doenças e de qualquer outra coisa que possa nos fazer mal. Agora tenho que ir.

O ancião se afastou e caminhou em direção ao Etna, levando nas costas um cesto repleto de comidas e garrafas de vinho. As crianças se levantaram e se dispersaram, indo para suas casas.

A viagem que para um humano normal duraria horas, para o ancião durou minutos. No alto do Etna, próximo ao topo do monte, havia um altar na entrada da caverna. O ancião parou e colocou o cesto em cima do altar.

— Está me seguindo, anjo? — perguntou o ancião.

O som de um bater de asas trouxe à tona um jovem alado. De porte magro e trajando uma glória prateada, a armadura dos anjos, o guerreiro celestial pousou suavemente. Seus cabelos eram loiros e lisos, mas estavam modelados em dreads, e seus olhos eram azuis.

— Meu nome é Teseu, e fui enviado pelo Olimpo.

— Por Apolo. — corrigiu o ancião. — O que ele quer de mim?

— A presença do senhor no Olimpo. Cartas de chamados foram enviados ao senhor, mas o senhor não as respondeu.

— Na verdade eu se quer as li. Já tinha ideia do que se tratava. É óbvio que ele me quer lá, mas... Vou lhe repetir a pergunta. O que ele quer de mim?

— Vossa excelência precisa dos seus serviços para a Guerra Santa que se aproxima. — respondeu Teseu.

— Outra Guerra Santa?! Haverá mais uma? Quantas guerras irão acontecer nesta era? Titãs*, Poseidon, Gigas*, Hades, Ares, Atlântida... E agora o Olimpo? Os deuses querem destruir tudo!

— Está errado, senhor. Vossa excelência é um deus misericordioso e apenas deseja a paz na Terra. Ele quer devolver a era de ouro para os humanos, mas paz não se conquista sem guerra. Contraditório, mas é a realidade. O que o Senhor Apolo deseja agora é uma purificação da humanidade. Atena se mostrou incapaz de manter a paz, e sabemos que Ares caminha para a aniquilação total. O Senhor Apolo quer devolver a Terra para o Olimpo, e assim estabelecer a Ordem e a paz.

— E para derrubar Atena, o Olimpo usou Ares como carrasco. — completou o ancião. — Ordem e paz... Quantas vezes você repetiu esse discurso para poder acreditar nele?

Teseu franziu o cenho.

— Avise ao Apolo que logo me juntarei a ele.

— Sim, senhor! — Teseu abriu suas asas de penas brancas e puras, emanando um cosmo dourado celestial. — Lembre-se senhor... O Sol é como se fosse os olhos de Vossa excelência. Nada foge da sua onisciência. Nem mesmo o homem que o senhor salvou e que descansa no Etna. Se o senhor trair Vossa excelência, o próximo bater de asas que o senhor ouvirá, será de uma legião de anjos armados com armas celestiais. E isso é um aviso de Vossa excelência. Licença, senhor. 

O ancião fechou os olhos e sorriu. O anjo bateu as asas e voou, desaparecendo entre as nuvens que cobrem o Monte Etna.

O Etna é um vulcão ativo localizado na região oriental da Ilha Sícilia, território da Itália. É o mais alto de toda a Europa, e seu pico, o qual é coberto de neve na maior parte do ano, pode ser visto de qualquer parte da ilha.

O ancião entrou na caverna, percorreu um corredor longo, estreito e escuro, que depois se dividia em dezenas de caminho diferentes e tortuosos. Um verdadeiro labirinto. Quanto mais ele adentrava no corredor, mais quente o ambiente era, mas ele não se sentia incomodado.

O corredor que ele escolheu e caminhou, o levou até uma câmara subterrânea repleta de ferramentas e peças diversas de armaduras de diferentes exércitos. O local parecia mais uma extensa oficina de um ferreiro. Havia espadas, machados e elmos pendurados nas paredes. Havia rios, poços e lagos de lava, os quais tinham pontes de ferro que ligavam de uma ponta a outra, permitindo o deslocamento dentro da câmara.

— Trouxe comida para você. Vai precisar se alimentar se quiser se recuperar totalmente. — disse o velho, colocando o cesto em cima de uma mesa de madeira antiga, marcada e judiada por batidas de martelo e espadas, e coberta por ferramentas. — Tive que recolher cada pedaço seu e reconstruir o seu corpo. A sua constelação não iria conseguir trazer você de volta a vida sozinha. Por isso você demorou para acordar. — ele se virou e olhou para um homem de pele parda e cabelo curto azul, que estava sentado na pedra de uma pequena ilha no meio do lago de lava. Ele vestia apenas uma calça vermelha. Seu peito e seus braços estavam enfaixados. Muitos dos seus ferimentos haviam sido curados e cicatrizados, mas alguns ainda persistiam em permanecer no seu corpo. Como um castigo por enfrentar um deus. — Uma nova Guerra Santa começou enquanto você descansava. Suas asas precisam estar boas para levantar voo novamente.

—...—


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

— Para alguém que está desarmado, você fala demais Ares. Desse modo esse navio realmente será seu tumulo. — disse Tritão.

— Quanta coragem... Segura o tridente do pai por alguns minutos e já se acha o Imperador dos Oceanos. Garoto, solta essa arma no chão, dobre os seus olhos e lhe poupe de uma vergonha maior.

— Ora seu... — disse Tritão segurando o tridente com firmeza e cerrando os dentes.

Ares estendeu a mão para o lado e materializou uma espada de lâmina vermelha e cabo dourado.

— Mas se você quer continuar... Saiba que está lhe sentenciando a morte. Irei despedaçar você e espalhar pelos setes mares!! — disse Ares, elevando o cosmo e partindo pra cima de Tritão.

O deus da guerra saltou pronto para partir Tritão ao meio, mas o herdeiro de Poseidon parou o ataque usando o cabo do seu tridente. O choque das armas divinas gerou um forte brilho e um forte deslocamento de ar, arremessando para o alto e para os lados os soldados berserkers e marinas que estavam ao redor das duas divindades.

A lâmina sangrenta da espada deslizou pela haste do tridente e Ares girou para desferir um golpe pela lateral de Tritão, mirando o tronco do deus. Tritão tentou se esquivar para trás, mas o golpe o pegou de raspão. Em câmera lenta, a ponta vermelha cravou na escama dourada, rasgando como se fosse tecido. O filho de Poseidon sentiu a ponta da lâmina encostar em sua pele e corta-la superficialmente. O ataque gerou um impulso que arrastou Tritão para trás, rasgando o piso do navio enquanto o deus tentava se recompor.

Vendo uma brecha na posição do pequeno deus marinho, Ares avançou mais uma vez, mas dessa vez Tritão se esquivou para o lado e instantaneamente apontou o tridente para o deus da guerra e disparou uma poderosa rajada de cosmo em forma de turbilhão de água. O ataque acertou Ares em cheio, e o deus da guerra girou no ar, caindo em seguida.

— Esse é o deus da guerra que venceu Atena? Mesmo sob o efeito da Sinfonia final da morte, eu esperava mais de você, Ares.

— Senhor Tritão! Cuidado! — gritou um marina.

Ares se levantou e foi de encontro com Tritão em mais um ataque de espada. O deus marinho segurou o ataque parcialmente, pois foi arrastado por Ares, e em seguida recebeu um chute que o arremessou para o alto. Ainda no ar, Tritão girou e desceu, pousando e batendo seu tridente no piso do navio. Uma onda cósmica rompeu o piso em direção a Ares, e o deus foi envolvido por uma coluna de cosmo que estava prestes a arremessa-lo e esmaga-lo, mas o deus cortou o golpe com sua espada.

— Faço das suas palavras as minhas... — Ares saltou e chamas azuis surgiram ao seu redor, como se fosse cosmo, tomando todo o seu corpo e a lâmina da sua espada. — Você fala demais!!

Um consecutivo ataque de espada foi desferido e Tritão bloqueava com o seu tridente em igual velocidade, mas Ares esteva avançando e o deus marinho se sentindo cada vez mais encurralado. Tritão tentava tomar o controle do combate, tentando avançar e atacando com o tridente, mas genuinamente Ares bloqueava os golpes, desviava para o lado e voltava a avançar contra Tritão.

Enquanto Ares e Tritão lutavam, Éris se aproximou do marina que gritou alertando Tritão.

— Eu fiquei pensando... Como um soldado raso conseguiu acompanhar os movimentos do Senhor Ares?! — disse a deusa, se materializando atrás do marina. O soldado ficou paralisado com a súbita aproximação. — Talvez você seja um prodígio, ou então... — as unhas da deusa percorreram a ombreira da escama. — Não é um soldado, mas sim um marina de alta patente.

— Parece que você é inteligente. — disse o marina, e saltou para frente, tomando espaço e girando para ficar frente a frente com a deusa da discórdia. Ele pousou e retirou a escama de soldado que o cobria ao expandir o cosmo, revelando uma segunda escama por baixo. De expressão dura e olhar frio, seus cabelos azul-escuro eram curtos na lateral e compridos atrás. Seu porto físico era forte e seu tamanho se destacava entre os demais marinas. — Sou Nasile de Thatch, o Capitão de Mar-e-Guerra do primeiro distrito.

— Ora, Ora... Um capitão. — disse a deusa. — Tem mais dos seus amiguinhos escondidos embaixo dessas escamas de soldados, ou foi só você, capitão?

— Não lhe devo explicações! — disse o general, estendendo os dois braços e elevando seu cosmo. Na palma de suas mãos uma grande quantidade de cosmo se concentrou, formando duas esferas intensas de cosmo. Boroc!!

Fazendo jus ao nome da técnica, o ataque foi disparado como se os braços de Nasile fossem dois canhões lançadores de granadas e misseis. A dupla rajada de cosmo disparada violentamente, atingiu a deusa desprevenida e enfraquecida pela flauta de Sorento, e a arremessou para a lateral do navio.

A atenção de Nasile voltou-se para o deus Tritão, que em uma das suas investidas contra o deus da guerra, golpeou a cabeça de Ares com a base da haste do tridente, deixando o deus tonto. Aproveitando a brecha, Tritão iniciou uma rápida sequência de golpes.

Ares ficou sem tempo de reação durante o ataque do deus. Tritão golpeou o rosto do deus da guerra novamente, quebrando seu nariz, em seguida girou e chutou a sua cabeça, lançando-o para o lado. Tomado pela raiva, Ares cravou a lâmina no piso do navio, rasgando-o para se equilibrar durante o arremesso, recuperou a postura e voltou a atacar.

— Desapareça!!

Gritou o deus da guerra e um golpe foi desferido pela lâmina da espada. Tritão apontou o tridente para segurar a energia, mas o golpe foi mais poderoso do que ele imaginava, e ele foi pego em cheio, tendo sua escama e seu corpo cortado pelo poder cortante de Ares.

— Faz tempo que não luto assim. — disse Ares, limpando o sangue que escorria do seu nariz, enquanto caminhava em direção a Tritão, que ainda se levantava. — Muito tempo. Lutar contra um deus... É uma oportunidade única. Mas espero que você não morra antes que eu lhe mostre todo o meu poder. Tão pouco antes do evento final desta guerra.

— Do que você está falando? — perguntou Tritão.

— Você logo verá. Deimos!! Está na hora?!

Os olhos do deus do Terror brilharam. Por um momento parecia que ele estava perdido. Olhando para o nada. Concentrado demais. Quando o brilho cessou, o deus sorriu.

— Basta apenas mais uma sinal. — respondeu o deus.

...

Enquanto Ares enfrentava Tritão, o exército de marinas combatiam os berserkers e os deuses. Coube a Sélestat de Vápula enfrentar Moshchnost de Leviatã, o almirante do primeiro distrito.

— Será você a me enfrentar, criança? — perguntou o velho almirante, pairando sob as águas assim como Sélestat, mirando seus olhos dourados como ouro para o jovem berserker. Seus longos cabelos ruivos com fios prateados, assim como sua longa barba, estavam agitados com o forte vento que soprava no oceano. — Pelo seu traje militar, vejo que é um dos generais dessa frota, então deve ser poderoso. Quantos anos você tem?

— Dezessete anos... — respondeu o jovem berserker. Sua pele era negra, possuía olhos vermelhos e lábios carnudos. Seus cabelos eram curtos e prateados com mechas alaranjadas. — Na época em que me tornei berserker. Hoje... Já perdi as contas. Nem lembro mais a minha data de nascimento. E você, velho?! Vejo que apesar da idade, você tem um cosmo poderoso.

— Cosmo? Eu ainda não elevei o meu cosmo. — disse Moshchnost.

— O que?! — disse Sélestat surpreso. Então isso que estou sentindo dele não... Não é cosmo? É apenas a força da sua presença?! — pensou. — Interessante... Estou curioso para ver o seu real poder.

Os olhos dourados de Moshchnost brilharam.

— Então vamos começar! — O cosmo do almirante se elevou, se manifestando com uma pressão esmagadora, e do mar surgiu uma enorme serpente marinha azul feita de cosmo. A criatura monstruosa envolveu Moshchnost como se o protegesse. Materialização da escama! Essa é a manifestação do meu cosmo. Me chamo Moshchnost de Leviatã, o almirante do primeiro distrito.

— Você materializou o espirito da sua escama protetora?! Então irei lhe responder na mesma proporção! Olhe bem, velho, pois quem vai mostrar o verdadeiro poder sou eu. Meu nome é Sélestat e essa é... — os seus olhos vermelhos brilharam e seu cosmo obscuro o tomou por completo. O som de ossos se quebrando podiam ser ouvidos de longe enquanto os seus ombros se moviam. De suas costas brotou um par de asas com plumagem negra, os chifres do seu elmo cresceram até envergar e suas unhas ficaram longas e afiadas. A pele de Sélestat ficou ainda mais escura, a ponto de se misturar com a cor obscura da Onyx. — Essa é a manifestação do meu espirito de guerra. Sou Sélestat de Vapula, do exército do Terror. Sou aquele que irá mata-lo.

— Não fará muita coisa enquanto estiver sob o efeito da flauta de Sirene. — alertou Moshchnost. — Mas eu não sou covarde para enfrentar alguém que não esteja em pé de igualdade.

Moshchnost estendeu a mão e seu cosmo se manifestou em Sélestat, rompendo os efeitos da flauta de Sorento.

— O que acha que está fazendo, velho? — perguntou o berserker, confuso. O cosmo de Sélestat se expandiu com uma forte pressão. — Romper a contenção foi um erro.

— Para onde está olhando? — perguntou Moshchnost surgindo atrás de Sélestat.

O Almirante girou e aplicou um poderoso chute que lançou o berserker sob as águas por quilômetros, até chegar em um conjunto de ilhas isoladas em pleno atlântico e cair rasgando o solo com um forte impacto.

Aquele velho... Que poder absurdo. pensou Sélestat, se levantando, sentindo dores no corpo. Da ilha mal dava para ver a frota de navios. Ele me lançou até aqui apenas com a força bruta. Por mais que ele seja um velho... Vou ter que tomar cuidado. Mas... Onde eu estou?!

A ilha em forma de meia lua era rodeada por outras pequenas ilhas e rochedos. Apesar da presença de vegetação e do som de pássaros, a ilha não parecia se habitada por humanos ou atlantis.

— Bem vindo as Ilhas Rodes. — disse Moshchnost, chegando na praia andando sob as águas. — Sinta-se honrado por pisar na terra sagrada da deusa Rode, a filha de Afrodite com o Imperador Poseidon.

— E porque me trouxe até aqui?

— Não quero envolver pessoas inocentes enquanto eu estiver lutando. — disse o velho almirante. A imagem do Leviatã havia sumido, mas o cosmo dele continuava poderoso.

Sélestat sorriu.

— Velho... — o cosmo do berserker se elevou. — Você me diverte.

Sélestat avançou e desferiu um soco em Moshchnost, mas o Almirante desviou em igual velocidade, surgindo atrás do berserker. Em uma nova investida, Sélestat girou para aplicar um chute, mas uma vez mais o almirante se esquivou. A luta então entrou um uma sequência de tentativas de ataque do berserker e diversas esquivadas do velho almirante. Até que Moshchnost resolveu atacar, e um potente choque de punhos e chutes começou.

A luta caminhou em pé de igualdade por um bom tempo, até que o leviatã de Moshchnost voltou a se materializar ao redor do almirante e atacou o berserker, disparando uma rajada cósmica. Sélestat estendeu a mão e segurou a rajada, mas foi arrastado por alguns metros. Na medida em que o golpe empurrava o general do exército de Ares para trás, uma fenda ia sendo formada pela pressão exercida pelo golpe do almirante e pelo cosmo do berserker que sustentava o ataque. O berseker então intensificou o seu cosmo e lançou o ataque para o alto, o qual explodiu em um forte clarão azul, ofuscando os olhos de Moshchnost.

Sélestat viu ali uma oportunidade para uma nova investida, então ele avançou mais uma vez para um ataque direto, se teletransportando em seguida e reaparecendo cara a cara com o almirante, para em seguida desferir um soco. O golpe foi certeiro e lançou o corpo de Moshchnost para o lado. Com o cosmo agora concentrando entre as palmas das mãos, o berserker disparou uma poderosa rajada cósmica que jogou o almirante em direção ao mar, e ele afundou.

Ele me jogou até aqui... — pensou o velho. Ele é tão poderoso quanto um Almirante. Seu cosmo talvez supere o sétimo sentido em seu nível máximo. Por isso... — os olhos de Moshchnost se abriram e o dourado de sua íris foi tomado pelo azul do seu cosmo. Irei mata-lo!

Na praia, Sélestat bateu as asas e voou. Ele estava prestes a voltar para o navio quando percebeu um brilho crescente vindo da água. Dois pontos vermelhos brilhantes estavam vindo em sua direção. Parecia ser um golpe duplo, até que rompeu da água uma gigantesca serpente marinha com escamas azuis e olhos vermelhos, com a boca aberta mostrando presas afiadas e uma rajada de cosmo prestes a ser disparada. Sélestat se espantou com a criatura e desviou do golpe, lançando um ataque em seguida que entrou pela boca da serpente e a explodiu.

— Foi só isso que conseguiu fazer, velho? — perguntou Sélestat olhando para o mar.

— Com quem você está falando, jovem berserker? Para onde está olhando novamente? — perguntou Moshchnost atrás de Sélestat.

Sélestat virou-se e recebeu um chute em seu abdome, sendo lançado violentamente contra um dos rochedos que cercam a praia. O chute não foi aplicado apenas por cosmo, mas sim com toda a pressão exercida pelo espirito de luta de Moshchnost. O impacto foi tão forte que o rochedo explodiu em pedaços.

— Você luta bem, velho. — disse Sélestat, ainda deitado no que sobrou do rochedo. — Para alguém da sua idade...

— Você disse que não se lembra da sua idade ou da sua data de aniversário... Temos isso em comum. — Moshchnost estava sobrevoando o rochedo, olhando para o berserker com um olhar altivo. — Tenho mais de quinhentos anos de idade, mas não lembro minha idade certa ou data de nascimento. Com o passar do tempo esse tipo de informação vai perdendo importância. O que importa é ter força para poder viver. Você me subestimou pela idade, e isso foi um tolo erro de sua parte.

— Sem dúvidas. — concordou o berserker. — Mas não fale como se a luta tivesse chegado ao fim. Lutamos até agora sem usar qualquer técnica especial. Apenas com a força dos nossos cosmos.

— Se eu tivesse usado uma técnica especial ofensiva, você estaria partido ao meio nesse momento.

Sélestat gargalhou.

— Velho, Velho... — disse se levantando. O elmo caiu em pedaços, e um corte em sua testa deixou metade do rosto coberto de sangue. — Nós, os berserkers, somos guerreiros que entregamos nossas almas em prol da guerra. Lutamos com total dedicação para alcançar os objetivos do Senhor Ares. Ou seja... — as asas negras se abriram e Sélestat pairou lentamente, como um espirito maligno se erguendo. — Mesmo sem braços e pernas, ainda que nos parta ao meio, nós lutaremos.

A imagem de uma criatura alada sentada em um trono esquelético surgiu atrás de Sélestat. A criatura era um leão negro de olhos vermelhos, só que bastante magro, como se estivesse com fome, corcunda e com as patas grandes, deformadas e encurvadas. Suas asas, negras e volumosas, pareciam um estorvo para ele, inclinando seu corpo ainda mais.

— Que criatura medonha é essa?! — pensou Moshchnost surpreso.

As asas da criatura se abriram e dezenas de penas se soltaram convertendo-se em lâminas negras tomadas por um cosmo vermelho.

— Suas palavras foram pertinentes, velho. “Se eu tivesse usado uma técnica especial ofensiva, você estaria partido ao meio nesse momento.” Eu sou o berserker que também é conhecido como Mestre das trinta e seis mil lâminas e logo você saberá o motivo. — as lâminas se organizaram, ainda que separadamente, ao lado de Sélestat dando forma a uma grande asa. Ventos cortantes de Naphula!

O disparo da técnica emitiu um som de explosão, e em seguida as lâminas brilharam e avançaram se multiplicando e alvejando o almirante, mas o que Sélestat não esperava era que Moshchnost pudesse segurar a técnica, ainda que com muito esforço.

— Impossível!!! Sou portador da técnica mais afiada de todo o exército do Terror!! — protestou o jovem berserker. — Cada lâmina se converte em mil, totalizando trinta e seis mil poderosas lâminas cortantes que retalham o inimigo. Um poder suficiente para retalhar um Cavaleiro de Ouro ou um General Marina!! Como um velho Almirante como você, pode se sustentar diante da minha técnica?!! Não deveria existir defesa que possa suportar o meu golpe.

— E quem lhe disse que um Almirante é inferior a um Cavaleiro de Ouro ou um General Marina?

— O que?!

— Os Generais Marinas são humanos simples atraídos pelos ideais do Imperador Poseidon e são escolhidos pelas escamas de acordo com a vontade delas e do nosso imperador. As escamas fornecem a eles um grande poder capaz de rivalizar com os Cavaleiros de Ouro de Atena. — explicou Moshchnost. — Mas o mesmo não acontece com nós, Almirantes. Somos guerreiros nascidos e treinados em Atlântida para chegar em tal posto. Treinei por anos para conquistar essa escama e fazer parte da elite dos distritos. Em outras palavras, nós não somos inferiores em nada se comparados a vocês berserkers ou aos Cavaleiros de Ouro e Generais. Nos movemos na velocidade da luz e dominamos o sétimo sentido.

— Mas isso não explica como você pode sustentar a minha técnica sem usar outra para se defender!

A imagem do leviatã voltou a aparecer ao redor de Moshchnost.

— Está enganado. Desde o início eu estou usando uma única técnica contra você. Materialização da escama é minha técnica secreta. Ela une ataque e defesa perfeitamente.

— A-Ataque e De-Defesa?!!

— Exatamente. Como eu disse, as escamas têm vontade própria e eu treinei por anos para conquistar essa escama. As escamas possuem vida, e o que você está vendo é a materialização da vida da minha escama. Ela me protege intensamente, dobrando sua rigidez, sua defesa. Mas para fazer tal feito, é necessário uma grande quantidade de cosmo e domínio. — os cabelos ruivos do velho almirante se agitaram junto com o seu cosmo. — As espadas mais afiadas contra a maior defesa de Atlântida... Nada nesse combate foi por acaso. Não tinha outro oponente ideal.

Uma onda gigantesca se formou atrás de Moshchnost, com mais de vinte metros de altura.

— Que a fúria do Imperador Poseidon caía sob você com o meu... Serpente Imperial!!

A onda gigante tomou a forma de uma grande serpente que avançou violentamente como uma rajada de cosmo em direção a Seléstat.

— Não faça pouco caso de mim, velho!! — berrou Sélestat, perdendo o controle. — Eu irei retalhar essa sua carcaça!! Exploda cosmo!! Multipliquem-se lâminas!! Ventos cortantes de Naphula!

A grande serpente cruzou a área entre os dois indo em direção ao berserker, enquanto as milhares de lâminas sanguinárias cruzaram no sentido oposto, indo em direção a Moshchnost. Sélestat foi atingindo em cheio pelo golpe, sendo arremessado para o alto e envolvido pelo golpe como se uma grande serpente se enroscasse nele.

Mas Moshchnost não saiu ileso. O golpe de Sélestat foi disparado com pressão cósmica esmagadora e em uma velocidade impossível de se desviar. Ele havia colocado tudo de si naquele golpe. A defesa do Almirante o protegeu bem no inicio, mas começou a apresentar falhas. O espirito da armadura começou a oscilar e apresentar rachaduras, as quais também começaram a surgir na escama do almirante.

— Que poder é esse?! Esse garoto... Então é assim que os berserkers lutam? É isso o que significa se vender para a guerra?!

Como um tiro disparado no vidro, a defesa do almirante foi atravessada, rachou e se partiu em centenas de pedaços. A chuva de lâminas seguiu seu percurso atravessando o corpo do velho guerreiro, e alvejando-o por todo o seu corpo bruscamente.

Enquanto isso, Sélestat foi alvo de uma pressão tão poderosa, que foi capaz de anular a manifestação do espírito de guerra do berserker, trazendo ele ao normal, e causar sérios danos em sua onyx e seu corpo. O golpe o jogou em seguida contra o chão, abrindo uma enorme cratera, fazendo a água da praia escorrer para dentro. Vista do alto, a ilha havia ganhando uma nova forma devido a cratera formada e o rochedo despedaçado.

Sélestat tentou subir a cratera se arrastando. Uma de suas pernas estava quebrada e um dos seus braços estava ficando dormente. Sua Onyx estava totalmente danificada, e pedaços caiam na medida em que ele se arrastava. Seus cabelos prateados com mechas alaranjadas agora estavam grudados com sangue e areia. Ele quase não tinha forças para se mover, mas ele queria ver com os próprios olhos o que tinha acontecido com o seu oponente.

Para sua surpresa, o almirante estava de pé. Mesmo com sua escama completamente destruída e seu corpo coberto de sangue, ele ainda estava de pé. Como um velho marinheiro se despedindo do oceano, seus olhos percorreram toda aquela vastidão azul turbulenta. Foram mais de cinco séculos servindo de bom grado. Travando batalhas para defender o povo que ele decidiu proteger. Naquele momento, a sensação de dever cumprido aliviou toda a sua dor. Morreu em combate como guerreiro vivo e poderoso, e não em casa atrofiando na velhice.

O corpo de Moshchnost tombou na areia da praia, e sua queda foi como a de um dos pilares do templo de Poseidon indo ao chão. O estrondo de um guerreiro que tombou em um campo de batalha.

Com um sorriso no rosto, Sélestat foi perdendo o brilho dos olhos e sua esclera voltou ao normal, ficando branca novamente. Ele estava morrendo, indo para o limbo, onde ficará em sono profundo por centenas de anos até que sua alma tenha condições de atender ao chamado do deus da guerra novamente. Ele estava morrendo, mas estava satisfeito por morrer e levar seu oponente junto.

...

Longe das Ilhas Rodes, próximo aos navios, o berserker Nyctea de Coruja e a general Agave de Dragão Marinho ainda lutavam, mas ambos não pareciam estar tendo dificuldade com o outro. Entraram em um combate corporal e simples rajadas de cosmo.

A explosão de cosmo entre Moshchnost e Sélestat foi sentida por Nyctea.

— Eu deveria ter enfrentando o velhote. Talvez fosse mais interessante. — disse Nyctea, desviando do punho de Agave.

— Se preocupe com a sua oponente, que está bem na sua frente. — disse a general.

Os olhos dourados mergulhados em trevas olharam de lado para a general.

— “Me preocupar”, você disse? — ele girou a cabeça lentamente, esbugalhando os olhos como um psicopata. — Está achando que com um por cento de poder eu não consigo acabar com você? Só está viva porque eu deixei. — as asas negras se abriram e seus olhos brilharam. — Olhe bem para os meus olhos general. O brilho deles será a última coisa que você verá.

— Você está blefando! Não poderá fazer nada com seu cosmo reduzido.

Nyctea uniu as mãos e em seguida as separou, criando uma esfera negra, a qual se estourou liberando um escuro e denso nevoeiro, e tudo ficou negro, mergulhado em total escuridão.

— Invocação das trevas. Brilho de Nyx!

Agave não conseguia enxergar nada ao seu redor. A única coisa que ela podia senti era o oceano debaixo dos pés.

— Eu... Eu não consigo enxergar nada.

— Ótimo. — disse Nyctea satisfeito. — É exatamente assim que você deve ficar dentro desta técnica. Imagine que você está dentro de um quarto escuro, mas sem paredes. Tudo ao seu redor é apenas trevas.  Você não enxergará nada. Nem a si mesma. E não adianta correr ou andar para tentar sair da área de escuridão. A escuridão irá lhe acompanhar para qualquer lugar. E mesmo que você eleve o seu cosmo na tentativa de querer repelir minha técnica, o meu campo negro não vai se desfazer. E também é inútil se pensa em utilizar o brilho do seu cosmo para iluminar o ambiente. As trevas não podem ser iluminadas. Em outras palavras... Você morrerá. Então evite se debater. Acabarei com isso de forma rápida.

Droga! Eu preciso agir antes que ele me ataque. Mas para que eu possa acerta-lo, preciso saber exatamente qual é a posição dele, caso contrário irei abrir uma brecha ainda maior. Preciso descobrir. Nem que seja pela direção da voz. — pensou

— O que houve general?! Ficou calada. A escuridão lhe provoca medo?

Achei você! — pensou a general, ao percebe que o som da voz de Nyctea estava vindo a poucos metros na sua frente. Com um rápido movimento, Agave criou três pontos dourados e moveu o braço ligando os pontos. — Vá para o triângulo das bermudas! Triangulo de ouro!!

A técnica foi aplicada de forma ampla e direta, engolindo o berserker. Agave esperou que com isso a técnica de Nyceta desaparecesse, mas as trevas permaneceram lá. Quase sólidas.

— Parece confusa, general. — disse Nyctea sussurrando. A expressão de espanto de Agave arrancou um sorriso abafado do berserker. — Eu poderia ter ficado mais alguns minutos vendo sua expressão confusa esperando a técnica se desfazer, mas... Tenho pressa.

— Como?! Como você voltou do Triangulo de Ouro? Você deveria estar vagando em uma dimensão paralela agora!!

— Técnicas dimensionais não funcionam comigo. Tenho a capacidade de transitar entre as dobras dimensionais. — explicou Nyctea.

— Mesmo assim... Isso não faz sentido! Você está com um por cento de cosmo. Não deveria ter cosmo suficiente para manter o golpe sem oscilar ou voltar de forma tão rápida.

Essas trevas é uma invocação. Um poder invocado da divindade que nomeia a técnica.

— Nyx?! A dama primordial da noite?!

— Exatamente! Uma das deusas que tem a coruja como símbolo. Agora... Olhe bem para os olhos majestosos da morte.Em meio as trevas, um par de olhos gigantes surgiu. Olhos dourados com escleras negras iguais aos de Nyctea. Olhar de Nyx!

Os olhos dourados brilharam e dispararam um raio. No meio de todo aquele brilho, Agave e Nyctea ficaram visíveis. A general pôde ver o sorriso assassino estampado no rosto do berserker, e o berserker pôde ver a expressão de surpresa e espanto estampado no rosto da general. Agave tentou erguer os braços para conter o golpe, mas o raio atravessou o centro do seu peito, e explodiu em suas costas.

Nyctea deu duas tapas na palma da mão, e ao fazer isso as trevas abriram espaço, formando um círculo de trevas, cercando os dois como se fosse um paredão circular. Na área livre, estava a general com sangue escorrendo pelo ferimento em seu peito e pela boca.

Nyctea sorriu e estendeu o braço, concentrando cosmo na palma da mão.

— Eu disse a você. Mesmo com cosmo restrito, você não é rival para mim. Sou Nyctea de Coruja, o atual líder do exército do Terror. Braço direito do Senhor Deimos.

A rajada cósmica liberada pelo berserker foi mirada no pescoço de Agave, e acabou arrancando a sua cabeça, que caiu nas águas do oceano e afundou, junto com o corpo. Mas algo de estranho aconteceu em seguida. A água foi tomada pelo sangue da general, tornando-se vermelha, convertendo em um oceano de sangue. Foi então que houve um segundo tremor no oceano, como se um segundo pilar desabasse.

—...—


Atlântida — Palácio Imperial, centro do país.

— Senhorita Anfitrite... — disse uma das nereidas, olhando preocupado para a deusa.

— O primeiro abalo veio da direção do primeiro distrito. E agora o segundo veio de todo o Oceano Atlântico norte. — disse a deusa, sentada no trono, com uma pontada de dor e preocupação. — Dois lideres tombaram. Isso significa que os soldados também devem ter sofrido uma baixa.

— Todo o exército se moveu, senhorita. Ainda estamos em vantagem contra a mínima tropa de Ares. — disse tentando acalma-la. — E o Almirante Sehrli e a Almirante Cunning já cuidaram da defesa do país.

— Eu sei, mas.... Tem algo me incomodando. Como se Atlântida estivesse correndo um perigo maior do que enxergamos até agora.

—...—


Lado Norte de Atlântida — Entrada para o primeiro distrito.

No fundo de uma profunda fenda, cercada por penhascos submarinos, a lendária e formosa Atlântida se exibe triunfante por milênios, com prédios e monumentos esbanjando a formosa arquitetura grega antiga. Dividida em três grandes distritos, cada um marcado por um gigantesco pilar vistos de todo o pequeno país. Uma barreira azul feita de cosmo, mas tão sólida e transparente quanto vidro, cobria a cidade como uma cúpula.

A área ao redor era bastante rica em vida marinhas. Peixes de todos os tipos nadavam ao redor, corais e algas cobriam a base da barreira e os penhascos, formando uma vegetação encantadora.

— A cidade está bem na nossa frente. — disse um dos três soldados rasos que haviam seguido a nereida por ordens de Deimos. — Vamos invadir? Por quanto tempo podemos ficar aqui embaixo?

— Temos que esperar o segundo sinal. — respondeu o segundo soldado. — Enquanto tivermos a marca posta por Anteros, não teremos problema para permanecer nessa profundidade ou para respirar debaixo d’agua.

— Olhem para aquilo. — disse o terceiro soldado. Ele parecia um pouco espantado.

Havia um tipo de correnteza, bastante volumosa, circundando a base da barreira, e dentro da correnteza havia uma criatura de corpo alongado igual ao de uma serpente, mas só dava para ver o modelo do seu corpo. A água agitada que a envolvia lhe cobria totalmente.

— Caríbdis. — respondeu o segundo soldado. — A criatura marinha que protege os limites de Atlântida. Ela foi criada por Poseidon a partir de um turbilhão. De longe parece uma correnteza, mas dentro vive um monstro, uma serpente, que gera um turbilhão no mar e devora os navios com centenas de dentes afiados.

O abalo provocado pela morte de Agave chegou até eles.

— Primeiro um bombardeio, dando sinal de que eles chegaram ao outro lado do “véu” e que a batalha começou. Em seguida foram dois abalos como se fosse um terremoto — disse o primeiro soldado.

— Devemos esperar o segundo sinal. — disse o segundo soldado. — Ai avançamos.

— Avançar? Invadir o país? Mas... E os marinas? E aquela criatura ali? — perguntou o primeiro soldado.

O segundo soldado olhou sorrateiramente para ele, e seus olhos vermelhos brilharam.

— Não seja covarde.

—...—


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

A... água do mar... Está se convertendo em sangue!! — pensou Tritão surpreso, olhando de lado para o fenômeno. Primeiro Moshchnost... Agora Agave também... — O deus marinho havia se levantado e voltado a lutar contra Ares. — Droga!

Ares sorriu e atacou com a espada, mas Tritão bloqueou o ataque com o cabo do tridente, e eles ficaram cara a cara.

— Algo está saindo fora do planejado, Tritão? Os dois tremores significam que seus combatentes morreram?! Pelo visto a morte deles abala essa dimensão.

— Essa guerra já está indo longe demais!!

— Guerra?! — um largo sorriso psicótico se formou no rosto de Ares. — A guerra ainda não começou. Agora é que o sangue está jorrando como se deve. Esse oceano escarlate é o cenário ideal.

— Você é doente! Se a guerra pra você ainda não começou... Agora vai começar!! — gritou Tritão, elevando o cosmo contra Ares, fazendo o deus da guerra recuar por precaução. — Nasile!! — chamou o deus batendo o tridente.

O capitão de Mar-e-guerra do primeiro distrito ainda estava enfrentando Éris, a deusa da discórdia. Ao ouvir o chamado do seu deus, Nasile se afastou da deusa saltando para trás e se teletransportando, voltando a aparecer na proa do navio.

O cosmo do marina se elevou de forma assombrosa, chamando a atenção de todos no navio e nos navios mais próximos. Ares se afastou de Tritão para observar, assim como Deimos, Anteros e os demais deuses e berserkers que estavam enfrentando os outros marinas.

Nasile abriu os braços, emitindo um brilho verde fantasmagórico. O sobretudo azul escuro que ele usava por cima da sua escama, se abriu sendo agitado pela manifestação do cosmo, e debaixo do sobretudo, pendurados como medalhas, haviam dezenas de garrafas de vidro com objetos dentro.

— Aquilo ali são... Navios?! — perguntou Anteros.

— É uma frota, meu caro deus cegueta. — respondeu Dionísio, descontraído. O deus era o único de expressão pacifica e animado em meio ao confronto. — Um exército de navios de Atlântida estava diante de nós, mas não enxergamos. Esse marina... Ele não se chama Nasile de Thatch à toa. Edward Thatch! — disse o deus sorrindo. — Rapaz, por essa eu não esperava.

— Do que você está falando, Dionísio? — perguntou Éris.

— Escama de Barba Negra, minha querida. A lenda diz que ele colecionava os navios que capturava. — explicou Dionísio.

A água do oceano voltou a sua cor normal, mas agora emitindo um brilho verde fantasmagórico igual ao cosmo de Nasile. Uma gigantesca onda se ergueu e dela rompeu uma frota de navios antigos de madeira coberta por corais, feitos entre o século XV e XIX, com velas azuis majestosas de quatro andares, altos mastros e uma tripulação numerosa de soldados marinas vindo do segundo e terceiro distrito.

Os três primeiros navios lideravam os demais. No da direita, estava Sorento de Sirene em pé na proa do navio britânico Eurydice. Na esquerda, estava Breda, o general marina de Lymnades, a bordo do navio Flying dutchman, também conhecido como Holandês voador. E no centro, segurando a lança dourada, estava o deus Chrysaor, a bordo do navio imperial de Atlântida que carregava o nome Atlântis em sua lateral, e tinha a imagem do Imperador Poseidon na proa.

Com um aceno de Chrysaor, os canhões dos navios, tanto os internos nas laterais quanto os externos no piso principal, foram posicionados em direção aos navios de Ares. Tritão, Nasile e os demais marinas recuaram, embarcando nos navios de Atlântida.

Senhor Ares! Temos que tirar os nossos navios da mira deles. — gritou um dos berserkers.

“Vocês não vão a lugar algum, berserkers!!”

A voz, que parecia ter vindo do céu, soou familiar para Anteros e Éris.

— Essa voz... — Anteros cerrou os olhos.

— Então ele está vivo e veio até aqui?!

— Quem está ai? — gritou Ares.

Um vento forte e frio soprou, trazendo uma tempestade de neve, que ao tocar na água congelou todo o oceano naquela área, prendendo os navios de Ares e do exército marinho exatamente onde eles estavam. Sem dar chance para Ares fugir.

Deveria aprender mais sobre a guerra observando os fracassos daqueles que um dia foram os maiores nomes nos campos de batalha, Ares. — uma distorção no céu fez surgir um marina e ele estava acompanhado de um homem de barba e cabelos loiros, trajando uma amadura de ouro emanando um cosmo frio e poderoso. — A Batalha de Waterloo, quando Napoleão invadiu a Russia, e a invasão alemã de Hitler contra a Polônia não lhe dizem nada, deus da guerra?

— Você é... O Cavaleiro de Ouro de Aquário. Hyoga!! — disse o deus da guerra.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.

Contato: 81 97553813

Próximo capítulo: Capítulo 54 — Guerra em Atlântida: Atlântida em chamas
Sinopse: indefinida.
Data de publicação: indefinida

Capítulo novo sendo postando 21 dias depois... Nem parece verdade né? (risos)

"GenteDoCéu", nunca vi tanto filme ou li tanta matéria sobre navios, guerras navais, tipos de armas e etc em toda a minha vida (risos). Vou fazer uma fanfic de Odontologia porque talvez assim eu estude mais (risos).

Eu achei esse capítulo muito gostoso de fazer. Motivos? Eu sinto que posso sair matando todo mundo nessa guerra (risos). Sem falar que o ambiente me deixa animado pra explorar. Espero que estejam gostando também.

A minha meta é lançar capítulo por quinzena. Esse aqui estava pronto desde a segunda-feira (09) passada, mas pensei bem e adicionei mais algumas cenas e mudei algumas coisas. Ai deixei para postar hoje.


Enfim... Como vocês já sabem, a critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Estou bastante empolgado com esse arco de Atlântida.

Beijos e abraços. Vejo vocês nos próximos capítulos!! Deixem seus comentários ♥



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