A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 44
Capítulo 41 - O sacrifício para ir ao Tártaro


Notas iniciais do capítulo

A batalha intensa entre Hugo e Jake está quase chegando ao fim. O jovem Leão se vê encurralado diante da traiçoeira "Joia da memoria" do Berserker.
Na Alemanha, Henry está com um comportamento ainda mais sombrio e emanando uma cosmo energia tão obscura quanto o cosmo de um espectro. Começa então o sacrifício proferido por Thanatos para abrir a Porta da Morte que os levará ao Tártaro.



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O sacrifício para ir ao Tártaro.
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O dia estava se encerrando em tons de cinza e o Castelo de Hades ao fundo se tornava cada vez mais macabro. O céu estava pesadamente nublado, trovões ecoavam entre a nuvens, o vento frio soprava forte agitando as arvores e a grama e o ar úmido parecia penetrar nos ossos.

— Agora é apenas você e eu, Leão. — disse Hugo, avançando de punho cerrado.

Jake salto para trás antes que Hugo o acertasse. O punho do berserker atingiu o chão e abriu uma cratera.

— Lento demais! — ainda no ar, Jake girou e desceu aplicando um chute no rosto de Hugo. — Não vai vencer um Cavaleiro de Ouro assim!

Com o rosto virado, Hugo deu uma risada abafada e girou atacando novamente aplicando socos consecutivos, mas aos olhos de Jake os punhos eram tão lentos que pareciam estar em câmera lenta e ele desviava precisamente, vendo os punhos de Hugo passando em frente ao seu rosto. 

— Vamos... — disse Jake, se afastando do alcance de Hugo e concentrando seu cosmo dourado no punho para um novo ataque. — Vamos acabar logo com isso.

Os olhos vermelhos do elmo de Hugo, que cobria todo o seu rosto como um crânio negro de corvo, brilharam em meio ao seu cosmo negro.

Leão! — O grito foi uma mistura de grasno de corvo. Jake piscou e Hugo se dissolveu em cosmo negro avançando contra ele tão rápido quanto a velocidade da luz. Jake arregalou os olhos e saltou para trás. A força do berserker parecia ter dobrado em segundos e mesmo seu punho não atingindo Jake, o Cavaleiro de Leão sentiu toda potência do ataque quando o punho de Hugo abriu uma fenda no chão.

Jake pousou a metros de distância de Hugo.

Ele ficou mais rápido e mais forte?!

— Você fala como se acabar comigo fosse algo fácil. Está perdendo o sentido da sua aguçada visão, Leão?! — desdenhou Hugo, virando-se pra Jake. — Mesmo confinado dentro dessa prisão dimensional, eu sinto que a lua de sangue está cada vez mais próxima e que o selo está se desfazendo, então seus olhos já deveriam ter notado que meu cosmo cresce a cada segundo.

Então é isso!! — pensou Jake. — O selo está se rompendo! — Jake elevou o cosmo. — Então não vamos perder tempo. Vou te matar antes que o selo se rompa!

Jake avançou contra Hugo, mas o berserker desviou com um sorriso de desdém.

— Me subestimando, cavaleiro? Eu vou lhe mostrar que não sou igual aquele berserker que você matou com apenas uma investida. — disse Hugo.

Jake sentiu uma sensação de perigo e se virou para atacar, mas Hugo se defendeu estendendo a mão. O punho de Jake se quer encostou no berserker. Havia um tipo de barreira invisível entre eles. Uma barreira forte o suficiente para impedir seu avanço.

— Creio que você tenha conhecido Hayato. Ele é o berserker mais poderoso do exército do Senhor Deimos, mas eu... — os olhos do elmo de Hugo brilharam em vermelho sangue e emitiram ondas vermelhas que repeliram Jake lançando-o para trás. — Sou um dos mais poderosos do exército do Senhor Phobos e meu poder, principalmente sem a restrição do selo, não fica atrás do poder de Hayato! — gritou o berserker.

Jake foi arrastado com os pés ainda fincados no chão.

Do mesmo nível que Hayato?! — pensou Jake. — Não há dúvidas... Eu o acertei diretamente e ele conseguiu me repelir apenas com uma restrição. Cometi o erro de não ficar atento ao aumento de cosmo dele. Droga! — Jake esboçou um sorriso discreto no canto da boca. — Isso me lembra...


Grand Canyon, Arizona — EUA

O Grand Canyon é um desfiladeiro íngreme esculpido pelo rio Colorado e coberto por pouca vegetação. Apenas algumas manchas verdes maiores se destacam por serem pequenas concentrações de florestas que insiste em crescer naquele solo.

Em meio a uma dessas pequenas floresta estava Jake , descalço e vestindo apenas uma calça escura de treinamento. Estava diante de um homem e arfava um pouco cansado. Seu corpo estava com alguns ferimentos sangrando e finas cicatrizes. Seus braços e dedos estavam cobertos por faixas brancas cobrindo seus ferimentos, seu rosto estava suado e o cabelo grudava em sua testa.

— Seu domínio do cosmo está melhorando a cada dia. Não esperava menos de você. — elogiou o homem. De pele clara, ele tinha cabelo alaranjado caindo sobe os ombros, um adereço em uma das mechas e seus olhos eram verdes como a grama. Ele era mais alto e mais forte que Jake. Usava uma simples camisa branca, agora manchada de terra, e calça jeans desbotada. Não estava calçado. Nada de sapatos. Seus pés estavam firmes no chão. — Mas em questão de combate, você continua falhando em vários pontos. Por exemplo, o que lhe impede de me atacar? Por acaso se mantem preso ao seu passado e por isso não me ataca? Ou está preso na habilidade dos seus olhos e por isso se acomoda tanto? Está cheio de aberturas enquanto luta. Aberturas que podem custar a sua vida ou de quem você protege. Jake... — o jovem leão olhou um pouco assustado para o homem. — Quem é mais perigoso, um leão furioso ou uma serpente assustada?

Jake franziu o cenho confuso.

— S-Senhor?

— Apenas responda.

— Acredito que o leão. — respondeu ele, inseguro.

— E porque você acha isso?

— O leão tem maior força física e resistência se comparado com uma serpente.

O homem deu as costas para Jake e ergueu a cabeça olhando para o céu.

— Está errado. Você confia muito nos seus olhos e acha que tudo pode ver. Isso pode fazer com que você fique acomodado na luta contra seu adversário. Consequentemente você vai subestima-lo achando que não tem necessidade de dar tudo de si já que ele não apresenta perigo. Escute Jake. Existe, basicamente, três tipos de oponentes. Aqueles que são mais fracos que você, aqueles que são do mesmo nível e aqueles que são mais fortes que você. Mas, independentemente de qual seja o nível do seu oponente, seja ele um leão ou uma serpente, você não deve subestima-lo. — advertiu ele. — Portanto, esse seu julgamento está superficial e precipitado demais. Uma serpente, por mais fraca que seja para um combate, basta apenas que ela lhe dê uma simples mordida para que você caia diante dela e morra miseravelmente. Você vai perder os sentidos, perder a força e morrer lentamente vendo ela esboçar um sorriso para você. Sendo assim, não foi a força da serpente que lhe derrubou. Foi a habilidade mortal que ela possui e isso você não vai notar apenas olhando tão superficial para o seu adversário.

— Mestre Chertan!

— E volto a lhe alertar para que não se restrinja em um combate corpo a corpo. Se tiver que atacar, ataque. Seja seu oponente fraco ou forte. Se possível, dependendo do oponente obviamente, mate-o logo no primeiro soco. Está entendendo, Jake? — o olhar duro avaliava Jake minuciosamente. Jake acenou com a cabeça dizendo “sim”. — O que aconteceu no passado, fica no passado. Não importa se você foi um covarde naquele momento, hoje você não é um e não pode se tornar um. Jurou que viveria para proteger os indefesos, mas não é se limitando que você fará isso. Seus punhos e suas presas devem estar sempre afiados e não pode haver hesitação.

O cosmo de Chertan se elevou. Era um cosmo branco, neutro demais. Se movendo em uma velocidade espantosa, ele virou-se com o punho cerrado e disparou uma rajada de cosmo que se multiplicou em centenas de estrelas cadentes. Os olhos de Jake brilharam em uma reação de surpresa e ele cruzou os braços diante do seu corpo parando o ataque com esforço.

Ele atacou na velocidade da luz?!! Não! Mas foi uma velocidade espantosamente próxima à da luz. — pensou Jake, surpreso. — Há anos eu treino com ele, mas eu nunca senti todo esse cosmo emanando dele.

Chertan estreitou os olhos.

— Você está me subestimando, Jake! Subestimando seu próprio Mestre. Aos seus olhos eu sou comparado a uma serpente, não é? Isso está claro na sua expressão. Não preciso ter a habilidade dos seus olhos para ver que você ficou surpreso com o meu cosmo. Seu olhar agora é um livro aberto sobre você.  Não pode depender sempre dos seus olhos, pois eles podem ser enganados! Por isso... — ele se teletransportou e apareceu atrás de Jake, aplicando um soco que fez o ar fugir dos seus pulmões. — Vou lhe ensinar algumas lições!

Jake caiu de joelhos com os olhos arregalados e puxando o ar desesperadamente.

— Levante-se! —disse Chertan, firme.  

Jake se levantou ficando imediatamente em postura de ataque. Chertan avançou como um feixe de luz e atacou com o punho cerrado. Jake se defendeu segurando o punho do seu Mestre e o empurrado de volta, cerrando seu punho livre e atacando. Chertan desviou do ataque e segurou o braço de Jake, lançando-o contra o rochedo.

Jake foi arremessado e no percusso derrubou arvore ate se chocar contra rochedo violentamente, deixando uma cratera.

— Se você cometer esses erros em uma batalha, você logo morrerá. Primeira lição, Jake! Qual é?

— Nunca subestimar o meu oponente. — respondeu Jake, se levantando com a cabeça cortada e sangue escorrendo pelo seu rosto.

 — Exatamente. Não importa de qual classe ou exército ele seja. Você nunca sabe que tipo de habilidade ele possui e que pode ser fatal. — Chertan deu um passo e em seguida já estava diante de Jake aplicando socos em seu rosto. — Não basta apenas coragem e determinação, Jake! — O último soco lançou Jake para o lado rasgando o rochedo. — Você também tem que ser perspicaz em uma batalha. Agora... — ele arfava cansado. — Qual será a segunda lição?

Jake se levantou cambaleando e cuspindo sangue. Seu corpo estava com várias escoriações e cortes. Seus ferimentos ardiam quando o suor escorria. 

— Não me acomodar por causa daquilo que eu vejo. Não confiar apenas nos meus olhos. — respondeu Jake.

— Isso mesmo. Se quer depender dos seus olhos, então faça isso não só avaliando o nível do seu oponente, mas também suas emoções e reações. Seja completo na sua observação. Isso fará com que você consiga prever até mesmo os próximos movimentos dele. — Chertan abriu os braços e elevou o seu cosmo. Um cosmo branco e puro que brilhava intensamente. Era poderoso o bastante para ser quase igualado a um cavaleiro de ouro. — Por todo esse tempo eu mantive meu verdadeiro cosmo oculto aos seus afiados olhos. Isso talvez não tivesse acontecido se você tivesse treinado mais os seus olhos. Mesmo quando você for um completo cavaleiro, existirá outros oponentes que vão tentar ocultar o verdadeiro poder deles, principalmente se notarem o quanto você se acomoda por causa dos seus olhos. 

— Estou treinando para ser um Cavaleiro de Ouro. A mais alta posição do exército de Atena. — lembrou Jake. — Quem mais poderia ter tal nível no exército inimigo a ponto de eu ter que me preocupar tanto?

Chertan avançou novamente e desferiu um soco no rosto de Jake.

— Terceira lição! Não deixe que o seu orgulho lhe cegue. Patente não é tudo! — repreendeu ele, severamente. — Não se esqueça do que eu lhe contei. A última geração de Cavaleiros de Ouro foi derrotada por cinco Cavaleiros de Bronze que hoje sustentam o título de Lendários e muitos dizem que eles estão acima dos Cavaleiros de Ouro. Isso porque não é a classe que determina a vitória. Eles eram como serpentes enfrentando leões, mas os Cavaleiros de Ouro os subestimaram e caíram um após o outro. Erro esse que você não deve cometer. Jamais! — Chertan passou por Jake e parou diante do penhasco. — Poucos oponentes são do mesmo nível ou mais poderosos que um Cavaleiro de Ouro, porém, existe oponentes mais fracos que matam um Cavaleiro de Ouro com apenas uma fragrância, por exemplo. Se você for atento, jamais cairá para um oponente traiçoeiro.

— Atacar sem hesitar. Não subestimar. Não me acomodar. Avaliar meu oponente.

Chertan o olhou por cima do ombro e balançou a cabeça afirmando.

— Exatamente. — seu cosmo se elevou mais uma vez. — Mas não basta aprender a teoria. — Ele virou-se para Jake. — Leve esses ensinamentos para a pratica.

Jake ficou em posição de ataque e aguçou seus olhos. Agora ele não só enxergava o cosmo do seu mestre, mas também suas emoções. Havia auras coloridas ao redor dele. Cada aura representava uma emoção que consequentemente refletiria em uma ação.

Eu consegui! — pensou Jake. — Eu consigo ver claramente! Seu mestre concentrou o cosmo no punho e estava se preparando para atacar. Tudo agora estava um pouco mais nítido. Era como se o movimento de Chertan fosse quase em câmera lenta. — Venha! O meu punho irá sobrepujar o seu cosmo.

Chertan disparou seu golpe e Jake contra-atacou disparando socos na velocidade da luz. Em meio a colisão de golpes Jake conseguia ver as falhas do ataque do seu mestre e então avançou para um ataque direto, mas ao atravessar o golpe notou que seu mestre havia desaparecido.

— Para onde está olhando? — perguntou ele. Jake arregalou os olhos e virou-se. Chertan segurou Jake pelo rosto e aplicou um soco em seu abdômen. — Ultima lição de hoje. Aguce seus outros sentidos. Seu oponente pode desviar de você através de poderes psíquicos e você precisa estar pronto para um novo ataque. — Chertan soltou Jake, que caiu no chão, e virou-se. — Antes que morra, acabamos por hoje. Cuide dos seus ferimentos. Não vai poder vestir a armadura de Leão se estiver morto. Preciso de você vivo amanhã de manhã. Não se atrase!

~...~

Meu Mestre tinha razão. Confiei demais na minha posição como Cavaleiro de Ouro e no que meus olhos enxergavam superficialmente. Esqueci de avaliar Hugo por completo. Não havia notado que seu cosmo cresceu tanto desde o momento em que cheguei aqui. — Jake cerrou o punho se preparado para atacar. — Não posso cometer o mesmo erro novamente. Hugo! — chamou Jake. — Prepare-se!

O cosmo de Jake se elevou e um raio dourado rugiu entre as nuvens. Começou a chover. Raios e trovões se intensificaram e o vento passou a soprar ainda mais forte.

Ambos concentraram seus raios em seus punhos e moveram-se contra o outro. Em seu cosmos, a imagem era de um Leão dourado contra um demoníaco Corvo negro de olhos vermelhos. Os punhos colidiram e os raios se chocaram com forte potência espalhando destruição em volta deles. O chão se desprendeu, arremessando pedaços de terra para todos os lados. Shalom, que cuidava dos ferimentos de Shina, estendeu a mão criando uma barreira para protege-la.

Hugo saltou para trás e liberou seu cosmo gerando impulso e avançando novamente. Ele correu em direção a Jake e saltou para desferir um chute, mas o Leão dourado se esquivou e o chute de Hugo, que parecia estar envolvido por um raio negro, passou rente ao rosto de Jake. Rapidamente Hugo virou-se concentrando cosmo na palma de sua mão e disparando um golpe, mas Jake estendeu a mão e segurou o golpe de Hugo. O berserker então girou em uma nova tentativa de ataque e Jake se abaixou esquivando do chute de Hugo, que passou por cima de sua cabeça, e contra-atacando com um soco de baixo pra cima. Hugo jogou o corpo para trás desviando do punho de Jake e atacou mais uma vez disparando uma chuva de raios vermelhos. Jake estreitou os olhos observando o golpe. Algo afiado parecia brilhar enquanto avançava em sua direção.

 O ataque gerou uma explosão que fez o chão tremer e lançou Hugo para alto. O berserker abriu suas asas e planou, observando do alto a nuvem de poeira que insistia em subir em meio a forte tempestade que caia.

 Uma forte luz dourada brilhou em meio a nuvem de poeira e um raio dourado subiu em direção a Hugo. A poeira se dissipou e revelou Jake em pé, com a mão estendida, disparando o golpe. O jovem leão estava com alguns ferimentos em seu rosto e na parte do braço que não é protegida pela armadura.

O golpe de Jake estava prestes a atingir Hugo, mas o berserker desviou no último instante e a rajada de raios passou direto e atingiu uma montanha próxima. O golpe rasgou o topo da montanha, deixando um rastro fumegante na rocha.

Hugo olhou para trás, por cima do ombro, e olhou novamente para Jake.

— Pare de brincar, Leão. Ou vai me dizer que está dando tudo de si? — perguntou Hugo, com desdém.

O cosmo negro de Hugo deu forma a centenas de pedras vermelhas que flutuavam ao seu redor. Raios rubros as envolviam e ligavam uma as outras.

Rubis?! — Jake não conseguiu esconder a surpresa. — Então naquele momento o que me atingiu foram rubis?

— Mas não são rubis comuns. Essas joias preciosas são formadas por sangue cristalizado dos meus oponentes. Cada uma delas... — imagens começaram a fluir das joias como se fosse uma fita de filme. — Guarda as memorias daqueles que eu derrotei. Seus sonhos, amores, desejos, ambições, habilidades, virtudes. O sangue é o fluido da vida. — as pontas pontiagudas apontaram para Jake e os raios se agitaram. — Tomarei a sua vida e adicionarei ao meu golpe. Morra, Leão! Raios de Sangue!

Hugo estendeu a mão e disparou seu golpe. Os rubis avançavam cortando o vento como laminas afiadas envolvidas em raio.

Relâmpago de Plasma!

Jake disparou seu golpe que consiste em mais de um milhão de socos por segundos. São punhos de luz como relâmpagos seguidos por um aglomerado de raios. Os golpes colidiram, mas as garras do leão não foram suficientes e os rubis o atingiram, perfurando a armadura de ouro e disparando uma poderosa descarga elétrica que imobilizou Jake, o comprimiu e explodiu jogando-o para o alto. Jake foi arremessado fortemente contra a parede do Castelo de Hades e caiu.

— Que poder incrível!! — comentou Nachi, perplexo.

— Realmente. Nem mesmo o poderoso Relâmpago de Plasma foi o suficiente. — disse Jabu.

— Se você tinha algum tipo de esperança em me derrotar, abandone-a! — disse Hugo, caminhando até Jake. — Já deve ter notado que o resultado dessa luta já está decidido. Seu poder é esse e não vai mudar, mas ao contrário de você, o meu cosmo continua a crescer na medida que o selo se desfaz. Enquanto eu vou ficando cada vez mais forte, você fica cada vez mais fraco. Antes você até podia ser uma ameaça para mim, mas agora... — Hugo estendeu a mão para Jake e os rubis se materializaram novamente, flutuando ao redor de Hugo apontado para Jake.

O jovem leão tentou se levantar, mas seus músculos não o obedeciam. Não paravam de dar espasmos. Era como se a corrente elétrica estivesse percorrendo o seu corpo através dos seus vasos sanguíneos. Apoiado com um joelho no chão, Jake ergueu a cabeça e fitou Hugo. Ele podia ver além do cosmo negro. Via as auras de emoções, a tensão nos músculos, ouvia o batimento cardíaco, a intensidade cerebral, a essência do golpe e o percurso que provavelmente seria feito. Tudo. Jake conseguia ler Hugo claramente. Era dessa leitura que o seu mestre lhe falava. Sentidos aguçados ao extremo.

Hugo parou a poucos metros de Jake.

— Você não passa de um adolescente assustado. Só há um desfecho para essa batalha. A sua morte, Leão!! Morra!! Raios de sangue!

Hugo disparou suas joias novamente. Os olhos azuis de Jake brilharam como ouro e seu cosmo se ascendeu, dando forma ao espirito de um leão dourado mostrando suas presas. Hugo sentiu uma eminente sensação de perigo e deu um passo para trás.

Jake se levantou na velocidade da luz e avançou entre o golpe de Hugo. Ele desviava entre o trajeto dos rubis na medida que o golpe avançava. Era como um raio dourado cortando o caminho em ziguezague.

Ele está desviando do meu golpe?! Mas como?!

Em um piscar de olhos Jake estava cara a cara com Hugo com o punho cerrado.

Capsula do poder!! o soco foi certeiro no rosto e arrancou o elmo do berserker em pedaços. Hugo foi arremessado para o alto e caiu no chão.

— Des... Desgraçado. — murmurou Hugo, se levantando. Seu rosto tinha escoriações e seu nariz sangrava. — Como ele conseguiu desviar do meu ataque e ainda me atingir tão rápido?! Eu quase não consegui ver seu punho.

— Já deveria saber que o mesmo golpe não funciona duas vezes contra um cavaleiro.

Hugo sorriu enquanto se levantava.

— Verdade. Que falha minha. Como eu pude esquecer disso?! — seu tom soava um pouco irônico. — Ainda mais se tratando de um oponente como você que possui olhos tão bem afiados. — Hugo abriu a mão e seu cosmo se concentrou solidificando e dando forma a outra joia. Dessa vez era uma joia amarelo-esverdeada que emitia um brilho de cor semelhante. Os olhos de Hugo mudaram e sua íris ficou da cor da joia, mas emitia um sucinto brilho dourado. — Mas também é um homem triste. — seus olhos se arregalaram e o brilhou aumento. — Sim. Penosamente triste.

Jake enrugou o cenho surpreso e confuso. Hugo parecia que o lia. Não o seu poder, mas o seu lado emocional. A sua vida. Sentia que estava sendo invadido de alguma forma. Como se não tivesse mais controle dos seus próprios segredos. Ele sentia sua vida exposta e não conseguia fazer Hugo parar. Seu corpo se quer se movia.

— Consigo ver por de trás dessas camadas de arrogância e orgulho que você tem. Isso é para esconder alguma coisa, Leão? Tipo esconder o seu passado? Ou será que você quer esconder o seu medo?! Sua covardia?! Sua vulnerabilidade?! Seus sentimentos reprimidos?! Seu desgosto pela vida?! Seus arrependimentos?! — a joia brilhou com mais intensidade. Jake estava assustado e surpreso. Não entendia como Hugo estava tendo acesso a tantos detalhes pessoais. Quanto mais Jake ficava inquieto, mais Hugo o dominava. — Joia da Memória! Essa joia é um Esfénio. As lendas contam que é uma pedra preciosa da memória e da alma. E eu, como um bom caçador de joias, pretendo roubar as joias mais preciosas. As suas memorias. As memorias de quem você ama. Nelas eu encontrarei o seu ponto fraco e despedaçarei sua mente e o seu coração!!

Jake ficou ainda mais inquieto. Ao redor de Jake, o chão estremeceu e se rompeu. Raios brotavam do seu corpo e tateavam o chão como se quisessem acertar Hugo.

— Pare já! — Jake tentou atacar, mas o seu cosmo já não lhe respondia. Havia cristais de Esfénio ao redor dele imobilizando o seu corpo e restringindo uma parte do seu cosmo. — Não consigo... me mover?! Mas...

Hugo esboçou um fino sorriso e seus olhos brilharam. Um dourado esverdeado tão intenso quanto o cosmo dourado de Jake. O jovem leão sentiu como se estivesse sendo sugado para dentro dos olhos do berserker, mas ao mesmo tempo era como se Hugo estivesse invadindo o corpo e a mente de Jake. Tudo então ficou negro e Jake estava no vazio. Em seguida um turbilhão de imagens surgiu ao seu redor. Jake teve a impressão de ver sua vida inteira passando diante dos seus olhos em frações de segundos. 

Em meio a tantas lembranças, uma chamou a atenção de Jake e essa lembrança lhe arrastou.

—...—


Próximo o Castelo de Hades – Floresta do Castelo

— Parece que Hugo e o Cavaleiro de Leão estão lutando. — disse Polemos, olhando para o céu nublado. Raios dourados rugiam no céu. — Já não sinto o cosmo de Anatole e dos demais berserkers, mas sinto uma outra presença cósmica poderosa lá. — Polemos enrugou a cenho desconfiado. — Tenho que ir lá imediatamente.

— Espere! — disse Kastor, com uma voz rouca. Bombardeado pelo próprio golpe, Kastor sentia as células do seu corpo na beira do colapso.

Polemou parou e olhou por cima do ombro.

— Ainda quer se levantar? Seus ferimentos vão lhe levar a morte. Apenas espere.

Kastor se levantou com esforço. Seu corpo tremia e soava. O cabelo caia no rosto sujo de suor, terra e lama.

— Então vou esperar a morte lutando.

Polemou virou-se e estendeu a mão disparando um golpe. O ataque acertou Kastor em cheio e o jogou contra o chão.

— Você é um semideus, mas eu sou um deus. A diferença entre nós dois continua sendo algo inalcançável para você. — disse Polemos, caminhando até Kastor.

— Está enganado, Polemos.

O deus parou.

— O que disse?

— Eu disse... — Kastor se levantou. — Que você está enganado. Eu, mais do que qualquer outro cavaleiro, estou apto o suficiente para alcançar o nível de um deus. Não é algo impossível para mim e você deveria saber disso. Talvez seja por isso que você tenha sido derrotado anteriormente. É um deus arrogante e orgulhoso.

Polemos cerrou o punho.

— Você diz muitas besteiras, filho de Zeus. — Ele segurou no cambo de sua espada e a desembainhou. — Está na hora de arrancar a sua cabeça!

O deus correu contra Kastor manejando a sua espada. Kastor parecia paralisado e então Polemos desceu com sua espada partindo Kastor ao meio. Sangue jorrou e as duas partes do corpo de Kastor caíram no chão. Uma poça de sangue foi formada e refletia Polemos, orgulhoso sorrindo, segurando sua espada melada de sangue.

Polemos cerrou o cenho confuso quando o corpo partido se moveu e se regenerou. Agora eram dois Kastor em pé, com os olhos vidrados, pele pálida e melado de sangue.

— Mas o que diabos é isso?! — perguntou o deus, surpreso. — Não brinque comigo, miserável!!! — Polemos saltou e retalhou os dois corpos com golpes de ódio. Ele arfava cansado. Novamente os corpos se mexeram e se regeneraram. Agora eram mais de seis Kastor em pé com aparência de cadáveres podres cercando Polemos, assustado.  

As réplicas de Kastor elevaram seus cosmos e estenderem o braço para Polemos.

— O impossível só existe na mente de deuses como você. Deuses egoístas e perversos que não pensam na humanidade. Seja humano ou semideus, nada nos impede de alcançar o nível dos deuses. — os cosmos se elevaram e se uniram. — Nada nos impede de fazer um milagre!!

— O que está acontecendo!?!

— “Você foi atingido pelo meu Satã Imperial. Um golpe mental que faz você ver o que eu quero ou me obedecer como um cão leal. a voz não vinha das réplicas. Estava ecoando dentro da mente de Polemos. — Achei arriscado controlar um deus, então fiquei satisfeito apenas por enganá-lo.

Polemos ficou furioso. Ele segurou no cabo da espada com força e suas veias saltaram. Os olhos totalmente brancos do deus caído estavam marcados por finas veias vermelhas que pareciam raízes.

— Essas meras ilusões não vão me deter!! — Polemos avançou contra as réplicas de Kastor e desferiu um golpe de espada em forma de rajada. O disparo tomou a forma de uma lamina vermelha flamejante que fulminou as réplicas. — Apareça para que eu lhe corte ao meio!! — gritou o deus caído, olhando para os lados. — Covarde! Pare de se esconder!

Kastor deu um sorriso abafado.

— Mas eu nunca me escondi. — a voz veio de trás de Polemos, e o deus virou-se manuseando a sua espada contra Kastor. O Cavaleiro de Gêmeos estendeu a mão e parou a espada faltando poucos centímetros para atingir a palma de sua mão. — Estive aqui o tempo todo atrás de você desde o momento em que me levantei.

Ele... Ele parou a minha espada antes que ela o encostasse? Mas como?!

Vendo que o deus estava confuso com a interrupção da trajetória da espada, Kastor sorriu e segurou na lamina e de imediato a lamina se tornou pesada para Polemos e ele a soltou.

— Acabou, Polemos. — uma esmagadora pressão gravitacional pairou sobre a floresta pressionando tudo contra o chão. Pedras se desfizeram em pó e arvores se retorceram e explodiram. Polemos sentiu o seu corpo pesado e seus joelhos estavam quase se dobrando. Só então ele entendeu o que havia acontecido. Kastor tinha usado a pressão para interceptar o caminho da espada. — Em uma coisa você estava certo. Talvez eu não consiga me igualar ao poder pleno de um deus, mas nada me impede de chegar extremamente próximo desse poder!!

O cosmo de Kastor se elevou e expandiu transformando a área em um pequeno universo. A imagem de gigantes planetas e nebulosas tomaram o lugar. Era como se aquela região tivesse sido isolada no universo.

— São planetas? — Polemos olhava surpreso. — Não!! São... Galáxias! — O deus caído sorriu. — Vai disparar a Explosão Galactiva novamente? É inútil! Não vai funcionar! Mandarei a técnica de volta contra você e dessa vez você morrerá!!

Kastor concentrou cosmo entre suas mãos.

— Não, não é a Explosão galáctica. Essa técnica é uma evolução do principal golpe de Gêmeos — uma pequena galáxia se formou entre as mãos de Kastor. — Escute uma coisa, Polemos... Eu sempre estive ciente de que sou um semideus, mas isso não me importa. Sou tão humano, tão mortal, quanto qualquer outro homem! E como defensor da Terra, da humanidade e como um Cavaleiro de Ouro de Gêmeos a serviço de Atena... — Queimando sua cosmo energia intensamente, Kastor abriu os braços e seu cosmo explodiu liberando uma poderosa onda de choque explosiva. — Não vou permitir que deuses arrogantes como você continuem espalhando a guerra entre os homens e ameaçando a paz! Colisão Galáctica!!

Ao notar do que se tratava o golpe Polemos tentou recuar, mas a técnica intensificou a esmagadora pressão gravitacional que o imobilizou, deixando-o vulnerável para o que veio em seguida. Uma colisão devastadora de várias Explosões Galácticas disparadas por direções diferentes conforme a vontade de Kastor. Polemos foi encurralado no centro da colisão e bombardeado pelo golpe. A Onyx que protegia o corpo do deus foi despedaçada e o corpo de Polemos subiu aos céus na coluna de explosão formada pela colisão.

Cansado devido ao gasto de energia, Kastor cedeu de joelhos e observou de longe o elmo de sua armadura caído no chão. A face boa do elmo sorria e cosmo emanava. Kastor sentiu que era uma resposta de aprovação. Não da armadura, mas sim dos homens e mulheres que um dia vestiram aquela armadura de ouro. Principalmente seus últimos antecessores: Saga e Kanon.

O corpo de Polemos caiu quando a coluna de cosmo se desfez. Seu corpo parecia ter sido esmagado e queimado. Queimaduras severas tomavam todo o seu corpo, músculos se romperam, alguns ossos estavam expostos e seus olhos estavam esbugalhados. Logo o corpo do deus caído começou a se desfazer e sua alma saiu do seu corpo. Uma alma negra de olhos brancos e vermelhos. Kastor foi até a espada do deus e a segurou, apontando para o espirito divino.

— Ainda que tenha sido meu inimigo, eu o respeito por ser uma divindade e peço desculpas por ter levantando meu punho contra a sua autoridade. — a espada reagiu ao cosmo de Kastor e uma luz foi disparada envolvendo a alma de Polemos.

— O que?! — disse o deus, surpreso.

— Mas compreenda que como um Cavaleiro da justiça, é meu dever manter a paz. Por isso peço para que durma nessa espada pelos próximos séculos e quando esse selo se romper... — Kastor tirou um selo de Atena que estava escondido entre as peças da sua cintura, e selou a espada. — O senhor voltará como o deus menos da guerra e não como um deus caído. Caso venhamos nos encontrar novamente, nem que seja em outra reencarnação, eu desejo lutar novamente.

O espirito pareceu dar um sorriso abafado.

— Filho de Zeus...

O espirito foi sugado para dentro da espada e o selo ativou a prisão do deus.

Kastor cedeu de joelhos e fincou a espada no chão. Começou a chover. Raios dourados cruzaram o céu nublado e trovões rugiram.

— Jake...

Kastor caiu inconsciente ao lado da espada.

—...—


Alemanha – Gliptoteca

— E agora? O que vamos fazer? — perguntou Alkes, olhando para Seiya. — A profecia de Thanatos...

Henry virou-se para a saída do salão e caminhou elevando o cosmo. Seu cosmo agora estava diferente. Parecia ainda mais obscuro, semelhante a um demônio. Seiya olhou preocupado para Henry. O seu cosmo se materializou vestindo ele com a armadura de ouro de câncer e uma longa capa negra presa sem suas ombreias com o símbolo de câncer estampado em vermelho-sangue. A armadura de ouro brilhava ainda mais em meio aquela escuridão absoluta que fluía do cosmo de Henry. Aquele cosmo já não parecia mais pertencer a um Cavaleiro de Ouro, mas sim ao de uma estrela maligna. Sua expressão estava séria e seus punhos estavam cerrados.

Eros olhou para Henry com uma mistura de espanto e preocupação.

— Henry?! Você está bem?

— O que temos que fazer agora... — Henry sumiu caminhando na escuridão do corredor. — É matar.

Seiya passou por Eros e os outros e parou no caminho para o corredor.

— A impressão que eu tenho... — Seiya não achou outra comparação mais viável. — É que Henry se converteu em um espectro.

— O que?! — Alkes arregalou os olhos. — Um Espectros?!

— Seiya!! Isso é... Isso é possível? — perguntou Eros, ele aparentava estar calmo, mas estava tão preocupado quanto os demais

Seiya balançou a cabeça negando.

— Não. Foi apenas uma comparação. É como se a alma de Henry tivesse mergulhado na porção mais escura do inferno. Uma sensação assim de cosmo eu só tive diante dos espectros. — respondeu Seiya. Ele olhou para Eros por cima do ombro. Eros estava com Shun nos braços, que havia desmaiado após trancar Hypnos e Thanatos na caixa. — Alkes, você pode curá-lo?

Alkes acenou com a cabeça, olhando para Shun.

— Posso e só levará uns dois minutos. Ele precisa recuperar as forças.

— Faremos isso lá fora. — disse Eros. — Temos que ir atrás de Henry. Se eu entendi a profecia... — Eros cerrou os dentes. — Ele fará sem hesitar. Vamos!

— Vamos! — disse Seiya, e correu junto com os outros.

Do lado de fora da Gliptoteca, na praça alemã, ainda havia pessoas caminhando. Pais com seus filhos. Namorados se amando. Animais brincando com seus donos. O dia para eles estava sendo encerrado como se fosse mais um dia normal. Não parecia que uma guerra entre deuses estava acontecendo. A única preocupação era uma guerra mundial que parecia consumir o mundo inteiro, menos a Europa. O sol já não brilhava no horizonte e a lua parecia estar apressada para brilhar com todo seu esplendor. A noite estava caindo aos poucos, mergulhando o mundo em uma absoluta escuridão estrelada. As nuvens estavam distribuídas no céu, sem ocultar a lua e mostrando os brilhos das estrelas.

A grande porta da Gliptoteca se abriu e um cavaleiro de ouro saiu indo em direção ao pátio. Seu cosmo estava aceso e se concentrando na ponta do seu dedo. Sua mera presença, fria e tenebrosa como a própria Morte, espalhou uma sensação de tristeza e angustia para todos que estavam nos arredores do grande museu. A alegria parecia morrer cada vez que ele respirava.

Em pé no centro da praça e erguendo o braço para o céu, o cosmo que estava concentrado em seu dedo indicador emitiu ondas brancas. As ondas passavam entre as pessoas como se estivesse selecionando sua presa.

— Henry! O que você vai fazer? — gritou Seiya, saindo da Gliptoteca, acompanhado por Alkes e Eros, que carregava Shun nos braços.

— Você ouviu a profecia de Thanatos. Não temos outra opção! — respondeu ele friamente. — Para nas trevas andar, a luz deve guiar. Para que cinco guerreiros sobrevivam, cinco ovelhas se sacrificam. Para no sofrimento eterno não cair, de cinco puros devem a vida possuir. — a face de Henry estava sem emoção. Era uma expressão fria e dura. O semblante de um assassino. — Não vou hesitar em matar cinco pessoas se eu puder salvar mais de sete bilhões.

 Seiya cerrou o punho.

— Mas Henry... São cinco crianças.

Henry levantou a cabeça e olhou para as almas que rodeavam na ponta do seu dedo. Algumas das pessoas que ele já matou antes mesmo de se tornar um cavaleiro.

— Ele só está pedindo cinco. Eu já matei e fiz coisa pior com muito mais. Cinco pra mim não é nada. — Henry virou-se para Seiya ao notar que o Cavaleiro Lendário estava se preparando para um ataque. Seiya, que ainda vestia uma roupa civil, preparou seu arco e flecha, materializados do seu cosmo, e estava mirando para o peito de Henry. — Existe certas decisões que pessoas como você, Seiya, não teriam coagem de tomar. É por isso que estou aqui. É por isso que cavaleiros como eu ou o meu Mestre existem no Santuário. Nós somos os carrascos dos trabalhos mais sujos quando cavaleiros íntegros não conseguem concluí-los. Somos os impiedosos. Para você é fácil mirar a flecha para um assassino como eu, mas jamais conseguiria preparar sua flecha para matar um bebê, por exemplo. Contudo... — O cosmo de Henry se elevou e as ondas brancas se intensificaram. Ao longe, no braço de uma mãe, um bebê gritou, chorou e se calou. A alma da criança foi violentamente arrancada e tragada pelas ondas infernais. O primeiro sacrifício foi feito e Seiya foi o primeiro a receber a proteção da Morte. Um selo roxo marcado em sua testa no formato de um pentagrama. A Marca da Morte. A mãe gritou anormalmente ao notar que a criança estava morta. Era um urro de dor. Uma dor que apenas uma mãe sentiria ao segurar o filho morto. Agarrada com a criança nos braços, a mãe cedeu de joelhos e chorou aos berros sem saber o que tinha acontecido. As pessoas ao redor se assustaram e correram para ajudá-la, mesmo não sabendo do que se tratava.

— Henry!! — gritou Seiya. — Não!!

— Com a mesma maestria que eu rasgo a garganta de um assassino, eu rasgo a garganta de uma criança ou de um guerreiro valoroso como você. — disse Henry. — Sem hesitar.

A ira dentro de Seiya se acendeu.

— Henry! — Seiya gritou com lagrimas escorrendo dos seus olhos. Ele sentia o calor da vida daquela criança misturando-se com o seu cosmo. Ele escutou aceleradas batidas de coração e ele não sabia se era o dele ou o resquício de vida daquela criança que ainda estava impregnado em sua alma. Seu coração se estreitou angustiado. Sua mão tremia e sua flecha já não tinha mais apoio.

— Uma... de cinco. — disse Henry, dando as costas para Seiya. — Abaixe a flecha, Seiya. seu tom de voz era sério. — A sua alma precisa estar inteira até encontrarmos Ares, mas se continuar a me ameaçar... — uma onda de escuridão emanou do cosmo de Henry. O poder da Morte. O poder de Thanatos. — Você pode ser lendário ou ser o Cavaleiro de Ouro mais poderoso, mas possui uma alma como qualquer outro e para mim, sua alma é tão frágil quanto o daquela criança. Nem preciso ter um cosmo superior ao seu para causar danos. Basta apenas que as minhas Ondas Infernais toque em você.

Eros deu alguns passos e parou ao lado de Seiya.

— Abaixe a flecha, Seiya. — disse o Cavaleiros de Peixes.

— Eros?! — Seiya olhou surpreso.

— Henry... — por mais que Eros sentisse o mesmo que Seiya, eles não tinham outra alternativa. Sacrificar a vida de cinco inocentes foi o menor custo ofertado. Eram cinco crianças em troca de toda a humanidade. — Como um Cavaleiro, não me sinto bem em fazer isso. Talvez se eu estivesse na posição de pai de uma criança que estava pra ser sacrificada... — Eros lembro dos seus filhos Cristhian e Páris o abraçando e sorrindo. Seus olhos encheram-se de lagrimas. — Sim... Eu lutaria até o fim para protege-los, mas...

— Mas devemos ser egoístas nesse momento. — concluiu Henry. — Seu irmão e meu mestre eram amigos. Assim como nós. Sacrificar inocentes por um bem maior era algo aceitável aos olhos deles, pois a maior importância é preservar a paz na Terra.

Eros se abaixou e deitou Shun no chão.

— Faça o que deve ser feito, Henry. — ele olhou para Alkes, que de punho cerrado e lagrimas nos olhos observava o desespero da mãe segurando a criança morta nos braços. — Alkes...

O Cavaleiro de Prata de Taça enxugou as lagrimas e elevou o cosmo, materializando a armadura de Prata. A armadura de Prata de Taça possui o poder sagrado capaz de curar feridas e repor as energias. Uma utilidade importante para o campo de guerra, dando uma vantagem de recuperação para os cavaleiros.


Da armadura de Taça brotou uma água transparente como se fosse um espelho. Evitando olhar para o reflexo para que não visse o seu futuro, Alkes retirou um pouco da água e derramou na boca de Shun.

— A água possui a capacidade de curar feridas e o cansaço — disse Akes. — Mas o senhor pode acelerar esse processo, senhor Eros.

Eros olhou para Shun como se analisa-se se valia a pena ou não, afinal aquele era o homem que matou o seu irmão, mas por fim ele elevou o cosmo. Do chão brotaram trepadeiras de rosas que envolveram ele e Shun. Seu cosmo se ascendeu e envolveu o corpo do Cavaleiro de Andrômeda recompondo suas energias e sarando suas feridas. Técnica criada por Afrodite, as trepadeiras das rosas possuem a habilidade de curar aqueles que elas envolvem, ou mata-los. Depende da vontade do Cavaleiro de Peixes.

Henry, que observava Eros por cima do ombro, virou-se para o pátio e elevou o seu cosmo.

— Sekishiki meikai ha!!

Poderosas ondas esbranquiçadas de cosmo energia foram disparadas por todo o pátio. As ondas passaram entre as pessoas, sem que elas notassem, e atingiram as outras quatro crianças, crianças essas que brincavam no jardim, mas que ao serem tocadas pelo golpe caíram mortas. Suas almas foram recolhidas e levadas até Eros e outros. Eros e Alkes fecharam os olhos e cerraram os punhos ao sentirem a vida das crianças se unindo a eles. Já Henry, ao receber a alma da criança que lhe permitiria ir com vida ao Tártaro, não sentiu nada. Era como se mais uma alma qualquer tivesse se unido a ele. Só mais uma alma que lamentaria por todos os dias de sua vida, ao contrário dos demais que se quer podiam ouvir os choros de lamentações daquelas crianças presas a eles. Henry via mais que almas unidas. Ele via crianças agarradas no corpo deles e chorando desesperados.

Deixando tudo isso para trás, Henry virou-se para uma estrutura de arquitetura dórica. Uma “porta monumental” que ficava entre o edifício da Gliptoteca e o edifício de “Coleções Estatais de Antiguidades”. No arco da porta tinha escrito em grego Προπυλαια, que significa “Propileu”, Portão.

— Agora... — Henry elevou o cosmo e seu cosmo subiu ao céu, provocando nuvens negras de tempestades que giravam concentradas em cima do grande pátio. Raios vermelhos tenebrosos romperam entre as novas. O vento começou a soprar forte e agitar sua capa negra. Assustados achando que era uma tempestade, as pessoas começaram a correr. Os pais corriam carregando seus filhos mortos nos braços, levando-os para um hospital mais próximo afim de saber o que havia acontecido. — Vamos abrir caminho para o Tártaro!

O tempo ficou frio e triste. A vida parecia correr daquele lugar. Henry apontou para o monumento e disparou seu cosmo em ondas semelhantes ao seu golpe “Sekishiki meikai ha”. Ao ser tocado pelas ondas infernas, as paredes se tornaram negras e em poucos segundos o edifício inteiro parecia tomado por trevas. As colunas centrais se desfizeram e uma grande porta de ferro negro surgiu se materializando das trevas. Parecia ser pesada e grossa. Sua aparência era assustadora e daria a qualquer pessoa comum uma vontade súbita de correr desesperadamente e ter pesadelos por décadas. Shun, que havia acordado durante o surgimento da Porta, arregalou os olhos ao ver centenas de corpos fundidos em alto relevo na Porta da Morte. Na verdade eram esculturas feitas a partir do próprio ferro da porta. Escultura de homens e mulheres atormentadas que pareciam gritar desesperados com os olhos arregalados, corpo contorcido e a boca aberta. Crânios negros, gigante de cem braços, ciclopes e esqueleto de criaturas aladas também estavam entre a arquitetura. No topo da porta havia a imagem de uma mulher alada. Nyx, a deusa primordial da Noite.

— Então essa é...

Seiya estava tão impressionado quanto aterrorizado. Mesmo Henry sentia-se desconfortável diante da Porta.

— Sim. — disse Henry. — A Porta da Morte.


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Próximo capítulo: sinopse indefinida.

O capitulo 41 marca o inicio da programação de férias. Provavelmente os capítulos agora saem semanal ou por quinzena, ao invés de mensal.

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