A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 19
Capítulo 18 - A coragem do urso e de leão menor. Ataque em Rozan.


Notas iniciais do capítulo

Phobos escolheu três cavaleiros de ouro para seguirem seu plano. Enquanto isso a perseguição atrás de Seiya e dos demais fugitivos de Oubliette se intensifica e Hayato recebe a ajuda de um cavaleiro de ouro enviado por Phobos. Na China, um poderoso dourado surgi em Rozan e deixa Shiryu espantado.



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Capítulo 18 - A coragem do urso e de leão menor. Ataque em Rozan.


Prisão de Oubliette — Santuário, Grécia

— Vamos! Se apressem! — disse o encapuzado, apressando Seiya, que carregava Pavlin nas costas, e Shun que estava ao lado de Seiya. — Precisamos entrar na floresta antes que alguém seja enviado para nos deter.

Eles estavam correndo por um beco estreito escavado na montanha onde se encontrava a prisão. O beco era úmido e bastante escuro. A única luz que iluminava era o fogo da tocha que o homem encapuzado carregava. No final do túnel alguns feixes de luz começaram a brilhar.

— Tem uma porta logo à frente. — anunciou o encapuzado.

— Uma saída secreta? Em Oubliette? — questionou Seiya. — Já fiz vistorias diversas vezes na prisão e nunca vi uma saída secreta aqui.

— E depois de tantas vistorias, não aprendeu que não se deve elevar o cosmo dentro da prisão se não vai ter seu cosmo drenado e consequentemente vai ficar fraco?! — disse o encapuzado ironicamente enquanto corria. O homem olhou para Seiya, mas o Cavaleiro de Ouro fez uma expressão de desaprovação por causa do tom irônico. — Perdão, Senhor. Esse túnel foi escavado a pouco tempo. Justamente para a ocasião de hoje. Desculpe-me.

— Para a ocasião de hoje? — pensou Seiya. Pavlin permaneceu de cabeça baixa encostada no peito de Seiya enquanto era carregada nos braços do Cavaleiro de Sagitário. 

— Vamos deixar as perguntas para depois. — disse Shun.

Eles pararam diante de uma porta de ferro, que tinha suas dobradiças chumbadas na parede.

— Evitem elevar o cosmo. Não podemos chamar atenção. — avisou o encapuzado, enquanto abria a porta.

A porta foi aberta e a luz do sol queimou os olhos deles, que estenderam o braço na altura dos olhos para se livrar do forte brilho. Eles estavam na parte de trás da montanha, no fundo da prisão. No outro lado estava a floresta sagrada de Atena. Uma enorme floresta de arvores altas e de troncos grossos.

— Demoraram muito! — gritou um homem.

— Essa voz... — disse Seiya, pensativo.

De uma das arvores desceu quatro homens que se escondiam. Cada um vestindo uma armadura de bronze.

— Jabu, Geki, Ban, Nachi... — disse Seiya feliz. — Esperem! Onde está o Ichi?

Todos os quatro abaixaram a cabeça. Jabu levou sua mão esquerda ao seu braço direito, onde tinha um pedaço de pano roxo enrolado no braço. Um pedaço da camisa de Ichi.

— Ele está... — começou Nachi, mas parou.

— Não... Não... Como foi isso? — perguntou Seiya. Os olhos estavam cheios de lagrimas.

— Ele lutou bravamente contra um poderoso berserker que estava invadindo o portão norte. — Jabu apertou o braço e sorriu. — Morreu nos protegendo e deixando para nós a responsabilidade de lutar pela justiça no lugar dele.

— Ichi... — disse Shun, de cabeça baixa sussurrando.

— Vamos lamentar pela morte dele depois. Não temos tempo a perder. — disse o encapuzado indo em direção à floresta. — Me sigam! Temos que correr antes que alguém apareça!

Todos correram em direção à floresta e então entraram. A floresta era úmida e abafada. O chão era repleto de folhas secas, galhos quebrados, plantas rasteiras e musgo. Respirar dentro da floresta era difícil.

— A minha respiração... — disse Jabu, arfando.

— Depois se acostumam! — gritou o encapuzado, enquanto corriam. — Essa floresta é sagrada e selada por Atena desde a era mitológica. Aqui existe uma barreira que acolhe os servos de Atena e “cega” os inimigos.

— Em toda a floresta? — perguntou Ban.

— Não. — respondeu o encapuzado. — É apenas em uma área que a barreira surte esse efeito, mas ao arredor ela força qualquer um a recuar. Como está fazendo agora. Ela está nos avaliando.

— É como se fosse a barreira de Hades? — perguntou Shun.

— Quase isso. — disse o encapuzando se desviando de um galho baixo. — A barreira do Imperador Hades restringe o cosmo do oponente, reduzindo para dez por cento. A barreira de Atena não vai reduzir o cosmo dos nossos inimigos, mas vai cansá-los mais rápido, forçando eles a gastarem mais rápido suas energias.

— Mas para onde estamos indo? E quem é você? — perguntou Geki, desconfiado.

— Estamos indo para um refúgio. E... Quem sou eu? Um aliado. — respondeu ele. — É engraçado que sigam um desconhecido.

— Na atual situação, não temos outra opção. — respondeu Jabu.

Seiya ia comentar algo, mas parou quando um crocitar ecoou pela floresta. Vindo da lateral, da parte mais escura, um bando de aves negras passou diante deles, fazendo-os parar. As aves então começaram a voar em círculo ao redor dos cavaleiros, detendo assim o avanço deles.

— Que... que cheiro é esse? — perguntou Nachi, levando a mão ao nariz. Os demais também tamparam o nariz fazendo cara de repudio.

O cheiro era fétido. De carne podre. As aves eram deformadas e espantosas. Elas tinham pele negra, cabeça e pescoço lisos e o corpo coberto de penas negras, mas cada uma tinha uma deformação diferente. Algumas tinham a metade da cabeça aberta, uns com os olhos pendurados e outros sem o globo ocular. As que ainda tinham os olhos intactos possuíam olhos vermelhos. O bico era encurvado e bastante afiado. Algumas aves tinham buracos no pescoço e no corpo. Buracos podres de onde secreção esverdeada escorria. Penas negras caiam e flutuavam girando ao redor deles.

— Que aves são essas? — perguntou Shun.

— Estão podres! — comentou Ban.

— São abutres! — respondeu Jabu.

— Droga! — o encapuzado elevou o cosmo e disparou um golpe em direção as aves. Elas crocitaram e voaram para o alto. — Vamos! Corram!

Todos voltaram a correr, seguindo o encapuzado.

— Qual o problema? — perguntou Seiya.

— O Abutre é um dos animais que são símbolos de Ares. Algum berserker está nos seguindo e certamente aquelas aves trabalham pra... — Uma pressão de cosmo emanou pela floresta.

Todos pararam, se curvando um pouco para frente, como se estivessem sentindo um peso no corpo, exceto Shun que permaneceu de coluna ereta, mas procurando de onde vinha o cosmo.

Os abutres que estavam perseguindo o grupo passaram voando por cima da cabeça deles e se aglomeraram. Parecia que um estava querendo devorar o outro. As aves se debatiam e batiam as asas enquanto crocitavam alto. O amontoado de abutres começou a tomar uma forma humana. Um enorme par de asas negras abriu das costas daquele ser quando as plumas negras voaram, revelando um metal escuro e brilhante.

— Onyx! — disse Jabu, espantado e entrando em posição de ataque.

— Nos acharam. — comentou o encapuzado, sussurrando.

Os outros ficaram tensos. Um vento forte soprou e toda a plumagem subiu aos céus acompanhando o vento, revelando então um berserker. Ele trajava uma Onyx negra com detalhes dourados. Usava um elmo que lembrava a cabeça de um abutre. Um elmo negro com um par de olhos vermelhos. O berserker tinha uma pele clara e longos cabelos negros, que iam até um palmo abaixo dos ombros. De dentro do elmo seus olhos eram olhos de uma ave que caça sua presa. Sua íris era vermelha, mas a esclera, a parte branca dos olhos, era negra como as trevas.

— Um dia bastante agitado no Santuário. — disse o berserker.

— Hayato. — disse o encapuzado, dando um passo para trás e firmando os pés no chão.

Hayato estreitou os olhos para o encapuzado.

— Outro encapuzado fazendo desordem no santuário? — ele deu uma risada curta. — Isso é costume aqui?

— Como nos achou? — perguntou Nachi.

— Acharam que poderiam fugir do santuário? Minhas aves são especialistas em caçar os incômodos do meu senhor Ares. — ele elevou o cosmo. — Voltem imediatamente para a prisão e jurem lealdade a Ares!

O cosmo de Hayato cresceu e foi em direção aos cavaleiros, como se fosse uma neblina se propagando. Enquanto o cosmo avançava, as arvores que eram tocadas pelo cosmo secavam e estralavam.

— Veneno! — disse o encapuzado.

— Todo aquele que tiver um cosmo abaixo do meu irá morrer, da mesma forma que matei os incompetentes que deixaram o traidor fugir pelas doze casas!

— O quê?! — Seiya não estava entendendo o que Hayato estava dizendo. — De quem está falando?

— Delfos traiu o Senhor Ares. — disse o berserker. — Não está sabendo Seiya?

— Não.

Gritos. Jabu, Geki, Nachi, Ban e Pavlin gritaram se curvando de dor. Pavlin se encolheu nas costas de Seiya e sussurrava que seu corpo estava doendo. Seiya colocou a jovem sacerdotisa sentada aos pés de uma arvore, encostando-a no tronco.

— O que está acontecendo? — perguntou Seiya, enxugando uma gota de sangue que escorria da boca de Plavin. Ao mesmo tempo Jabu cuspiu sangue e desabou no chão, arfando e levando a mão ao peito.

— Eu disse. Todo aquele que tiver um cosmo fraco morrerá diante de mim. Meu cosmo vai agir como lâmina cortante na corrente sanguínea. — disse o berserker esboçando um olhar sério.

— Seu desgraçado! — Seiya se afastou de Pavlin e correu em direção a Hayato com o punho fechado. —  Não vou permitir que nenhuma outra pessoa morra diante de mim!

— Então saia do campo de batalha, pois isso aqui Seiya... — Hayato estendeu a mão e parou o soco de Seiya. Os cosmos dos dois colidiram e explodiram, causando uma onda de ar com pressão suficiente para derrubar algumas arvores e abrir uma fenda na terra. — ... é uma guerra.

— Sendo guerra ou não, eu vou protegê-los.

— Seiya, pare! — gritou Shun.

— Vejo que seu cosmo é realmente poderoso, digno de ser uma lenda, mas você está fraco. Percebo isso... Matador de deuses. — Hayato elevou ainda mais o cosmo e fez Seiya recuar, saltando para trás, para se desvencilhar do cosmo mortal do berserker.

Shun correu até Seiya e o segurou pelo ombro.

— Eu cuido disso, Seiya. Você está muito debilitado.

— Se gastar suas energias agora irá fazer falta para o que lhe espera mais na frente. — disse o encapuzado, que permanecia ao lado de Pavlin cuidando dela.

— Mas Shun...

— Não me subestime Seiya.

Hayato deu alguns passos para frente e então parou.

— Ouvi dizer que você possui o maior cosmo entre os cavaleiros, sendo assim é mais poderoso até mesmo que o seu temido irmão. Vai me enfrentar, Andrômeda? Mesmo sem sua armadura?

— Vou. — respondeu Shun, ignorando o comentário do berserker.

— Interessante. Então venha e salve seus amigos antes que eles explodam em sangue.

Hayato deu um passo à frente e já estava cara a cara com Shun. Ele se movimentou na velocidade da luz. Shun não esperava tanta agilidade de um berserker, então foi surpreendido com um soco no estomago que o lançou contra uma arvore, e então desabou no chão, arfando.

— É isso o que um lendário servo de Atena tem para me oferecer? Estou começando a duvidar da força dos deuses que vocês venceram. Não vejo ameaça alguma vindo de cosmos tão fracos. 

— Shun! Sem misericórdia. Lembre-se. — falou o encapuzado.

—Eu... sei. — o cosmo de Shun explodiu.

Hayato estava com a mão estendida, pronto para disparar um golpe, mas a explosão de cosmo de Shun o arrastou para trás, fazendo com que ele perdesse a concentração. O cosmo de Shun também afastou o cosmo maligno de Hayato, salvando assim Pavlin, Jabu e os outros.

— Além de me fazer recuar, eu um dos berserkes mais poderosos, ainda salvou seus amigos do efeito do meu cosmo... Parabéns Shun. Não irei pegar leve então. Vamos lá Andrômeda!

Hayato foi em direção a Shun novamente. Ele abriu as asas e fez impulso. Levantando o punho, ele já foi decidido a ter uma luta corpo a corpo. Shun o recebeu se esquivando, também na velocidade da luz. Os reflexos de ambos eram ótimos em se desviar de socos e chutes, mas o ar da floresta estava dificultando tudo. Shun não é um cavaleiro de luta corpo a corpo, então iria cansar mais rápido. Ambos estavam suando. Hayato tirou o elmo e o lançou no chão, soltando os cabelos que já estava grudando na testa suada. Shun arfava com grande intensidade, e isso estava consumindo muito esforço e queimando mais rápido o seu cosmo.

— Se continuar assim, vou morrer. — disse Shun para si. Shun levantou a mão e aumentou o cosmo. — Venha até mim, Andrômeda!

O corpo de Shun brilhou e foi tomado por sua armadura, que surgiu no mesmo instante em que foi chamada.

— A armadura que dizem possuir a melhor combinação de ataque e defesa. Me mostre do que é capaz. — Hayato abriu as asas e os abraços. Ele concentrou cosmo nas duas mãos e depois uniu disparando um único golpe.

— Proteja-me corrente. Defesa circular!! — A corrente circular de Shun obedeceu ao seu comando, criando uma defesa em torno do seu corpo girando em volta, cada vez mais rápida e forte. Os golpes de Hayato se chocaram com a defesa circular e foram repelidas. — Não adianta! Qualquer golpe será repelido pela defesa circular. Agora corrente, ataque!! Onda Relâmpago.

A corrente triangular, especifica para o ataque, é muito mais veloz e poderosa. Ela partiu para cima de Hayato fazendo uma trajetória de zigue-zague. Simulando a trajetória de um relâmpago. Hayato abriu uma de suas asas e faz ela cobrir o seu corpo para se defender. A corrente triangular foi em direção ao berserker, e então perfurou a asa que o cobria. A ponta da corrente atingiu em cima do peito de Hayato, mas apenas trincou o peito de sua onyx.

Os olhos de Hayato ficaram arregalados. Mais alguns centímetros e a corrente teria atravessado a Onyx e atingido em cheio seu coração. A Onyx nem se quer deveria ter a asa transpassada pela corrente, pois é feita de dois materiais que a faz ser quase indestrutível.

— Isso... Isso é impossível! Fez mais do que arranhar minha Onyx. Como uma armadura de bronze pode fazer isso? Vai pagar por isso, desgraçado! — Antes que a corrente recuasse para Shun, Hayato a  segurou e puxou, forçando Shun a ser lançado em direção a ele. — Vou arrancar os seus braços! — gritou o berserker e abriu as asas, voando. Dos pés de Hayato surgiram garras afiadas, e como uma ave indo agarrar sua presa, Hayato desceu em uma investida contra Shun.

 Rede de Andrômeda. — gritou Shun. Em uma extrema velocidade, a corrente circular se enroscou nas arvores e se transformou em uma imensa rede, evitando o golpe de Hayato com eficiência e descarregando uma onda elétrica que fez o berserker gritar de dor e ser arremessado. — Ainda que seja poderoso e sua Onyx seja quase indestrutível, essas correntes um dia foram banhadas com o sangue de Atena. Já não é uma armadura de bronze qualquer. Esse é o seu fim Hayato!! — O cosmo de Shun aumentou e começou a rodopiar. Um vento forte se concentrou entre Shun e Hayato, paralisando o berserker.

— O que está acontecendo? — perguntou o berserker, espantado.

— Não posso mais perder tempo. Eu tenho que vencê-lo! — O cosmo de Shun estava sendo emanado em uma intensidade poderosa. As arvores balançavam e as folhas dançavam no redemoinho de cosmo.

— O ar... O ar está fazendo redemoinhos. — disse Hayato, preso pelo cosmo de Shun. O ar o prendia e paralisava suas asas, as quais ele forçava para abrir.

— Esse é... — disse o encapuzado.

— Um dos golpes mais poderosos de Shun. — Completou Seiya.

— Corrente Nebulosa!  gritou Shun e estendeu o braço liberando seu cosmo. O cosmo explodiu em direção a Hayato e o lançou para trás.

— Não vou morrer aqui! — enquanto era lançado pelo golpe de Shun, Hayato fez seu cosmo explodir e liberou suas asas. Ele planou no ar em meio ao turbilhão que o forçava a ir para trás.

— Se pretende revidar, pois bem, esse será seu fim. — O cosmo se intensificou ainda mais.  Tempestade Nebu...

Antes que Shun aplicasse o golpe final, um poderoso cosmo caiu como um raio, partindo uma arvore ao meio.

— Seiya! — chamou o encapuzado. — Temos problemas.

Hayato pousou em um galho no alto de uma arvore e o cosmo de Shun sessou.

— Quem está aí? — perguntou Hayato, estreitando os olhos.

Em meio aos destroços da arvore caída, saindo da fumaça que vinha do fogo que fazia o tronco estralar, surgiu um jovem trajando uma armadura de ouro. Era um cosmo poderoso que fazia jus a alguém que ocupa a mais alta patente. Um cosmo flamejante e elétrico. Emanava a energia de um raio prestes a destruir tudo em seu caminho.

— Um cavaleiro de ouro?! — disse Seiya.

— Esta é... a armadura de ouro de leão. — falou Geki.

Era um belo jovem. Ele aparentava ter mais ou menos dezoito anos. Sua pele era clara, sobrancelhas feitas, olhos azuis e cabelo preto cortado em um estilo "undercut" — raspado na lateral e modelado em cima. No lado esquerdo do seu pescoço tinha uma tatuagem. Uma flor de lótus aberta.

— Recebi ordens para auxiliá-lo na perseguição. — falou o jovem, sério.

— Não preciso de você ou da ajuda de qualquer outro Cavaleiro de Ouro ou berserker. Quem enviou você aqui?

— Ppercebi. — disse o cavaleiro de ouro de leão com um tom sarcástico. — O deus Phobos me enviou.

— "O senhor Phobos?! Mas o que ele está planejando enviado um Cavaleiro de Ouro até aqui?! Será que ele não me acha capaz?! Não! Não é isso! O senhor Phobos não é um deus que desconfiaria de um berserker, então ele deve estar testando o Cavaleiro de Ouro. — pensou Hayato. — Qual é o seu nome rapaz?

— Meu nome é Jake. Eu sou o Cavaleiro de Ouro de leão.

— Droga! — disse Nachi, falando baixo, se aproximando de Ban e Geki. — Com a presença de um Cavaleiro de Ouro aqui, teremos mais dificuldade ainda em seguir em frente.

— Tem razão. Seiya não pode lutar, pois está fraco e pode morrer. Shun também não vai permanecer de pé por muito tempo. Seu cosmo é grande, mas não é infinito. Ambos são de extrema importância para essa guerra. O encapuzado não sabemos qual é o seu nível de poder, mas sinto que é inferior a Seiya e Shun. — disse Geki.

— E nós não temos condições de enfrentá-los. — disse Jabu se aproximando do grupo.

— Em outras palavras, seriamos presas fáceis também. — Concluiu Nachi.

— Eu e o Geki vamos segurar os dois e vocês seguem em frente com Seiya e os outros. — disse Ban.

— O que? Como é? Está ficando louco Ban? Qual a parte do "não temos condições de enfrentá-los" que você não entendeu?! — disse Jabu, preocupado com a vida do amigo. Só em pensar em perder Ban e Geki já causava um aperto em seu coração. — Se for assim... Vamos nós quatro segurá-los então. Dando uma brecha para que Seiya e os outros sigam em frente.

— Não Jabu. Já estamos decididos. Faço da frase de Ichi a minha. "Não pode interferir na decisão de um homem quando este está decidido a morrer." — disse Ban

— Estão querendo morrer? — perguntou Jabu

— Não. Mas estamos prontos para isso se for necessário. — disse Geki. — Vocês precisam ajudar Seiya. Tem que seguir em frente.

— E então... — disse Jake. — Vão voltar para a prisão ou pretendem morrer?

— Vamos enfrentá-lo. — disse Seiya. — Não va...

— Espere Seiya! — disse Ban se levantando junto com Geki. — Eu e o Geki vamos dar conta dos dois. Você, Jabu e os outros devem seguir em frente.

Hayato deu uma gargalhada.

— Vocês, dois cavaleiros de bronze que estavam caídos pelo meu poder, vão mesmo querer lutar contra mim e contra um cavaleiro de ouro? Se estão querendo morrer, posso ajudar.

— Não zombe de nós por causa de nossa patente. — disse Geki. — Não é o nosso título que vai lutar contra você, mas sim o nosso cosmo.

— Um cosmo fraco e inferior. — zombou Hayato.

 Geki! Ban! Eu e o Shun podemos...

Geki virou para Seiya.

— Quando você e os outros entraram nas doze casas, quantas vezes os cavaleiros de ouro disseram que vocês não conseguiriam atravessá-las e que jamais iriam derrotá-los?

— Inúmeras vezes. — Quem respondeu foi o Shun, que estava de cabeça baixa e segurando firme a corrente de ataque. — Éramos feitos vocês. Decididos a lutar e dar a vida se necessário, mas morrer era a nossa última opção. Acreditávamos na capacidade de cada um em superar os próprios limites.

— Então não precisamos argumentar mais nada, não é mesmo Shun?! Seiya?! — perguntou Geki.

— Não.

Seiya cerrou o punho.

— Não.

— Vão! Iremos cuidar deles. — Garantiu Ban, elevando o cosmo e ficando entre Jake e os outros.

— Vamos abrir caminho para vocês. — disse Geki, elevando também o cosmo e ficando de frente para Hayato, que o observava com desprezo.

O encapuzado colocou Pavlin nas costas e começou a correr, sem dar nenhuma palavra. Seiya e os outros fizeram o mesmo, mas naquele silêncio estavam presas palavras de agradecimento, de superação e orgulho dos companheiros. Enquanto corriam, Jabu disse apenas duas palavras, sem olhar para trás:

— Não morram.

— Jake, cuide desses dois. — disse Hayato, abrindo as asas e se virando para seguir o grupo de Seiya. — Eu cuido dos outros.

Hayato abriu as asas e voou, indo atrás de suas presas que corriam para dentro da floresta.

— Está me desprezando? — perguntou Geki, fechando o punho. — Não... me... ignore. "Grande Punho!"

O cosmo de Geki se elevou e deu forma a um grande urso. Geki correu em direção a Hayato, salto e deu um soco em direção ao chão. O grande urso formado com o seu cosmo fez os mesmos movimentos, mas o punho do urso não atingiu o chão, mas sim as costas de Hayato, desequilibrando o berserker e chamando sua atenção.

— Seu adversário sou eu, Jake! — disse Ban, chamando a atenção do Cavaleiro de Ouro.

— Você é um cavaleiro de bronze e eu um cavaleiro de ouro. O que pensa que vai conseguir com isso?

— Vou derrotá-lo. É Claro!

— Me derrotar? Não, não vai. Você está apegado na esperança de despertar o sétimo sentido e aplicar um golpe mortal, mas... — Jake deu um passo e tudo pareceu parar por um instante. Para Jake ele estava andando normal, mas para Ban aquele único passo foi imperceptível. — Existe uma enorme diferença entre alguém que domina o sétimo sentido com excelência e alguém que está querendo despertar.

Jake encostou a mão no peito de Ban e uma onda de raios, que surgiu no braço de Jake, explodiu contra o cavaleiro de bronze, que foi arremessado contra uma arvore. Os dedos de Jake foram cobertos pela armadura de ouro, e unhas douradas cresceram como garras enquanto o Cavaleiro de Ouro caminhava em direção a Ban.

— Como pode... Como pode alguém tão poderoso como você, um cavaleiro de ouro, jurar lealdade à Ares? — disse Ban, tentando se levantar.

— E o que eu iria fazer? Me rebelar contra e ser morto pelos deuses? Não sou insolente e muito menos burro. Como Cavaleiro de Ouro, eu tenho uma responsabilidade que está fora da sua capacidade de compreensão.

Jake se aproximou de Ban, que se esforçava para ficar de pé.

— Você não é burro, Jake. Mas é uma vergonha para a armadura de leão.

— O quê?! — Jake parou de andar.

— Você joga na lama a honra de Aiolia e de todos os seus antecessores que lutaram por Atena. Cavaleiros que emanavam respeito e admiração.

Jake deu mais um passo e agarrou o pescoço de Ban com força.

— Escute aqui miserável! Você está vendo a armadura me abandonando?! Isso prova que ela segue o mesmo ideal que o meu e me aceita. Atena morreu, caso não tenha notado. — Jake elevou o cosmo e fez o elmo e o peito da armadura de bronze de leão menor rachar e pulverizar. — Se a própria armadura de ouro aceita meu coração, quem é você para dizer se eu tenho honra ou não? Ponha-se no seu lugar. Quer me derrotar? Então trate de fechar a boca e foque no seu cosmo. Eleve-o ao máximo com toda a sua intensidade. Chega a ser ridículo que eu, um cavaleiro mais jovem que você, esteja lhe ensinando sobre o cosmo.

Jake abriu a mão e liberou Ban, que cambaleou dando dois passos para trás. Antes que Ban se equilibrasse Jake partiu para cima com socos e chutes. Eram movimentos rápidos que Ban nem se quer conseguia pensar em desviar. As garras de Jake desciam e subiam em investidas contra o Cavaleiro de Bronze. Finalizando com um soco firme no abdome, Jake fez Ban cuspir sangue. O cavaleiro estava completamente ferido. As garras do dourado cortaram Ban em vários lugares do corpo, seu rosto estava inchado e um corte abriu em sua testa fazendo sangue escorrer pela lateral do seu rosto.

— Enquanto você tenta alcançar o sétimo sentido para me derrotar, eu vou caçar os fugitivos. Caso você ainda esteja vivo quando eu voltar... Podemos lutar mais uma vez.

— Espere Jake! Espe...

Como um raio disparado do céu ao encontro da terra, Jake saiu correndo atrás de Seiya e dos demais, deixando Ban para trás, que desmaiou e desabou no chão. Jake passou por Hayato que estava prestes a enfrentar Geki.

—...—


Cinco Picos Antigos de Rozan - China

Rozan é um local montanhoso situado na China. Lá se encontra a "Torre maligna" que serve como local para prender as 108 estrelas malignas do exército de Hades. Para vigiar a torre maligna, Atena ordenou que Shiryu permanecesse em Rozan.

— Shiryu! Shiryu! O chá já está pronto! Venha! — disse Shunrei, saindo de uma pequena cabana chamando seu esposo.

Shiryu estava no mesmo local onde seu mestre permaneceu meditando e vigiando a Torre Maligna por mais de 243 anos. Ele estava na beira do penhasco e de costas para a grande cachoeira de Rozan.

Ao ouvir o chamado da sua esposa ele se levantou e sorriu, se dirigindo até a cabana, mas no meio do caminho ele parou. O ventou sessou, as aves não cantavam mais, as folhas das arvores não se mexiam e até a grande cachoeira parecia congelada no tempo. Um cosmo poderoso começou a emanar em Rozan. Shunrei ficou assustada. A sensação que aquele cosmo transmitia era algo familiar para ela.

— Essa sensação. — disse Shunrei, aflita. — Shiryu! — gritou ela. — Cuidado!

 Esse cosmo. Ele me é familiar.  pensou Shiryu . — Que cosmo poderoso e terrivelmente perigoso. Esse... Esse como traz consigo um cheiro de... morte. Eu já senti um cosmo como esse antes, e foi aqui, em Rozan.

Shiryu se virou em direção a grande cachoeira e ficou espantando ao ver as águas abrindo passagem para um homem atravessar. Ele parecia flutuar. Andava no ar como se estivesse em terra firme. Do seu corpo emanava um poderoso cosmo. Ao pisar na beira do penhasco a terra tremeu como se quisesse se livrar daquela presença.

O homem na verdade era um jovem de cabelos cor de carvão queimado e curtos, olhos cor de âmbar, magro atlético e trajava uma armadura de ouro. Esboçava um sorriso perverso e um olhar assassino. Preso no ombro de sua armadura havia uma longa capa branca.

— Um Cavaleiro de Ouro? — pensou Shiryu. — Quem é você?

— É uma honra conhecê-lo, Senhor Shiryu de libra. — disse o jovem.

— O que um cavaleiro de ouro faz aqui, tão longe do Santuário? E por que uma cosmo energia tão maligna como essa está vindo de alguém que está trajando uma armadura de ouro?

— Sou seu carrasco, Libra. — respondeu o jovem com um sorriso. — Sou o Cavaleiro de Ouro que protege a quarta casa do zodíaco. Henry de câncer.

— Câncer?! — disse Shunrei, dando alguns passos. — Novamente é um Cavaleiro de Câncer que é enviado como um assassino em nome do Santuário?

— Shunrei! Entre imediatamente! É perigoso!

Henry olhou para Shunrei e esboçou um sorriso.

— Shunrei? Então é você a garota que Mascara da Morte tanto odiava em vida. — ele deu uma curta gargalhada.

— Como a conhece? — perguntou Shiryu.

— As armaduras de ouro guardam as memorias dos seus usuários, Shiryu. Não sabia disso? Em uma das memorias está o rosto dessa garota que orou por você durante a sua luta com o meu antecessor.

— Shiryu...

— Escute seu esposo! Caso contrário... — a ponta do dedo de Henry brilhou com uma luz azul. — Você pode escorregar direto para o Yomotsu.

— Deixe-a em paz! — disse Shiryu, dando alguns passos para frente e abrindo os braços.

— Veja que ironia do destino, Shiryu. Quinze anos depois e é um Cavaleiro de Câncer que volta mais uma vez em Rozan para matar um rebelde do Santuário. O qual mais uma vez é o Cavaleiro de Libra.

— Espero que "mais uma vez" o Cavaleiro de Câncer não seja "cego" em relação a maldade do atual santuário.

— Então você sabe da situação do Santuário. Interessante. Para alguém que está prestes a morrer você fala demais. Shiryu, dessa vez não vai ter protagonismo da vida que te livre da morte. Vou enviá-lo ao Yomotsu apenas com a passagem de ida.

Henry ergueu o braço para cima com o indicador estendido e uma luz azul brilhou em seu dedo. A luz se propagou e então uns murmúrios começaram a soar. Em algumas partes o chão começou a tremer, a rachar, e então várias mãos cinzas abriram caminho de forma nojenta.

A luz do sol destacava a pele podre, os músculos em putrefação e até mesmos os vermes que comiam e corriam na carne morta. Os mortos estavam voltando a vida.

— São cadáveres? — perguntou Shriyu espantado.

Ao longe Shunrei observava tudo assustada. Ela deu um grito fino e tampou a boca com as mãos. Dava passos para trás entrando aos poucos de volta pra cabana.

— Espero que essa pergunta seja retorica. — zombou Henry. — Sim Shiryu. São cadáveres. E para ser mais exato, esses são os mesmos mortos que um dia salvaram você no Yomotsu. Graças a destruição do inferno eles vieram diretamente do outro mundo. Seja receptivo.

Henry falava com tom de deboche.

Shiryu lembrou então daqueles mortos que seguraram o pé de Máscara da Morte no momento em que Shiryu iria ser lançado no Yomotsu.

— Esses corpos nojentos é a casca da alma deles no Yomotsu. — Henry deu mais alguns passos e parou esboçando um sorriso. — Isso aqui é mais do que um assassinato contra você. Isso é uma revanche, Shiryu. — os olhos âmbar de Henry brilharam e se transformaram em um vermelho sinistro.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Próximo capitulo: O foco de Geki e Ban é apenas um: despertar o sétimo sentido. Só assim vão conseguir bater de frente com Jake e Hayato. "O limite do seu cosmo quem vai estipular é você. Ele pode ser limitado ou infinito." São essas as palavras de Jake para Ban.
Enquanto isso, na China os mortos gritam e a passagem para o Yomotsu é mais uma vez aberta em Rozan. Um dragão ruge na luta entre os dourados.

Capitulo 19: O herdeiro da vingança de Mascara da Morte.


Obrigado a todos que ainda permanecem aqui comigo e seja bem vindo você que está começando a me acompanhar. Lembre-se, opinião e sugestão são sempre bem vindas.



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