Segunda, 22 de Maio de 2008

Melissa Taylor

"Eu nunca soube o que é ser amada. Nunca tive ninguém que se importasse tanto assim comigo, nunca tive ninguém que não me culpasse por algo que aconteceu há anos. Nunca soube o que é amar.

Meus pais? Mortos. Família? Uma tia que me culpa por tudo. Amigos? Nunca deixaram eu sair da minha "torre". Esse sentimento de abandono está escrito em minha alma e eu não sei mais. Me dizem para não desistir, me dizem para acreditar que um dia melhora. Agora, nunca me disseram que essa melhora incluiria sete anti-depressivos e mais de duas tentativas de suicídio e nada disso me ajudou. Eu quero e preciso de ajuda. Me ajudem."

Eu escrevi em meu caderninho, um dia talvez alguém o lerá e me ajudará, mas ainda agora tudo que me resta é prestar atenção na aula de Espanhol. Chatice extrema.

Senti alguém cutucar-me no ombro e virei vendo Brian com um sorriso meio estúpido no rosto e, Deus, como eu amo esse sorriso estúpido.

"O que?" Sussurrei.

"Me encontra no parque no fim da aula. É uma surpresa," sussurrou de volta.

"Você não vai me contar nem se eu ameaçar sua tão preciosa bateria, né?"

"Isso aí," ele respondeu ainda sorrindo. "Agora vai prestar atenção!"

Eu me virei e balancei a cabeça ainda com um sorrisinho brincando em meus lábios.

Meia hora depois e eu ainda não podia sair desse inferno espanhol. Estoy presa! Encarar a janela nunca foi tão divertido como agora, eu esperava ansiosamente o sinal bater, o som da liberdade. E quando esse finalmente veio eu mal esperei para sair da sala e ir para meu armário. Não perdi meu tempo em jogar os livros lá dentro, pegar minha mochila e sair correndo para encotrar com Brian no parque perto da minha casa. Um sorriso em meus lábios enquanto ia contra o vento e o mundo. Minhas possíbilidades aparecendo a cada curva que fazia.

No parque, logo vi Brian sentedo em baixo da arvore que geralmente ficamos. Ele usava sua típica calça jeans colada com uma blusa preta , a mochila jogada na grama com um sinal de rebedia ao mundo. Olhava atentamente para o céu. Já falei que ele fica lindo quando está pensando? Pois bem, ele fica. Parecia pensar ao mesmo tempo em tudo e em nada. Seus olhos estavam vidrados em certo ponto nos céu. Os segui, olhava diretamente para uma ave, digamos que não identificada. A ave parecia livre fazendo manobras até hoje desconhecidas por mim.

Fui andando até ele sem fazer barulho nenhum, Coloquei as minhas mãos em seus olhos. Como primeira reação veio o susto, esperava isso, mas logo depois ele ‘tateou’ minhas mãos sussurando:

“Ora, ora se não é a senhorita atrasada.”

“Nem tão atrasada assim” respondi ao sentar-me ao seu lado.

“Você disse que tinha algo pra me mostrar…” Eu o incentivei a mostrar o que tanto queria saber o que ele tinha segredado durante toda a aula.

“Ah, sim,” disse pegando seu violão que estava ao seu lado e eu ainda não tinha percebido.

“Mel, por enquanto eu nem sei o que dizer e, como você mesma diz, quando palavras não são o suficiente use a música. Então senta aí e basicamente, ouve. Porque isso são meus pensamentos cantados,” eu estava quase começando a falar algo quando ele começou a tocar aquelas notas que eu conhecia tão bem, cantando:

“This world will never be

What I expected…”

Eu simplesmente me perdi em sua voz perfeita em meus ouvidos. Chorando e cada vez mais me apaixonando por esse ser perfeito em minha frente.