Gypsy escrita por Arabella


Capítulo 29
Broadway.


Notas iniciais do capítulo

GENTE!
gente!
pessoal...
Só digo uma coisa: não me matem. kkkk essa fic termina daqui pra próxima semana, então vamos ficar feliz com o capítulo e não a assassinar a amiga aqui, ok? kkkk
beijões e espero que gostem!
E desculpa. (u)



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O tempo passou como se passa no final do ano: voando. Como médica, minhas responsabilidades no hospital aumentaram, o que me deixava mais esbaforida do que já era. Meu único momento de distração, praticamente, era na lanchonete comendo o bolo com Sam. Este, alias, que se mostrou ainda mais divertido do que já era. Por algumas vezes até saímos juntos, para cinema ou para jantar – poucas porque era difícil coincidir nossa folga – Não havia acontecido nada também, ele parecia querer esperar meu tempo e isso me agradava.

Mal via Finn, na verdade, tenho que confessar, ficava estipulando o horário e esperando que ele saísse de casa, só depois pegava minhas coisas e saía. As vezes, depois que ele saia, subia até o andar dele e checava se a porta estava trancada, já sabia que, para quem mora em Nova York, ele era muito descuidado e sempre deixava a porta aberta. E eu, é claro, como uma boa vizinha não nova iorquina, trancava – eu não queria que aquela maravilhosa tv fosse roubada embora soubesse que ele podia muito bem comprar várias daquelas.

Eu não estava preocupada com ele. Faria isso por qualquer vizinho. Mas era só da casa dele que tinha chave. Viu? Merecia um título honorário de cidadã nova-iorquina. Hen?

Eu achei que os meses passando melhoraria o que sentia. Era o que todos diziam: o tempo resolve. O outono veio e foi embora, a neve começou a cair deixando Nova York ainda mais perigosa – é claro, que você acha que acontece com uma pessoa desastrada como eu num lugar branco e escorregadio?

Eu sei que todo mundo acha lindo, principalmente as pessoas do hemisfério sul, mas a neve não era tão linda assim. Pra começar, nos primeiros dias ela cai tão rala quanto chuva só que mais escorregadia. E depois, quando ela derrete, é um Deus nos acuda! É quase impossível atravessar todo o inverno sem escorregar na porta de sua casa a caminho do trabalho e ficar a semana toda dolorida. Como podem notar, a neve e eu não temos exatamente uma relação divertida e empolgante de amizade.

Mas voltando ao ponto, ao tempo resolver, não funcionou comigo. Eu ainda pensava em Finn. Para meu completo desespero, eu ainda sonhava com ele. Foi no começo de dezembro que cruzei com ele no corredor e fomos obrigados a dividir o elevador. Você tem que concordar, quase quatro meses depois daquela maldita formatura é um tempo recorde para não se encontrar com seu vizinho!

Eu tinha acordado atrasada naquele dia – uma quarta-feira branca, fria e insípida – Havia algum tempo que não me atrasava tanto, até porque não me atrasar era meu dispositivo para não encontrar Finn no corredor, mas dias como aquele me fazia enrolar e ficar na cama. A conclusão disso é que saí esbaforida e descabelada da minha casa, como costumava ser na minha época de residente, e pra piorar tive que enfrentar sete andares num cubículo fechado impregnado do meu perfume favorito.

O dia começou esplendoroso, não é mesmo? Finn pareceu não me notar, falando muito irritado no telefone, enquanto chamava o elevador. Eu havia me esquecido do quão elegante – e frio – ele era quando colocava o terno. Estava exatamente como sempre foi, seu terno alinhado, os cabelos penteados sem um fio fora do lugar, uma gravata lilás ma-ra-vi-lho-sa, seu sapato extra brilhante no pé e na mão aquela maleta horripilante. Eu praticamente tive um dejavú da epóca que o conheci – parecia uma década depois, mas ao mesmo tempo parecia que foi ontem. Sabe aquela história de o tempo não funcionar? Pois é. Funcionou muito bem para ele. Porque eu e nada no elevador tinha o mesmo efeito.

Ele estava com problemas. Eu podia ver pela ruga em sua testa enquanto ele quase gritava com o cara do outro lado da linha. Eu também podia ficar observando porque ele realmente não dava a mínima para minha presença.

– Espera, Brian. Tem alguém na linha – ele tirou o telefone do ouvido e apertou uma tecla – Fala, mãe. Eu estou bem... Por que não retornei? Estava ocupado. Sim, to sempre ocupado. Não sei se posso... A empresa tá cheia de problemas – suspira – Oi, pai. Não se preocupe, está sob controle. Sei exatamente o que perdi nesses meses, pai. Tenho que desligar – desliga fechando o olho e massageando as têmporas.

Estou prestes a perguntar o que houve quando ele pega o celular e volta a falar como tal de Brian.

– Era meu pai. Como você acha que ele está? Acabou de ver na tv que seu filho perdeu metade do patrimônio dele! Como assim o que está acontecendo comigo? É claro que eu ligo por ter ficado menos rico! Espere, Brian, tem outra pessoa na linha. Fala, Marley.

Eu travo, enquanto a porta do elevador se abre e ele sai.

– Sim, o jantar está de pé. Pego você as oito, está bem? Vá como quiser. Não, essa não é a melhor hora para discutirmos o modo como te trato. Tchau.

Respiro fundo segurando as lágrimas enquanto passo por ele o mais rápido possível. Esbarro, mas ele continua não me notando, enquanto volta a falar com Brian. Então, como se não bastasse, como se aqueles minutos não fossem o bastante para me destruir, ao abrir a porta da portaria do prédio e receber a rajada congelante de vento, piso em falso na neve acumulada ali e simplesmente caio de bunda na frente dele, depois de escutar um cuidado atrasado do porteiro.

– Ah, droga, ainda não tive tempo de limpar essa portaria. E você passou tão correndo que não deu tempo de avisar. Mil perdões, senhorita Berry.

Finn para ao meu lado e estende a mão. Meus olhos estão cheio de lagrimas e tudo que eu queria fazer era sumir, mas minha dignidade, juntamente comigo, está no chão.

– Não. Preciso. Da. Sua. Ajuda. – trinco os dentes.

Ele suspira balançando a cabeça então dá as costas saindo sem o menor problema do prédio, sem nem ao menos claudicar na neve escorregadia.

– Não foi nada, Brian. Apenas uma vizinha que escorregou na neve e caiu. Ah, sim, ela está muito bem. Na verdade, é bem típico dela. Como estava dizendo...

E não escuto mais nada. Mas ele já havia dito mais do que o suficiente. O “apenas uma vizinha” doeu mais do que minha queda. Muito mais.

– Eu estou bem – digo a meu porteiro preocupado enquanto ele me ajuda a levantar – Na verdade, meu vizinho tem razão. É bem típico da minha parte.

– Ah, não ligue pra ele. Esta cheio de problemas, coitado.

– É mesmo? –tento parecer desinteressada - Ele assente, notavelmente feliz por poder dividir aquilo com alguém. Enquanto tiro a neve da minha calça ele pega o jornal do balcão e me mostra a capa.

“O empresário Finn Hudson perde mais dinheiro na bolsa”

Leio algumas frases a solta dizendo que mesmo sendo conhecido por sua sagacidade de fazer multiplicar o dinheiro, nos últimos meses ele não vem tendo tanta sorte assim nos negócios.

– Ele está falido? – pergunto preocupada

– Não. A família dele é muito rica pra isso. Ele nem precisava morar nesse prédio simples. A empresa dele perdeu alguns dos investidores mais importantes e começou a valer menos na bolsa. Nada que o assuste. Na verdade – ele diminuiu o tom, como se fosse contar um segredo – Há boatos de que naquela queda da garagem, lembra? Que você cuidou dele? Então, estão dizendo que ele quebrou mais do que os ossos – me olha

– As pessoas falam de mais – desconverso – Ele é um empresário muito dedicado, tenho certeza de que vai superar.

– Ah, sim, sem dúvidas de que sim. - Entrego o jornal a ele.

– Preciso ir. – digo olhando assustada pro relógio – Ah, meu Deus!

– Tenha um bom trabalho. E cuidado!

– Obrigada e tchau.

Saio cuidadosamente do prédio e decido ir de taxi. Antes gastar uma fortuna do que correr o risco de cair outra vez e não chegar no hospital. No hospital eu precisei me encostar no armário para respirar e me acalmar. Pro todo o caminho eu só consegui derramar lagrimas. Ele tinha outra. Marley. Nome de vadia fútil.
A cara dele... Que fosse muito feliz. Eu aposto que ela vinha de Bervely Hills, tinha silicone por todo corpo, malhava cinco dias por semana e tinha o cérebro menor que um caroço de azeitona. Se era típico meu cair na porta do prédio, era típico dele sair com versões de Barbie. Eu não devia ter me abalado. Claro que não.

Havia se passado quatro meses. Ele era um homem solteiro, rico, desimpedido. Pode muito bem sair com quem quiser. Mas eu não conseguia tirar essa dor por saber que a vida dele continuou como se não lhe fizesse a mínima diferença eu não estar nela.

– Eu, tudo bem? – Santana fala do meu lado

– Vai ficar.

– Aconteceu alguma coisa?

– Levei um tombo a caminho daqui.

– Essa neve... – sorri – Mas eu gosto dessa época. Já montou sua árvore de Natal?

– Meu Deus, é verdade, estamos perto do Natal!

– Em que mundo você estava Rachel que não viu as luzes da cidade?

– Ando meio distraída.

– Você é sempre distraída. Mas aproveitando, alguém já te convidou? –e sem esperar que eu respondesse continua – Vamos nos reunir no dia 24 lá no Rockfeller Center, quer ir?

– Quem vai? – disse claramente preocupada com o nós.

– Ele não vai. Vai estar na Califórnia com os pais. O pessoal do hospital, Quinn também já confirmou...

– Ninguém vai trabalhar na véspera?

– Bem, algumas pessoas vão, certamente. Blaine, por exemplo, vai trabalhar até as oito, mas como Quinn confirmou ele disse que vai –rolou os olhos. - Dou um sorriso, pelo menos minha amiga se acertou.

– Sam vai?

– Se quiser chamar... – deu de ombros

– Ok. Não vou fazer nada na véspera porque tenho plantão no dia 25. Agora vou trabalhar antes que recebo uma falta ou, pior, uma advertência!

O dia passou tranquilo. Tranquilo de mais pro meu gosto. Tudo o que queria naquele dia com neve era trabalhar muito, para não conseguir pensar em nada.. Mas o dia passou devagar, quase sem contratempos. Um ou dois acidentes mais graves, e o resto todos os pacientes já esperados. Isso não ajudava em nada, porque eu ainda pensava na tal de Marley, em como ela era e se ele gostava dela, principalmente. O meu único consolo era que aparentemente ela tinha o mesmo sucesso que eu quanto a tira-lo do trabalho.

– Olá – Sam sorriu quando entrei na lanchonete – Tudo bem? –empurrou o pratinho de bolo pra mim.

– Acho que sim.

– Acha? Você está com uma cara péssima.

– Caí ao sair do prédio. Está doendo. – omito que grande parte da dor é por outro motivo – E Finn viu.

– Agora está explicado. Ele riu?

– Antes tivesse. Pelo menos teria me notado.

– Rach, você deveria esquecê-lo.

– Acha que não sei?

– Ok. Não vamos falar disso então. Tenho dois convites pra um espetáculo da Broadway pra hoje. A gente pode jantar e ir. Que tal?


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