Gypsy escrita por Arabella


Capítulo 16
Trégua.




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No dia seguinte, Blaine me vê e fica assustado.

– O que você está fazendo aqui?

– Pode não parecer, mas eu trabalho aqui.

– Eu sei, mas Finn Hudson me ligou agora pouco falando que você tinha passado muito mal ontem e pediu para que eu liberasse você do trabalho.

– Pelo amor de Deus! – respondi com um suspiro aborrecido – Foi só um enjôo, nada demais.

– Então é verdade, você esteve mesmo mal? Pensei que era só uma desculpa que vocês tinham armado para ficarem mais tempo juntos.

– Blaine, não foi nada, é sério – respondi fazendo um coque no alto da cabeça.

– Rachel, vai para casa, você está mesmo um pouco pálida como ele falou. Até porque eu já tinha mesmo liberado você do trabalho.

– Mesmo sabendo que tinha uma grande possibilidade de ele estar mentindo? – perguntei, incrédula.

– Sim, porque não? Ele é seu paciente, se você passasse o dia com ele, não estaria a toa, ficaria cuidando dele.

– É, mas ele tem uma enfermeira para isso. Assim eu posso fazer meu trabalho em paz – falei enquanto terminava de colocar meu jaleco, em seguida saí da sala que eu estava rumo ao trabalho, sem esperar pela permissão de Blaine.

Como posso definir esse plantão?... Atrapalhado? Atarefado? Cansativo? Bem, acho que um pouco dos três. E doze horas depois, quando cheguei ao apartamento de Finn logo depois do jantar, ele ainda teve a audácia de dizer:

– Porque demorou tanto?

– Porque eu estava trabalhando – respondi, mesmo que aquela fosse a pergunta mais obvia do mundo.

– Mas você tinha sido liberada, eu tinha falado com o Blaine...

– Eu não quero falar disso agora – cortei logo de antemão – Estou tão, tão cansada... Só vim aqui ver se seu hematoma melhorou, se você comeu direito e tomou os remédios.

– Está tudo bem, - ele respondeu – pode ir dormir, sonhe comigo. De novo.

– Como é que é?! – perguntei perplexa.

– Falei está tudo bem, apesar de às vezes o machucado doer um pouco...

– Não se faça de sonso, estou falando da outra parte.

– Não se faça de sonsa eu sei que você ouviu. Além do mais, você sabe que sonhou comigo ontem.

– Não seja absurdo! Se eu sonhei com você não foi sonho, foi um pesadelo.
– Não foi o que pareceu, a julgar pela maneira que você sussurrava meu nome – ele falou todo satisfeito.

– Você é patético – disse com desdém – agora vai ficar vigiando meu sono para procurar coisa para me incriminar?

– Não é crime sonhar comigo – ele era mesmo muito cheio de si – e eu também sonho com você.

– Aposto que foram pesadelos – falei ressabiada.

– Não, na verdade foram muito bons – ele falou e um sorriso surgiu em um dos cantos da sua boca, como se ele estivesse repassando o sonho na sua cabeça, como se estivesse gostando dele. Ah não, droga, fiquei curiosa.

– Como foi? – perguntei antes de pode me reprimir. O sorriso dele abriu mais ainda.

– Acho melhor você se sentar para escutar o que aconteceu.

Rapidinho eu me sentei na frente dele, ele também se ajeitou na cama como quem estivesse se preparando para contar uma longa história. O sorrisinho permanecia grudado no seu rosto, estava meio que me irritando e também, me deixando um pouco curiosa.

– Quer mesmo saber o que aconteceu? – ele perguntou.

– Ah Finn, se for para você ficar com esses seus joguinhos de mistérios eu nem quero mais saber, sinceramente você é tão...

– Tudo bem, – ele falou segurando minha mão, para me fazer parar de falar – na verdade o que aconteceu foi... Isso... - Ele me deu um puxão pela mão que me aproximou bastante dele. Por um segundo consegui ver nossos rostos a dois centímetros de distancia, no próximo seguindo essa distancia não existia mais e a boca dele estava colada na minha.

Isso não estava certo! Gritou minha consciência assim que sentiu o primeiro contato. Mas dessa vez meu corpo não respondeu. Eu simplesmente abri a boca para que ele pudesse acrescentar o beijo. Bem, minha consciência ponderou, só vai ser mais essa vez, é melhor que valha a pena. E valeu. Ele soltou o coque do meu cabelo e depois passou pelos meus cabelos, ele tinha um gosto mentolado, eu gostava desse gosto. Não acredito, eu gostava do gosto dele.

Tão rápido como começou, o beijo tinha terminado, e confesso, achei que ia durar mais um pouco.

– Porque você fez isso? – perguntei. Confusa? Ofegante? Encantada? Acho que um pouco dos três.

– Trégua. Foi um beijo de trégua – ele explicou. Eu não sabia o que falar depois daquilo. Eu era mesmo uma pessoa muito má, tudo bem que Finn provocava o pior que tem em mim e antes que eu desse conta já estava fazendo coisas que faria minha mae sentir profunda vergonha de mim. Eu sei, mas com ele eu perco as estribeiras e desço do salto. Só que mesmo depois de tudo, mesmo eu tendo deixado uma marca roxa horrivel nas suas costelas, ainda assim ele continuava cordial, ele ainda queria uma tregua. E, pelo visto, ainda queria me beijar.

Isso me deixava mais confusa do que eu já sou naturalmente. Finn e eu ficamos nos olhando, em silencio. A mao dele brincava com o meu cabelo, que devia estar um balaio de gato, já que ficou o dia todo preso num coque ridiculo e longe de uma escova.

– O que me diz? –ele falou baixo, rouco

– Sobre? – falei vacilante. Seus carinhso em meu cabelo estavam me dando sono. E meu corpo cansado pedia uma cama urgentemente. E, se eu continuasse ali eu dormiria sentada!

– Uma tregua –ele deu um sorriso

– Acho... negociavel. - Eu estava parecendo uma demente daquele jeito! Pelo amor, o cara só está fazendo crinho na minha nuca e no meu cabelo e eu já estou toda derretida assim? ALÔU! Isso é vergonhoso!

– O que exatamente quer negociar? - Nesse momento? Nada. Só a minha cama e uma boa e renovadora noite de sono.

– Posso dar uma trégua se você se esforçar em diminuir a falta de educação e a prepotência.

– Hm... acho justo. Mas posso pedir algo em troca? Um beijo. Vamos, diga que quer um beijo. Aproveita que eu to facinha facinha!

–Você pode tentar ser mais doce e menos agressiva? - Ah! Isso.

Assenti, enquanto finalmente conseguia me afastar dos carinhos e de seu rosto. Ele estava falando sério, aquele foi só um beijo de trégua. Ele não iria me beijar mais. Tinha que me acostumar com isso. E não que eu estava me lamuriando porque ele não queria me beijar, Por favor, ele é só Finn Hudson, um cara chato e prepotente, que tem uma mala de trabalho horrível e nem parece homem quando está com dor. E daí se ele tem um hálito gostoso, um cheio másculo, ombros largos e beija muito bem? Tenho certeza que existem outros milhares de caras como ele espalhados por Manhattan!

E com menos crises histéricas também.

– Aonde vai? – disse quando eu levantei

– Pra casa. Pra minha casa –completei –Só vim ver mesmo se comeu e tomou os remédios direito e se não estava com dor.

– Não estou com dor e Santana cuidou muito bem de mim. - Ah, claro. Santana. Conti uma careta e voltei a prender o cabelo, que era o melhor que eu fazia.

– Parece que você fez muito bem em defendê-la para seu supervisor aquele dia. É uma enfermeira bastante esforçada e responsável, não concorda? - Respira fundo, Rachel! E controle-se. Lembre-se que você aceitou dar uma trégua, uma cessação de hostilidade, para acalmar os ânimos. Não vai destruir tudo nos primeiros cinco minutos.

– As pessoas surpreendem – dei de ombros

– To começando a crer nisso. Boa noite.

– Ah! Quase que me esqueço! –dei um tapa de leve na testa – Tenho uma boa noticia para nós. - Mordi o lábio, mas a palavra “nós” já tinha escapulido. Já tinha feito seu estrago, se alojando no meu coração o que o fez bater mais forte. E, pior! Me fez gostar do sentido nós, ele e eu, juntos, num só lugar, numa mesma sentença.

Eu preciso mesmo dormir, antes mais merda ainda. O que é bem provável com essa boca grande que tenho.

– Sim? –ele não pareceu perceber meu dilema interior

– Depois do almoço, amanhã, você tem uma consulta com Blaine. E, se tudo correr como eu espero, vai poder desimobilizar a perna.

– E isso é bom para nós? - Fingi não ouvir a flexão em sua voz.

– Sim, porque, então, você vai poder sair dessa cama. E vai entrar na segunda fase de tratamento.

– E quantas fases são? – ergueu a sobrancelha

– Três –sorri - Mas depois eu explico como tudo funciona. Eu preciso mesmo dormir. Até amanha.

– E sonhe comigo! - É, ele até queria uma trégua, mas não queria parar de me provocar


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Notas finais do capítulo

Uns comentarios não fariam mal, né? (u)



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