Se passaram, um, dois, três, quatro... dez dias e dois meses em que Kat e Patrick não se falavam. Ela andava cada dia mais ocupada com os estudos, e o estagio. Ele além de estudar estava trabalhando em uma lanchonete, precisava ajudar nas despesas.
Sobra de tempo um para o outro: Zero.
Se passaram alguns meses e até um simples "oi, estou bem" não era mais trocado pelos dois. As vezes Kat pensava que ele tinha a esquecido, ou tinha encontrado outra garota... esse era o motivo das lagrimas que ela derramava todas a noites.
Patrick tinha quase certeza de que o tal do Victor Jones tinha conseguido roubar sua garota, por isso ela nunca ligava. Aquilo partia o seu coração e ele se perguntava "Será que ela está mais feliz sem mim?", preferia acreditar que sim, pois vê-la triste seria uma facada em seu peito, então a imaginava feliz não importa com quem seja, era bem mais confortador.
O retrato dos dois continuava no mesmo canto, nenhum deles tinham tirado a foto do lugar em que estava, era o único meio de se ver perto um do outro. As lembranças deles eram a única salvação.
Em momento de pura coragem Kat pegava o telefone e discava o numero dele... mas nunca atendia. Ao ver a ligação ele retornava... mas nada de escutar a voz que ele tanto queria ouvir.
Tirando todas essa tristeza deles, na faculdade ia tudo melhor do que nunca. Patrick se destacava bastante, e mesmo Kat sendo odiada por mais da metade da classe ela era a queridinha dos professores. Diferente do colégio Pádua, em que sua inteligencia nunca fora reconhecida.

–Fiquei sabendo que você é a mais nova menina dos olhos dos professores.-Victor diz ao ve-la no corredor com suas dezenas de livros nas mãos.

–Pois é, isso é apenas o reflexo do meu esforço. E eu estou me esforçando mesmo, principalmente na questão de abrir mão de falar com meu namorado para estudar. Na verdade eu nem sei se ele é mais meu namorado... faz um bom tempo que a gente não se fala sabe.

–Imagino.-Ele responde desprezando aquele assunto. Não havia um dia em que Kat não falasse dele. No inicio era até mais fácil escutar, mas agora... ele não aguentava escutar o nome Patrick, não aguentava saber que a garota que ele gostava ainda estava tão ligada assim a outro cara.-Já passou pela sua cabeça que está na hora de seguir em frente? De procurar outro homem, algum que esteja perto de você, e não do outro lado do país?

–Você é engraçado Victor. Mas não, não acho que devo procurar outro homem. Primeiro, porque eu não tenho tempo nem pra mim, imagine para um cara. E segundo, eu ainda não esqueci o Patrick, e não quero esquece-lo.-Fala em um tom autoritário.

Enquanto isso em Seattle, Patrick focava no professor a sua frente e copiava tudo o que escutava dele. Nada era igual ao colégio, tudo cobrava mais seriedade, atenção e dedicação.

–Ei! Ei garoto!-Uma voz atrás dele o perturbava e jogava algumas bolinhas de papel. Tal vez ele estava um tanto enganado sobre as coisas não serem como no colégio.

–O que é?-Fala irritado virando para traz.

–Calma nervozinho! Só queria pedir suas anotações para depois da aula. Vai poder me emprestar?-A garota de cabelos longos e negros pergunta.

–Ok. Posso sim.-Responde e vira novamente para frente e dando continuação a sua escrita.
Seu novo jeito até o surpreendia. Quem sabe ele pegaria uma salsicha e faria uma brincadeira no refeitório só para dar uma descontraída e mostrar para si mesmo que nem tudo está diferente.
Sim, Patrick sentia falta das suas rebeldias e dos boatos falsos espalhados sobre ele. Ninguém abaixava o tom de voz ou cochichava algo quando ele passava pelos corredores, agora ele era apenas o "cara que cursava direito e que tinha um sotaque australiano".
Ao fim da aula, quando estava prestes a entrar no carro, a garota perturbada que estava sentada atrás dele na sala o chama.

–Eu te procurei na sala, mas você não estava mais lá.

–Costumo sair logo. Eu trabalho no Donny's, uma lanchonete que fica aqui perto, e o meu horário é daqui a cinco minutos.-Explica.

–Eu só quero as suas anotações emprestadas, só isso. Eu te entrego hoje ainda, sei onde fica o Donny's, eu posso passar lá para lhe devolver.

–Tudo bem. Mas agora eu preciso ir mesmo, eles descontam toda vez que eu chego atrasado.

–Oh, desculpe. E obrigada.

P.O.V Kat Stratford.

–Samantha como essa mancha de tinta veio parar no meu travesseiro?!-Eu grito no quarto ao ver a enorme mancha azul.

–Desculpe Kat! Foi sem querer! Eu estava pintando esse quadro, e com meu desastre eu acabei derramando um pouco de tinta ai.

–Desastre mesmo em. Por que de todos os lugares do quarto tinha logo que ser no meu travesseiro?

–Mas veja pelo lado bom, além de ter um travesseiro personalizado, vai ter quadro novo também, porque esse aqui eu pintei especialmente para você.-Diz me entregando uma tela media, onde tinha pintado um casal se beijando em uma ponte que ficava em cima um lago.

–Está muito lindo Sam, quem são?

–Você e o seu namorado. O objetivo da tela era expressar a paixão, e o único exemplo real disso que eu tinha era você e o seu namorado. Espero que não tenha se importado com isso.

–Não, não me importo. Aliás eu amei! Obrigada.

–Sei que não fala com ele a um bom tempo, e vejo que está triste por isso. Antes quando não estava estudando ou falando com ele ao telefone, você estava discutindo comigo, e agora nem isso você faz mais! Eu sinto falta do seus berros as vezes sabia? Me lembra a minha casa.-A maluquinha explica, e eu abro os braços a chamando para um abraço.

–Obrigada mesmo Sam, você é incrível. É uma ótima amiga. Me desculpe as vezes em que me estresso com você... mas eu sou assim.

–Eu sei disso, já me acostumei, gosto de você assim. É uma boa amiga também.

–Já que acho que não tenho mais o meu namorado, pelo menos ainda tenho amigos.

P.O.V Patrick Verona.

–Ei Verona, tem pedido na mesa 7. Vai lá atender.-Kim, minha colega de trabalho no Donny's me avisa apontando para a mesa e com uma das mãos ocupadas com uma bandeja.

–No que posso ajuda-la?-Pergunto abordando a cliente, pegando meu bloco de anotações no meu avental ridículo que era obrigado a usar.

–Olá garoto estudioso!-A cliente responde, e era aquela mesma garota da faculdade.-Vim lhe devolver suas anotações. Nossa, você anota coisa demais em!-Diz entregando meus papeis.

–Só estou fazendo na faculdade tudo o que não fiz no colégio, ou seja, estudando.

–Surpreendente. Mas infelizmente eu com minha mentalidade não vou pra lugar nenhum na faculdade.

–Que pena senhorita. Vai pedir alguma coisa ou não?

–Não, só vim lhe entregar o que é seu. E para o seu governo o meu nome é Marcina, senhorita é formal demais.

–Ok senhorita, se não se importa agora eu tenho outras mesas para atender. Valeu por ter devolvido minha anotações.-Digo, me retirando dali e voltando a fazer meu trabalho.