Please Be Mine escrita por BlazingHeart


Capítulo 15
Capítulo 15 - Relembrar não é nada interessante




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488266/chapter/15

Meu corpo me traiu naquele momento, ficou parado, paralisado. Samuel estava ali bem na minha frente. Todas as lembranças vieram como uma torrente de água; preencheram minha mente e me atordoaram de uma maneira agressiva.

— Dave. — sua voz era sutil e fria, seu sorriso parecia expressar seu deleite pelo que ocorria aqui. — Faz um tempo não?

Eu fiquei ainda mais atordoado. Sua frieza era de se admirar, como poderia se dirigir a mim com tamanha frieza?

— V-Você. — minha voz falhou, meu semblante continuava estarrecido. — Como você tem coragem? —seu sorriso aumentou e seu olhar me atingiu em cheio. — O que você quer de mim? Já não bastava o que você fez?

Minhas palavras pareciam não o atingir, e sim o divertir. Seu olhar e expressão pediam que eu continuasse. Pediam para que eu fosse a vítima, e ele o vilão malvado. No mesmo instante em que percebi isso, parei e tentei me acalmar. Olhei para trás e Alex estava olhando muito apreensivo, seu olhar não o deixava esconder isso.

Ouvi passos e rapidamente virei para frente, Samuel havia se aproximado de mim. Ele não tinha mudado muito com o tempo, seus olhos continuavam infinitamente negros, inexplorados, misteriosos. Seu rosto tinha ficado mais bonito e harmonioso com o os detalhes de sua face. Sua aproximação foi muito intensa, eu sentia sua respiração e ouvia o som característico da mesma. Ele pegou meu queixo com a ajuda de seus dedos indicador e do meio e começou a se aproximar, rompendo a zona segura que queria estabelecer. Só senti um empurrão e ele caindo no chão, tinha fechado meus olhos antes de sua invasão a minha segurança, fui abrindo meus olhos lentamente e vi a cena: Samuel estava no chão, Alex estava por cima dele, o prendendo no chão com suas pernas e elevando o rosto de Samuel pela gola da camisa com sua mão esquerda, enquanto sua mão direita estava fechada um pouco acima do rosto sádico de Samuel.

— Não chegue mais perto dele. — a raiva era presente na voz de Alex.

— Ora, ora, vemos que arrumou alguém pra te proteger? — seu tom de voz era de zombaria. — Me largue. — acrescentou, mas Alex continuara ali estático.

— Amor, ele não vale a pena. — minha voz demonstrava meu atordoamento.

— Amor!? — Samuel estava com um sorriso na face. — Interessante...

Ele não tinha intenção de continuar falando, e mesmo se tivesse não conseguiria, pois logo em seguida um soco foi desferido em sua face. Alex saiu de cima dele e veio para o meu lado, pondo seu braço a minha volta, me protegendo e expressando que eu era propriedade dele e de mais ninguém.

Samuel pôs a mão sob a face, tentava amenizar a dor desse jeito, seu sorriso sádico saiu de controle e se tornou numa expressão de raiva que o mesmo tentava não deixar transparecer tanto.

— Um namoradinho? — o tom de voz dele era imutável. — Achei que não confiaria em mais ninguém desse jeito depois do que aconteceu. — acrescentou, sua expressão de raiva reprimida era tão assustadora quanto o sadismo que tivera estampado em seu rosto.

Alex olhou bem dentro dos meus olhos, eu respondi isso com um olhar que dizia: Te conto mais sobre isso, depois. Ele pareceu ter entendido e sua mão se tornou mais firme em meu ombro.

— O que você faz aqui? — disse tentando demonstrar calma. — Achei que nunca mais voltaria, esperava isso na verdade.

— Te decepcionei? — ele realmente ria de mim e dos meus sentimentos. — Estou de volta, não pretendo sair tão cedo. Meu lindo Dave.

Aquelas palavras me atingiram de uma maneira brutal e me deixaram atordoado. Lembrei de olhar Alex, seus olhos pareciam pulverizar Samuel, reduzi-lo a nada além de pó. Eu me aproximei dele e aninhei-me no seu abraço, tentando amenizar aquilo e mostrar que eu era dele e que as palavras de Samuel eram apenas para tentar tirar nossa calma. Ele entendeu e fez o que era mais certo: me tirou dali. Eu estava muito atordoado para fazer isso por mim mesmo, então Alex me conduziu até o lado de fora e fomos para a casa dele.

— Ele não tem o direito. — gritou Alex, esmurrando a parede.

— Tenta relaxar, ele não importa nada para mim. — depois que ele desferiu socos na parede, eu fui para frente dele e olhei profundamente para aqueles olhos expressivos. — Tenho que chamar Clare, ela está envolvida nesse assunto tanto quanto eu.

Clare não demorou chegar, meu tom de voz era bem preciso quanto à gravidade do problema, e com isso, a velocidade que ela precisava chegar aqui. Sua expressão estava dividida entre um sorriso de felicidade e um semblante preocupado, ela parecia não ter dormido direito por dias. Comecei a falar tudo, detalhe por detalhe do meu encontro conturbado com o passado que tentara deixar escondido junto com minhas piores lembranças no interior da minha mente. Sua expressão ficou sombria, ela sofrera ainda mais com que Samuel tinha feito.

— Ele não pode ter voltado. — sentou e fez uma expressão assustada. — Se ele tentar de novo?

Alex me observou esperando uma resposta para isso, esperava que eu contasse tudo o que aconteceu.

— Samuel, ele nos separou. — meu olhar pousou em Clare. — Ele nos enganou. Me humilhou. — hesitei, vi os olhos de Clare marejarem. — Ele sabia que eu tinha uma paixão por ele, então decidiu me deixar aproximar e o que eu sentia foi crescendo e eu não imaginava que ele estava me enganando. — minha respiração me traiu. Não me sentia bem falando sobre essa lembrança do passado. — Ele namorou comigo por um tempo. — hesitei em continuar, meus olhos também começaram a marejar. Clare já estava chorando. — Me traiu com uma garota e me humilhou na frente de todo mundo. — os olhos preocupados de Alex continuavam ali, exigindo mais detalhes. — Me senti um lixo. — respirei profundamente, uma lágrima desceu pelo lado esquerdo do meu rosto. — Não bastava isso, ele conseguiu a confiança de Clare e humilhou ela com sua sexualidade. — Clare estava agora recomposta, olhando para o vazio. — Clare sofreu muito com isso, causou traumas nela e em mim também. — queria parar ali, mas não achei suficiente. — Ele fez tudo isso para se divertir.

Era impossível usar algum modo de medir a raiva e o ódio presentes no olhar de Alex. Ele me beijou logo depois que falei; levou seus dedos ao meu rosto e limpou a lágrima que tinha dali, escapado. Eu sorri para ele. Então saindo do meu lado, ele chegou até Clare e a abraçou. Ela pareceu surpresa, eu nem tanto.

— Vamos fazer algo juntos? Daqui a pouco? — sugeriu Alex, depois de incontáveis minutos de silencio depois da conversa.

Clare e eu nos entreolhamos e sorrimos, assentimos virando para Alex. Ele sorriu. Aquele lindo sorriso que nunca cansava de apreciar. Voltei com Clare para casa e fomos nos aprontar para nos divertimos um pouco e então, tentar esquecer uma porcentagem dos problemas que vinham com Samuel.

Depois nos encontramos com Alex. Jullie estava dormindo, tinha contraído uma gripe e estava doente aos cuidados dos pais. Aquela noite foi descontraída e nos ajudou a esquecer um pouco os problemas, tentamos não namorar tanto porque senão, Clare ia sobrar e criar um clima chato ali. Tirando isso, a noite foi perfeita. Alex foi dormir na minha casa. Dormimos abraçados naquela noite anormalmente fria, ele me protegia do frio com seu calor corporal e dos pensamentos preocupados com seu cheiro inebriante e a sensação protetora de seus braços à minha volta. Como torres me protegendo.

Passaram-se algumas semanas desde a aparição de Samuel. Me preocupava ele não ter feito nada ainda, ao mesmo passo que me aliviava. Clare estava ansiosa, mas não tinha me contado o motivo, parecia algo magnífico, pois nunca vi aquela ansiedade nela. Espero que seja algo bom, pois tudo estava correndo bem. O projeto escolar foi um sucesso, elogiaram minha liderança, estava tudo indo muito bem e esse clima calmo era meio torturando. Certa vez vi em algum lugar que: “O silêncio que precede a batalha, é tão aterrorizante quanto a própria”. Algo do tipo, isso se encaixava com o que estava acontecendo.

No fim de semana fui acordado por uma ligação.

— William! Urgente! — Clare, gritava histérica, aquilo me preocupava. — Venha aqui! Urgente!

Tentei sair o mais rápido que pude e me encontrar com Clare. Sua expressão quando a encontrei era muita coisa junta para que eu pudesse definir uma só.

— Queria contar que aconteceu algo. — sua voz era uma confusão tão grande quanto sua expressão. — Finalmente aconteceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Please Be Mine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.