— Cla-cla-ro — Gaguejou Anne, mas enfim topou— Mas como vocês sabem que hoje é meu aniversário? E como eu vim parar aqui? — Ela fitou os irmãos, um de cada vez.

— Você nos contou, mas estava muito bêbada para se lembrar. — Respondeu Ben instantaneamente.

— Acho que bêbada não seria uma definição adequada para ela... Ela estava em coma-alcoólico! — Interferiu Jack, colocando os braços frouxos sobre o pescoço da moça e dando seu típico risinho irônico e a morena em sinal de apreensão se sentiu a vontade naqueles bíceps volumosos e desenhados.

— Defina Coma-alcoólico, gostosão.

— Coma-alcoólico é quando o Ben precisa te dar banho porque você não se aguenta em pé e está fedendo.— Anne pôde sentir suas bochechas corarem, ao ouvir Jack responder sua pergunta. — Além do mais, quando geme o nome de minha prima durante o sono.

— Ai meu Deus, me desculpe Ben! — Fala Anne, levemente constrangida. Ela gesticula lentamente as palavras, como se fosse uma eternidade cada sílaba.

— Desculpe por quê?! Pra ele foi um prazer te ver nua. — Enquanto Jack dizia, fazia movimentos com as mãos em forma de um corpo violão e fazia expressão de prazer.

— Jack! — Ben gritou repreendendo o irmão.

Ben se aproximou da morena e a chamou para ir tomar café. A puxou pelo braço e deslizou sua mão para encontrar a de Anne.

Anne de mão dada com o rapaz, enquanto caminhavam em direção a cozinha, passou a mão que não estava ocupada no cabelo negro, desgrenhado, tentando penteá-lo numa tentativa fútil. Deslizou então, a mão para o corpo e pode sentir a ausência de sutiã e usava a blusa de Ben — ou seria de Jack? — e percebeu que estava rebolando e olhou para trás num ato constrangido para verificar se Jack estaria olhando. E lá estava ele, olhando descaradamente para seu bum-bum. Ela riu de canto, baixinho e fitou seus olhos. Jack percebeu que a moça havia percebido e riu freneticamente, num ato nervoso e compulsivo. Ela riu novamente e dessa vez quem corou foi ele. (Jack, sem graça)

Os três já estavam na cozinha, quando Ben se manifestou.

— Anne, o que vai querer comer? — Anne olhou para a mesa, que como antes, estava farta e colorida.

— Tem tanta coisa que eu nem sei... Pra que tudo isso? — Perguntou a morena, sem graça e sem jeito, ainda de mãos dadas com o rapaz.

— Ah, é que a Jude, nossa empregada, vem e prepara tudo isso. O que sobra fica pra todos os funcionários que trabalham aqui. — respondeu Ben, a soltando. — Vamos sentar?

Os três estavam sentados. Os irmãos do lado direito da mesa e a morena do lado esquerdo, só.

Ben pegou pão integral, passou pasta de manteiga e comeu bebendo cappuccino. Jack estava comendo hambúrguer (?) de maneira bem desagradável. Enfiava pedaços enormes na boca e mastigava rapidamente enquanto bebia um suco.

— Está comendo como um porco Jack. — Implicou Ben.

—E eu por acaso ligo? — Respondeu Jack, levantando a sobrancelha e dando um leve riso sarcástico enquanto terminava de comer.

(Jack comendo)

Anne observava os dois discutindo enquanto comia um pão doce, recheado com creme, coco jogado por cima, duas cerejas e açúcar cristalizado cobrindo tudo. Bebeu duas xícaras de café quente e percebeu que durante alguns minutos, ninguém estava falando mais. Terminou de comer o pão e olhou para Jack que se deliciava ao vê-la enquanto tomava um cafézinho e piscava.

(Jack novamente)

— Sua beleza é excepcional, pequena!

— Eu sei que você está apaixonado pela minha bundinha!

Todos caíram na gargalhada e pouco tempo depois, quando todos ainda estavam recuperando o fôlego, Anne perguntou aonde estavam suas roupas da noite anterior. Ela estava incomodada pois a metade de sua coxa estava de fora, com aquele blusão. Jack disse que estavam lavando e ela perguntou sobre sua bolsa. Bem a entregou a bolsa e ela, pegou um maço de cigarro e tentou esconder. Entrou no banheiro e fumou o primeiro, depois o segundo. Saiu do banheiro e junto com ela veio uma fumaça fedorenta. Ela percebeu que Jack estava em pé, encostado na parede de frente para a porta do banheiro.

— Pare de fumar, Anne.

— Eu preciso voltar pra casa, pôr uma roupa.

— O Ben já foi no seu apartamento. Encontramos o endereço na sua bolsa e demos baixa na sua hospedagem. Você vai passar um tempo aqui, conosco.

— Mas, mas, mas... Como assim? — perguntou Anne, perplexa.

— Você não vai ficar usando cartões fraudados para se sustentar, Anne. Fique aqui conosco, afinal, você não tem nada a perder.

Anne ficou quieta, consentindo.

— Eu preciso de uma roupa, ainda sim.

— Ele trouxe para cá sua caminhonete velha com suas roupas. — Respondeu Jack.

— Olha como você fala do meu baby! — Prosseguiu Anne, enfurecida por ele ter falado mal de seu carro.

— Bem separou uma roupa para você. Tá na cama onde você dormiu. Pode tomar banho lá e suas escovas de dente estavam um lixo! Já providenciamos outra.

— Vê se pode! — Respondeu Anne, por instinto.

Ele a levou no quarto e ela tomou um banho longo e perfumado. Pôs a roupa que Ben lhe escolhera e pôs uma fragrância que os irmãos deixaram para ela. (Anne)

Na porta de seu quarto, quando saiu, uma senhora veio falar com ela.

— Olá, eu sou Jude, a anfitriã dessa casa. Vou te levar ao jardim aonde os meninos se encontram.

Elas seguiram caminho caladas, com Anne sorridente. Anne percebeu várias pessoas uniformizadas ao longo do caminho e depois de algum tempo ziguezagueando pela glamourosa casa, chegaram ao fantástico jardim. Tinha uma piscina maravilhosamente grande, um gramado impecável, uma churrasqueira, uma chaminé na área coberta, mesas, máquinas de som, coqueiros e várias espécies de plantas e flores. Anne estava de queixo caído com tamanha perfeição. Os meninos também haviam tomado banho e usavam roupas diferentes. Estavam sentados na cadeira, perto da mesa e a convidaram para ir para lá. Com tanta coisa pra olhar, Anne esqueceu de agradecer a Jude e continuou a caminhar. Após atravessar o caminho de pedrinhas, chegou neles e se sentou. (Ben e Jack)

Ao longo da manhã, eles conversaram com Anne que era errado fazer falsificação em cartões e coisas desse tipo. Conversaram como ela foi parar nas prostituições e ela disse que não gostava do que fazia. Falaram de seus vícios: Anne era viciada em café e cigarros, Ben era viciado em pesquisas e em salada e Jack era viciado em prostitutas, tortas e hambúrguer, além de fritura e cerveja.

Os meninos contaram sua história: A mãe, milionária, morreu em um incêndio, quando eles eram crianças e o pai, a partir daí ficou louco com a ideia dela ter morrido e criou uma alucinação, fingindo ter coisas sobrenaturais, como demônios, fantasmas e coisas desse tipo e largou a vida para se dedicar a isso. Quando os dois já eram adultos, o pai sofria de transtorno bipolar e quase se matou, alegando estar preso em um sonho demoníaco que uma espécie de demônio o matava e que era real. A partir daí, eles resolveram o internar e se tornaram o que são. Dois milionários com tempo vago para passar a vida viajando.

O dia foi basicamente isso: papo sobre mulheres, dinheiro, a vida, viagens, muita cerveja, muito Rock and Roll trinta e dois cigarros fumados por Anne e a tarde, rolou um bolo para ela, onde eles cantaram parabéns e pularam dentro da piscina enquanto na rádio tocava “Carry on my wayward son” e eles intitularam essa música como trilha sonora deles.

Durante a noite, Anne começou a escrever uma história em seu diário, mas estava bêbada e escreveu coisa com coisa. No pensamento dela.

“Supernatural: Dois irmãos, Sam e Dean Winchester, testemunham a morte paranormal da mãe. As crianças crescem e treinados para lutar pelo trabalho da familia e eles querem nada mais do que caçar a coisa que matou sua mãe. Sam escapa para a faculdade para começar uma nova vida, mas volta quando Dean aparece na sua porta para lhe dizer o pai está ausente. Seguindo pistas do paradeiro de seu pai, os meninos de viagem para uma cidade pequena, e um encontro violento e vingativo espírito chamado a “mulher de branco”. Por: Eric Kripis." *

Anne estava tão bêbada que pôs seu nome errado.