Romy&Jullieta escrita por Pepper


Capítulo 11
Lembranças...


Notas iniciais do capítulo

comemorando a volta do Nyah :3



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Estava eu na garagem, esperando por Dani, quando ela chegou eu sorri, desconfortável, ia ter um encontro de verdade. Ela me abraçou e perguntou:

– Então, pra onde vamos?

– Queria te levar pro jardim, faz um ano que não vou lá.

– Eee você não quer ir sozinha? Tudo bem então, me leve até seu jardim. – Ela riu e estendeu a mão para que eu a pegasse, segurei sua mão e a levei até o jardim, o lugar que teria sido apenas meu e de Jully, “Chega Romy, você está com a Dani agora, foque nela!” me aconselhei. Dani era tão linda que quase duvido que ela seja solteira. Sua mão era macia, seu perfume era doce, mas nada muito forte, dava uma impressão perfeita de meiguice e simplicidade.

A noite estava, estranhamente, estrelada, e era noite de uma linda lua cheia. Olhei pra ela, estudando-a mais, não parecíamos muito. Ela estava com uma calça jeans e uma blusa branca com um casaco de cores claras e desenhos de flores, uma sapatilha branca com um laço, e seu cabelo moreno com umas mexas loiras, e sua maquiagem delicada, ela era a típica burguesinha, uma princesinha, e eu? Com meu Jeans preto rasgado, minha blusa cinza de manga cumprida, também rasgada, minha maquiagem levemente exagerada, e meu casaco preto sem mangas. Parecia uma garota qualquer ao lado de uma princesa.

E a princesa deitou em meus ombros e apreciou a noite estrelada.

– Você sabia, que muitos poetas falavam de destino, como ele sendo estrelas? Quando falam que está escrito nas estrelas, significa que era predestinado, que tal acontecimento já estava em nosso destino o que iria acontecer. – Comentei.

– Tão poético... Porque se esconde nessas roupas? Tão fofa e delicada... Você mudou muito nesse ano que passou.

– A mudança é natural Dani.

– Eu sei pequena, - uma fisgada em meu coração, “Pequena” era como Jully me chamava. – Mas Por que?

– Talvez para deixar o passado no passado, deixar Jully no passado. Ela morreu, né?

– Sim, Romy, - Ela ficou de frente para mim. – Mas, não se mate também, a vida continua. Você tem 17 anos, terá muitos amores ainda. E quem sabe, não tenha um espaço pra mim em seu coração.

– Deve ter, quem sabe... – Então nos beijamos, em um ano, a única pessoa que beijei que eu poderia afirmar que sentia algo. Segurei seu rosto, depois sua cintura. Poderia afirmar que senti culpa, que senti dor, mas seria mentira, e só posso afirmar que me senti liberta desse sentimento por Jully que havia me aprisionado no passado que eu tanto quis esquecer.

Passamos a noite juntas, sua pele macia em minhas mãos, uma jovem de 20 anos, mas tão delicada quanto uma menina de 15, pura, sensível e doce, sei que pessoas não poderiam ser substituídas, e sei que nunca substituiria Jully, o que sentia por ela, morreu junto com Jully, um pedaço que sempre faltará em meu coração, mas ainda tinha um restinho dele, vazio, e eu pretendia preenche-lo de algum modo: Com Dani. Ela me abraçou com força na cintura, como se estivesse se certificando que eu estava ali, passei as mãos em seus cabelos macios e lisos, com cheirinho de morango. Naquele momento, me senti bem, em um ano, um dia de descanso.

– Já são três e meia da manhã, temos de ir Romy. – Eu a abracei e lhe dei um beijo na testa.

– Vamos. – Pegamos nossas coisas, nos arrumamos e saímos daquele nosso lugarzinho, do nosso Jardim, que um dia fora apenas de jully e meu, assim como meu coração.

Fomos para o carro e ela me deixou casa. Não conversamos muito até lá, mas ela me disse algo que martelou em minha cabeça a noite toda:

– Acho que você deveria falar com os pais de Jully, pegar algo dela para você, guardar o que sentiu por ela nesse objeto e libertar seu coração para novas paixões.

– Você acha que dará certo? – Perguntei em duvida, nunca pensei nisso, mas a ideia era reconfortante.

– Eu acredito nisso, e independente se der certo ou não, tente, não perderá nada.

– Tudo bem, vou ver o que faço, Obrigada Dani. – lhe dei um selinho e sai de seu carro e corri pra casa. Minha tia estava acordada na sala. Provável que me esperando.

– Onde você estava?

– Eu sai com uma pessoa.

– Quem? Só me diz que transou com um homem, ai eu fico tranquila.

– TRANQUILA? Que tipo de pessoa é você?

– Sou do tipo que não quer ver a sobrinha com garotas.

– Você é um monstro! MONS-TRO! Saiba que como amei Jully, você nunca amou ou amará ninguém! Muito menos a si mesma. Monstros como você não sabem o que é amor,muito menos amam.

– Cuidado com suas palavras sua vadia!

Eu falo o que eu quiser! Estou no meu direito! Não vejo a hora de sair daqui!

– Então saia e queime no inferno!

– Te vejo lá! – A encarei por alguns segundos e fui pro meu quarto, batendo a porta, deitei na cama, e me pus a pensar, não em minha tia, não em Jully, (pela primeira vez meus pensamentos não se redirecionaram automaticamente a ela) mas sim em Dani, ela não tinha o mesmo brilho nos olhos, como os de Jully, nem o mesmo jeito doido, ou o mesmo sorriso, era totalmente diferente de Jully, talvez com Dani eu a esqueceria, e viveria feliz com ela. Mas será que eu não estaria me enganando? Talvez usando Dani para me esquecer de Jully e me libertar deste sentimento que de nada valia se Jully esta morta. Mesmo depois de um ano, a ficha as vezes não caia, raras vezes ainda acordava de manhã mandando uma mensagem pra ela, e depois me tocava que nunca seria respondida, por dois motivos:

1- Estava sem créditos a meses.

2- Jully estava morta, e no “paraíso”, mesmo tão perfeito, não tinha celular. Se tem, a operadora deve ser TIM...

Resolvi fazer o que Dani havia me falado, eu iria falar com os pais de Jully, compartilhar do eterno luto, e, talvez, ir ao quarto de Romy e levar aquele retrato nosso, ou aquelas bonecas, loira e ruiva abraçadas com um coração no chão, embora seu cabelo fosse castanho avermelhado com um brilho lindo, seus cachos macios me hipnotizavam... Chega, tenho que ir agora.

Tomei um banho, abri meu armário e procurei pela roupa mais normal, meu deus... Quanto tempo uso roupas normais, ou decentes? Sem ser nada periguete ou vulgar, há quanto tempo eu mudei? Há quanto tempo eu não sou eu? Tudo para esquecer da garota que amo, e seguir em frente. Decidi pegar um vestido mais meigo e um sapato bege com um laçinho, comprei essa roupa para sair com Jully, claro, nunca a usei.

Desci para a cozinha, bebi água e sai, minha tia estava dormindo ainda, eram cinco e meia a manhã, eu não tinha dormido ainda, não conseguia, e não sentia sono, só me foquei em ir para a casa dos pais de Jullieta.

Demorei algum tempo para chegar lá, já que eles haviam se mudado para nos afastar, mal sabem eles que na primeira semana eu visitei Jully em seu quarto, foi quando lhe dei as bonecas e apreciei o nosso retrato, nunca me passou pela cabeça que aquele seria o último dia que veria Jully, depois ela decidiu se afastar, para o meu bem...

Eram sete e meia quando cheguei lá, fiquei com medo, pensei em fumar, mas achei melhor não, o cheiro não agradaria os pais. Então eu fui apenas para o bar lá perto e bebi uma cerveja, depois comprei umas balas de hortelã, fiquei na frente da porta daquela casa, lembrando-me das vezes que fui para a antiga casa de Jully e ela me atendia com seu sorriso e seus cabelos bagunçados, quando ela via que era eu simplesmente gritava “ROMYYYY” me abraçando, aquele sorriso lindo... Aqueles cabelos na minha cara quando ela me abraçava, seu perfume... Enxuguei uma lágrima e toquei a campainha. A ouvi ser destrancada, me virei de costas sem coragem, escutei o som da porta ranger ao ser aberta, perdida em minhas lembranças, no fundo esperava ouvir a voz de Jully, quando a porta se abriu por completo senti seu perfume, que eu havia lhe dado uma semana depois que começamos a namorar.

– Romy...?


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