Tudo o que ele sempre quis. escrita por Mia Castle


Capítulo 2
O melhor amigo dela.


Notas iniciais do capítulo

Heey, amei os comentários de vocês, e dona MARI, vai ser um prazer imenso te ter aqui comigo também, escrever fanfics sem você não é a mesma coisa. (((((:



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Quando percebi toda a terra já tinha sido jogada e as pessoas começavam a se dispersar para voltarem as suas vidas. Continuei parada no mesmo lugar, a chuva continuava me molhando.

–Você quer que eu te leve em casa? –León perguntou me encarando.

–Eu vou ficar aqui. –Eu disse.

–Não você não vai. Está chovendo e o frio está intenso, vai acabar ficando com hipotermia ou pegando uma doença séria. –Ele disse, e foi então que eu pude perceber que o frio estava muito forte, também o que eu poderia esperar do inverno de Londres. Sim, a maravilhosa cidade de Londres, nunca pareceu tão triste como hoje.

–Por que você não me deixa e vai para casa? –Eu perguntei.

–Porque você era a esposa do meu melhor amigo, eu só estou cumprindo o que prometi a ele. –Ele disse.

–Como assim? –Perguntei confusa.

–Quando nós tínhamos 15 anos, estivemos juntos em um enterro foi bem triste e a mulher no homem que tinha falecido estava aos berros perguntando quem cuidaria dela agora. Então, eu e o Peter fizemos uma promessa, quando um de nós morresse o outro cuidaria das coisas mais importantes de nossas vidas, como pais, irmãos e enfim, e acredite em mim Vilu, você era a coisa mais importante da vida dele. –Ele disse sério.

–Eu não queria ir para casa. Eu vou me lembrar dele León, cada canto daquela casa tem um pouco dele. –Eu disse.

–Nós podemos ir para minha casa, você sabe que sempre é bem vinda lá. –Ele disse.

–Lá tem você León, e você me lembra ele, o melhor amigo dele. –Eu disse.

–Bom, por isso eu não posso fazer muito. Mas, eu posso te garantir que você está se sentindo assim agora, está tudo muito recente e você precisa acreditar nisso, mas depois você vai querer lembrar dele.

–Eu gostaria tanto de que esse depois chegasse logo. –Eu disse.

–Você vai superar, e eu vou te ajudar. –Ele disse.

–E você? Você vai superar? –Eu perguntei.

–Vamos superar juntos, porque eu tenho certeza que a última coisa que ele iria querer era ver um de nós dois mal. –Ele disse.

–Vamos fazer isso por ele. –Eu disse.

–Por ele. –Ele deu ênfase a frase e nós fomos caminhando para fora do cemitério.

Tinha chegado a casa de León, mas antes tive que passar no apartamento que dividia com o Peter para pegar algumas coisas, parecia que o apartamento também tinha aderido ao luto, tudo parecia tão morto por lá, parecia que todos os momentos bons que eu tinha vivido com Peter ali tinham sido retirados e só tinha ficado a saudade. Pegar minhas roupas foi uma tarefa bem complicada, o closet tinha o cheiro dele, minhas roupas tinham o cheiro dele, tudo ali parecia ter o cheiro dele, minha amiga tinha me dito que eu ia passar por algumas fases, fase da negação que foi quando eu me recusei a acreditar no que ouvia no telefonema da mãe dele, eu disse que era tudo uma grande mentira e me sentei na varanda para esperar ele chegar, fiquei quase 24 horas sentada no mesmo lugar, e só sai quando passei para a segunda fase, o desespero. Eu entrei para casa e comecei a chorar descontroladamente, eu chorava com medo do que seria de mim. Terceira fase aceitação, depois de muito chorar minha campainha tocou, era León, ele me fez aceitar o fato, me fez perceber que por mais que eu chorasse, por mais que eu gritasse ele não voltaria, duro eu sei, mas tudo verdade. E eu estava acabando de entrar na quarta fase, dependência, eu sentia como se o Peter fosse uma parte do meu corpo, como se ele fizesse parte de mim, como se corresse no meu sangue, e eu sentia que estava fraca, minhas pernas pareciam fazer um enorme esforço para me sustentarem e minha cabeça explodia.

–Trouxe algumas coisas para você comer. –León disse entrando no quarto.

–Estou sem fome. –Eu disse.

–Mas precisa comer, quantos dias tem que você não se alimenta? –Ele perguntou.

–Não importa León, estou sem fome. –Eu disse.

–Escuta Violetta, eu estou tentando te ajudar, se acha que é só você que está sofrendo por perder ele está enganada, ele era meu amigo droga. Eu passei os melhores momentos da minha vida com ele, e isso dói em mim também, mas eu prefiro me manter bem, e de pé para terminar de cumprir os projetos que ele tinha, mas se você quer se matar aos poucos fique a vontade. –Ele disse e saiu deixando a bandeja com a comida em cima da cama.

Eu encarei meu reflexo no espelho, olheiras bem escuras estavam debaixo dos meus olhos que estavam vermelhos depois do tanto que eu chorei, eu tinha uma expressão cansada que eu nunca tive, sempre fui uma pessoa muito alegre, mas agora, eu não tinha motivos. Mas eu dei razão ao León, Peter tinha muitos sonhos, muitos projetos, alguns realizados outros em andamento e alguns ainda em um pedaço de papel e eu devia isso a ele, e eu iria ajudá-lo. Me sentei na cama e peguei o copo de suco que estava na bandeja dei um grande gole e me surpreendi com a reação do meu estômago, ele fez um barulho bem alto e pareceu implorar por muito mais, é eu realmente estava a um bom tempo sem me alimentar. Depois do comer tudo o que León tinha levado peguei a bandeja e fui levá-la a cozinha, chegando lá encontrei León sentado na bancada bebendo um copo d’água.

–Comeu né. –Ele disse me olhando.

–Me desculpe por ser tão egoísta, eu sei que você está sofrendo. –Eu disse.

–Não se preocupe, eu só quero que tenha consciência de que parar de viver não vai trazer ele de volta. –Ele disse.

–Você já comeu? –Perguntei.

–Sim, eu já comi. –Ele respondeu.

–Então está bem. –Eu disse e comecei a lavar a louça.

–Deixa isso ai. –Ele disse descendo da bancada e caminhando até a mim desligando a torneira.

–Deixa eu fazer isso, você está me ajudando tanto, eu quero te ajudar também. –Eu disse.

–Lavar louça não ajuda ninguém, pode me ajudar me fazendo companhia para um filme. –Ele disse.

–Tudo bem. –Respondi pegando o pano de prato que ele me estendia.

–Vamos. –Ele disse e eu o segui até a sala. Era incrível a conexão que nós tínhamos, nossa amizade tinha esfriado um pouco depois que eu comecei a namorar o Peter, mas ele nunca me deixou na mão, sempre que eu precisei ele estava lá e nunca negou qualquer coisa que fosse para me ajudar, ele era daqueles tipos de amigos que você perde o contato, fica meses sem falar, briga, vira a cara e no fim ele sempre vai estar lá para você, independente do que seja.

–O que vamos ver? –Perguntei.

–Comédia. –Ele disse e me mostrou o filme as férias do Mr.Bean. Eu já tinha assistido aquele filme, mas eu sempre ria. Nos sentamos no sofá e o filme começou, eu ria muito, coisa que estava ficando rara. Percebi que León me encarava.

–O que foi? –Perguntei.

–Senti falta de ver você sorrindo. –Ele disse e riu.

–Digo o mesmo. –Respondi.

–Vou lá em cima buscar um cobertor para gente. –Ele disse e levantou em direção as escadas.

Me permiti observar o apartamento de León, ele tinha um imenso bom gosto, seus móveis eram de madeira clara e a sala tinha tons neutros o que dava destaque eram as diversas fotos espalhadas pelo lugar, fotos com a família, com os amigos, com o Peter, e comigo, sim uma foto comigo, eu me lembro de quando tiramos ela, estávamos na faculdade ainda e tínhamos acabado de fazer uma prova de vocal super difícil, eu tinha ficado rouca por conta de uns problemas na garganta e me sentia mal por isso, vocês devem pensar que momento trágico para se tirar uma foto, ai é que está o ponto, León tinha se dado super bem no teste e veio todo feliz me contar e quando viu que eu estava rouca quase teve um treco e disse bem assim “Se você não passar e eu sim, eu desisto, porque eu quero entrar junto com você.” Aquilo tinha me deixado surpresa e eu o agarrei e dei um beijo em sua bochecha, ele me abraçou de volta e fechou os olhos com cara de quem estava grato por aquilo e então a foto foi batida.

–Eu adoro essa foto. Me leva de volta ao tempo em que nós éramos inseparáveis. –Ele disse jogando um grosso cobertor por cima de mim.

–Ela é bem espontânea. –Eu disse.

–Você estava rouca –Ele disse e gargalhou.

–Sim, e eu me lembro muito bem do que você me disse, você era um fofo sabia, onde foi parar esse León? –Eu perguntei.

–Foi devorado brutalmente pelo León pegador. –Ele disse e eu gargalhei.

–Tudo bem ,eu vou fingir que não ouvi isso. –Eu disse e estiquei o cobertor sobre todo o sofá.

–Por quê? Você sabe que eu arraso corações com esses meus olhos. –Ele disse.

–Não creio que todo o seu charme esteja nos olhos, e sim no sorriso. –Eu disse.

–Mas meus olhos são encantadores. –Ele respondeu.

–Sim, e ai as garotas te conhecem e descobrem a peste que você é e desistem. –Eu disse e gargalhei.

–Já dizia minha mãe. Quando você encontrar a mulher perfeita ela vai ser pentelha que nem você. –Ele disse e gargalhou.

–Sim, eu devo concordar. –Disse e o observei sentando na outra ponta do sofá e esticando os pés na minha direção e se cobrindo, estávamos assim, um em cada ponta com as pernas entrelaçadas por debaixo da coberta e riamos que nem dois retardados do filme, pela primeira vez em dias eu pude me sentir bem.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam... (((: Kisseees.