O Encontro escrita por Hans Steiner II
Abro os olhos, viro para o lado em direção ao despertador para ver que horas. Eram duas da manhã, virei-me tentando dormir,mas, como sempre em vão. Levantei-me e fui até a cozinha, abri a geladeira com a intenção de beber um pouco de água, ao ver uma latinha de cerveja mudei de ideia e tomei-a. Voltei ao quarto e tentei novamente dormir, em vão novamente, abri a gaveta do armário, peguei a câmera e fui até a varando do apartamento, encostei-me ao parapeito e comecei a fotografar uma parte da noite que ninguém via, além de mim.
Não percebo o tempo passar, o celular começa a tocar sinalizando que uma mensagem estava chegando, entrei e peguei o aparelho para ver a mensagem que dizia:
– Oi, preciso falar com você.
Estava pronto para responder a mensagem mas para minha surpresa não havia remetente. Aquilo intrigou-me bastante, porém, deixei quieto, fui até a cozinha peguei outra cerveja e continuei a fotografar pensando comigo mesmo como é que a cidade funcionava daquela forma e ninguém nunca percebia, os homens caminhando pelas ruas bêbados, os catadores arrastando seus carrinhos como caracóis levando sua casa nas costas, novamente o celular toca, era outra mensagem que desta vez dizia:
– Estou na recepção, preciso falar com você.
Diferentemente da primeira, esta tinha um número enviei uma resposta mas a mesma retornou, tentei ligar para o número e ouvi a mensagem:
– O número que você ligou não recebe chamadas ou não existe.
Aquilo deixou-me profundamente confuso, primeiro uma mensagem sem remetente, depois uma outra com um número inexistente, aquilo era estranho, parecia alguma brincadeira de mal gosto. Passados alguns minutos outra mensagem chegou e dizia:
– Estou na recepção, preciso falar com você.
Fiquei alguns minutos tentando processar a situação, a quem estava tentando enganar não estava entendendo mais coisa alguma. Troquei de roupa, pois, afinal estava de pijama e desci até a recepção, que estava totalmente trancada, vejo uam silhueta feminina que me parecia ser familiar, cerro os olhos para tentar ver melhor, a silhueta era realmente familiar. Era Anna, linda como na última vez que a vi há anos atrás. Fui em direção ao portão para abrí-lo, ao aproximar-me não mais a vi ali, começo a pensar se estou tendo visões, como Anna estaria ali diante de mim e da mesma forma como a vi há 10 anos? Tiro o celular do bolso e ligo para Cassius, que demora a atender, eu já estava quase desistindo quando escuto do outro lado da linha uma voz sonolenta dizendo:
– Alô? Alô?
Eu então respondo dizendo:
– Cassius, eu a vi, era Anna agora. Aqui na minha frente. As palavras saiam atropeladas por conta do momento e ele então diz:
– Hans do que você está falando, são três da manhã me deixa dormir e amanhã a gente conversa melhor.
Eu então repeti insistentemente:
– Eu a vi, a Anna aqui na porta do condomínio. Ela estava com a mesma aparência de 10 anos atrás.
–Impossível Hans, eu nunca te disse isso mas ela morreu há dois anos. Você bebeu?
Aquelas palavras ditas por Cassius acertaram-me mais forte que um soco. Minha voz faltou e acabei por encerrar a ligação. Sentei-me ali na recepção olhando para a rua com a certeza de não estar bêbado, muito menos enlouquecendo, estava entrando em desespero quando ouvi a sua voz ao meu ouvido:
– Hans, sou eu, Anna.
Ao ouvi-la senti meu corpo enrijecer totalmente, não sabia o que pensar inclinei-me para o lado e realmente estava ela ali diante de mim, linda, seus cabelos longos, aqueles olhos de tons azul-acinzentado, aquelas curvas que tanto me encantaram todos os dias dos nossos anos juntos. Eu instintivamente pergunto:
– Como você está aqui? Cassius acabou de me dizer que você morreu há dois anos.
Ela responde com sua voz mansa dizendo:
– Sim, ele está totalmente certo, eu morri em um acidente há dois anos.
Aquilo deixou-me mais intrigado e agora começo a duvidar de minha sanidade, quando ela novamente toca em mim e diz:
– Eu preciso falar com você.
Eu sem entender o que ela queria apenas respondi:
– Diga-me, o que quer falar comigo.
Ela então olha para mim e aponta em direção a entrada do condomínio e começa a andar e faz um sinal para segui-la, levanto e vou em sua direção, ao sairmos pela porta de entrada do condomínio, vejo-me andando pelas ruas de Copacabana como há dez anos. Diferentemente daquela vez minha companhia agora é Anna e não as garrafas de bebida de outrora. Caminhamos até chegar nas rochas como da última vez, a cena toda repetia-se como antes. Sinto um conforto ao reviver aquilo novamente, mas, é rompido por um estampido próximo a mim, sinto-me perder a noção sobre o meu corpo, ao olhar para o chão vejo uma poça de sangue se formar, a vista começa a escurecer.
Acordo, estou em casa olho para o lado o relógio marca duas da manhã, levanto-me em direção da cozinha e abro a geladeira, tiro uma garrafa de água e bebo-a, volto ao quarto tentando dormir, viro de um lado para outro da cama, o telefone toca, uma mensagem chega, sinto uma sensação de deja vu, abro a mensagem que diz:
– Oi preciso falar com você.
Ao ver a mensagem meu suor gela, procuro ver se possui remetente, para minha surpresa é o número da Anna. Retorno a mensagem e em seguida ela responde:
– Olhe a primeira gaveta da sua cômoda.
Ao abrir a gaveta encontrei uma caixa que continha logo de cara uma reportagem de jornal que dizia: HOMEM É ACERTADO POR BALA PERDIDA EM PRAIA.
Fiquei sem entender, a notícia e lembrei-me do que ocorreu-me noite anterior, liguei para Cassius e ouvi a mensagem:
– O número que você discou não atende ou não existe.
O que estava acontecendo ali? Primeiro Anna, agora Cassius, vou em direção da varanda e sou acertado por um clarão.
Acordo olho para o relógio que marca duas da manhã, levanto-me vou até a cozinha abro a porta da geladeira tiro uma garrafa, puxo uma cadeira da mesa e sento-me, não sei o que está acontecendo comigo, penso que deve ser algum sintoma de estresse, devo estar surtando. A campainha toca. Olho pelo olho mágico e não encontro ninguém somente uma caixa, deixo-a lá, e a campainha novamente toca, as luzes começam a oscilar, volto para o quarto e mesmo não sendo adepto a nenhuma religião começo a rezar como fazia quando era criança, ouço novamente a voz de Anna chamando, aproximo-me da porta e lá está ela linda como da última vez que a vi ela olha fixamente para mim, e cravando as unhas em meu pulso sinto novamente a poça de sangue se formar e ela diz com sua voz encantadoramente linda: - Acorde, acorde.
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