Isabelle estava nervosa. Andando de um lado pro outro no enfermaria. Jace já havia adormecido, e como ela tinha que ficar cuidando dele, Alec saíra para caçar demônios sozinho.

Ela sabia que ele estava triste, abalado, pelo término recente do namoro e isso atrapalharia sua concentração e seu desempenho. Ela jurou que se algo acontecesse a seu irmão, ela pessoalmente iria acertar as contas com Magnus Bane.

Não que ela soubesse o que acontecera entre aqueles dois. Alec simplesmente havia aparecido com uma mochila num dia qualquer, com os olhos vermelhos. Parou de sair e passava a maior parte do tempo no instituto. Ele usou muitas vezes a desculpa de que estava assim por causa de Jace. Mas ela sabia, e tentou inúmeras vezes falar com Magnus, mas era sempre barrada por Simon, que insistia que os problemas dos casais só diziam respeito ao casal e ela só atrapalharia se intrometesse.

Mas não conseguia deixar de se preocupar.

Ouviu um toque alto e percebeu que era seu celular. Tirou do bolso do casaco e atendeu sem nem olhar o número.

–Alô?

–Oi, Izzy? É a Clary.

–Ah, oi Clary. Está tudo bem?

–Na verdade não. Não consigo dormir. Estou muito nervosa, preciso desabafar...

Foi interrompida por Isabelle, que rapidamente percebeu como a voz da amiga estava abatida

–Nem precisa terminar, pode vir aqui pro instituto, eu vou estar te esperando.

–Certo. Obrigada, Izzy.

–Não agradeça, apenas venha. Tchau.

E, com isso, desligou e saiu da enfermaria a passos largos, indo em direção a entrada do instituto.

***

Magnus estava nervoso. Não, estava muito mais do que nervoso. Enquanto esperava pacientemente recostado na parede do lado de fora de um estabelecimento qualquer, lembranças fortes tomavam conta da sua mente.

Lembrou-se das vinte e duas mensagens de Alec que recebera em menos de três dias, mas principalmente de uma que chamou sua atenção em particular, dizia: Magnus, tudo o que fiz foi por minha própria insegurança, e não porque não confio em você. Você não sabe como é pensar que a pessoa que você mais ama só está com você por que você lembra quem ele realmente ama. Por favor, tente entender.

Aquilo doeu mais do que qualquer coisa que já lhe acontecera. Não tinha pensado nisso. Desconfiava que mesmo sem aquela mensagem de texto, iria atrás de Alec mais cedo ou mais tarde. Não era típico dele guardar rancor, mas tomar atitudes impensadas sim, e essa havia sido a única razão do término com Alec. Impulso. Magnus só não havia voltado correndo pra pedir desculpas ao caçador de sombras pelo seu orgulho demasiado grande. Alec também era orgulhoso, mas havia passado por cima disso pra tentar salvar a relação deles, Magnus decidiu que também o faria. Já tinha aberto mão de sua imortalidade. Continuava sendo um feiticeiro, e seria para o resto de sua vida, que agora duraria apenas mais setenta ou oitenta anos. E ele os viveria ao lado de Alec.

Estava nesse momento, parado em uma rua deserta, onde sentira presença demoníaca somente porque sabia que Alec iria pra lá naquela noite, justamente por causa dos demônios.

Despertou de seus pensamentos quando notou que alguém se aproximava. Conforme o vulto chegou mais perto, Magnus notou os cabelos negros lisos e os olhos azuis que tanto amava. Alec finalmente chegara.