Final Warrior LXXVII escrita por Satsuki Ichi


Capítulo 4
As Melhores Armas


Notas iniciais do capítulo

[Provavelmente o próximo capítulo saia só daqui a duas semanas]
Espero que gostem.
Boa leitura!



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A fileira se desfez rapidamente enquanto corríamos em direção aos soldados “inimigos”, Zephiros nos seguia sem se envolver nas lutas. O primeiro soldado a receber seu apoio foi Shimo, que agora estava longe de Adrian.

– Você tem força suficiente para combater com mais de três soldados de uma única vez – disse para ela enquanto a observava lutar – desligue-se do que está acontecendo fora da sua batalha. Preste atenção nos movimentos do inimigo e varie o ataque, não espere derrubar um guerreiro bem treinado com apenas um soco!

– Certo! – disse ela, e prosseguiu.

– Shimo! – chamou Zephiros novamente, mas ela não respondeu – Sim, é isso mesmo. – então se distanciou.

Zephiros era muito rápido, mal conseguia acompanhá-lo, e os guerreiros inimigos também não facilitavam nada. Porém, tive tempo suficiente para vê-lo dar as instruções para os outros soldados sem nem mesmo mexer um músculo para ajudá-los na batalha, ele apenas falava. Aos poucos pude ver a mudança na arena, quando meus amigos trabalhavam melhor sozinhos e conseguiam acabar muito mais rápido com as lutas. Então chegou a minha vez, Zephiros apareceu ao meu lado enquanto eu lutava.

– Ignore os outros – disse-me ele – você observa demais enquanto luta se estivesse completamente desligada das coisas ao seu redor conseguiria um resultado melhor que esse! – fez uma pausa para me observar e então continuou – tente concentrar toda a sua força em apenas um soco e procure mirar em seus pontos vitais. Você é rápida, mas ainda tem medo da sua própria força... Lembre-se de que é diferente dos outros, procure sempre o ponto fraco do inimigo e escolha os golpes adequados para usar. Vá!

Concentrei-me o máximo que pude, investi contra cinco soldados de uma só vez. Era arriscado demais, Zephiros não me pediu para enfrentar tantos inimigos logo de primeira, mas eu precisava fazer aquilo. O primeiro soldado tentou acertar-me com um soco na cara, desviei, agarrei seu punho e lancei-o por cima de meus ombros. O segundo conseguiu me atingir com um chute na barriga, mas resisti e investi contra ele desviando de seus golpes e fiz o que Zephiros disse, concentrei toda a força em um único golpe e apliquei-lhe um soco no peitoral fazendo-o cair aos meus pés.

O soldado não conseguiu se levantar, estremeceu tentando respirar e quando finalmente conseguiu, desmaiou. O terceiro foi mais esperto, primeiramente esquivou-se de meus golpes, esperou que eu recuasse para repor a defesa e agarrou meu punho puxando-me para ele, então agarrou meu pescoço e atirou-me para o chão.

– Depois de ter recebido a dose dupla da Chaos – disse o soldado – você ainda está fraca desse jeito?

Levantei-me rapidamente e pus-me a pensar, foi isso o que Zephiros quis dizer com “diferente dos outros”, havia me esquecido completamente de que prometera receber a parte da matéria que seria dada ao meu irmão em troca de sua liberdade. Então... Foi por isso que Zephiros me escolheu para seu exercito especial, por isso eu era considerada perigosa. Eu não ia deixar que um soldado como aquele me diminuísse.

Voltei a me concentrar, desta vez os outros dois soldados estavam com ele, e seria muito mais difícil. Eles investiram contra mim. Desviei o soco do primeiro soldado e parei seu chute no ar, esperei o próximo golpe com as mãos e então o segurei, puxei-o para mim e dei uma cotovelada em seu pescoço desprotegido pela armadura fazendo-o desmaiar. O segundo nem esperou que eu me desfizesse de seu corpo, tentou acertar um soco em meu rosto, mas eu desviei fazendo com que ele acertasse a cabeça de seu companheiro que, felizmente, estava protegida com uma espécie de capacete.

Joguei para cima do segundo soldado o corpo que antes segurava e aproveitei o tempo que ele levou para se desfazer do corpo para dar uma joelhada em sua barriga. Ela estava protegida pela armadura, mas mesmo sentindo dor eu ainda consegui fazer com que ele sentisse o chute. O soldado se curvou segurando a barriga e eu lhe acertei um chute na cara fazendo-o cair para o lado. O terceiro e ultimo soldado surgiu do nada e desferiu um golpe em meu ombro, mas eu defendi e o fiz recuar com a força do impacto.

Desta vez ele mirou na minha cabeça, desferiu socos e chutes, mas eu consegui frustrar todas as suas tentativas de me atingir. Agachei para desviar de seu ultimo chute e acertei um soco em sua barriga esperando derrubá-lo, mas ele resistiu, voltou a tentar me atingir e eu repeti a estratégia de antes. Desta vez eu consegui, chutei seu estomago e antes que ele pudesse recompor-se, segurei firmemente seu rosto e o atirei ao chão com toda a minha força. Não observei mais a luta de ninguém a não ser a minha, agia com tal rapidez que às vezes perdia a consciência e esquecia que estava lutando. Da última vez que deixei isso acontecer aquele dia, lembro-me de enfrentar mais de dez soldados sozinha, e não tive problema algum para derrotá-los.

De repente o tempo parou e senti meus pulsos se congelarem, olhei para as minhas mãos doloridas e vi que de fato ainda tínhamos muito que treinar. Minha armadura estava mudando e desta vez, cobria os meus punhos... Deixei-me levar pelo acontecido, estava cansada demais e quase desmaiando, olhei em volta e vi que todos os soldados inimigos haviam sido derrotados e todos pararam para me olhar.

– Vejam bem – disse Zephiros – sua armadura começará a evoluir quando finalmente ganharem maior habilidade. A Armadura de Nemesis se modificou mais cedo, pois o DNA dela teve uma reação mais rápida pela segunda dose da Chaos Matéria, mas logo suas armaduras também irão receber este efeito.

– Dose dupla da Chaos Matéria? – disparou Huna – por que injetaram uma segunda dose no sangue de Nemesis? De acordo com o que disseram quando chegamos aqui, misturar muito o sangue de um humano com a matéria é...

– Loucura?

Neste momento, a simulação se desfez. Havíamos deixado os escombros e o ambiente frio e escuro, agora estávamos de volta á arena verde e harmoniosa, mas o mais incrível é que já estava escurecendo. Por quanto tempo ficamos lá? A hora passou tão rápido naquele lugar que nem lembrava mais se tínhamos realmente enfrentado apenas 37 soldados. Ryuho, o dono da voz que interrompeu Huna, apareceu diante de nós. Parecia satisfeito com o nosso desempenho (mesmo que não pudéssemos vê-lo durante as batalhas, não significava que ele não podia estar lá nos observando).

– Você está certa – continuou ele – é loucura, mas é um risco que temos que correr. Nemesis ofereceu-se para receber a dose de seu irmão para que o deixassem ir, por isso não tínhamos por que relutar em fazê-lo.

Zephiros pareceu ficar inquieto, olhou rapidamente para mim e depois baixou a cabeça, serrando os dentes. Algo que Ryuho falou devia tê-lo perturbado... Mas Laxus era meu irmão, então não via motivos para uma suposta irritação da parte de um rapaz que eu nem conhecia direito.

– Por que fizeram isso? – perguntou Leon – podiam ter injetado a matéria em outro soldado, não?

– Infelizmente, não – respondeu Ryuho – chegamos a pensar no caso, mas temos o suficiente para setenta e sete soldados, hoje estamos com setenta e seis e... Digamos que o presidente achou que mais um soldado com o dobro da força poderia ser útil. Mesmo que as chances de morte fossem grandes, precisávamos tentar.

– Mais um... – pensei alto – então eu não sou a primeira. Quem é o outro soldado?

– Sou eu – disse Zephiros tirando seu capacete, deixando uma visão melhor de seus cabelos brancos meio arrepiados – eu consegui resistir e me tornei um dos soldados mais fortes deste lugar. Você nem mesmo sentiu dor depois do procedimento de modificação do DNA, é mais forte do que pensei.

Era por isso que ele parecia estar com raiva? O quão ruim foi ser o primeiro soldado hibrido com o poder acima do normal e ainda fazer valer a palavra de que era uma cobaia? Zephiros poderia ter morrido e foi tratado como todos nós... quem ele era, realmente?

Fiquei tão distraída com as explicações de Ryuho que nem notei a tropa que estava atrás de nós, mais especificamente, os soldados inimigos que antes estávamos enfrentando. Alguns deles estavam muito feridos e atordoados, outros em perfeito estado (talvez os que nem chegaram a lutar conosco) e alguns ainda estavam jogados ao chão, desmaiados.

Era quase impossível de acreditar que aquilo era apenas uma simulação, pois a arena que já era grande ficava mil vezes maior e mais perigosa. Ryuho acenou para que eles se retirassem quando estivessem dispostos, depois olhou para nós com um ar de satisfação.

– Vocês foram muito bem – disse ele – melhor do que eu imaginava. Estão liberados agora, Zephiros irá acompanhá-los até o pátio comunal dos soldados híbridos, lá os guardas irão lhes mostrar onde dormir e comer. O treinamento começará bem cedo amanhã... Perdoem-me – ele baixou a cabeça e nos deu as costas – tenham uma boa noite, guerreiros – olhou para nós uma ultima vez e então se foi.

[...]

Enfim, Zephiros nos guiou e ao longe, podíamos ver um grande pátio onde tinha uma espécie de restaurante a céu aberto. Era bonito, mesas prateadas sobre a grama, boa iluminação, algumas flores nasciam ao redor do lugar e, por mais que fosse dentro de um quartel, era muito agradável. Na verdade eu ainda não tinha abominado a aparência de nada naquele lugar a não ser pelo interior do prédio, aquele lugar me dava nos nervos. Não queria ter de voltar para lá, mas sabia que seria obrigada a ir mais cedo ou mais tarde.

Eu era a primeira da formação e andava ao lado de Zephiros. Realmente queria saber se ele se sentia mal, queria saber se ele era igual a nós ou apenas mais uma máquina de guerra deles, voltei-me para ele e sem pensar muito, falei:

– Você está bem?

– O que? – perguntou de volta – Desculpe, eu não entendi.

– Você pareceu ficar meio irritado quando Ryuho mencionou a dose dupla da Chaos matéria – lancei-lhe um olhar duvidoso – você sofreu com isso, não foi?

– Sofri – disse em um tom desinteressado – mas eu não me importo mais. Eu estou bem, você é que está vendo coisas.

– Você não precisa mentir para mim – diminui o tom da voz – se não quiser dizer eu entendo, pois me conheceu horas atrás. Mas também não acho que seja do tipo que confia em alguém, mesmo que seja um amigo de muito tempo.

– Desculpe – ele juntou as sobrancelhas – não tenho amigos.

– Ah...

– Tudo bem, Nemesis, eu fiquei inquieto – disse finalmente – mas foi porque Ryuho me lembrou de algo horrível quando mencionou a liberdade de seu irmão.

– E o que foi?

Ele arqueou as sobrancelhas por um segundo como se tivesse se arrependido de ter dito algo, mas então, lançou-me um olhar sem expressão, endireitou a postura e falou:

– Meu irmão foi raptado pelos Estados Unidos há muito tempo, antes de eu sequer sonhar em me tornar um soldado hibrido – disse ele – seu nome era Vitae.

Acho que teríamos continuado a conversa se já não tivéssemos chegado. Zephiros se voltou para a formação como se nada tivesse acontecido e então prosseguiu com as explicações.

– Aqui é o pátio comunal dos soldados híbridos – explicou – poderão descansar e passar um tempo aqui sempre que forem liberados do treinamento ou estejam em tempo livre, o que pode ser raro. Ao sul está o dormitório feminino e ao norte o dormitório masculino, se precisarem de algo, Serifa e Anator, os guardiões das alas masculina e feminina irão ajudar vocês. Eu os dispenso agora, descansem.

“Sim senhor” responderam meus amigos em uníssono enquanto eu ainda preferia ficar quieta. Zephiros se distanciou um pouco de nós, achei que ele iria para o dormitório, mas então mudou de idéia e voltou. Vi-o sentar-se a uma mesa afastada da nossa e pensei se deveria ir até lá... Eu queria saber sobre ele. Se estávamos ali para sofrer, sofreríamos juntos e se possível passaríamos por cima de tudo aquilo, todos nós.

Zephiros não era tão odioso como Lochsa disse, ele só não gostava de falar muito. Achei que fosse melhor esperar um pouco, peguei minha comida e me sentei ao lado de meus companheiros que pareciam muito cansados, porém aquilo não foi desculpa para algumas risadas não acontecerem. De repente, tudo ficou em silêncio, e todos na mesa pararam para me olhar.

– O que foi? – perguntei séria.

– Como você se sente? – perguntou Mitsumasa – não é doloroso carregar esse peso nas costas?

– Sim – concordou Karura. Apesar da sua pouca idade ela parecia ser bem madura quando queria – não queremos te deixar mal, mas... Você e Zephiros são as melhores armas deles agora.

– Correção – disse eu enquanto chegava o prato para o lado – eu não sou uma arma, nunca vou ser. Vocês acham realmente que eu vou aceitar isso aqui?

– O que quer dizer? – perguntou Lochsa – o que pretende afinal? Sei que desistir numa situação dessas é idiotice, mas enquanto estivermos ligados a esse DNA não podemos ter contato com humanos de sangue puro!

– Eu sei disso... Mas eu vou dar um jeito – falei levantando-me – Só estou aqui porque quero recuperar o meu irmão e acabar com toda essa palhaçada – olhei para os lados esperando que alguém estivesse nos observando, mas não havia ninguém – eu juro que sairemos daqui um dia... Mesmo que tenha de ser depois da guerra. Até lá, só peço que não me deixem sozinha.

Finalmente decidi ir até Zephiros, desfiz-me do prato e caminhei até sua mesa. Ele me olhou desinteressado como se perguntasse “E agora, o que é?”, ignorei a vontade de voltar para perto de meus amigos, apenas me aproximei.

– Oi – disse eu.

– Olá... – disse ele.

– Se importa?

– Não.

Sentei-me á sua frente. Achei que aquelas seriam as únicas palavras que trocaríamos aquela noite e ficaríamos ali nos olhando até que chegasse a hora de ir dormir, mas não, ele quebrou o silêncio rapidamente.

– Veio me perguntar sobre Vitae, não é? – perguntou.

– Sim – assenti e olhei para as minhas mãos sobre a mesa – sei que deve ser difícil para você falar sobre isso, mas não posso deixar de perguntar.

– Vitae e eu fomos separados de nossos pais na segunda guerra, a guerra que só foi lembrada pelos sobreviventes e que caiu no esquecimento com o tempo por ter sido rápida demais, recebendo o nome de Guerra Oculta – explicou sem relutar – assim que eles foram levados, Vitae e eu tentamos ir atrás deles, mas fomos pegos. Havíamos nos separado para enganar os soldados dos Estados Unidos que estavam atrás de nós, mas... Vitae não conseguiu fugir, e eu cheguei a tempo de vê-lo ser levado por eles. Escondi-me como pude até que fui encontrado pelos agentes desta organização, recebi a proposta de me tornar uma cobaia pouco depois e aceitei com o desejo de me tornar forte e encontrar o meu irmão... Mas já é tarde agora.

– O que aconteceu com ele? – perguntei.

Zephiros respirou fundo, eu podia ver o ódio nos olhos dele.

– Ele virou um Hibrido do exército inimigo – disse ele finalmente – por algum motivo não consegue se lembrar de quem é, tornou-se uma maldita máquina de guerra.

Então finalmente entendi o olhar que Zephiros havia me lançado quando me escolheu como um dos soldados mais perigosos, ele ficou sentido ao lembrar-se do irmão. Aquilo era definitivamente o caos... Mas eu prometi que ia acabar com aquilo, e eu ia fazer valer a palavra! Dei um pequeno toque da mão esquerda de Zephiros que descansava sobre a mesa, fazendo-o me olhar surpreso.

– Isso vai acabar – disse eu.

Mas ele não teve tempo de responder. Uma sirene soou ao longe e três guardas apareceram para dizer que tínhamos de ir para os dormitórios, Zephiros se levantou e me lançou um olhar agradecido.

“Boa noite” disse ele, e então tomamos caminhos diferentes.


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Notas finais do capítulo

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