Mrs. King ainda estava em estado de choque. O dia estava na metade, a festa ainda não tinha sido organizada, estavam todos com os nervos a flor da pele, mas Mrs. King sabia que tinha que ficar calma, histeria essa hora só traria problemas.

     Ela sabia que Ronald não iria decepcioná-la não aparecendo na festa, vendo todo o trabalho que ela teve em montá-la e sabia que Jhon não seria louco de aparecer na festa, e nem mais em sua vida, apesar de tudo, ele não era louco, a única coisa que a preocupava no momento era o fato de que sua mãe estaria de volta, um passado que ela queria mais do que tudo na vida esquecer.

     A muitos anos atrás, quando ela se deu conta de quem era sua mãe, o que ela fazia, e que ela havia cometido o maior erro de sua vida, ter se casado com Jhon para poder sair de casa, o mais cedo possível, ela vira que sua mãe não havia arruinado somente sua infância, mas sua vida toda, porque uma atitude errada que foi obrigada a tomar, por culpa de sua mãe, mudou todo o curso de sua vida, mas mesmo assim, ela tinha conseguido manter uma vida instável, tanto que durante toda a sua vida, pouquíssimas pessoas a viram chorar...

    Mas elas estava com muito medo, afinal, não sabia se ela teria coragem de encarar sua mãe novamente.

    Ela olhou para o relógio e levou um susto, já eram 15 horas, ela nem tinha se arrumado para ir buscar Ronald e arrumá-lo para a festa. Ela nem se trocou, avisou Améllia e foi.

   Chegando lá, ela levou um susto, Ronald estava arrumado, usando um terno lindo, que ela tinha comprado para ele, sentado na janela.

-Nossa, o mundo vai acabar –disse ela, com um certo sarcasmo.

- Finalmente achei uma ocasião para usar o teu terno, na hora de partir.

- Partir? Partir pra onde? – King estava ficando assustada.

- Vick, eu não posso continuar aqui, inútil desse jeito, eu não consigo nem ir ao banheiro – ele acendeu um cigarro – você tem que viver a sua vida, vá ser feliz com a Améllia, aquela vaca, mas ela te ama, e te merece – deu uma longa tragada no cigarro.

- Por Favor, sai da janela Ronald – Vick estava prestes a presenciar a pior cena de sua vida, e sabia.

- Me perdoa, Vick, eu te amo, te amo tanto, a ponto de saber que sou um estorvo na sua vida. – mais uma longa tragada.

   Mrs. King ficou vermelha, um lagrima correu em seu rosto.

-Victoria Marie King, se você começar a chorar, juro por deus que nunca vou te perdoar.

   Mrs. King secou seu rosto e disse a frase, que com toda a certeza, iria lhe causar o maior arrependimento de sua vida:

-Eu te perdôo, vai com Deus, - ela pôs as mãos sobre os olhos.

-Eu te amo, mais do que a mim mesmo.

     Ronald fechou os olhos e sentiu-se livre como nunca o fizera antes, e sem pensar, jogou-se da janela.

     Mrs. King ouviu um estrondo enorme de impacto, um corpo batendo em um carro, ela tirou as mãos do rosto e correu até a janela, ‘NÃAAAAAAAAO’  ela gritou, o grito praticamente ecoou em todo o bairro.

    Policia,  correria, curiosos rondando.

- Saiam daqui seus urubus - Mrs. King gritava para a imprensa.

   Após algumas burocracias, ela finalmente chegou em casa, chorando.

- Meu deus,  o que houve? – Améllia havia deixado a casa impecável, a decoração estava linda.

- Me abraça, mas não fala nada.

    Améllia abraçou Mrs. King, deu um beijo em sua boca, e disse:

- Sabia que ele iria te decepcionar, vou ligar pros convidados desmarcar tudo, só me de um motivo.

- O motivo, é que o “motivo” da festa, se jogou pela janela e espatifou-se em um carro.

    Améllia não sentiu nem um pouco a perda, ela não gostava de Ronald e sua maior virtude era o fato de não conseguir ser sínica.

- Vou ligar para os convidados.

- Não esqueça de avisar o pessoal da CBS para guardarem o troféu. - Mrs. King deu um suspiro profundo – não me tire da cama por nada nesse mundo.

- Pode deixar.

     Em questão de vinte minutos, Améllia já tinha avisado todos, que estavam chocados.

     Por volta de 21 horas, Améllia estava vendo TV, na sala, vendo televisão, e a campainha tocou, Améllia sem saber quem era aquele rosto, de uma senhora angelical, que vira pelo olho-mágico da porta, abriu.

- Posso ajuda - lá? – Améllia estava curiosa.

- Victoria King mora aqui? – a voz da senhora era suave, como uma musica agradável aos ouvidos de Améllia.

- Sim, é aqui sim, a quem devo anunciar?

- Sou Patrícia Erald King, Pearl. – a senhora esboçou um sorriso suave.

- Você é parente dela?

- Sim, mãe.

     Améllia congelou.

- Posso entrar? Ou vou ficar aqui na porta?

     Améllia foi tomada por um grande ódio, um ódio que nunca havia sentido na vida, sua expressão mudou drasticamente.

- A única coisa que a senhora pode fazer é tirar esse rabo gordo da minha porta, sua velha porca. – Améllia empurrou a porta, mas Pearl a segurou.

- Eu não estou brincando, você não sabe com quem está falando. – a expressão doce de da senhora, mudou drasticamente.

     Pearl era uma mulher com uns 70 anos, mas estava muito bem conservada, estava em ótima foram, muito bem conservada, tinha uma semelhança física enorme com Vick, parecia sua irmã, e não sua mãe.

- Vou fechar a porta, e não aconselho a senhora a deixar sua mão entre ela e a parede.

    Ela bateu a porta, e trancou-a, olhou pelo olho-mágico e viu que a senhora Pearl havia saído. Pensou que aquela seria a última vez que a viria, mas estava enganada.

     Pensou que seria melhor nem comentar o ocorrido com Victoria, ela já havia se aborrecido demais pra uma semana só.

     Mas o fato é que não se livra de um fantasma do passado assim, seria mais complicado do que parecia se livrar da senhora Pearl.