Corpo de Humana... Coração de Yokai escrita por Caramelkitty


Capítulo 4
Sou fraca demais...


Notas iniciais do capítulo

Temas do cap: Morte dos pais de Takara
Curta cena InuxKag
Cena engraçada de Miroku e Sango



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Promessas... que significado tinham afinal?

«Nunca te abandonaremos!» Takara sentiu a boca amargar e uma vontade de chorar embolou a sua garganta. Mas ela não chorou. Tinha prometido, no dia em que os seus pais morreram que nunca mais iria chorar, considerado um sinal tão óbvio de fraqueza.

Na mesma noite em que recebera o fragmento branco, aquela maldita chama de perdição, Yokais tinham atacado o seu lar.

Saíram dos arbustos, de dentro da terra, vinham do céu e caíram sobre os dois lobos de luz como demónios cegos de ódio e ambição. Lawrence lutou bravamente contra os seus inimigos e destroçava-os com facilidade mas eles continuavam a surgir.

Takara gritou quando um Yokai touro quase atingiu a sua cabeça com um machado. A mãe imediatamente veio em seu socorro e debateu-se sozinha contra o Yokai que já não era dos mais fracos. A agilidade mais uma vez venceu a força e num ataque rápido e sorrateiro, o Yokai foi vencido caindo por terra.

Outro grito teve relevo entre os sons da batalha e desta vez não era de Takara. Lawrence tinha uma pata ferida.

– Papai! – Afligiu-se a menina mas não pode correr para o local porque a mãe tinha-a colocado sobre o lombo e afastavam-se as duas.

Takara via o seu pai a lutar contra os Yokais cada vez mais longe e a paisagem tornou-se uma nébula difusa à medida que a loba aumentava a sua velocidade.

Com um salto vigoroso, a mãe de Takara colocou-a novamente no chão e tomou a forma humana para poder comunicar com ela.

– Takara, corre, esconde-te... não deixes que te encontrem de maneira alguma.

– Vocês vão voltar?

– Acabaremos com todos esta noite, a alguma hora o ataque há-de cessar. E depois vamos embora daqui, para algum local onde nos aceitem. Onde te aceitem, Takara.

A menina duvidava da existência de tal local. Mas acenou com a cabeça, deixando algumas lágrimas escaparem e depois virou-se e correu para longe da mãe, ao virar num arvoredo, ainda escutou os primeiros sons de batalha travada a dois.

Como sinal de mau presságio Yokais, a maioria escamosos, com aparência anfíbia ou réptil, logo começaram a persegui-la. Takara sabia que se a mãe e o pai não tinham conseguido detê-los era porque eram muitos os opositores e que estes atacavam de muitas frentes. Só podia ser isso! Tentava convencer-se a si própria. Não podia ser de maneira nenhuma por os Yokais maus terem vencido. Não podia!

Correu até sentir as pernas fraquejar. Tendo alguma distância dos seus perseguidores, resolveu apelar. Trepou a uma árvore agilmente e conseguiu algumas bagas com características peculiares.

Um grunhido de um Yokai javali entregou-a. Correu desenfreado na sua direção, mas antes que pudesse aproximar-se uma explosão fê-lo ser atirado para trás. Takara hesitou, mas acabou por atirar nova baga que ao chegar ao chão reagiu como uma bomba, fazendo mais Yokais recuar. E foi assim que seguiu caminho, sempre atirando para trás uma baga explosiva de tempos a tempos.

O seu coração falhou uma batida ao ver-se na beira de um fundo abismo. Estava com tanto ímpeto da fuga que quase caiu nele. Virou-se e correu com os olhos as árvores escuras como se já conseguisse imaginar a cena que se seguiria. Os Yokais a aparecerem um por um e a destroçarem-na como no tempo em que ainda era orfã. Desta vez, porém, Takara tinha crescido, não era mais tão indefesa e não iria nem queria esperar para que alguém a salvasse. Ganharia autonomia, conseguiria enfrentá-los sozinha e seus pais ficariam orgulhosos.

Takara não tinha ainda a noção que não voltaria a vê-los.

Inspirou um fôlego de coragem e começou a descer pelo abismo, com muito cuidado, calculando bem o peso que podia inserir sobre as pedras soltas. Estava a arriscar-se muito! Um segundo de hesitação, uma falha microscópica e caíria no abismo. Havia outra solução? Takara não achou nenhuma e foi por isso que colocou em prática o seu plano louco. Quase desmaiou de alívio quando o seu pé tocou no firme. Um ninho de cegonha tinha sido construído naquela cavidade oca da pedra, uns três metros abaixo da superfície do abismo. Era um local tão recolhido e discreto que Takara sentiu-se de imediato segura. Ouviu as vozes imponentes, cruéis e pejadas de rancor acima da sua cabeça.

– Onde se meteu a humana? Estúpidos lobos filhos de uma aberração, aposto que deram aquele fragmento da jóia à cria.

– Ela estava com tanto medo que nem hesitou em pular do abismo, como é...

– Esperta! – Interrompeu uma voz mais límpida e menos rouca. – Aquela humana insuportável não é tão burra quanto pensam. Este abismo é um poço sem fundo, nunca mais vamos recuperar o fragmento branco da jóia. Digam adeus ao vosso acordo com Naraku!

«Naraku? Quem era aquele? Qual era a relação dele com tudo aquilo?»

– Digam adeus à vossa vida! Naraku não vai deixar-vos vivos!

– O mesmo acontece a ti, seu aprumadinho! Foste tu quem nos meteste nesta alhada, fizeste acordo com aquele estrangeiro suspeito. De que adiantaram as milhares de tropas, afinal?

– Tudo o que Naraku queria era o fragmento da jóia! E vocês nem conseguiram tira-lo a uma criança humana. – O tom de voz dele ganhara deboche. – Como são fracos...

– Não ouses chamar-nos de fracos. Vais morrer como nós, nas mãos desse Naraku, como podes estar tão feliz?

– Estou de alma limpa, porque esganei com as minha próprias mãos, aqueles lobos de luz que tiveram o discernimento de criar uma humana... sinto-me lisongeado por ter tido a opurtunidade de exterminar aqueles traidores do sangue! Morro honrado!

Takara tremia de raiva a cada sílaba pronunciada pelo Yokai de voz límpida. E ela sobretudo não queria acreditar, os pais dela não podiam ter morrido. Os lobos de luz eram tão poderosos! Takara secretamente desconfiara da sua mortalidade. Achara-os imortais! E agora, todo o seu mundo desabara! Já não tinha pais, não tinha ninguém!

O Yokai de voz grosseira lançou uma gargalhada de dar nos nervos.

– És um Yokai estranho tu! Com essas manias de honra e glória! Foge connosco e deixaremos o cara de macaco para trás. Ele não pode matar quem não vê!

– Foge tu, meu caro amigo! Eu entregar-me-ei a seus pés e implorarei por perdão. Por fim ele aceitar-me-á como seu discípulo e sinto, ó como sinto, com aquele fantoche ganharei meu próprio poder, meu próprio império!

Takara gravou todas as palavras na mente dela, para alguma pista futura. Se seus pais tinham sido mesmo assassinados, ela iria vingá-los!

Os Yokais afastaram-se e duas estrelas cadentes deslizaram ao mesmo tempo pelo céu. Não, não eram estrelas e muito menos descendentes. Eram rastros de luz que subiam para o céu enrolando-se um no outro, executando uma espécie de dança sincronizada. Os lobos de luz que ganhavam enfim o seu lugar nas estrelas. As luzes refletiam-se nos olhos de Takara que estavam rasos de lágrimas que ela não conseguia mais conter. Era verdade! Era tudo verdade! Eles tinham mesmo sido mortos, Takara não quisera, no seu íntimo, acreditar!

E nesse momento Takara tomou três decisões!

Primeira, iria vingar a morte deles, nem que demorasse a vida toda iria descobrir e castigar um por um, todos os que lhe tinham estragado a vida.

Segunda, iria sempre cumprir os ensinamentos dos seus pais e mestres, sem nunca fugir aos valores que lhe tinham ensinado.

Terceira e última, iria cumprir o seu papel de guardiã do fragmento da jóia, mais, iria encontrar a jóia e purificá-la.

E aí, seus pais teriam orgulho nela!

As lágrimas caíram antes das primeiras gotas de chuva. Sentindo-se à beira da exaustão, caiu de joelhos sobre a rocha e chorou mais do que tinha chorado em toda a sua vida. Era essa então a dor de se perder alguém que nos é querido. A sensação de culpa por não ter conseguido fazer nada para evitar o inevitável. Takara soltou alguns berros quando viu que os trovões conseguiriam abafar a sua raiva, rebolou e magoou-se nas rochas propositadamente deixando-as com a marca do seu sangue. Sangue humano! Porque ela era humana!

Como conseguiria cumprir os seus objectivos? Era uma simples e fraca humana de dar dó e nojo nos Yokais.

«Sou fraca demais! Não conseguirei porque sou fraca demais!»

– Sou fraca demais...

Inuyasha observava inexpressivo, a jovem no seu sono intranquilo, apoiado lateralmente na árvore que abrigava sob a sua sombra, a menina que insistia ser Yokai. No fundo, apesar de toda a embirração, Takara tinha algo que o intrigava. Além da história obviamente, que permanecia um mistério para todos. Takara era teimosa mas muito determinada e isso fazia com que, de certa forma, o hanyou se identificasse com ela.

– Tudo bem? – Perguntou Kagome, aproximando-se e esfregando os olhos.

– Mais ou menos, Takara parece estar a ter um pesadelo e não pára de repetir que é fraca demais! O que ela pretende ter força para fazer?

Kagome olhou para ele surpresa.

«Inuyasha a pensar, quem diria?»

– O que foi! Porque me olhas assim Kagome? - Perguntou com a sua habitual «delicadeza».

– Nada, nada... – Respondeu a mesma com um expressão comprometedora. Depois deu um bocejo.

– Kagome, vai dormir, estás a cair de sono! Não digas que estás preocupada com possíveis ataques, eu estou aqui de vigia para isso mesmo... para te... quero dizer, para vos proteger!

O hanyou corou logo em seguida.

– Obrigada, Inuyasha!

– Ora, Kagome, porque estás a agradecer? Só estou a cumprir o meu dever, nada demais... – Replicou corando ainda mais.

Kagome voltou a deitar-se depois de dar um sorriso carinhoso para Inuyasha.

Nesse momento, Takara acordou sobressaltada, com a respiração ofegante e gotas de suor a escorrerem-lhe pelo rosto. Inuyasha deixou que ela se acalmasse e voltasse à realidade. Da última vez que Kagome tentara ajudar, levara um olhar mal humurado da garota. Porém, ela parecia muito assustada e nos seus olhos a tristeza era patente.

– Estás bem? – Perguntou Inuyasha ainda que contrafeito, num ato de gentileza inesperada.

– Kirara...

A gatinha miou e saltou para os braços de Takara que a encheu de mimos. Takara levantou-se sem uma palavra e sumiu por entre as árvores com a Yokai ainda nos braços.

Inuyasha observava a cena abobalhado. Era impressão sua, ou a miúda insolente fingira não reparar na sua presença?

– Porque ela tem tanta afinidade com Yokais e detesta humanos? – Questionou Sango para ninguém em especial.

Inuyasha levou um susto ao ver Sango, Miroku, Shippo e Kagome a assistirem à cena. De onde eles tinham surgido, por mil Yokais chifrudos?

– Eu não sei! Gosto dela, mas não entendo essa garota! – Comentou Shippo balançando a cabeça numa negativa.

– Ei, também não é assim! Eu sou meio-Yokai e ela também me odeia!

– Talvez seja precisamente por seres meio-Yokai! – Sugeriu Kagome.

– Talvez seja porque o Inuyasha é um idiota! – Replicou Shippo.

De imediato levou com o punho de Inuyasha na cabeça.

– Cala a boca, pirralho!

– Ai, Kagome, o Inuyasha me bateu!

Enquanto os três discutiam a questão, Sango aproximou-se de Miroku e sussurrou.

– Há alguma chance de ela ter sido adotada por Yokais?

Parou de falar quando sentiu que Miroku a tocava num local inapropriado.

Plaf!

Sango virou costas e afastou-se e o monge ficou a observar-lhe o andar. Não aprendia mesmo, acabara agora de levar com uma chapada que ficara marcada na bochecha e já estava a pensar em outra.

– Esse Miroku não aprende! – Comentou Shippo num lamento.

– O que a minha Sangozinha queria, chegando tão pertinho? – Queixou-se Miroku fingindo um ar de inocente.


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Notas finais do capítulo

Comentem, o que estão achando da história?

Próximo cap vai ser dedicado à Kirara e vão haver revelações sobre a gatinha!



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