Corpo de Humana... Coração de Yokai escrita por Caramelkitty


Capítulo 2
Novo elemento no grupo


Notas iniciais do capítulo

Só queria esclarecer que no capítulo anterior eu disse que a personagem principal tinha 12 anos mas decidi mudar para 14



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Uma mulher surgiu através das árvores carregando pela mão, uma garotinha de apenas 4 anos.

Estava escuro pelo que ninguém na aldeia se apercebeu da presença das duas, esfaimadas, magras, de rostos cansados...

A mulher dirigiu-se a uma das cabanas e bateu à porta. Quando esta se abriu, depararam-se as duas com um homem de rosto severo, mas bochechas extremamente vermelhas, assim como o nariz. O olhar era já pouco lúcido, o que indicava que estava bêbado. Essa suposição podia ser confirmada pelas garrafas de vinho vazias e tombadas sobre a mesa.

Ao ver tal homem, a garotinha apertou mais a mão da mãe e começou a choramingar baixinho, assustada pelas sombras sinistras que a noite fazia aparecer no rosto do homem.

– Que queres? – Perguntou com maus modos.

– Quem és tu?

– Não me reconheces? Nós saíamos juntos há anos atrás!

Ele observou a mulher atentamente, mas não chegou a conclusão alguma.

Mas, ao olhar para a menina, o seu olhar agravou-se, tendo uma suspeita do que poderia aquela mulher magra de ar doente querer.

– Evidentemente, não me lembro de todas as mulheres com quem fui para a cama! Vou repetir apenas mais uma vez... que queres?

A pequena teve vontade de correr para longe, mas a mãe manteve o aperto firme.

– Eu engravidei de ti! Esta menina é tua filha! – Afirmou a mulher com um tom de voz firme.

O homem deu de ombros.

– E daí?! Não vais querer que lhe troque a fralda, né?

A mulher engoliu em seco.

– Preciso de dinheiro para sustentá-la!

– Não levas nem um tostão! – Concluiu o homem, querendo fechar a porta. A mulher enfiou o pé na porta, impedindo-a de fechar e entrou tempestuosamente, levando a filha de arrasto.

– És o pai dela! Tens obrigação de me ajudar a sustentá-la! – Gritou a mulher.

– Porque iria sustentar a filha de uma vagabunda imunda que engravida do primeiro que lhe aparece? Vai-te, e leva essa miúda daqui!

– Eu posso ir... mas a miúda fica!

– Então matala-ei!

A mulher larga a mão da menina que tremia.

– Que seja! Faz o que quiseres com ela, nunca quis mesmo essa criança. O problema então será só teu!

Tentou fugir porta fora, mas o Homem agarrou-a firmemente pelos braços e puxou-a para trás.

– LEVA-A, SUA BESTA! Se tem o teu sangue, então não será mais que uma prostituta! Não quero essa coisa na minha vida. Ela nasceu por tua causa, não pela minha! Sabias que eu era homem com destino de solteirão, devias ter-te cuidado!

– É TUA FILHA! Se não queres ajudar-me a sustentá-la, então vou fazer queixa! A sacerdotisa da aldeia saberá o que fazer! Com ela... e contigo! Serás expulso da aldeia por irresponsabilidade paterna.

O homem segurou tão forte os braços da mulher que fez marcas e lançou-a contra a mesa, as garrafas partindo-se e enchendo o chão da cabana e o cabelo da mulher com cacos de vidro alaranjados. A garotinha, entretanto, ouvia a discussão, tremendo. Recuou quando o pai dela lançou a mãe para cima da mesa evitando pisar nos cacos. As lágrimas marcavam o seu rosto. Podia não perceber tudo o que os adultos diziam mas de uma coisa tinha a certeza... nenhum deles a queria e era por isso que discutiam.

A discussão ficou ainda mais acesa, os dois pegaram-se à pancada e culminou numa tragédia. A mulher bateu com a cabeça na ponta da mesa, o que lhe abriu um sulco no crânio. A morte foi imediata, ainda antes de o sangue escorrer para o chão.

O homem levou as mãos ensanguentadas à boca. Se alguém descobrisse ele podia ser acusado de assassínio e esquartejado segundo os padrões da aldeia.

Trancou a porta.

– Se te mexes um centímetro... acontece-te o mesmo que a ela! – Apontou para a mulher que segurava agora pelos cabelos.

A garota conteve um soluço, acenou com a cabeça e ficou imóvel a um canto da cabana, vendo pela janela, o homem a cavar um profundo fosso nos arredores da cabana. Atirou o corpo sem vida da mulher para o buraco que cavara e voltou a enchê-lo, praguejando e limpando ocasionalmente o suor da testa que podia ter sido originado pelo esforço do trabalho, ou pelo pavor que tinha em ser descoberto.

Mesmo sendo um bêbado mau caráter, o homem não era um assassino, o que acontecera fora um acidente, pelo que não teve coragem de matar a menina... pelo menos, não diretamente.

Pegou na caçadeira com uma mão e na garota com a outra, jogando-a ao ombro como se esta fosse um saco de batatas. A menina queria chorar, mas tinha medo.

Adentraram pela floresta. Após horas de caminhada, o homem atirou a menina ao chão, virou-se e começou a afastar-se. Ela levantou-se com dificuldade e correu atrás.

– Papai, papai... Ele virou-se bruscamente e apontou a arma para o rosto da filha.

– Desaparece! Vai para dentro da floresta, perde-te lá! Sê comida pelos Yokais e, no alvorecer do dia, poderei continuar a minha vida de bebida, mulheres e diversão. Não és minha filha! Para mim, não existem crianças. É homens, que servem para dominar, Yokais, para matar e mulheres, para serem dominadas. A menina recuou dois passos.

– Matar-te-ei neste preciso momento com a minha caçarola, uma morte rápida e pouco dolorosa. Será um ato de piedade! Ou então podes escolher correr... antes do final da noite, os Yokais devorar-te-ão.

Os olhos castanhos da pobrezinha estavam cegos de lágrimas, mas ela lá se afastou, sempre com os olhos fixos na ponta da arma de fogo. Correu até as pernas lhe falharem. Apoiou-se numa pedra e chorou, chorou muito, sentindo os ruídos da noite em volta dela.

Yokais rastejavam em volta, faziam ruídos de sibilar, rugiam, deliciavam-se, ao verem a doce humana de carne tenra, tão indefesa... tão angustiada!

**************************************

Takara!

Foi tudo o que conseguiram descobrir sobre a misteriosa rapariga. E mesmo isso já fora com esforço. Ela falava pouco ou nada!

– Temos de levá-la connosco, ela está muito ferida. – Começou Kagome.

Inuyasha não gostou da ideia, mas Takara gostou ainda menos.

– Não preciso da vossa compaixão! Sei tratar de mim sozinha!

– É, deixa-a Kagome! – Concordou Inuyasha.

Kagome olhou para ele furiosa.

– É típico... faz birra por que não quer ser ajudada, e não tarda mal se consegue aguentar de pé. Igual a certo hanyou!

– Feh!

– De qualquer maneira... se não vieres connosco, teremos que te tirar o fragmento da jóia. – Disse Sango calmamente.

– Vocês não percebem nada! A jóia é maldita! Tem de ser destruída, não é dessa maneira que vão cumprir os vossos desejos. Se usarem a jóia, estarão a caminhar para uma armadilha. Mas do que adianta tentar explicar, nunca acreditarão na palavra de uma desconhecida, terão de ver com os próprios olhos.

Todos ficaram espantados por Takara pronunciar um discurso tão longo e preciso, já que até ao momento só lhes tinha respondido com respostas curtas e vagas.

Kagome ajoelhou-se junto dela.

– Nós sabemos... queremos destruir a jóia.

– Eu não! Quero usá-la para me tornar um Yokai completo!

– Inuyasha...

Este encolheu-se prevendo as palavras seguintes.

– OSWARI!

Um sulco foi aberto no chão quando Inuyasha caiu.

Takara olhou assustada para Kagome. Que poder era aquele? Com certeza estava na presença de uma sacerdotisa. Uma sacerdotisa com roupas estranhas.

– É perigoso para uma tão linda jovem arriscar a vida lutando contra Yokais poderosos para conseguir fragmentos da jóia. – Comentou Miroku, com aquele tom que não agradava nada a Sango.

– É, junta-te a nós! – Pediu Shippo. – Iriamos gostar de te ter no grupo!

Takara olhou para todos eles com hesitação.

– Não sei...

Nunca tinha participado de um grupo, amigos só serviam a ver dela, para atraiçoar.

– Mas qual é o vosso objetivo? Além de juntar a joia de quatro almas...

– Derrotar um Yokai maligno chamado Naraku! – Clarificou Inuyasha.

Takara pôs-se de pé, num pulo.

– Podem contar comigo! – Disse com determinação e começou a andar apressadamente tendo o grupo dificuldade em acompanha-la.

– Naraku prejudicou-te de alguma forma? – Perguntou Kagome gentilmente.

Takara não respondeu.

Kagome percebeu que iriam levar tempo para ganhar a sua confiança.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar, dizer quem querem que faça par com a personagem principal, ou cenas de romance entre personagens como Inuyasha e Kagome, Miroku e Sango, ...



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