Alucinação escrita por Anne


Capítulo 3
Capítulo 2 - Procurando pistas


Notas iniciais do capítulo

Hello everybody o/
Aqui estou eu, depois de alguns meses postando de novo.
É quase julho, inverno, e acho que a chuva de ontem me inspirou um pouco para escrever um novo capítulo, além, é claro, das mensagens que recebi nas últimas semanas pedindo para voltar a escrever essa história.
Eu realmente não sei se ficou bom, faz tanto tempo que não vejo mais a novela, nem vivo nesse mundo da "casa cheia", mas, eu de todo meu coração, espero que vocês gostem.
Não sei também se virão outros, talvez venham, quem sabe, eu só não quero colocar tanta expectativa quanto a isso uma vez que estou bem ocupada com outras coisas.
É isso, espero que vocês gostem, comentem falando o que acharam (até se ficou muito ruim), e peçam por mais capítulos... Quem sabe eu não me animo a reanimar essa fic do coma e tirar ela definitivamente do hiatus :)
Nos vemos lá embaixo...



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Crandon Park. Parque natural e praia de Miami Beach. Domingo. 17:00.

Ben sentou na areia molhado sentindo o suor se misturar com o gosto de água salgada. Seus olhos percorreram o mar verde cristalino a sua frente, e observando assim de longe, toda aquela beleza, não conseguiu não pensar na garota do vídeo, a loira que havia invadido sua mente de modo assustador e delirante e em poucos dias o estava deixando maluco. Sorriu, ao lembrar de seu rosto e pego de surpresa pelo seu melhor amigo de infância, Sidney, acabou ouvindo algumas coisas desagradáveis.

– Cara, eu sei que essa loira misteriosa do vídeo é linda, mas, eu ainda não consigo entender como você conseguiu dar um toco na Drica.

Ben sorriu torto e fitou o amigo de relance. O amigo passou a mão na barba rala e balançou a cabeça descrente. Seus cabelos cacheados e molhados balançaram junto, enquanto ele revirou os olhos azuis diante da heresia do amigo. Não conseguia pensar num real motivo para seu melhor amigo estar dispensando uma gata como a Drica.

– Sério – ele prosseguiu gesticulando com a mão, enquanto observava a garota da qual estavam falando sair da água do mar com um pequeno biquíni rosa, fazendo seu “amigo lá de baixo” se agitar. Ela acenou de longe para os garotos, que responderam com um breve aceno de mão - Ela é gostosa pra caramba, e eu não sei como, meu melhor amigo, meu amigo de infância, tem coragem de partir o coração de uma garota tão “legal” assim.

O loiro enfatizou o legal, fazendo aspas com os dedos no ar, um sorriso maroto no rosto. Ben sabia muito bem o que ele queria dizer. Sabia que facilmente poderia levar a garota para a cama se quisesse, sem falar que ela era linda, mas, estava cansado de só ficar, de relações casuais e vazias, e ele nem sabia direito explicar o porquê. Havia vivenciado isso na faculdade, apesar de nunca ter curtido relações assim. Ele gostava do amor, e da sensação de estar apaixonado, havia tido algumas namoradas, mas não era algo sério. Para falar a verdade, ele estava assustado, nunca havia sentindo algo tão intenso como o que ele sentia por essa garota.

– Olha, eu sei que a Drica é gata – ele começou tentando se explicar para o amigo - Mas com ela é somente amizade. Meu coração bateu mais forte por essa garota, a do vídeo, e eu sei que parece loucura, porque eu nunca vi ela pessoalmente, nem falei com ela, mas – ele se virou para o amigo com os olhos levemente arregalados e a voz extasiada – Eu não consigo tirar ela da cabeça.

– Ótimo, meu melhor amigo agora é castrado por causa de uma garota que ele nem sabe se existe – o loiro desdenhou, com ironia. O moreno meneou a cabeça, em discordância.

– É claro que ela existe, o vídeo é a prova.

– Ela pode nem estar viva, pode ser uma alucinação dessa sua cabeça doente e gay – Ben revirou os olhos irritado e balançou a cabeça. Sidney o observou por alguns segundos antes de prosseguir – Ok, peguei pesado, eu sei, mas digamos que hipoteticamente, isso tudo não é uma ilusão da sua cabeça e ela realmente existe, e tá bem gata no vídeo, mas, ainda assim, ela pode nem morar aqui, ou pode já ser velha, e gorda e ter um cachorro labrador chamado Marley, você já pensou nisso? Cara, esse vídeo pode ser antigo e ela pode tá uma baranga agora!

Ben soltou uma sonora gargalhada. Sidney franziu a testa e comprimiu os lábios. Estava visivelmente cansado de ouvir falar da misteriosa garota.

– Já vi que meus argumentos não serviram para nada não é?

Ben fitou o amigo parecendo brevemente parecendo determinado. Um silencio confortável prevaleceu durante alguns segundos. Os amigos apenas fitaram o mar enquanto faixas laranjas coloriam o céu anunciando que logo o dia se tornaria noite.

– Vai me deixar ver o vídeo pelo menos? - o loiro perguntou por fim, curioso para visualizar a garota que havia fisgado seu melhor amigo e o deixado de quatro – Sabe, eu como seu melhor amigo de infância, tenho que aprovar, ver se ela realmente é tudo isso.

– Eu não tenho mais o vídeo – sua cabeça pendeu para baixo e ele visualizou seus pés cavando a areia fofa – Um senhor arrogante apareceu lá ontem para pegar a câmera, talvez seja o pai dela.

– E você nem ao menos fez uma gravação?

– Fiz, mas, estou me sentindo mal pra caramba por isso... Sabe, meu pai pode ser processado por isso, eu posso ser processado por isso, perder minha bolsa na faculdade, é invasão de privacidade, de propriedade alheia, isso é crime.

– Você vai ter que me mostrar esse vídeo... Acho que eu mereço depois de ter ouvido você falar tanto nessa garota – Sidney falou, interrompendo o discurso do moreno, pouco se importando com a preocupação do amigo. Ele incontáveis vezes na época do colégio havia invadido o banheiro das meninas para espiar as mesmas se despindo, tomando banho, sem ser pego nenhuma vez. Precisou gravar um vídeo uma vez, já que ninguém acreditava muito nas suas histórias, e desde então, havia se tornado uma lenda entre o público masculino no seu colégio.

– Vai sonhando! - Ben retrucou levantando a cabeça.

Se sentia mal por toda situação que havia se envolvido nesses poucos dias que “havia” conhecido a loira. Imaginou que talvez estivesse enlouquecendo, e que o amigo poderia ter razão, mas algo impulsionava em sua busca.

– O estranho te falou mais alguma coisa?

Sidney prosseguiu com naturalidade, limpando o excesso de areia da mão. Ben sabia de quem o amigo estava falando, e isso o incomodou. Paulino, o melhor amigo do seu irmão mais novo, Vitor. Era um garoto magrelo e nerd, viciado em tecnologia, que vivia frequentando a sua casa. Sempre sofreu bullying desde pequeno, mas agora na adolescência, parecia que cada dia a situação piorava.

– Sidney, eu não gosto de quando você chama ele assim, o nome dele é Paulino.

– Foi mal cara, mas convenhamos, ele é estranho – Ben abriu a boca para replicar, mas o amigo a contragosto pediu desculpas, novamente, e prosseguiu – O Paulino descobriu alguma coisa sobre sua loira misteriosa? O nome dela realmente é Anita?

– Não, ele encontrou uma garota, mas ela, era muito diferente da garota do vídeo.

– Então pode ser alguma amiga dessa tal de Anita, pode ser uma prima, uma irmã.

– Sidney, você é um gênio!

Ben se levantou rapidamente, admirado do quanto ele havia sido idiota. Não estava raciocinando direito, porque talvez até mesmo seus neurônios estivessem enfeitiçados pela loira. Sidney o fitou perplexo, sem entender aonde o amigo queria chegar com toda aquela agitação.

– O que foi? – o loiro indagou se levantando também – Foi algo que eu falei?

– É óbvio que o Paulino não poderia encontra-la porque ele também não viu o vídeo, mas eu, eu vi o vídeo, e se ela for amiga ou irmã, ou o que quer que seja dessa tal Anita, eu... Eu vou conseguir achar ela.

– Ei, você se incomoda se eu ficar mais algum tempo por aqui?

Sidney falou não tirando os olhos da morena que falava com um grupo de amigas, próximo ao mar. Ele ainda achava que o amigo estava enlouquecendo, mas isso, ao seu ver, poderia ter suas vantagens.

– Não, acho que prefiro fazer isso sozinho – Ben se aproximou do melhor amigo e ambos deram tapinhas nas costas um do outro.

– Não esquece de mandar notícias, se você achar a tal garota.

– Tá, eu preciso ir – Ben falou impaciente passando a mão na sua bermuda, e depois de fitar o amigo brevemente, ele partiu, acelerando os passos. Ouviu o amigo chamar pelo seu nome e estancou. Sidney o alcançou alguns segundos depois ofegante.

– Você acha que eu tenho alguma chance?

– Com a Drica?

Ben levantou uma sobrancelha, confuso, enquanto o amigo meneou a cabeça em afirmação e fitou sem graça.

– É, eu pensei que por você não querer nada com ela eu pudesse... – as palavras morreram nos lábios do loiro e ele fitou o amigo sem saber direito o que dizer.

– Cara, vai fundo – Ben bateu nos ombros do melhor amigo – Fico na torcida para que dê certo.

– Sério? – Sidney exibiu um sorriso nos lábios – Resta saber se ela vai me querer – ele coçou a nuca descrente – Eu não sou igual a você que surfa, faz parkour, faz faculdade, é viajado.

– Você não vai saber se não tentar, eu preciso ir.

Ele sorriu e deixou o amigo, saindo apressado. O loiro acenou alguns segundos, e sorriu assim que observou as garotas. Ao contrário do amigo, ele já havia se apaixonado uma vez, e, não queria passar por isso novamente. Preferia curtir um dia de cada vez, viver algo real e temporário, sem se prender a alguém ou a algum sentimento. Sem machucados. Simplesmente desejos e prazer.

Subúrbio de Miami Beach. FlyBach Soluções Eletrônicas: Especializada em Consertos. Terça-feira. 16:00

Benjamim olhou entediado por entre os vidros da loja, enquanto turistas passando com casquinhas de sorvete nas mãos, a maioria com suas famílias e de origem mais humilde. O dia estava abafado lá fora, e nem a gelada limonada que sua irmã mais nova, Giovana, havia trazido, parecia refrescar. Observou atento a irmã namorando a guitarra pelo qual ela havia implorado de presente para o pai, que veemente havia negado o presente a sua filha caçula. A mesma havia sido roubada alguns dias atrás, quando saia escondida do pai no meio da noite para tocar com a sua banda em uma casa noturna. Ben achava que o pai tinha razão, afinal, a irmã tinha apenas dezesseis anos, mas preferia não argumentar com a ruiva, uma vez que ela parecia prestes a explodir contra qualquer um que falasse que ela estava errada.

Resolveu abrir a tela do notebook, e seus dedos agilmente digitaram para uma página em especifico de um site de relacionamento, sendo longo, direcionado para outro de postagem e edição de fotos. Ele odiava ser um maldito stalker que não parava de bisbilhotar em busca de qualquer sinal que pudesse dar alguma pista da loira. Já sabia o seu nome, Sofia, e achava que o mesmo combinava muito mais com a imagem de sofisticação da garota, mas, fora seu nome e um endereço que deu um aperto em seu coração, Nova York, ele não sabia mais nada sobre a garota. Queria conhecer ela, ouvir o som da sua voz pronunciando seu nome e falando dos seus hobbies e suas paixões, fitar seus olhos de perto. Sabia que logo voltaria a Nova York para continuar estudando, mas a cidade era tão grande e com tanta gente. E se não a encontrasse lá?

Ela parecia sofisticada, o tipo de garota que nunca daria moral para ele, e que provavelmente era namorada de algum playboy metidinho, mas, isso não o intimidava. Se tivesse a oportunidade de encontrá-la pessoalmente... Estava tão distraído em seus pensamento que mal percebeu a presença da irmã ao seu lado.

– Não vai me dizer que você tá caído por essa patricinha ridícula? – a voz da mais nova ecoou na mente de Ben, e ele num reflexo rápido fechou rapidamente o notebook.

– Que? – ele replicou, ainda confuso e sem jeito.

– Não adianta esconder, eu vi, era a Sofia Toledo... Francamente, você poderia ter escolhido algo melhor.

– Você a conhece? – Ben perguntou, ignorando as últimas palavras da irmã. No seu senso prático de homem, só uma coisa se passava na sua cabeça. Sua irmã conhecia Sofia.

– Não, quer dizer – ela pareceu confusa e lançou um olhar desconfiado para o irmão – Já nos esbarramos algumas vezes, e na última vez foi literalmente, eu derrubei, sem querer, minha cerveja no vestido dela ao ver as coisas absurdas que ela estava falando Junior. Você precisava ver como ela ficou furiosa – ela sorriu, parecendo distante ao se lembrar da cena – Mas... – uma das sobrancelhas da ruiva se levantou e ela cruzou os braços querendo saber aonde o irmão queria chegar – Porque você quer saber tanto dela?

– Hum, eu – Ben se enrolou com as palavras, odiava mentir, ainda mais quando era para a sua família – Bom, talvez eu esteja interessado nela – admitiu, sem esconder um sorriso, que fez Giovana querer vomitar.

– Você não tá falando sério né? – a ruiva indagou com os olhos azuis descrentes e ao ver a confirmação explicita nos olhos do irmão, seu desespero aumentou – Você já olhou direito para ela, essa garota, é ridícula, ela... – ela hesitou, procurando defeitos da loira, que pudessem ajudar a tirar essa péssima ideia da cabeça do irmão, mas, ela mal conhecia a garota. Só sabia que tinha uma antipatia muito grande por ela – Ela é fútil, sem falar que se acha, acredita que ela disse que eu precisava de um tal de tapinha da Sofia?

Ben não pode deixar de rir, lembrando do blog que havia stalkeado durante os últimos dias. O “tapinha da Sofia” era um dos projeto de transformação que a loira fazia com uma amiga. Ele não entendia muito de moda, maquiagens e cortes de cabelo, mas, precisava confessar que suas transformações eram muito boas. Ela estava aqui, em Miami, e isso o alegrava. Sentia-se meio entorpecido por essa informação, e pelos tapas que recebia da irmã mais nova.

– Ei, foi mal – ele disse se desculpando – Acho que você tem razão, ela me parece ser fútil mesmo – concordou por fim, arrancando um suspiro aliviado da irmã.

– Que bom, porque eu não aguentaria ver você suspirando por aí por aquela garota.

Sabia há tempos que mulheres tinham sempre a última palavra, gostavam sempre de ter razão em tudo. Não queria brigar com a irmã, então, resolveu concordar com ela. Algo lhe dizia que Sofia não era fútil, e que talvez a irmã estivesse com ciúmes do seu colega de banda, Junior, mas ainda não havia se dado conta.

Seus olhos percorreram novamente o movimento da rua, enquanto sua irmã tagarelava em seus ouvidos, e ela há viu, lá no fundo. Mesmo há muitos metros de distância, ele reconheceu seu rosto assim que a garota atravessou a rua. De súbito, levantou da cadeira e foi até a porta de entrada da loja, esbarrando em uma moça de cabelos castanhos. Giovana continuou o chamando pelo nome, mas ele pouco se importou. Saiu correndo vendo ela andar distante, com o celular em mãos, e um desespero repentino o alcançou assim que a viu pegar o táxi. Ele correu em vão atrás do carro e sem sucesso, desistiu assim que o carro sumiu de seus olhos. Queria poder segui-la, mas não fazia ideia de onde ela estava indo, e muito menos se era ela mesmo. Tudo que ele sabia era que precisava ir em uma dessas festas que segundo a irmã ela frequentava. Sabia perfeitamente quem poderia o ajudar com isso, e, quando deu por si, seus dedos estavam discando o número de uns dos amigos do seu padrasto.

– Ramon, cara, eu preciso de um favor seu... Você ainda está trabalhando naquelas festas como garçom?

[...] Continua

Bônus

Sala de criação e conceituação de novas tendências e vestuários de Donatella Versace. Filial de Miami Beach. Quarta-feira. 19:45.

A jovem observou os croquis diante da mesa dando um suspiro cansado em meio a um sorriso orgulhoso. Ela havia conquistado um estágio em um dos escritórios de um dos nomes mais conceituadas no mundo da moda e estava matriculada para começar a cursar no próximo semestre um dos Curso de Moda mais prestigiados da atualidade, na Columbia Universty, uma bem reputada universidade na glamorosa cidade de Nova York. Sabia que pelo motivos mais bizarros todos da sua família gostavam de bajular sua irmã mais velha, Anita, e deprecia-la por ser aquilo que chamavam de “patricinha fútil” que só sabe fazer compras, mas agora ela sabia, era inegável, havia algo que ela fazia muito bem, deixar as mulheres mais bonitas, e seus rascunhos de vestidos de alta-classe demonstravam muito bem isso. Seu celular vibrou a fazendo desviar seus olhos verdes dos seus amados desenhos. Ela sabia que estava muito atrasada para um encontro muito importante, compras no shopping com a sua melhor amiga, Flaviana. Ela sorriu assim que passou pela parte interna da loja e se viu cercada dos mais belos vestidos do mundo. Ela fazia parte desse mundo, e tudo que havia planejado até então estava dando tudo certo. Ela era uma vencedora e seu futuro era brilhante.


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Notas finais do capítulo

E aí, devo continuar?
O que vocês acharam?
Ben vai ser decepcionar com a Sofia assim que encontrar ela?



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