Survivor escrita por Swerga


Capítulo 4
Teste




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– Eu lamento. – Rick disse, colocando a mão no do meu irmão como consolo, mas Julian sorriu e se pôs do meu lado, era vez de Phoebe e eu comecei a encarar minhas unhas sujas e roídas.

As respostas dela a transformavam em fraca, pois a primeira era “Julian sempre os matou por mim”, mas ela falava com orgulho, o que me irritava, a segunda ela respondeu “não”, e a terceira não foi necessária. Rick aceitou nossa companhia, Carl não pareceu gostar, mas eu não ligava, Rick ainda estava trabalhando na confiança por nós, então ele só falou que aquilo que nós vimos era uma batalha pela prisão, eu me mordi pra não falar algo irônico. Rick estava procurando um abrigo e Phoebe e Julian o acompanhavam do lado, eu nem havia notado que estava pra trás com Carl. Eu estava com vontade de falar com ele, mudar minha opinião sobre ele ou saber o motivo de ele aparentar ser tão frio.

– Perdeu alguma coisa? – Ele perguntou com indiferença, e então percebi que eu estava o encarando.

– No mundo em que estamos vivendo ... sim, perdi várias coisas. – A minha resposta me surpreendeu, pois foi tão rápida. Ele me olhou de canto e ficou calado. Então eu continuei. – Olhe, Carl, se você não gosta de mim não tem problema, esse sentimento é correspondido.

A minha fala soou estranha, então eu me afastei e fui em direção a meu irmão, ficando ao lado dele, estavam todos em silêncio.

– Então, onde vamos?

– Buscar suprimentos e achar algum lugar para ficar. – Rick lutava contra as palavras pelo motivo de estar todo machucado, no fundo eu sentia pena dele pois ele estava demonstrando ser uma pessoa boa, mas não existe mais pessoas boas no mundo de agora.

– Você se envolveu em uma briga feia, ein. – Eu me bati mentalmente por ter dito isso, Rick me olhou suspendendo uma sobrancelha e sorriu torto, eu suspirei aliviada por dentro.

– Você não está nos melhores estados com essa roupa, também. – Carl se intrometeu, eu até tinha esquecido das roupas dos zumbis, me olhei e comecei a tirar, todos me olharam assustados. Mas logo ficaram aliviados por ver que eu tinha outra roupa por baixo, tirei meu xadrez da mochila e vesti ele, e então me lembrei de algo.

– Sabe... eu gostaria de ter minhas armas de volta.

– Se você for uma garota boazinha, eu te devolvo. – Rick falou e eu revirei os olhos, ele deu uma risada e meu irmão sorriu, não era justo pois Julian estava com as armas dele e Phoebe com sua faca, menos eu.

Entramos em uma “casa”, para buscar suprimentos, eu estava desarmada, é, eu estava ferrada. Todos se separaram, eu tinha achado um cano de ferro e fui pegá-lo quando um par de botas surgiu em minha frente, ergui minha cabeça e Carl me encarava com um sorriso travesso, bem, era um sorriso. Ele fez um barulho de reprovação.

– Está trapaceando?

– Trapaceando?

– Não é pra você usar nenhum tipo de arma.

– Eu não estou com forças pra pisotear cabeças de zumbis no momento.

– Vem, meu pai está te chamando.

Eu segui ele, e chegamos em um cômodo cheio de cadeiras e afins, atrás das cadeiras havia um walker, Rick parou do meu lado e me entregou um machado.

– Seu teste.

– Mas eu já matei vários zumbis, nunca com um machado, mas matei. – Protestei.

– Eu posso mata-lo daqui, pai. – Carl falou, mirando a arma.

– Não, é o teste dela. - Ao falar isso ele puxou uma cadeira e várias caíram, o walker veio em minha direção, apertei o cabo e quando o walker se aproximou, eu enfiei o machado em sua cabeça.

Mas por azar, tinha ficado preso, eu afastava o walker com o outro braço, me amaldiçoando.

– Não. – Uma voz masculina preencheu a sala e um barulho de tiro foi ouvido, por sorte a bala havia atingido o walker, que caiu nos meus pés. “Eu ia conseguir”, pensei irritada, entreguei o machado para Rick e sai do cômodo tentando não demonstrar raiva e frustração, mas quando parei na porta, Rick me chamou.

– O que foi?

– Pegue. – Ele me entregou minha foice, meu arco e minha aljava com flechas “caseiras”, e minha arma, prendi a aljava e o arco em minhas costas e minha arma no coldre, mas apertava o cabo da foice. Olhei para ele esperando que falasse mais alguma coisa e ele falou em um tom divertido. – Machado não é seu forte.

Eu me virei para eles não me verem sorrir e fui em busca do meu irmão, o tempo que eu cheguei ele matou um walker, bati palmas de forma irônica e ele revirou os olhos. Então ele viu a foice.

– Estão começando a confiar em nós.

– É, estão. – Falei pensativamente, encarando a foice.

Phoebe havia achado suprimentos, ao pegar todos, fomos procurar um abrigo. Carl ia na frente, estávamos em uma rua de asfalto, cheia de folhas.

– Ei. – Rick chamou seu filho, que ignorava. – Ei. - Ele insistiu. – Ei. – Rick alterou o tom da voz e Carl se virou, deixando Rick se aproximar, Carl o jogou um olhar de “o que?”. Rick parecia ter entendido o olhar.

– Essa é tão boa quanto as outras. – Rick o informou, analisando a casa ao lado.

Rick arrombou a porta e todos entraram, ele a encostou e voltamos a andar, Carl já estava pronto pra analisar um cômodo.

– Carl. – Rick falou com reprovação.

– Deixa comigo. Todas as portas estão abertas. – O garoto informou.

– Pare! – Rick implorou furioso. Carl se virou e bateu na porta com força.

– Ei cuzão. – Ele bateu outra vez. – Ei seu bosta. – bateu a terceira vez e estava prestes a repetir “cuzão”, quando Rick o interrompeu.

– Olhe o palavreado. – Ele falou irritado, e eu sorri com a cena, mas os dois não pareciam estar se divertindo.

– Você tá me zuando? – Carl disse indignado. – Se tivesse um deles caído lá, já teriam vindo.

Rick apenas encarava o filho, e depois se retirou pra verificar os cômodos, então todos se separaram, eu subi as escadas, passando por um corredor, ouvi passos da escada e fui ver, era apenas Carl, revirei os olhos, e entrei em um quarto, ao ver o quarto minha boca abriu formando um enorme sorriso, havia grandes quantidades de hqs e mangás, televisão e filmes, claro que a tevê não pegava, havia roupas espalhadas, havia guitarra, era o sonho de um adolescente, como eu não era uma pessoa má, voltei para o corredor e me deparei com Carl, os olhos deles estavam desfocados e o meu brilhava.

– O que foi? – Ele perguntou estranhando.

– Vem comigo.

– Por que eu deveria?

– Cala a boca e vem logo. – Eu me virei sem se preocupar se ele estava me seguindo, entrei no quarto e tive a mesma reação que quando entrei pela primeira vez. Eu ouvi um “uau” e me virei, Carl estava de boca aberta. Eu resolvi brincar. – Já vou avisando, as hq’s são minhas.

– Vai sonhando. – Ele falou me cutucando no ombro, eu estranhei o toque. Ele viu minha reação e afastou a mão, mas deu de ombros. Eu estiquei o braço e minha mão formava um punho.

– Futuros colegas?

– Futuros colegas. – Ele concordou, repetindo meu gesto e fazendo um toquinho.


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