Destinos escrita por DetRood


Capítulo 11
Temporal




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- Jovem, ela partiu há meia hora

- Jovem, ela partiu há meia hora... – As palavras engasgadas saíram da boca de tio Jack como se cortassem sua garganta.

 - Como saiu? Debaixo deste temporal!! – Dean sacudia-se em sinal de negativo.

 - Eu sou tio dela, mas eu a respeito como mulher... Ela é adulta e dona do próprio nariz, não posso amarrá-la com correntes... Desde cedo dei a ela a liberdade de escolhas, e não será agora que isso vai mudar... – Tio Jack confiava na educação que dera à sua sobrinha, e sabia muito bem que se tratava de uma mulher maravilhosa, dona de seu próprio destino.

Os dois estavam na varanda, e assistiam à chuva torrencial que caía naquele começo de noite.

 - Ela podia ter esperado até amanhã! – Dean não se conformava em ter passado tudo o que passou na noite anterior, e tudo ia terminar daquele jeito, escuro, chuvoso...

 - Jovem, eu acho que sei onde ela foi... – Tio Jack mexia em alguns papéis no aparador da sala, e encontrou o número do lote do cemitério onde a família Rood estava enterrada.

Dean pegou as chaves do carro, e antes de sair olhou para Sam que estava apoiado na porta da sala com os braços cruzados e um leve sorriso de satisfação.

 - E o que você está fazendo aqui ainda??

 - Só posso ter ficado louco!... – Dean revirou os olhos e saiu debaixo do temporal.

***

Em frente a velha lápide cinza, uma mulher estava ajoelhada de cabeça baixa, seu corpo encharcado pela chuva forte.

 - Conseguimos, pai... Conseguimos, pai...

Suas lágrimas se misturavam com a água da chuva que corria pelo seu rosto.

Nunca em toda sua vida havia descarregado toda a dor que sentiu durante todos os anos de ausência dos pais daquela forma.

E se ela não fizesse aquilo seria capaz de explodir.

 - Acabou, pai...

Não estava somente lavando seu corpo... Estava lavando sua alma...

Enfim, fez justiça à tragédia de sua família.

“Sometimes I get a feeling / Deep in my soul...Sometimes I get a feeling / I just can\'t control...”

As luzes do Impala cortaram a escuridão do local, e Dean avistou a detetive de longe.

 - Eu sei que você é imprevisível, mas podia fazer isso depois da chuva! – Dean gritou parado em frente ao carro.

A detetive olhou em direção à luz, e viu o loiro debaixo daquela chuva toda.

 - Não, era algo que eu precisava fazer agora! - Levantou-se e foi em direção á ele.

“Sometimes I get a feeling / Deep in my heart...It\'s such a feeling that I know will never apart...”

 - Acabou...

 - Sim, acabou, Dean... Essa história...

Ambos sabiam que como caçadores tinham a missão de prosseguir o que seus pais começaram, e sabiam que tudo o que passaram não era nada comparado ao que viria. Uma guerra, talvez decisiva.

E se olhavam como se fosse a última vez em que se veriam.

“She brings me love...I know it\'s all that I need...”

 - E você, o que faz aqui!

Num rápido movimento, Dean se aproximou dela e com suas mãos tomou o seu rosto, e seus lábios quase se tocaram.

Ele fechou os olhos, sentindo o calor da pele dela apesar de molhada, e conseqüentemente o calor de seu corpo, projetado em direção a ele por causa do movimento que fizera.

“Sometimes I get a feeling / Deep in my bones...Sometimes I get a feeling / Won\'t leave me alone...”

- Algo que eu deveria ter feito há tempos... – Sussurrou, antes de delicadamente encostar seus lábios nos lábios dela, quentes e molhados pela água da chuva e pelas suas lágrimas.

“Sometimes I get a feeling / Deep inside...It\'s such a feeling, my love, I can\'t hide...”

Valery ficou completamente sem ação. Congelada, seria a palavra mais adequada, não fosse o calor voraz que passeava pelo seu corpo, indo terminar em seus lábios agora encostados nos do responsável por toda aquela sensação estranha, e maravilhosa...

Durante alguns segundos ficaram somente sentindo o calor de seus lábios juntos, e seus corpos tão próximos, a respiração e o pulsar de seus corações acelerados.

“She brings me love...I know it\'s all that I needLove, I know it\'s all that I need...”

Lentamente, começaram a desfrutar de todo aquele turbilhão de sentimentos que os invadiam, resultando num beijo quente e cheio de desejo reprimido durante todo aquele tempo, desde a primeira vez em que se olharam, findando até aquela noite de chuva.

***

Um raio que pareceu ter caído próximo fez Valery despertar assustada.

Estava se sentindo estranha e não estava raciocinando direito. Parecia ter acordado de um sonho, o que na verdade não era.

Olhou ao seu redor, e constatou que estava no quarto de hóspedes da casa do tio Jack.

Havia roupas espalhadas pelo chão, e ela sentiu que não estava sozinha na cama.

Virou-se para o outro lado e encontrou Dean, dormindo um sono que parecia tranqüilo...

Ela fechou os olhos um instante, tentando despertar, e ao abri-los nada havia mudado.

É, realmente aconteceu... Tudo aquilo...

Fechou os olhos novamente, na tentativa de simplesmente registrar em sua memória todos os instantes bons. Respirou fundo, largando seu corpo na cama, pensando que aquele gesto guardaria todos os momentos que ela viveu durante aquela noite chuvosa...

Sorriu, e voltou a dormir, desta vez abraçada naquele que arrebatou de vez seu coração arredio.

***

Dean abriu os olhos assustado, o suor escorrendo pelas têmporas, respirando com dificuldade. Acordara de outro pesadelo.

Só que, quando acordou, pareceu-lhe estar num sonho.

Valery estava em seus braços, nua, dormindo como um anjo.

Mal podia acreditar no que tinha acontecido, nas horas anteriores, onde os dois passaram por uma situação tensa, e agora estavam ali, abraçados, celebrando o que parecia ser a melhor noite da vida dos dois, em paz.

Logo a sensação de falta de ar causada pelo rápido pesadelo que teve foi substituída pelo grande alívio, em saber que agora tudo estava bem, e que dali pra frente as coisas iriam tomar um outro rumo. Havia sim, uma luz no fim do túnel.

Admirava aquela criatura angelical ao seu lado, que ora se mostrava verdadeiro soldado de guerra, ora tão feminina e sedutora.

Deslizou a mão que estava livre pelas curvas da sua adorável companhia, suspirando calmamente, terminando com um leve beijo em sua testa.

Ela se mexeu suavemente, soltando um baixo gemido, quase um ronronar de fera que adormecia, desfrutando do descanso merecido.

Sonhava que tudo aquilo que tinham vivido era só um sonho, temendo que quando abrisse seus olhos nada daquilo teria acontecido.

Preferiu dormir mais um pouco...

“She brings me love...I know it\'s all that I need

Love, I know it\'s all that I need...”

***


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