O Quarto escrita por Lyssia


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic foi feita há quase um ano completo para Lirium-chan, de presente de aniversário, e postada em outro site... decidi colocá-la aqui hoje, embora provavelmente ninguém vá ler -q



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O quarto

A maioria das pessoas não entendia. Havia todo um mundo do lado de fora. E, embora ela não pudesse conhecê-lo por completo, ao menos sair, ver as ruas, sentir o sol batendo na pele e o vento despenteando os cabelos... ao menos isso ela deveria sentir. Não que nunca o fizesse – claro que fazia, não podia passar toda a vida trancada –, mas com mais frequência, o suficiente para os vizinhos e parentes não considerarem uma raridade.

E ela estava em uma idade tão, tão boa! A idade de sair, de conhecer pessoas interessantes, de tornar-se independente, de começar a se interessar por coisas que antes pareciam desimportantes. Era a idade do novo. Era a idade de se lembrar e de se esquecer de todas as vezes que os pais mandaram ter juízo. Era a idade, acima de tudo, de descobrir.

Todos os que não entendiam, porém, nunca imaginariam o quanto tudo parecia bem para ela.

O quarto, aquele que muitos encaravam como um carcél, era infestado de ideias, lembranças e tudo que podia a fazer viajar. Estar lá não era deixar de ver o mundo, e sim aprender sobre ele. Conhecer o que existia e o que não existia através da imaginação. Certo, era um pouco bagunçado, mas quem se importa com isso quando se passa a maior parte do tempo imaginando outro lugar?

O quarto, o computador, o caderno... tudo era uma passagem magnifica para além das fronteiras da casa, do bairro, da cidade, do estado, do país... e – por que não? – até do próprio mundo. Uma caneta ou um lápis perto de uma folha em branco era um convite tão (mas tão, tão, tão) difícil de recusar. Assim como o teclado do computador. Às vezes nada saía, é verdade. Ficava lá, apagando e reescrevendo a mesma frase, encarando a folha, ou a tela do Word, e nada vinha... ou vinham muitas coisas, mas nada satisfatório.

Ainda assim, lhe restava outro convite. Aquele preparado por outra pessoa e deixado lá, esperando que alguém se aventurasse. Haviam vezes que encontrar uma boa passagem (ou uma estória, como quiser chamar) era absurdamente difícil. Mas o resultado valia a pena. Principalmente quando brotavam uma daquelas onde o autor parecia ter adivinhado exatamente pelo quê queria viajar. E em meio a alegrias e tristezas, ela continuava lá, vivendo milhões de aventuras e histórias diferentes, torcendo por heróis (e às vezes por vilões) em situação que muitos não ousariam imaginá-los.

Ela sentiria. Intensamente, como a jovem que era. Ela teria (já tinha, na verdade) amizades inesquecí­veis, faria e diria coisas sem sentido. Ela perceberia que as responsabilidades aumentavam e os problemas se tornavam mais complicados. Um fator normal do tempo. Mas ela sempre poderia se trancar em seu (caótico e desorganizado) mundo particular, que embora pudesse parecer delimitado por paredes, janelas e portas, se estendia para além do que ela poderia ver, ou mesmo se lembrar.


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