Fragilidade violenta. escrita por RedSenpai


Capítulo 9
IX- Sonho.


Notas iniciais do capítulo

Então, vou começar pedindo perdão pela demora ;w; Sacomé, feriado prolongado sempre fode nossa vida de escritor, mas enfim. Como vão? Como foi a Páscoa de vocês? Quantos quilos o coelhinhos lhes trouxe? -q
Ai ai, só pedir desculpas de novo pela demora. Leiam as notas finais o3o



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“—Luna... Luna...

Escutava uma voz que era familiar me chamar, continuamente. Eu tinha consciência de que estava sonhando e que nada ali era real, mas tudo me assustava, o que era estranho.

As paredes vermelhas de sangue se contorciam de uma maneira psicótica enquanto hora ou outra eu via vultos, vozes. E o pior de tudo: Eu conhecia aquele lugar.

Era minha vila dois dias depois de um ataque de bárbaros.

— Luna? – A voz dessa vez chamou mais firme, e eu paralisei. Estava atrás de mim, eu tinha certeza.

—O que quer? – Forcei minha voz a sair o mais firme que eu consegui, mas minhas pernas tremiam. “É o Destino”, minha mente repetia várias vezes com uma certeza tão absoluta que me assustava.

—As coisas não estão boas. – A voz era tão grossa que eu sentia meus ossos ressonarem conforme ele continuava. – Os anões estão prevendo.

—O-Os anões? – Eu não me virava por medo de saber como era a face daquele ser, se a voz era tão temível imagine a aparência. – Eles não existem mais.

— Existem, minha querida. – Eu cai de joelhos e com os olhos arregalados. Era a voz... Da mamãe. – Eu não pude impedir eles de te levarem, me perdoe. Volte, querida, estamos em perigo. – A voz era tão suplicante que eu senti meu coração se apertar.

—Que perigo, mãe? – Minha voz saiu falha e eu não conti um soluço, as lágrimas caiam pelo meu rosto e só agora eu percebi minhas mãos banhadas de sangue. Era horrível estar aqui. – Eu nem ao menos sei como voltar...

— Sentimos a Yggdrasil morrer. – Escutei um suspiro. A voz grossa parecia irritada.

— Eles são perigosos, Luna. Os humanos estão acabando com as coisas por aqui. Os Deuses estão enfurecidos. – Mamãe disse, e logo deu uma pausa. – E o Destino também.

— Os mundos cairão em caos. – Eu sussurrei pra mim mesma e me apoiei no chão vendo minhas lágrimas caindo. Se Destino desistisse de dar destinos por estar zangado, todos os mundos se misturariam e dá pra imaginar o que aconteceria. – Por Odin...

Todos os seres existentes se matariam um a um até serem totalmente dizimados. Uma espécie de Ragnarok piorado. [N/A: Ragnarok= Fim do Mundo Nórdico. A morte de todos os Deuses e segundo a cultura, o começo de uma nova era.]

— Que os Deuses nos protejam. – Um brilho estranho surgiu no céu e eu me senti no dever de me levantar.

Uma poeira misturada com aquela luz intensa me fez colocar os braços na frente do rosto, e em questão de segundos eu parecia ter me teletransportado para minha vila meses depois, com tudo de volta ao normal e a calmeza e tranquilidade típicas de lá. Eu nunca tive um sonho tão sinistro assim.

Comecei a caminhar por dentre as casas olhando para as pessoas, mas ninguém parecia me notar. A Colina dos Dragões estava coberta daquela névoa negra estranha que diziam que se você respirasse dela morreria instantaneamente. Mas o que mais me chamou atenção foi a mulher que estava sentada na fonte d’água.

Tinha longos cabelos azuis da cor do céu da noite que chegavam aos seus pés, pele branca como a lua e olhos cor de oceano. Usava um vestido negro brilhante que se arrastava pelo chão como um tapete, e cantarolava olhando para o céu. Embora estivesse sorrindo, sua expressão era extremamente triste.

— O mais depressivo do dia é a ausência do astro mais belo: A lua. – A voz era doce e se dirigia a mim, e aos poucos ela me encarou, fazendo com que eu me sentisse invadida por aquela beleza sobrenatural. – Você está linda, minha Luna.

— Q-Quem... Quem é você? – Falei meio vacilante dando passos para trás.

— Sou Magni, Deusa da Lua. – Ela fechou os olhos enquanto parecia degustar do sol em sua face pálida.

— M-Magni? – Eu arregalei os olhos. – Mas você era um Deus, não uma Deusa! – Arqueei a sobrancelha enquanto falava. Era estranho pensar que eu estava de encontro com uma Deusa, mas eu estava num sonho, e contando com tudo o que tinha acontecido comigo era uma coisa até normal.

— É o que todos dizem, mas isso não é importante. – Ela sorriu e se levantou, fazendo um brilho estonteando sair de seu vestido. Conforme andava em minha direção com toda a formidade digna de uma divinidade (deixando visível seu corpo de seios fartos e pernas longas, com uma cintura fina), o céu se escurecera até se tornar um negro de uma noite sem lua.

O único brilho dali, era aquela mulher.

— Luna, você tem que voltar para sua vila. – Eu abri a boca para falar, mas fui calada pelos longos dedos dela. – Sem perguntas. Não venha sozinha. Eu tenho um portal para poder vir sem desavenças, mas ele só se abre há meia noite. – Ela pausou e sorriu. – E eu, como Deusa do romantismo... Digo que só conseguira abri-lo com um beijo de amor puro. – Arregalei os olhos e tentei falar novamente, mas fui impedida. – Não precisa ser você. – Ela sorriu mais uma vez me deixando aliviada.

Magni iria falar mais alguma coisa, mas um vento forte como um tufão passou por nós, com raios e trovões da mais terrível tempestade. Coloquei o braço na frente do rosto mais uma vez ficando em posição de combate olhando para os lados desesperada.

Magni sumiu.

E eu acordei.”

~~~~*~~~~~*~~

—Você está quieta hoje. – Rafael disse enquanto tomava um suco de laranja, e eu me permitia olhar hora ou outra para as gotas em seus lábios. – Aconteceu algo?

—Não, não, só estou cansada. – Falei fazendo gestos negativos com a cabeça e a tombando um pouco para trás. – Mas você também tá quieto. – Arqueei a sobrancelha o olhando sugestiva.

— Bom... Uma “amiga” vai voltar, e eu estou meio preocupado com o Luke por causa disso. – Ele olhou pros lados como se procurasse alguém, mas pelo jeito não encontrou.

Eu tinha percebido Luke meio distante mesmo, mas achei que fosse minha culpa pelo pequeno incidente (e quase acidente) que aconteceu em sua casa. Mas pelo jeito o motivo era outro, e eu estava curiosa: Por que Rafa se preocuparia com a chegada de uma amiga e também com o Luke? Fiquei um tempo pensando, e nem notei quando o moreno sentou do nosso lado.

— Ela vem mesmo, né? – O Laurent tinha as mãos na nuca e olhava para cima, realmente não parecia bem. Desviei meus olhos para Rafael que assentiu de forma afirmativa, e ouvi um suspiro do outro. – Que droga. – Ele se levantou na mesma rapidez com que chegou, e segurou meu braço. – Vamô, a aula vai começar e eu preciso falar com você.

Tanto eu como o loiro tentamos negar, o que foi em vão. Fui arrastada pelos corredores sendo segurada pelos braços fortes dele enquanto me perguntava qual a necessidade daquilo, e ri ao pensar que talvez ele estivesse envergonhado demais para agir normalmente comigo. Não que ele fosse tímido, de maneira alguma, mas talvez fosse a melhor hipótese – e a mais divertida – que tenha passado pela minha mente.

— O que aconteceu? – Perguntei de uma forma curiosa assim que chegamos à uma sala um pouco distante do pátio

— Eu precisava sair de lá, e te contar uma coisa também. – Ele sentou numa mesa e me encarou, e eu olhei confusa. – Aquela ilha que disseram que você vinha... Ela meio que tá aumentando. – Ele fez alguns gestos figurativos. – Tem alguma explicação?

Coloquei os dedos nos lábios e minha expressão passou a ser preocupada. Aquilo não era um bom sinal.

— Minha “ilha” na verdade é gigantesca, talvez maior que o planeta de vocês. – Eu olhei pro teto enquanto procurava o que falar. – Tem sorte de a barreira não ter saído da Colina dos Dragões ainda, se não vocês estariam completamente ferrados. – Cruzei os braços e o olhei, vendo-o com uma expressão amedrontada. – Eu tive um sonho hoje... Com aquele Destino, aliás.

— A tal barreira/portal tá mesmo enfraquecendo, então? – Eu afirmei e ele passou a mão nos cabelos, incrédulo. – O que o cara queria?

—Ele e a uma Deusa, Magni, me alertaram que todos os mundos correm perigo. Nisso envolve todo tipo de criatura que você imaginar, desde unicórnios até Titãs. “Nunca enfureça o Destino” e blá blá blá, e se eu não voltar...

— Nós estaremos muito, super, mega fudidos. – Eu afirmei e dei de ombros, aquilo não me assustava tanto quanto deveria. – Minha vida tá mesmo uma bosta. – O vi fechar os olhos e rir ironicamente.

— A garota que vai chegar é alguma ex namorada sua? – Perguntei curiosa me curvando pra frente, tentando ganhar sua atenção novamente.

— Não só minha “ex”. Foi a garota que eu prometi amar pro resto da minha vida. Longa história, qualquer dia eu te conto. – Ele pulou da mesa e veio em minha direção, puxando meu braço e quase me fazendo bater em seu peito. – Rafael deve estar muito mais empolgado com a chegada dela, então não ligue se encontrar ele distraído por aí.

Arqueei a sobrancelha mais uma vez, e fazia tempo que eu não sentia uma curiosidade tão instigante.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Se eu tiver bastante comentários posto o próximo logo, logo. Estou dois capítulos a frente já, então tudo depende de vocês.
Comente e garanta seu lote no céu.