Fragilidade violenta. escrita por RedSenpai


Capítulo 13
XIII- O começo do fim.


Notas iniciais do capítulo

Oe pessoas, como vão? Enfim, capítulo cheio de coisa hoje, mas talvez um pouco cansativo. Prometo que o próximo será mais leve e lotado de amorzinho, ok? Boa leitura o3o



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A escola estava numa agitação total com o campeonato de atividades Medievais. Pescas, arco e flecha, tiro ao alvo com imagens de animais silvestres, esgrima, cavalos, tudo unido a um cenário totalmente bem elaborado por ninguém mais do que a pessoa que sabia exatamente como era: Eu.

Alguns discordaram do tamanho das placas que faziam as casas, outras diziam que as roupas eram muito bonitinhas. Porém, o Diretor alertou a todos que eu era a melhor pessoa que ele conhecia pra montar algo assim com perfeição e realismo.

Claro, eu vivi 16 anos num lugar assim.

Havia passado uma semana desde o “selinho” – como as pessoas daqui costumam chamar o que eu na verdade chamo de comprimento sentimental amoroso e vergonhoso – que eu e o garoto de cabelos pretos tínhamos trocado. E também havia uma semana que decidiram que teríamos um campeonato de Atividades Medievais. E tivemos três dias para montar tudo além de arcarmos com toda a bagunça depois.

Rafa e Yuui estavam terminando de iniciar a modalidade do arco e flecha, sendo que o esgrima tinha sido ganho pelo Kovski uns cinco minutos atrás, e o tiro ao alvo pelo Luke. Nada que eu não esperasse, ele é a pessoa com melhor mira que eu já conheci – depois de mim, claro.

— E então, quem tá competindo nessa fase? – Eu cheguei e cumprimentei Yuui com um sorriso, e recebi um pequeno e rápido abraço de Rafael, que logo se soltou e pegou e lista de competidores.

— Vejamos... Taylor Leslpilack, Jhon Gunter, Julie Robert, Viktor Muniz... E uma convocada, que por acaso se chama Luna Skallagrimm. – Ele me respondeu com um sorriso meio questionador nos lábios, e eu arregalei os olhos. Como assim convocada?

Eu tinha alto treinamento de valkyria, e talvez não fosse muito bom expor minha habilidade assim. Tudo bem que todos sabiam – e como eles chamavam, coisa de índio –, mas eu ainda não me sentia confortável.

— Convocada? M-Mas eu não... Eu não quero! – Eu disse com as mãos na boca tentando não parecer uma desesperada. No fundo, eu morria de vergonha de encarar um público me olhando atirar flechas. E se eu errasse? Eu seria uma piada pra sempre.

— Sem recusa, ordens do diretor. – Yuui tinha as mãos na cintura e mantia um sorriso amigável. Eu tinha aprendido a simpatizar com ela, embora tivesse muita desconfiança. – Mas... Da onde você veio, é normal não é? Vocês caçavam usando isso?

— Sim. – Respondi sem muita importância enquanto folheava olhando os candidatos das outras modalidades, e como tinham nomes engraçados na lista.

— Estranho não ter nenhum registro sobre eles no Atlas da Sociedade, não é? Cientistas foram pra lá e simplesmente não comentam sobre isso. Sabe de alguma coisa, Luna? – A garota de olhos puxados parecia bem focada nas minhas reações e eu me concentrei o máximo em não demonstrar nervosismo.

— Minha ilha foi recém descoberta, e nenhum cientista foi pra lá, fomos achados graças a um radar. – Eu tentei desconversar. – Acho que está confundindo de ilha, Yuui-chan. – Tentei controlar o máximo minha ironia, mas aquele sufixo no final do nome dela me deixou provavelmente com uma expressão diabólica enquanto a encarava. Eu sabia que não podia confiar muito nela.

Rafael não deu uma palavras, apenas se concentrava em organizar os competidores. Então me direcionei até a fila, e por ter demorado, acabei sendo a ultima.

~~~~*~~~~*~~~~

Taylor: 5 de 10 acertos.
John: 7 de 10 acertos.
Julie: 3 de 10 acertos.
Viktor: 4 de 10 certos.
Luna: ~ de 10 acertos.

O placar havia ficado exatamente assim quando chegou minha vez. Eu caminhei lentamente até os alvos e parei em frente a um servo negro – tinham mais nove espalhados. Eu sentia o olhar de todos em mim quando o animal começou a se mover nas linhas de instalação dando início ao meu jogo.

Fechei os olhos e senti a brisa imaginando a trajetória de cada flecha que eu fosse lançar. Direita, pra frente, estibordo. Calculei o tempo. Em cinco segundos estaria tudo feito sem nenhum erro e de maneira graciosa como a de qualquer valkyria.

Entretando, antes de começar, um estranho calafrio me subiu a espinha e eu vi a imagem de um homem coberto por uma manta negra bem ali a minha frente, e depois desviou para o lado e parecia me observar, esperando que eu me movimentasse para ataca-lo.

Peguei as dez flechas de uma vez ignorando aquele ser, e mirei nos cervos se mexendo rapidamente. Acertei o primeiro. O segundo. O terceiro. O quarto. O quinto. O sexto. O sétimo. O oitavo. O Nono. Tudo em quatro segundos.

Porém, na décima flecha, eu apontei o arco para o estranho de manta preta que estava ao lado dos alvos e atirei. O material pontiagudo passou através dele, e só agora eu havia percebi que ele mais parecia uma fumaça negra e assustadora. Ninguém estava vendo aquilo?

Vi um sorriso por debaixo do capuz e percebi ser de um homem jovem, arqueei a sobrancelha e fiquei o encarando até o ver desaparecer como uma neblina escura numa ventania.

E então, eu desmaiei.

~~~~*~~~~*~~~~

Acordei na sala de enfermaria com Luke ao meu lado como sempre, debruçado sobre a cama. Ao perceber que eu me mexi, ele ergueu a cabeça e me direcionou um olhar preocupado.

—Você adora sair desmaiando por aí, né? – Eu dei uma risada fraca. Isso era verdade, eu demoraria séculos para me acostumar com esse mundinho estranho, o que me fazia desmaiar fácil.

— Eu acho que ainda não me adaptei muito bem. – Me sentei enquanto ele me olhava atentamente.

—Mas por que cê atirou no nada aquela hora? Você tava indo tão bem, sua idiota. – Ele estava de braços cruzados e prestava atenção em cada coisa que eu fazia. Foi então que eu caí na real e me lembrei do que tinha acontecido.

—Ai meu Deus, eu preciso falar com o Diretor! – Pulei da cama e corri para a porta sem dar atenção para as broncas do Luke, e acabei esbarrando no Rafael que trazia uma garrafa de café. – Desculpa, e-eu... Eu já volto! – E continuei minha trajetória até a Diretoria.

Aquele homem que havia aparecido, provavelmente foi escolha dele querer que só eu o visse. E se ele queria isso, sabia que eu era um elfo. E se ele sabia que eu era um elfo, tinha sensores muito bons.

Um ser mitológico bem perigoso, consequentemente.

No caminho, acabei encontrando Lola ajoelhada no chão com as mãos na cabeça, e parecia sem forças pra pedir ajuda. Quando se virou para mim, pude ver seus olhos vermelhos suplicantes e aquilo me fez ficar ainda mais preocupada. “A presença de seres malignos muito fortes ensurdecem elfos da Lua Sagrada, ou seja, é impossível haver cumplicidade entre eles. Eles nunca poderão trabalhar juntos.” Era isso que os sábios sempre nos diziam.

Me agachei perto dela e coloquei minha mão sobre sua cabeça, usando os métodos de cura que foram ensinados a mim pela mamãe enquanto enfrentávamos uma horda de espectros numa das encruzilhadas vikings mais tenebrosas que já presenciei.

— A-Aquilo... – Começou ela meio fraca e zonza. – Ele era um Mago da Lua Nova. – Durante a Lua Nova, o céu ficava totalmente sombrio, escuro. Foi daí que os Magos malvados tiraram sua inspiração, pela falta de energia positiva (luz) que se encontrava em seus poderes ocultos.

— Você também viu? – Eu arregalei os olhos a ajudando a se levantar.

—Vi, mas nos corredores antes de começar o arco e flecha. Porra, eu agonizei aqui por mais ou menos uma hora. – Ela colocou a mão na cabeça fazendo uma massagem leve, e olhou pra mim e vi suas bochechas corarem. Ela ia me agradecer? – Temos que ir falar com o diretor, vamos.

— As pessoas costumam dizer “obrigado”, sabe. – Eu disse enquanto caminhávamos apressadamente.

— Tanto faz. Sabe o que tá acontecendo? É a terceira vez que eu vejo algum ser de Saelland vagando por aí. – Ela me perguntou e eu não tive tempo de responder, pois já tínhamos chegado à porta da diretoria.

— Sim, eu sei. – Respondi num sussurro.

Quando entramos, o diretor nos lançou um olhar frio, provavelmente ele já sabia do meu desmaio.

— Diretor, a escola está um perigo eminente. – Eu disse de uma forma séria tentando ter sua atenção.

— Alguma coisa quebrou no Campeonato? – Ele continuava com os olhos na tela do computador, e eu podia ver refletido nos óculos a imagem de uma mulher nua. Aquele sem vergonha!

— Acabamos de ver um Mago no campo do Arco e Flecha, Diretor. As aulas precisam ser suspensas antes que...

— Espere um minuto, como a senhorita sabe disso? – Ele se levantou e caminhou até nós, me lançando um olhar assustador. – O que eu lhe disse sobre contar a alguém?

— Eu também sou uma elfa, senhor. – Ela tinha a cabeça baixa agora, e o outro arregalou os olhos e se afastou um pouco. – Mas isso não vem ao caso, está perigoso ficar aqui.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, ouvimos uns sussurros do outro lado da porta. Lentamente, o grande homem foi até lá e abriu-a bruscamente, fazendo Luke e Rafael caírem no chão por estarem escorados nela.

Rafael tinha uma expressão amedrontada, enquanto Luke tinha um sorriso sem graça no rosto. Pude ouvir um suspiro vindo de Lola quando ele olhou para ela, e confesso que fiquei meio irritada por ele retribuir.

Me virei para o diretor esperando que eles recebessem um castigo enorme, mas ele simplesmente se sentou na cadeira com os olhos fechados, tentando controlar a respiração. Depois de um tempo, nos olhou novamente.

— Laurent já sabia, certo? – Ele me fitou meio em desaprovação, e eu assenti. – Certo, então Senhor Canavitello, volte aos seus deveres e não diga uma palavra sobre o que ouviu, entendeu? E é bom não desobedecer. – Ele tinha um fitar tão amedrontador que Rafael apenas assentiu, e saiu logo em seguida. – Agora... O quanto o senhor sabe, Laurent?

— Ele sabe o bastante pra ouvir nossa conversa. – Interrompi e sem medo, continuei. – A interferência humana provavelmente rompeu parte da barreira, e a rompe cada vez mais. Saelland está expandindo, e os seres de lá estão tendo contato com esse mundo. E se não fizermos algo, o Destino...

— Vai acabar com todas as vidas existentes em qualquer mundo, certo? – Ele suspirou, e eu afirmei. – Luke Laurent, preciso falar com seus pais ainda hoje. E vocês duas, encontrem o Canavitello e cancelem as aulas até segunda ordem, mandarei um comunicado para os pais dos alunos por e-mail. – Ele se levantou novamente e saiu pela porta, nos deixando sozinhos em sua sala.

Lola olhava descaradamente para Luke enquanto ele pegava o celular para ligar provavelmente para a mãe. Suspirei e saí da sala imediatamente a procura de Rafael, algo me dizia que muita coisa aconteceria de agora em diante.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Comentem, comentem! Eu adoro ler cada comentário de vocês o3o
Até a próxima, pe-pessoal.