Fragilidade violenta. escrita por RedSenpai


Capítulo 1
Capítulo I- Talvez não seja tão ruim assim...


Notas iniciais do capítulo

Então, vou fazer o teste e postar essa Fic original aqui. Se gostarem, por favor, comentem! Tenho que saber se posso continuar ou não.Mas até aqui, obrigado por lerem. :3



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1 de Fevereiro de 2050, Listerning, Somnium , A grande Cidade dos Sonhos.

Cheguei a nova escola um pouco admirada com a arquitetura ocidental moderna, eu não estava acostumada a tudo isso, era muito inédito e inacreditável pra mim. Onde estavam os dragões? As estatuas de Thor? Por que idolatravam um homem de braços abertos? Que povo mais misterioso.

—Seu nome, senhorita. – uma máquina aparentemente amigável falou comigo. Uma máquina. Falou comigo. Eu estava me sentindo maluca, e demorei pra processar que eu estava num lugar com tecnologias hiper-desenvolvidas.

—L-Luna, Luna Skallagrimm. – Eu tentei não demonstrar o horror que se passava pela minha cabeça ao ver aquela coisinha se virar pra mim com olhos que antes eram azuis, agora verdes. Eu tinha feito ou falado algo errado?

—Luna Skalagrimm. Sua sala é a 3-A. Tenha um bom dia. – Ela parou por um momento e me impediu de passar, aquilo me deixou tremendo. – Nova mensagem. O diretor gostaria de vê-la. Logo um anfitrião a levara até a sala do diretor. Não saia daqui.

Ok. Ok. Mantenha a calma. Essa coisinha de metal não vai estuprar nem matar você, Luna, se tranquilize. Oh Odin, o que eu estava fazendo naquele lugar tão... Tão... Tão... TÃO?

Simplificando, exatamente tudo era novo pra mim. Eu vinha de uma ilha pequena recém descoberta na Islândia, onde meu povo ainda seguia ideologias nórdicas muito incomuns e julgadas extintas nos dias de hoje, que segundo o povo daqui, é 2050. Então, eu não era nem um pouco adaptada a ser recebida por máquinas (que eu descobri ontem que são “máquinas”), e ter um monte de pessoas me encarando sem que eu tenha cometido nenhum crime nem descoberto nenhuma terra. Talvez por eu ser nova? Diferente na tribo deles? Sempre ouvia que os índios americanos eram bem hostis, segundo as histórias dos meus avós.

Aliás, estava sentindo falta da minha família desde que praticamente me obrigaram a me separar deles. E ainda por cima pra ficar presa num negócio chamado escolha, eschola, algo assim, onde se tem que aprender coisas! Eu já sabia caçar, matar, lutar e prender, o que mais precisaria aprender?

—Garota...? – Ouvi uma voz bonita e me virei, dando de cara com um tórax coberto por uma blusa e uma jaqueta bem alinhadas ao corpo. Olhei pra cima (eu era baixa, ou o homem era alto?), e senti olhos azuis como o céu aberto daquele dia me encarando severamente e parecia avaliar cada pedacinho de mim, o que me fez sentir meu rosto queimar. O homem tinha cabelos meio loiros, meio castanhos, difícil decidir a cor, só sei que fiquei bastante tempo encarando pra ter certeza que eu não estava sonhando com aquela imagem. – Qual seu nome? – Eu voltei a mim me sentindo envergonhada com a situação.

—L-L-Luna. Luna Skallagrimm, senhor.

Ele me olhou meio confuso, provavelmente pelo meu sobrenome, eu sabia que não era muito típico, muitas pessoas já haviam me falado isso ao longo dos três meses que eu estava presa em um quarto com gente me ensinando como me comportar e o que eu faria aqui nessa nova terra. Mas eu sorri e acenei um “sim” com a cabeça, e ele pareceu rir divertido.

—Você deve ser a novata tão esperada pelo diretor, não é? Ah, e não me chame de senhor, eu devo ser um ano mais velho que você. Enfim... – Ele apontou pro meu cabelo. Até hoje ainda não entendia o porquê de me olharem estranho por causa do meu cabelo, tudo bem que era estranho, mas tinha cabelos bem mais estranhos de onde eu vinha. – Sei que vai ser bobeira, mas, é natural? Parece muito... – Ele se interrompeu e me olhou ainda confuso.

—Por que não seria? – Respondi com toda a naturalidade vendo seus olhos se arregalarem.


Meus cabelos eram ruivos, bem ruivos. Porém, era possível avistar quatro fiozinhos azuis por baixo, minha mãe dizia que era uma benção da Deusa Da Lua para mim. Mas, eu não entendia por que aquilo parecia tão estranho, era bem normal Deusas darem qualidades para as pessoas que elas julgavam especiais. Talvez eles não seguissem essas crenças aqui, né?


—Sério?

—Sim.

—Nunca tinha visto uma ruiva, muito menos com quatro fios azuis por trás da nuca. – Ele parecia estar brincando e achando que eu estava mentindo e eu senti aquilo como um insulto, deixando minha expressão um pouco mais severa.

—Eu só tinha dois quando nasci, e você só percebe se reparar muito, então se isso te incomoda é só não olhar, idiota. – Ele pareceu surpreendido com a minha resposta, e realmente, eu havia sido muito educada. Papai havia me ensinando a enforcar quando pessoas me insultavam, mas nas aulas de eitiquetas (algo assim) que eu tive nos meus primeiros três meses aqui, me disseram que era muito errado.

Ele se virou e fez um gesto que pareceu ser pra eu segui-lo, então o fiz rapidamente para não ficar perdida naquele lugar enorme. Fiquei bem ao lado dele, com medo de que alguém tentasse me bater no meio daquela multidão.

—Quando chegou, Skagrimm? – Eu ouvi.

Skallagrimm. Faz uns três meses para a contagem de vocês, mas me deixaram presa num lugar quadrado cheio de livros e me ensinaram a falar português durante esse tempo. É bem complicapo... Complicanto... Complicado.

—Qual sua língua nativa?

—Hã? – Eu não tinha entendido o contexto por ele ter falado meio rápido e eu realmente não estava tão adaptada a tudo isso.

—Qual língua você sabe falar desde que nasceu? – Ele riu com o meu embaraçamento, e eu ri tímida também.

—Islandês. Mas meu avô me ensinou pseudo-nórdico também, é bem divertido. – Eu disse empolgada me lembrando de como era incrível a pronuncia dos nomes em nórdico.

—Então, me fale uma frase em islandês, sempre achei uma língua bem estranha e impossível de aprender. – Ele riu como num desafio, e aquele foi o desafio mais bobo que já me impuseram: Falar uma frase numa língua que eu falei por 16 anos.

—Þú ert mjög vingjarnlegur. – Eu disse rindo, mas aquilo pareceu soar estranho pra ele que me olhou com a boca aberta, e depois caiu em risos. Ele era tão lindo sorrindo daquele jeito...

—Só pra saber, você me xingou? Por que pareceu.

—Ekki bölvaðir þér, hálfviti. – Ele voltou a me fitar estranho como se pedisse pra eu falar sério, e voltou a andar enquanto eu o seguia rindo. – Não o amaldiçoei, se quer tanto saber, foi isso que disse agora. E antes, não, eu tinha te chamado de simpático por que é um dos poucos elogios que eu dominei até agora.

—Entendo, é bem agressivo. – Ele riu mais um pouco, parecia impressionado comigo. – Chegamos. – Ele apontou pra porta fazendo sinal para que eu entrasse. – Aliás, meu nome é Rafael Canavitello. Quando tiver um celular escolar me ligue, quero aprender um pouco de xingamentos islandeses com você. – Ele fez uma reverencia ao senhor que só agora havia notado que tinha aberto a porta, e seguiu rumo a algum lugar no meio da multidão.

~*~*~

Eu me sentei numa poltrona enorme e confortável como a pele de um lobo gigante, enquanto um homem alto e gordo se sentava do outro lado de uma mesa enorme que, pelas minhas contas, havia utilizado cerca de 20 carvalhos, o que me deixou aborrecida. O homem me encarou seriamente, mas era difícil saber sua expressão pois era tapada pela barba, mas logo pude ver uma curva por baixo dela e seus olhos sorriram pra mim, me fazendo sentir-me a vontade e sorrir de volta. Por mais que fosse gordo e barbudo, ele era muito bonito, e me lembrava meu irmão mais velho Erik.

—Seja bem vinda a minha escola, senhorita Skallagrimm. É um prazer ter uma moça tão bonita e esperta quanto a senhorita por aqui. Aliás, seus olhos são bem mais verdes do que eu pensava, chega a parecer de mentira assim como seu cabelo. – Ele sorriu e se levantou, ouvindo eu apenas sussurrar um “obrigado” tímido. Abriu um armário e tirou o que parecia uma mala e, por cima, uma chavezinha com um chaveiro de martelo que eu fiquei admirada com a perfeição. – Gostou, não é? Mandei fazer especialmente pra você, espero tê-la agradado. Então, esse é o seu uniforme, pode ir ao trocador feminino que fica no segundo corredor, à direita.

—A-Ah, eu gostei muito! Lembra bastante os que eu usava nas competições de desmembramento de cabras. – Ele arregalou os olhos, acho que não era muito normal uma menina falando assim, sei lá, não dá pra entender. – Mas, obrigado, eu vou me trocar. – Disse meio tímida e me levantei. – Com vossa licença. – Eu sorri e ele acenou, e eu sai pela enorme porta que tinha um desenho de Águia. Enfim pude me ver sozinha na imensidão daquele lugar que se chamava “escola”.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de me dizerem o que acharam, caso leiam. D: