– O que foi a Batalha de Alesia, Piper? – Piper ouviu a voz do rapaz ao longe. Ele era bem mais doce e sociável que Reyna.

– Foi a última batalha entre romanos e gauleses, culminou com a vitória de Júlio César, contribuindo para o general aumentar seu prestígio e popularidade em Roma. – Piper respondeu automaticamente e o olhar que ela recebeu de Jason foi de perplexidade. Ela não se importou. Quanto antes terminassem, melhor.

– Er... – Jason foi se recompondo. Uma dúvida começava a lhe martelar: Talvez Reyna o tivesse indicado para a aluna errada. – O nome do líder dos gauleses?

– Vercingetorix. – A garota respondeu, deixando a irritação se sobressair em sua voz. – Terminamos, Jason?

– Bom, sim. – O garoto diz um tanto sem graça. – Reyna me pediu para te explicar justamente isso, que era onde vocês tinham parado, mas, me parece que não é necessário.

– Então, estou liberada? – Piper pergunta, mais por educação do que por qualquer outra coisa. Para ela, aquela aula já tinha terminado antes de começar.

– Sim, está liberada, senhorita McLean. – Jason sorri para ela, tentando quebrar o clima hostil que a adolescente havia criado.

– A propósito. – Piper retoma o assunto não se deixando levar pelas gracinhas de Jason. Ela sabia que estava sendo incoerente e chata, mas, bem, dane-se. Era pra Reyna estar ali, ensinando-a, aturando-a, não o tal de Jason. – Quanto tenho que acertar com você?

– Bom, - Jason passa a mão pelos fios loiros e curtos. – Nós não ficamos nem uma hora aqui. Você pode acertar com Reyna depois. – Piper estreitou o olhar quando ouviu o nome da outra.

– Então, ainda não entendi porque ela não pôde me dar aula hoje. – A garota usou um tom de voz displicente.

– Ahn... Reyna tinha uma prova hoje. – Piper captou a mentira no tom de voz do rapaz, mas decidiu deixar para lá.

– Amanhã ela retomará minhas aulas?

– Amanhã? – Jason a pergunta, confuso. – Reyna me disse que só tinha aula com você dois dias na semana.

– Acabei de mudar. Preciso realmente ficar acima da média em História esse trimestre, caso contrário... – A estudante lança um olhar suplicante a Jason, torcendo para convencê-lo.

– Vou pedir a Reyna para te ligar assim que encontrá-la, certo? – O rapaz sorri e Piper se obriga a sorrir também. Era óbvio que ele estava flertando com ela desde o início da aula particular. “ E Reyna flertando com os peitos de Drew”, Piper pensou irritada.

– Obrigada, Grace. – A garota preferiu tratá-lo pelo sobrenome. Ela não sabia o que Reyna tinha dito a ele, mas, dado o comportamento que ele vinha tendo com ela, certamente não era algo de bom. “Vadia”, Piper pensou. Mesmo que não admitisse, ela estava com vontade de arrancar o fígado de Reyna e comê-lo.

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Clarisse estava tentando se aproximar de Annabeth desde o início das aulas aquela manhã sem sucesso. Elas já haviam tido quatro das cinco aulas do turno da manhã e, em nenhuma delas, a loira a deixou se aproximar. A wrestler já estava entrando em desespero. Mas uma chance se fez presente quando a morena descobriu que o próximo horário seria no laboratório de química. Bom, Annabeth tinha sido sua dupla da última vez. A morena meio que rezou para a professora manter as duplas.

– Chase e La Rue. – A voz da professora confirmando o desejo de Clarisse fez a morena sorrir por dentro. Ela só tinha que tomar cuidado para não explodir nada daquela vez.

Mas Clarisse sentiu, aos poucos, toda sua confiança indo embora quando viu a loira se dirigir à bancada que dividiriam com a cara fechada. Sem trocar sequer uma palavra com a outra, Annabeth foi separando os frascos e as substâncias que seriam utilizadas naquela aula.

– Er.. Chase? – Clarisse tenta puxar assunto. – Qual a..

– Prática 6, página 70 da apostila. – Annabeth meio que rosna, se virando de costas para Clarisse.

– Ei, por que você não conversa comigo direito? – A morena simplesmente explodiu, se esquecendo de que estavam no laboratório. A professora reprimiu as duas com o olhar, mas Clarisse já estava cansada daquilo.

– Eu estou conversando com você. – Annabeth disse, deixando as palavras saírem lentamente e perigosamente. – Da próxima vez que a professora olhar para cá, eu te deixo sozinha. Não vou perder pontos por sua causa.

– Então, é isso? Por que você não troca de dupla? – Clarisse encara a loira, deixando seus olhos castanhos intimidarem os cinzentos. Annabeth não ia se deixar levar.

– Esquece, Clarisse. – A loira suspira e volta sua atenção à prática.

– Esquecer porra nenhuma! – Clarisse rosna. – Você não pode estar acreditando no que Lil disse na aula de educação física. – A morena tentava manter seu tom de voz baixo, mas sabia que as duplas das bancadas vizinha estavam ouvindo cada palavra da ‘discussão’.

– Olha, Clarisse, eu só quero terminar essa prática e ir embora. Pouco me importa o que Lil disse ou deixou de dizer.

Sem ter como discutir e não querendo piorar sua situação, Clarisse apenas dá de ombros e deixa Annabeth conduzir o experimento sozinha. Ao fim da aula, a morena apenas junta suas coisas enquanto observa a outra conversar animadamente com a professora.

Meio cabisbaixa, a morena deixa a sala. Annabeth parecia não se importar nem um pouco com ela. Talvez, Lil tivesse razão. Talvez a loira fosse só perda de tempo.

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Annabeth sente uma pontada de culpa quando vê Clarisse saindo da sala com uma postura diferente da arrogante que a wrestler usualmente tinha. A professora acompanha o olhar de Annabeth e decide chamar a atenção de sua aluna favorita:

– Imaginei se seria uma boa ideia colocar você e a Srta. La Rue como dupla. Parece que, com você, ela tem menos energia para discutir. – Annabeth cora sob o comentário da professora.

– Ela não é tão difícil de lidar assim. – Annabeth apenas responde meio sem jeito.

– Mas, mesmo assim, caso você se sinta desconfortável com sua dupla, é só me avisar. Ontem, ela quase bateu numa outra garota.

– Que garota? – Annabeth pergunta assustada. – O que aconteceu?

– Lil Swenw. – A professora respondeu. – Se não tivessem interferido, provavelmente, a garota estaria num hospital agora e a Srta. La Rue expulsa. Sinceramente, o colégio só a aceita ainda porque é uma excelente atleta.

O coração de Annabeth parecia que ia sair pela boca. Clarisse tinha arriscado muito! Para ela, uma lutadora, usar sua força física superior naqueles que, em tese, não sabiam se defender era um problema enorme! No que diabos ela estava pensando?

A loira tinha que alcança-la! Annabeth esbarrou e trocou desculpas desajeitadas com várias pessoas enquanto fazia seu caminho apressadamente até o ponto de ônibus. Clarisse tinha de estar lá! Ela tinha de estar!

A loira sentiu um alívio enorme ao reconhecer a figura alta esperando o ônibus com cara de pouquíssimos amigos.

– Clarisse! – Annabeth a chamou e a morena apenas a encarou friamente. – O que você tem na cabeça? – A loira meio que gritou, sustentando o olhar da outra. Ela pouco se importava com os olhares curiosos que lhes eram oferecidos.

– Do que está falando? – A morena cruzou os braços.

– Você quase foi expulsa! Você não pode brigar na escola!

– Me poupe, Chase. – Clarisse diz e vira as costas para Annabeth. Ao se ver ignorada, Annabeth sente seu rosto queimar e, por impulso, segura os ombros de Clarisse e a vira para si.

– Sua idiota! Você é uma atleta! Tem uma bolsa e tudo! Não pode jogar tudo isso pro alto só porque ficou com raiva de alguém.

– E por que você se importa comigo? – Clarisse perguntou, pegando Annabeth de surpresa. A loira não sabia responder essa pergunta.

– Eu... – A loira se embolou um pouco antes de encontrar algo que pudesse ser usado como argumento. – Eu achei que por causa do que Lil disse e....

– Não fiz aquilo por você...Como você mesma disse: Pouco me importa o que Lil diz ou deixa de dizer. – A morena rosnou e deu sinal para o ônibus, encerrando por ali a conversa.