Little Hell escrita por Diana


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Desculpas pela demora, mas prometo que valerá a pena.
Nesse capítulo, seguindo a dica de uma moça muito doce, eu decidi incluir novos personagens em Little Hell. Para dar a chance de novos casais acontecerem.

Outra coisa, o Nyah, por algum motivo, não gosta do número 22, e por isso, parece que ele alterou os títulos dos capítulos, mas a ordem é essa. Este é o capítulo 24.

Segunda nota desse capítulo, a obra que é citada aqui é esta:

http://1.bp.blogspot.com/-LGVYNDIl2j4/UL1cQr1ImtI/AAAAAAAAFgI/e7WZ6zQF-OM/s1600/IMG_0083.JPG

Boa leitura!



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JASON

O rapaz se olhou no espelho do banheiro pela milésima vez. O terno azul claro combinando com seus olhos azuis escuros. O pequeno topete bem penteado, a luz batendo no cabelo loiro, sendo refletida pelos fios. A barba cerrada. Jason colocou os óculos e os ajustou ao rosto. Tirando o crachá do bolso, ele o afixou ao peito. Agora ele estava pronto, o rapaz suspirou. Só seu pai para convencê-lo a servir do monitor no museu da cidade.

Nada como passar um dia inteiro entre obras de artes das quais ele entendia muito pouco sendo obrigado a atender o mais diversificado público. Senhoras de idade que insistiam em flertar com ele, intelectuais entediados com as próprias vidas, professores exaustos e, no topo da lista dos mais odiados por Jason nesses dias, alunos em excursão. Ele odiava os pestinhas, que insistiam em querer tocar, ou rabiscar ou, de alguma forma, danificar as peças. Por vezes, ele sentia-se tentando a deixar só para ver como os pais iriam arcar com tal prejuízo, mas, sensatamente, ele cumpria seu dever e afastava os bagunceiros das obras.

Jason saiu do banheiro. Ele, definitivamente, não estava pronto para aturar mais um dia como estagiário no museu, mas se isso fizesse seu pai ficar de bem com ele...

Sacrifícios tinham que ser feitos. Se ao menos Thalia tivesse ficado ao lado dele na discussão. Seu pai sempre amolecia quando se tratava da mais velha. Jason grunhiu, porém logo tratou de se animar. Talvez algum garoto ou garota interessante aparecesse hoje. O estudante de história riu da própria ingenuidade. Suas únicas opções ali eram senhoras de meia idade ou uma turma de um colégio local que acabara de chegar.

O rapaz andou pelo corredor do museu que dava para seu mais recente e magnífico empréstimo: O rapto de Prosérpina. Uma das mais belas peças artísticas esculpidas em mármore pelo renascentista italiano Gian Lorenzo Bernini, patrocinada pelo cardeal Scipione, conhecido também por ser o mecenas do mestre Caravaggio. As informações rodavam na cabeça de Jason como um filme numa câmera. Discurso ensaiado, sorriso cortês e, logo, ele se pôs a frente do admirador da peça que viera exclusivamente Galleria Borghese, em Roma até a América para ser exposta pelo maior museu da cidade.

— Posso lhe ajudar, rapaz? – Jason perguntou, com a voz suave. Só então ele reparou a quem ele dirigiu a pergunta.

Seu interlocutor era um garoto magro e alto dono de fios negros e lisos, e de olhar cortante e frio que fez Jason se encolher um pouco.

— Estou esperando minha irmã. Ela está na sala Pretoriana, numa palestra.

— Ah, sim. Sobre a arte Barroca. Quer que a chame? – Jason queria um pretexto para sair dali. O olhar que o garoto lhe oferecia era firme, mas gélido.

— Não, obrigado. Estava só vendo O Rapto de Prosérpina. Meu pai me disse que vocês tinham a trago para ficar aqui por um tempo.

— Não foi fácil conseguir um acordo com a Galler-ria. — Jason inventou um sotaque italiano, o que arrancou um esboço de sorriso do garoto.

— Na verdade, você fez soar como se fosse um nome francês. Que tal tentar de novo?

— Por um acaso você é italiano? – Jason perguntou ao garoto.

— Nico di Angelo. – O rapaz disse e voltou sua atenção à peça.

— Jason Grace. – O loiro estendeu a mão, mal se importando se sua presença estaria importunando o adolescente.

— Prazer, Jason Grace. – Nico disse, aceitando a mão do outro.

— Então, você é um ítalo-descendente que gosta da arte dos seus ancestrais. – Nico lhe cortou com o olhar, mas decidiu responder ao loiro.

— Meu pai e minha irmã que são mais aficionados por arte. Eu vim porque ele me pediu para buscá-la. – Jason percebeu o tom chateado do garoto.

— Ah, eu entendo de pai exigente e irmã privilegiada. Também estou aqui porque meu pai me pediu.

— Seu pai é dono do museu? – Nico perguntou assustado.

— Na verdade, não. Mas ele é um dos empresários que apóiam o Museu financeiramente, então...

— Entendo. – O rapaz deu a conversa por encerrada e Jason já ia dar meia volta, quando Nico soltou um suspiro. – É uma peça bem romântica, não é?

— Perdão? – Jason arqueou uma sobrancelha. – Eu não entendo muito de arte, mas a expressão de Prosérpina não me parece das mais apaixonadas. E esse Cérbero não me parece o tipo de filhote fofinho, então...

— Eu ainda acho romântico, de uma certa maneira. – Nico disse e o olhou, como se o desafiando a questioná-lo. Jason achou que ele daria um ótimo professor.

— De uma certa maneira, sim. Talvez, sua namorada concorde com você. – Jason viu a postura do garoto ficar tensa à palavra “namorada”.

— Espera, você disse que trabalha aqui e que não entende muito de arte? – Jason riu, mostrando o crachá com o inscrito “VOLUNTÁRIO” enorme embaixo de sua foto.

— Chame de tentativa de agradar ao meu progenitor. – Nico franziu o cenho e assentiu. O garoto já ia responder alguma coisa quando pega seu celular do bolso e checa uma mensagem.

— Parece que minha irmã ficará aqui por mais tempo do que o esperado. Sabe me dizer onde posso comer alguma coisa aqui?

— O Museu tem uma ótima cafeteria. Eu estava indo almoçar. Quer me acompanhar? – Nico fechou a cara e Jason já ia desfazer o convite quando o garoto simplesmente suspirou.

— Qual o seu nome mesmo? – Nico perguntou e Jason fingiu não se importar com a indelicadeza do outro.

— Jason Grace. – Ele respondeu um pouco mais áspero do que gostaria.

— Aceito seu convite, Jason Grace. – Nico sorriu de forma enigmática e deixou Jason ir a  frente, mostrando o caminho até a lanchonete.

REYNA

Reyna girou a chave na fechadura e abriu a porta do apartamento que dividia com Hylla. Contudo, fazia um bom tempo que a irmã não passava em casa. Atualmente, a mais velha estava visitando a mãe delas, em Porto Rico. Reyna não agüentava mais receber áudios e vídeos das duas cantando “Despacito” para ela.

Entretanto, apesar de Hylla não estar em casa, Reyna não estava sozinha. Rachel quase sempre dormia lá e a fazia companhia. A morena sentia o peito se acalentar toda vez que chegava em casa e sentia o perfume de Rachel no ambiente, ou via alguma peça de roupa da ruiva jogada no sofá. E hoje não era diferente. Assim que entrou, ela sentiu o cheiro do tempero da comida da estudante de arte vindo da cozinha. A historiadora seguiu o rastro deixado só para encontrar o sorriso mais lindo do mundo a esperando na cozinha.  Ela se aproximou e deu um selinho na ruiva.

— O cheiro está ótimo, Rach. – Reyna espiou as panelas.

— Saí mais cedo hoje do serviço e decidi fazer Arroz com Pollo. – Reyna se surpreendeu. Era uma receita típica de Porto Rico. Ela já ia perguntar se havia algum motivo para isso, mas não quis parecer como se estivesse esquecendo alguma data ou algo do tipo. Felizmente, Rachel percebeu seu embaraço e completou. – Não é por nada especial Achei que você iria gostar. Seu dia foi cheio. A entrevista com o diretor esquisito e tudo.

A morena sorriu e soltou um suspiro de alívio. Seus olhos negros não conseguiam abandonar os verdes de Rachel. As sardas em seu rosto, os cabelos encaracolados. Reyna sabia que estava mais do que apaixonada pela ruiva, ainda mais depois da surpresa. Rachel tirando um tempo do dia dela para fazer algo somente para Reyna. Era algo que se lembrava de ter tido poucas vezes.  Aquilo fez seu peito apertar, assim como a lembrança com o encontro com o diretor dos suposto documentário sobre História Romana.

— Obrigada, amor. – Reyna disse e deu um beijo longo em Rachel.

— Agora vai. Tome um banho. Aqui deve demorar um pouco ainda.

— Sim, senhora. – Reyna disse antes de se retirar para o banheiro, contudo um desenho em cima da mesa chamou a atenção da morena.

— O que é isso? – A morena perguntou, pegando o desenho. Parecia um retrato perfeito do general romano, Júlio César.  Ela olhou para Rachel. – É seu? –

— Oh! – Rachel virou-se para saber do que Reyna estava falando e acenou de forma negativa. – Não, não é meu. Achei dentro de um livro teu que fui pesquisar algo. Espero que não se importe.

— Livro meu? Qual? – Reyna estava confusa. Ela não desenhava. Pelo menos não tão bem assim.

— “História Romana”. – Reyna corou. Ela lembrou-se que a última pessoa que usara aquele livro fora Piper.

— Talvez, o desenho seja daquela garota que você estava tutorando. – Rachel sugeriu. – Pámela?

— Piper. – Reyna a corrigiu, automaticamente. – É dela. – Reyna sussurrou mais para si mesma do que para Rachel.

Reyna sentiu um aperto no peito que ela não pôde ignorar daquela vez. Seus olhos se recusando a abandonar o desenho. Ela contornou o desenho com os dedos até atingir o nome de Piper assinado, quase imperceptível, no canto da folha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Aguardo vocês nos reviews!
Beijos da tia Diana!