Intrínseco escrita por Ilana Sodré
Gritaram-lhe "Puta"
Deixaram-lhe crua
Despiram seu corpo
No meio da rua
Pedras jogaram
Fogueira fizeram
—Puta não ama!
Foi o que disseram
"Puta não goza"
Foi dito bem claro
—Pegue os trocados,
Ou eu não te pago
—Não saia de dia,
Repeite, vadia.
Tem gente de bem,
Aqui na padaria
Olhares, cochichos
Cabeça abaixada
Ela vende o corpo
Eles roubam-lhe a alma
Se senta em casa
Sozinha de novo
Nem mesmo em seu ninho
Ela tem conforto
Mente pra mãe
Esconde do filho
Seu corpo é um trilho
Quase em descarrilho
Toda noite chora
Esperando passar
Entrou nessa vida
E não pode largar
O corpo é de Dalva
Mas alguém vai usar
E em uma cama qualquer
Largada ela será
E a cada sorriso
Que dá seu menino
Perde a esperança
E a si no caminho
Com toda amargura
Ela perde a ternura
Das mentiras ouvidas
Em todas acredita
E chora ao ver
Mais um dia nascer
"Puta não é gente
Merece sofrer!"
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