Capítulo Trinta - Namorada?

(Laxus)

Já se fazia semanas desde que perdi Cana de vista, ela havia desaparecido, sumido do mapa. Era agoniante, devo admitir, como uma mulher pode sumir assim?

Eu estava sentado no sofá, coçando o saco, como sempre faço. A televisão parecia ser a coisa mais entediante naquele momento, nem um filme bom, nenhum desenho bom, nenhum pornô bom. Era como se o tédio estivesse grudado em meus ombros e não quisesse me largar nunca mais. Bufei, rolando no sofá. Estava calor, calor pra caralho, Lucy havia saído com aqueles garotos estranhos para ir a um parque aquático e o pai havia aproveitado que a mãe estava em casa e a levou a praia. Sozinho em casa, num calor desgramado e com uma puta preguiça de ir para o meu quarto, onde havia um lindo ar condicionado me esperando.

Se preguiça matasse, eu estaria morto desde que nasci. Céus, como eu odiava ser tão preguiçoso, na verdade, eu não odiava, porque tenho preguiça de odiar a preguiça, saca? Levantei do sofá, com muito esforço e caminhei até a cozinha. Afinal, todos saíram de casa e nem sequer deixaram comida para mim. Abri a geladeira, pegando uma garrafa de coca. Fiz quatro sanduíches rápidos e fui para o quarto.

Doce ar condicionado, eu poderia pular de felicidade ao sentir o frio do quarto bater em mim. Fechei a porta, coloquei a comida em cima da mesa e tirei a roupa, ficando apenas de cueca. Ninguém iria chegar agora e eu não estava esperando por nenhuma visita. Liguei o rádio, enquanto uma música que eu desconhecia tocava pelo quarto, me olhei no espelho, eu… estava ficando mais gostoso a cada dia que passava.

– Você é um cara bacana, gostoso e vai sair dessa seca. – falei para mim mesmo, sorrindo.

Escutei uma risada alta e escandalosa, obviamente me assustei, mas gritei de uma forma totalmente máscula. Na janela da casa ao lado, em frente a janela do meu quarto, estava ninguém mais, ninguém menos que Cana, olhando para mim e rindo como se fosse a coisa mais engraçada de todos os tempos.

– Olha só que eu encontrei aqui, o loiro musculoso. – sua voz era abafada devido a janela fechada, mas dava para entender claramente o que ela dizia.

Abri a janela, pouco me fodendo se o ar iria escapar, eu estava feliz por finalmente te-la encontrada depois de tanto tempo.

– Garota encrenca. – comentei, abrindo um sorriso.

– O que houve com você? Esses dias você não tem me perseguido. – ela comentou rindo. Ai meu deus, ela sabia que eu passava meu dia inteiro seguindo ela.

Eu me engasguei com o ar, arrancando mais algumas risadas dela. Cocei a garganta, mandando meu olhar arrogante e durão.

– Eu não sei do que você está falando. – dei os ombros, desviando os olhos dos dela.

– Ora, ora. Como se eu não tivesse notado um homem enorme e loiro atrás de mim. – revirou os olhos. Eu provavelmente corei, mas virei o rosto para que ela não notasse. – Eu só queria saber o motivo de ficar sempre me perseguindo. – riu.

– O único jeito de descobrir isso é vindo aqui e me obrigando a falar. – disse apenas por dizer, pude ver um sorriso desafiador crescer em seus lábios.

– Anda, sai da janela pra mim pular. – resmungou, abrindo um pouco mais a janela e se afastando para pegar impulso.

– O-O que? Ficou maluca? Você não vai conseguir. – comentei.

Ela bufou, revirando os olhos mais uma vez.

– Sai da frente.

Suspirei. Ela estava querendo cometer suicídio e o pior de tudo é que a culpa vai ser minha se ela morrer. Cana ainda me encarava mortalmente e eu não tive escolha a não ser sair da frente, me afastei completamente cheio de receio e fiquei olhando para ver o que ela fazia. Em um pulo rápido e com bastante precisão, Cana estava no meu quarto, apenas de pijama.. um pijama extremamente fofo e inocente.

– E então, vai me contar? – perguntou, com um sorriso vitorioso e exibido nos lábios.

Eu estava chocado. O que mais essa garota sabia fazer? Ela era basicamente a mulher maravilha da vida real. Fechei a janela, para que o ar condicionado refrescasse o quarto novamente e olhei para ela. Cana tinha um corpo maravilhoso, mesmo com seu pijama totalmente infantil ainda dava para vê-lo. Seus peitos, que peitos maravilhosos são esses, eles estavam na minha frente, meus olhos estavam grudados neles.

– Ei! – chamou minha atenção de volta para seu rosto. – Você é mesmo um pervertido. – riu.

– Eu não sou pervertido. – disse, desviando o olhar do dela.

– Então por que ficou excitado?

– O QUE? – olhei para baixo, mas meu amiguinho continuava dormindo, graças a deus.

Cana começou a rir, na verdade, ela gargalhou. Ok, eu fui trolado pela garota que eu persigo, esse dia está ficando maravilhoso.

– Eu não acredito que você caiu nessa. – comentou, se acabando de rir. Fiz uma careta, me sentindo um idiota. Aos poucos ela foi parando de rir e se sentou na minha cama. – Agora pode falando.

– Érr, não tenho nada pra falar. Eu só achei você bonita e quis saber mais sobre você. – dei os ombros, me confessando. Não era toda a verdade, mas eu só iria dizer aquilo.

– Só isso? – perguntou.

– Como assim “só isso”?

– Sei lá, eu esperava um pouco mais dessa história. Talvez você fosse um estuprador e estava analisando o meu corpo, ou então um pervertido querendo me levar para a cama. – me olhou. – Se bem que eu ainda aposto na segunda opção. – Abri a boca para responde-la, mas seu telefone tocou, impedindo-me de falar. – Alô? Oi. Aham, claro que estou. Já estou indo, só vou trocar de roupa. Ok, tchau.

Cocei a nuca, completamente curioso em saber quem era.

– Quem era? – perguntei.

Ela riu.

– Sabe como é esse bagulho de namoro. – ela respondeu, abrindo a janela do quarto novamente.

Ela tinha… um namorado? Engoli o seco, tomando coragem para perguntar.

– Você tem namorado? – perguntei.

Cana sorriu, chegando um pouco para trás para pegar impulso.

– Namorada. – O QUE? Ela riu, provavelmente da minha cara de espanto. – Eu tenho uma namorada. – disse antes de pular de volta para o quarto e acenar para mim, pegando algumas roupas no armário e sumindo.

Eu continuei olhando para a janela dela, completamente chocado. Isso não pode ser possível.. ou pode?