Lucy POV on:

As aulas mal haviam começado e antes que eu me desse conta, o sinal do intervalo já soava. Liberei as crianças para que pudessem brincar, expliquei que deveriam ficar perto do coordenador para que tudo ocorresse bem. Geralmente os alunos mais velhos implicam com os pequenos e isso acaba causando confusão, mas pelo que eu pude ver eles me entenderam direitinho.

Após ter certeza que estava tudo certo, fui em direção à sala dos professores, alguns já estavam indo embora pela carga horária ter sido fechada, outros ficavam por opção, assim como eu, mas também tinham os funcionários que trabalhavam até as 18:00. Logo que adentrei ao recinto, a algazarra me contagiou. Todos faziam palhaçadas e soltavam altas risadas, gostava disso, me sentia confortável com a situação.

Algo comum em qualquer pessoa, são os "grupos” de amizades que acabam surgindo em volta de cada um. Não é como se eu isolasse os outros ou não goste de algumas pessoas, mas sempre irá existir aqueles que temos maior afinidade. Basicamente, quem não pode faltar no meu dia-a-dia, são Juvia, Levy, Erza, Jellal e Gray. O ruim é que eu sou a senhorita “alone” no meio de todos, então sempre quando saímos juntos, eu fico um pouco desconfortável.

– Como está indo o primeiro dia, Lu? – Levy me perguntou empolgada. A baixinha trabalha na biblioteca da escola, o que combinava perfeitamente com ela, já que sempre está envolta de variados livros. Gajeel é seu namorado, que não trabalha na escola, (nem serviria como professor já que é burro feito uma porta). O mesmo era empregado em um cargo disputado, em uma empresa metalúrgica.

– Melhor impossível, as crianças são uns doces. – Respondi com um sorriso sincero no rosto e a azulada soltou uma agradável gargalhada. Levy me chamava de louca por dar aula a crianças, segundo ela, é algo que requer muita paciência, algo que a baixinha tem total razão.

– Luuuucy! Senti tanto sua falta! – De repente outra azulada surge ao meu lado, me abraçando forte, em seguida. Seu nome era Juvia, que trabalhava no setor dos livros juntamente de Levy. A biblioteca possuía um espaço muito grande, uma pessoa só não conseguia dar conta.

– Também senti sua falta Juju. – Retribuí o abraço brincando com a azulada, utilizando o apelido odiado pela mesma. Passando-se alguns minutos, nos sentamos envolta da mesa que realizávamos as reuniões.

Aparentemente todos os professores já haviam chegado do intervalo, mas logo vi que estava errada ao ver a porta ser novamente aberta. Eis que surge Gray, que para não perder o costume, estava com a camisa mais desabotoada do que o devido.

– Meu Deus do céu! Os 9º desse ano estão terríveis. – O estresse do moreno rapidamente foi transmitido em suas ações logo que entrou na sala, o que acabou fazendo com que algumas pessoas acabassem rindo de sua desgraça.

Gray era professor de matemática (embora parecesse ter mais conhecimento, e ensinar com mais facilidade, sexologia), além disso, é namorado de Juvia.

Estava tudo dentro de seus padrões de normalidade, se fosse comparado com o ano anterior. Me peguei imersa em meus pensamentos depois de alguns segundos, até perceber a presença de alguém que parecia estar sem entender muita coisa, no canto da sala.

Observei atentamente, mas de forma discreta, aquele no qual eu havia esbarrado no início da tarde. Natsu me parecia um homem normal assim como todos os outros colegas que estavam presentes na sala. Algo acabou me chamando atenção nas mãos do rosado, ele estava usando dois anéis, um em cada mão. Por causa de minha mãe, acabei pegando a mania de gostar muito de joias.

Me senti intrigada quando notei que não eram simples anéis, pois mais se pareciam com alianças. Eu sabia que as mulheres viúvas tinham mania de usar as duas alianças, quando perdiam o marido, era muito difícil de ver um homem que fizesse a mesma coisa, mas quando alguém realmente ama, é como simbolizar o alto nível da união. Mas... Acho que Natsu é muito jovem para ter perdido a esposa, ou até mesmo casar-se. Quando me dei por conta, estava rumando em direção ao mesmo.

– Yo! – Chamei a atenção do rosado, que sorriu ao perceber que era eu quem estava lhe chamando. Sentei-me ao seu lado, e ficamos por algum tempo em silêncio. Nenhum assunto surgia, se não fosse pelo burburinho de outras conversas, talvez isso seria um momento desagradável. – Ah... Você está gostando de trabalhar aqui? – Comecei pelo obvio, acho que deveria ter pensado no que falar, antes de ir até ele.

– Foi tranquilo. Por enquanto só dei aula para os 2º anos, as turmas são boas para se trabalhar. – Percebi que ele ficou meio tímido e eu me senti envergonhada quanto a isso, é bem mais difícil de conversar com pessoas assim. – Qual sua área educacional?

– Eu sou professora da Educação Infantil. – Respondi sorridente e senti que o rosado ficou empolgado.
– Você gosta de crianças? – Era realmente uma pergunta que não precisava ser feita, mas respondi com muito gosto.

– Claro! Assim como no ano passado, a minha nova turma é perfeita! – e eu estivesse falando com a Levy no momento, com certeza ela me xingaria, mas o modo de como os pequenos são fofinhos e queridos me deixam maravilhada. Natsu parecia se interessar pelo que eu falava. – Você gosta dos baixinhos também?

– Sim, apesar de elas te irritarem facilmente, eu não consigo diminuir o afeto que tenho com crianças. – Fiquei encantada com suas palavras, por mais simples que pareciam, eu nunca havia encontrado algum homem que pensasse da mesma forma que eu. Sem perceber, acabei por ficar pensando de mais após sua fala, mas logo despertei-me de meus devaneios quando escutei novamente o rosado falar. – Oe... Por que aquele cara está sem blusa?

Não precisava ao menos olhar para saber de quem Natsu se referia. Deixei um suspiro pesado sair de meus lábios assim que meus olhos se encontraram com Gray de "topless". As pessoas agiam novamente sobre sua atitude, aquela situação já era costumeira, porém toda vez que o diretor o via daquela forma, recebia reclamações que deixavam seu emprego preocupante.

– Gray... Suas roupas. – Avisei eu mesma ao entender que ninguém ligava para tal cena.

– O "tanquinho" dele é tão perfeito. – Nem tão longe de mim, escutei Juvia falando. A mesma o olhava descaradamente, com as bochechas ruborizadas. Bem, não era à toa que ambos eram um casal, já que assim como ele, a azulada era uma pervertida sem vergonha! Combinação perfeita, certo?

Ignorei meus pensamentos e voltei a conversar com Natsu por mais alguns minutos, ríamos de assuntos aleatórios e nos divertíamos com os outros ao longo do tempo. Visualizei o relógio e logo escutei a sineta tocar, alguns suspiravam ou resmungavam por ter que voltar para as salas de aulas, eu apenas me acomodei ainda mais na cadeira em que estava e fitei o rosado ao meu lado.

– Você não vai voltar para a sala? – Perguntei à ele, estranhando suas expressões em seguida, logo ele mexeu em seus cabelos desviando o olhar, soltei um risinho e compreendi que ele não sabia seus horários ainda. Pergunto-me como o Sr. Makarov não entregou a tabelinha com as turmas que o rosado teria que dar aula.

Levei-o até o quadro de tecido verde que tínhamos na sala, era uma maneira de nós nos organizarmos em conjunto, assim nunca ficamos perdidos e sempre nos ajudamos. Colocamos diversos avisos, lembretes, dicas, mensagens positivas para passar o dia, e o mais importante, os horários que cada professor daria aula para cada turma. Eu agradeço a vantagem de ser professora fixa, tenho certeza que me enrolaria por ter mais de uma turma para ensinar.

O rosado retirou os alfinetes que prendiam o pequeno papel no mural e ficou olhando-o por alguns minutos, logo após colocou-o vagarosamente no mesmo lugar.

– Parece que por hoje já estou livre! – Ele sorriu e eu fiz o mesmo, notei que apenas Levy Juvia e Erza estavam junto a nós, porém mais longe de onde nos encontrávamos.

– Que bom, assim eu posso te mostrar a escola. – Respondi empolgada e ele parecia não me entender. – Algum problema?

– E sua turma? – Expliquei a ele que na primeira semana meus alunos tinham aula apenas até as 15:00 da tarde, já que precisam de um tempo para adaptação. Assim que terminei, voltei a lhe fazer o convite de passar por todos os cantos da escola. Acredito que o mesmo já deveria ter feito isso, ao ser contratado, mas me parecia que ele se lembrava de poucas coisas.

– Então... Podemos fazer alguma coisa pela escola até as 18:00.

– Acho que hoje não daria certo... Desculpe-me, quanto mais cedo eu chegar em casa é melhor... Até amanhã Lucy! – Natsu se despediu e me deixou sem entender o motivo, apenas acenei e o deixei sair, normalmente eu perguntaria por que já que sou extremamente curiosa, mas eu sinto que ainda não é o momento. A pouco nos conhecemos.

Balancei a cabeça para os lados quando percebi que estava olhando para os azulejos amarelados da parede. Hoje eu realmente estou muito desligada. Percebendo que as meninas continuavam ali, fui em direção às mesmas.

– E esse seu novo amiguinho, Lulu? – Erza soltou em brincadeira, já fazendo com que eu entendesse onde queria chegar. – Vamos para a biblioteca, nós temos umas perguntinhas para te fazer. – A ruiva me arrastou enquanto ria de leve, maliciosamente. Revirei os olhos, que Deus me ajude a aguentar essas pestes.