Pequena Watson escrita por Mary Morstan


Capítulo 1
Capítulo 1: Porque eu?


Notas iniciais do capítulo

-> Fic em primeira pessoa porque achei o máximo escrever a birra interna do Sherlock (eheheh).

—> Dever ser uma short fic, ok? Mas sem planos para a quantidade de capítulos.

—> Espero imensamente que gostem :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486874/chapter/1

Eu estava me esforçando em parecer concentrado em algo, mesmo que não tivesse nada o que fazer. Naquele instante o meu Palácio Mental parecia um Paraíso, sabe? Eu poderia passear por ele dias a fio, sem me preocupar...

Mas um som chamou minha atenção, a pestinha estava ali com a mãozinha próxima ao meu violino. Tentei fazer uma cara de mau e a encarei, mas ela sorriu e partiu em minha direção. Lá estava ela; bochechas rosadas, mãozinhas coladas e um sorriso assustador, todo esse conjunto apontado para mim, enquanto eu me limitava a segurar meus dedos colados uns aos outros bem próximos ao meu rosto.

“John,” chamei o tratante responsável pela pequena figura “acho que alguém está te procurando”. E embora eu quisesse que a voz de meu amigo soasse, não houve nada. Aliás, dizer que nada aconteceu e que nenhum som deu o ar da graça era mentira, já que eu ouvi passos apresados e a porta da frente sendo fechada. “Ah John...Marry...vocês me pagam”. Aquilo foi um sussurro para mim mesmo, enquanto os observava pular para dentro de um táxi no instante em que eu cheguei a janela.

Mas embora a minha revolta fosse tamanha (aquele que havia jogado aquela conversinha de eu ser meu melhor amigo me enganou, enquanto eu me encontrava em pensamentos profundos sobre nada em especial), um som de um objeto quebrando me fez repuxar os ombros e fechar os olhos em desgosto. Ah Deus, porquê? Porque eu?

“Ooops...” aquela voz deveria soar doce... Mas, ah Deus, ou seja lá quem for a entidade superior disponível no momento aí no céu, dê-me forças para não matar essa criança ao me virar... Me ajude a esperar o maldito pai dela voltar e, aí sim, esganá-lo com o fio do telefone.

“Tio Sherly... acho que caiu”, ela disse inocentemente e eu contava até um milhão antes de dizer o óbvio: “Ah você acha? Ah não, meu anjo, não caiu, ele cometeu suicídio ao pular de sua mão!” era o que minha mente gritava. Lá era eu gritando isso, mas aqui, na realidade, a senhora Hudson passou pela porta antes que eu transformasse a coisa toda em fato concreto.

“Emma, querida, a vovó trouxe biscoitos!”, era a senhoria que mudava de time tão rápido como o passe dos jogadores... “Oh!”, ah sim, ela viu o que houve e se ela se espantou, eu já tenho uma boa noção do que aconteceu.

Se bem que só de analisar o barulho de como ele atingiu o chão eu já tinha uma boa noção do estrago, só estava tentando manter meus olhos longe da comprovação visual...

E como se achasse que eu não havia ouvido o “pular da morte” de meu violino, a senhora Hudson correu até a pequena Watson, após deixar a bandeja de biscoitos a mesa. Era interessante como ela tentava sussurrar um “oh querida...você não...”.

“Ah ela sim, senhora”, eu me interpus, enquanto corajosamente me virava para observar os estragos. Ali ao chão estavam os restos mortais de meu querido e caro Stradivarius... A algoz de meu instrumento estava levemente corada, mudando seu olhar para o que ali jazia, a senhora Hudson e para mim.

Como se o carrasco da história fosse eu, a senhoria se abaixou e abraçou a garotinha protetoramente, enquanto eu não podia fazer nada mais fora bufar frustrado e difamar John (em pensamentos) por ter tido a grande ideia de se casar, ser pai e deixar o resultado de suas más escolhas em minha sala naquele momento. Aliás, maldito Stampford também...

Joguei-me na poltrona em uma tentativa vã de ignorar a cena, principalmente os cacos de meu violino. Juro, nesse instante, eu daria tudo para um caso, qualquer um, por mais insignificante e sem graça que fosse, tudo para que pudesse ocupar minha mente e ter um álibi para ter deixar a tal criaturinha loira, única e exclusivamente, sob os cuidados de Martha Hudson. Sem ser julgado por isso, claro.

Permaneci quieto, encarando o nada, com os braços cruzados e a cara fechada, não queria ouvir uma única palavra de ninguém, só pensava na infelicidade de meu Stradivarius quando olhinhos azuis surgiram na minha frente.

“Tio, o senhor está bravo comigo? Foi sem querer...” a pequena destruidora de instrumentos musicais disse em uma voz embargada.

“Não se preocupe, querida” eram as palavras da senhora Hudson, que vinham da cozinha. “Ele só está emburrado, deixe-o aí e venha comer”.

“Emburrado? Eu!” levantei dali revoltado, mas enquanto a senhoria sacana apenas fazia que sim com a cabeça, a pequena criatura loira baixou os olhos e começou a soluçar. Céus, eu deveria chorar e não ela.

“Sherlock!”, ah sim, e ainda sou repreendido! “Não faça Emma chorar! Imagine o como John e Mary ficarão tristes ao descobrir que você tratou a filha deles tão mau”.

“Eu não tratei ninguém mau. Meu violino, por outro lado, ele sim foi esmigalhado”.

“Acidentes acontecem!” a senhorinha ralhou, já perto o bastante da garotinha e começando a afagar seus cabelos.

Aquilo sim era revoltante e, em pé, voltei para a janela. Porque diabos John e Mary tinham que ir ao teatro hoje mesmo? Eles já não tem tempo o suficiente juntos? Precisam deixar essa criatura aos cuidados alheios assim?

Eu estava avaliando a possibilidade de sair dali atrás de um caso, e não me importar com qualquer palavra de descontento vinda de John no futuro, quando vi uma senhorita atravessando a rua. Ela olhava os números das casas e correu até a fachada da minha, mas parou por alguns instantes antes de entrar. Clientes! Sim, isso era o que eu precisava! Uma cliente!

Tudo bem que quando a pessoa vem bem convicta e para do nada a minha porta para pensar melhor em seus atos isso só pode caracterizar algum caso de amor mal resolvido... Mas e daí se eu tiver que perseguir algum adultero, hein? Antes isso do que cuidar de Emma Watson e vê-la destruir todos os meus pertences com o consentimento da senhora Hudson!

Ah aquele momento de apreensão, vamos moça toque logo essa campainha, vamos!

Ela virou as costas para a porta e parou, mas eu não perderia a minha chance. Corri pela sala, sob os gritos de protesto da senhoria, e desci as escadas pulando os degraus de dois em dois (ok, que um eu tive que andar certo, já que são 11 degraus, um número impar, o que impossibilita que eu pule a todos eles de forma “par”, enfim!), chegando até a porta de entrada e a abrindo rapidamente.

A garota estava com o pulso no ar, pronta para apertar a campainha, e se mostrou surpresa ao me ver. Pulando toda a chatice das apresentações, eu a levei até a sala da senhora Hudson, no andar de baixo, já que a minha própria não poderia ser usada naquele instante.

Espero imensamente que ela me tire daqui de alguma forma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem gostou conte para mim, tá?

Ah, eu aceito uma capinha se uma boa alma quiser fazer :D