Falling escrita por senhoritasullivan


Capítulo 4
Criança malcriada


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Como estão? Muito obrigada a quem esta lendo, mesmo sem comentar e acompanhar. Espero que vocês estejam gostando. E uma coisa que não esclareci no capítulo anterior, o Cameron que aparece aqui não é o Cam de Fallen, ok?! Vamos a mais um capítulo. Boa leitura!



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Leslie não tinha ido para aula. Depois que sai do colégio, voltei à loja de discos. Realmente gostei de Cameron, ele era muito simpático, e quando conversei com ele, percebi que não tinha amigos além de minha mãe, meu pai e Leslie. Leslie também não tinha muitos amigos, mas alguns deles conversavam comigo também, só que isso não pode se considerar uma amizade também... Eu só tinha Leslie para contar sempre, e agora eu estava brigado com ela. Cameron poderia ser um bom amigo.

Quando cheguei lá, não era mais ele que estava lá, era um homem que aparentava ter uns quarenta e cinco anos, e usava aquelas jaquetas de motoqueiro.

–Hm, o Cameron está? – perguntei.

– Não, mas eu posso ajuda-lo?

– É que foi ele quem me mostrou uns discos hoje mais cedo, queria perguntar algumas coisas pra ele. Amanhã ele vai estar aqui?

– Bom, ele é meu filho, quer que eu o chame?

– Quero sim – sorri.

Ele deu um telefonema.

– Ele disse que em vinte minutos está aqui.

– Ok então, muito obrigado. Vou esperar ele ali fora, tudo bem?

– Tudo bem sim, mas se quiser esperar aqui dentro... Lá fora está muito frio.

– Estou bem, mas obrigado mesmo assim.

Acho que a simpatia e educação de Cameron foram aprendidas. Sai da loja, sentei no meio fio e abracei a mim mesmo. Eu devia ter aceitado quando o pai de Cameron ofereceu para que eu esperasse lá dentro, estava realmente frio.

– Hey cara, o que faz ai nesse frio? – disse Cameron que estava lotado de blusas atrás de mim.

– Te esperando – ri – Seu pai não te falou?

– Na verdade, não. Ele só disse para eu vir ver um cliente que eu tinha atendido hoje. Pensei que fosse uma senhora simpática que veio procurar por punk rock – ele riu.

Ri junto com ele.

– Gosto musical não tem idade mesmo, não é? – rimos de novo.

Me senti realmente sozinho naquele momento, mesmo com Cameron ali. Foi porque eu percebi que se eu estivesse na mesma situação aquela manhã, mas se eu tivesse amigos, talvez eu não puxasse papo com Cameron. Não me entenda mal, Cameron era legal e tudo mais, mas eu sou tímido. Leslie foi quem veio falar comigo, Carie foi quem veio falar comigo.

– Vem cara, está muito frio aqui fora.

Levantei e entramos na loja.

– Então, procurando aqueles souls?

– Na verdade eu estava procurando um disco do Queen.

– Bom gosto, cara.

– Quero dar para uma pessoa especial.

– Ah, sim. Boa escolha. Tenho certeza que ela vai gostar. – ele fez uma pausa – Ou ele, sem preconceito.

– Não, não, não, eu não sou gay! – falei um pouco alto de mais, apressado em dizer isso – Eu pareço ser? – fiz uma careta.

– Não! – agora ele estava envergonhado – Oh, me desculpe mesmo! – ele ficou muito vermelho.

– Calma cara, tudo bem. Vou levar esse aqui. – acho que Leslie vai gostar.

– Cara, estou realmente me sentindo mal – falou enquanto íamos para o balcão.

Entregou o disco para seu pai.

Paguei e fui devagar para a porta, com Cameron ao meu lado.

– Me desculpe, sério.

– Tudo bem, Cameron, acontece. Só fiquei preocupado com parecer gay agora – ri.

– Não é que você pareça, mas mês passado quase levei um soco de um cara quando dei a entender que ele estava comprando um disco para a namorada dele quando na verdade era namorado – riu nervosamente –Só fiquei precavido. Alias, você já sabe meu nome, qual é o seu?

– Roland.

– Bom Roland, quer sair hoje à noite? Vou sair com uns amigos... Vamos, quero me redimir. – pediu.

– Ok, não vou fazer nada mesmo. Claro, vou sim. – sorri.

– Passe aqui às 20h então.

– Combinado.

Sorri e sai.

***

Depois de sair da loja e já estar em casa foi que percebi que, mesmo bravo com Leslie, mesmo assim, comprei um presente para ela.

O meu sentimento por Leslie é meio que... Inexplicável. Não vou dizer como maioria dos caras diz, algo como “ela é como uma irmã pra mim”, porque não é. É que assim, eu já tive uma quedinha (vulgo tombo) pela Leslie, que ela até hoje não sabe, e eu não teria uma queda por uma irmã. Então, assim, ela não é como uma irmã pra mim. É a Leslie, a menina que eu já gostei e que agora é minha melhor amiga. E eu não conseguia ficar bravo com ela por muito tempo, e quando estava, chegava a esquecer. Eu amava dar presentes a ela.

Amanhã eu iria levar o disco do Queen para ela e me desculparia. Mesmo que seja eu quem esteja bravo. Já era a segunda vez em uma semana que nós brigávamos por causa de Carie, e eu não gostava disso.

***

19h30 eu já estava pronto para ir a tal festa com Cameron. Eu estava vestindo uma camisa xadrez vermelha e preta, calça preta e um all star. Fui andando para frente da loja de discos do pai de Cameron.

Chegando lá, Cameron estava me esperando, acompanhado de dois meninos e uma menina. Devia ser sua namorada.

– Olá – disse um pouco envergonhado por tanta gente.

– Oi – disseram os três.

Cameron veio até o meu lado e disse.

– Esse é Roland, Roland, esses são Jesse, Adam e Elisa.

– É um prazer conhecer vocês.

Eles só sorriram educadamente para mim. Acho que eu não iria me enturmar com eles também. Eles não pareciam o tipo de caras que falavam comigo. E a menina, Elisa, era namorada de Cameron, então...

Entramos em uma minivan e fomos a caminho da festa. Cameron tentava ao máximo me incluir em todos os assuntos, até falou de Queen e souls, mas eu não conseguia. Sempre tive essa dificuldade. E eles pareciam tão desconfortáveis ali com a minha presença, tanto quanto eu. Gostei de Cameron, e ele parecia o tipo de cara que conversaria comigo, e ele é o tipo de cara que eu conversaria, mas seus amigos... Eu não sei. Estou pensando demais.

Quando chegamos a tal festa, ela não era nada do que eu imaginava. Imaginei como aquela festa na casa do Jeff, cheia de bêbados caídos pelos cantos, bagunça e pessoas se beijando nos cantos. Eram pessoas sentadas, bebendo civilizadamente e rindo. Parecia uma daquelas festas de família, mas só com gente jovem. E eles não pareciam chatos nem parecia que eles não estavam se divertindo, pelo contrario, ouviam-se risadas a todo o momento. E outra coisa, eram poucas pessoas. No máximo quinze pessoas.

– Cameron, que tipo de festa é essa?

– Bom, é só uma festa menos barulhenta, mas o pessoal é legal, você vai gostar.

***

Depois de ter bebido um pouco e me soltado, conversei com Adam e Jesse, que eram caras muito legais e que agora eu achava que eram os caras com quem eu conversaria. É engraçado, porque eles são aqueles caras bombados e que parecem metidos, mas na verdade são como Cameron.

Conforme as horas foram passando, eu fui ficando mais e mais tonto, até que estávamos brincando do jogo da garrafa, onde quando a garrafa parasse, as pessoas das duas pontas tinham que se beijar. Quando foi a minha vez, parou em Elisa. Olhei imediatamente para Cameron, mas ele estava rindo para Adam. Elisa chegou perto de mim, risonha.

– Você não é namorada de Cameron? – sussurrei em seu ouvido.

– Quê? Claro que não – bufou – sou irmã dele.

Rimos disso, e ela me beijou. Foi um beijo rápido, e logo seguiram com a brincadeira. Não quis mais brincar, estava tonto demais. Comecei a tomar água, mas a tontura não passava.

– Roland?! – ouvi uma voz familiar, mas não vi de onde vinha.

Até que Maree colocou o rosto na minha frente.

– O que faz aqui? – falou alto demais.

Minha cabeça pulsou.

– Estou com um amigo. E você? O que está fazendo aqui? – falei, enrolando a língua.

– Estou com um amigo também. Você está bem?

Tentava focar seu rosto, mas não conseguia. O que a amiga de Carie fazia aqui? Eu não sei, e não conseguia pensar direito a respeito. Não consegui sequer responder ela. Meu estômago se revirou e eu corri para fora, já que não sabia onde era o banheiro. Vomitei em um arbusto, até que não tivesse mais o que vomitar. Aquilo era horrível. Sentei na escada em frente à casa, tomando um ar. Depois de alguns minutos me senti melhor, mas a dor de cabeça era aguda e intensa.

Entrei novamente na casa e encontrei a cozinha, e logo o banheiro. Lavei minha boca e o rosto. Me olhei no espelho. Eu estava horrível! Como já estava melhor, sai dali e tentei encontrar Cameron. Quando o achei, ele estava bem melhor que eu. Acho que não estava bebendo.

– Onde você estava cara?

– Tomando um ar, eu não estava bem.

– Quer que eu te leve?

– De verdade? Quero. – gemi.

– Ok, vamos lá Roland.

***

Não me lembro de como cheguei, mas estávamos de volta à loja de discos. Cameron balançava meus ombros.

– Roland, chegamos. Eu te levaria até em casa, mas não sei onde mora.

Uma dor muito forte começava a aumentar mais ainda em minha cabeça.

– Não, tudo bem, eu vou andando mesmo.

Fechei forte os olhos e segurei minha cabeça. Sai do carro e me desequilibrei um pouco.

– Tem certeza? Eu não teria problema em te levar Roland...

– Não, esta tudo bem. Minha mãe não vai gostar se eu chegar... “Carregado” em casa. Mas obrigado, mesmo assim. Pela festa, pela carona, tudo. – dei um aperto de mão.

Cameron me olhava preocupado. Será que eu parecia tão mal assim?

– É sério, Cameron, mesmo. Eu estou bem, só já estou de ressaca – ri.

Ele não riu comigo.

– Tudo bem, te deixo me levar para casa – ri. – Vamos, mas vamos a pé.

– Ok, vamos a pé então.

Andamos em silencio por um tempo, até que me lembrei de algo.

– Elisa é sua irmã?

– Ahn? Ah, é sim, por quê?

– É porque no começo, quando a gente se encontrou lá na frente da loja de discos, eu pensei que ela fosse sua namorada. – ri

– Não. Não! – riu também – Elisa é minha irmã mais nova.

– Hm, tudo bem então por aquele beijo? Porque era só pela brincadeira cara, sério, não quis te desrespeitar...

– Não, tudo bem – riu do meu nervosismo – Eu sei.

Ficamos em silencio de novo. Um silencio meio constrangedor, para falar a verdade.

– Chegamos. – parei em frente a minha casa.

– Está entregue então. E eu me sentindo melhor. Você realmente não está tão mal, mas eu queria ter certeza. – sorriu.

– Obrigado Cameron, novamente, por tudo. – sorri também.

Trocamos um aperto de mãos e eu entrei.

Olhei para o relógio da cozinha. Já marcava 2h30 da manhã. E amanhã tenho aula. Maravilha ir para aula de ressaca. E ainda tinha mamãe e papai, que iriam me dar “o” sermão. Mas por ora, eu podia dormir, porque não havia sinal deles. Acho que não esperaram de mim que chegasse tão tarde, então não se preocuparam. O que deixaria o sermão ainda pior, por tê-los decepcionado. Eu realmente não queria pensar nisso agora. Cheguei ao quarto e deitei na cama do jeito que estava, ainda vestido e com os tênis no pé.

***

Acordei com o toque do meu celular, que eu não sabia de onde vinha. Eu não sabia onde eu estava.

Enfim consegui acha-lo, do lado de minha cama. A luz forte do dia fez minha cabeça pulsar e meus olhos doerem.

– Alô? – atendi sem ver de quem era o numero.

– Roland, por que estava bebendo até cair e ficando com meninas desconhecidas?!

Carie?

– Do que você está falando, Carie?

Eu não estava conseguindo pensar direito, só consegui pensar “Por que, depois de quase uma semana que eu tento ligar pra ela, agora ela é quem me ligou?”.

– Estou falando de ontem. Na festa em que Maree estava, quando você estava enchendo a cara.

Ela estava falando num tom que eu não gostei nem um pouco. Como se eu fosse uma criança malcriada. Aquilo me irritou demais.

– Quer saber? Você me ignorou a semana toda, terminou comigo sem uma explicação decente, então por que eu te deveria qualquer explicação do que eu faço da minha vida?

Desliguei sem ouvir o que ela tinha para dizer.

Como ela pode? Simplesmente sumir da minha vida de um dia para o outro, e depois voltar e ainda por cima me dar um sermão sobre o que estou fazendo da minha vida?

Senti meu rosto quente, pela raiva que estava sentindo. E ao mesmo tempo, doía não tê-la mais.

Comecei a pensar realmente no que eu tinha feito ontem. Eu realmente bebi muito, e beijei Elisa, irmã de Cameron, mas foi numa brincadeira. Eu não estava por ai me embebedando e ficando com pessoas desconhecidas. Mas ainda sim foi errado beijar Elisa. Eu ainda amava Carie, e fazia menos de uma semana que nós tínhamos terminado. Eu me sentia horrível, mas eu não podia voltar atrás.

Como Maree distorceu as coisas! Por que meninas são assim?!


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Obrigada por lerem :3 Até o próximo capítulo!!



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