Time escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 4
IV - Juramento


Notas iniciais do capítulo

Corrigido em: 11/01/15



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[Mirrons - Justin Timberlake]

Já era noite, Ártemis andava pelas nuvens acima do mar. Seu caçador estava de novo ali. Parado em um pequena ilha, em cima de uma pedra.

Ártemis observava o moreno, filho do mar, com olhos surpresos, jamais imaginou encontrar na sua vida algum ser assim.

Um homem que caçava assim como ela.

É claro, além de Apolo.

Apolo...

O loiro a deixava tonta, e sem saber direito o que pensar. Ártemis sentia medo de se apaixonar. Medo de depender da vida de outra pessoa...

Depois do quase beijo deles na semana passada, Ártemis o evitou, o máximo que pode. Mas sempre fitavam-se, de uma maneira ou de outra, no pôr do sol. Quando tanto o sol, quanto a lua, olham para o mesmo local, fitando o horizonte.

Ártemis vê o sol se deitar. Apolo vê a lua se levantar.

E naqueles pequenos instantes, os dois trocam tantos olhares... Olhares de desejo, irritação, desprezo, tristeza... Olhares que nunca passam disso... Apenas olhares.

Naquela época, só existia lua cheia. A lua tinha seu próprio brilho, então, não havia motivos para o sol ter que iluminá-la. Porém... Aquilo estava prestes a mudar.

Ártemis observava o caçador, e ele, Órion, tentava pegar sua vitima mais preciosa. A própria Lua.

Órion havia feito uma aposta com alguns senhores, dizendo que conseguiria um beijo da própria Lua, e que depois disso a mataria, para provar sua força e habilidades com arcos.

Ártemis, é claro, de nada sabia. Ela apenas gostava de observar o caçador, apenas gostava dele.

Porém... Órion sabia da deusa.

— Oh, grande senhora da Lua, que ilumina nossas noites ao lado da estrelas. Que chama tanta atenção durante as noites no breu, fazendo até Selene se retirar de nosso céu. Oh, grande Ártemis, senhora das flechas e dos caçadores, apareça para mim, para que eu possa lhe admirar.

A deusa, espantada com tais palavras tratou de refletir sobre o que faria.

Ártemis já havia descido ao encontro de mortais, para servir de musa para suas pinturas e esculturas. Porém, aquilo era diferente.

Diferente das outras vezes, desta, Ártemis queria descer. Queria cumprimentar o caçador que para ela era tão bom, queria conhecê-lo, e queria que ele a conhece.

Talvez para irritar seu irmão, que odiava vê-la observando o caçador.

Ártemis então desceu.

Com toda a sua ingenuidade, Ártemis jamais desconfiou do que estava por acontecer.

Em um momento estava prestes a cumprimentar o mortal, no outro estava na mira de uma flecha.

— Tsc, tsc... — disse, zombando Órion — Esse e o problema dos Olimpianos... Acham que todos os mortais lhe querem bem! — Órion derrubou a deusa, que sem seu arco não pode fazer nada. Ártemis estava chocada. Jamais imaginara algo assim, nunca passou pela sua cabeça tamanha grosseira, jamais imaginou um mortal tratando ela daquela maneira tão... tão... no mínimo desrespeitosa. — Ande, deusa, não tenho a noite toda. Preciso de um beijo seu.

Ártemis arregalou os olhos, sem poder fazer nada. O medo tomando conta dela.

Era ridículo, e ela sabia. Uma deusa com medo de um mortal. Ora, vejo só, ela poderia ter transformado ele em uma mosca. Porém, Ártemis jamais se imaginou fazendo mal a um mortal. Ela os adorava, principalmente os arqueiros, e Órion, entre todos, era o seu favorito.

Antes da deusa conseguir fazer qualquer coisa, Órion agarrou o pulso dela, jogando-a no chão de encontro com uma pedra. Ártemis arfou.

— Ora vamos, eu só preciso de um beijo — Órion se inclinou sobre a deusa, que cuspiu em sua face, sentindo nojo do cara a sua frente.

Órion riu, e forçou Ártemis a se deitar.

— Se não quer me beijar, queridinha, posso fazer você gritar! — antes que Ártemis pudesse protestar, Órion rasgou o longo vestido nude dela, deixando-a exposta. Ártemis se contorceu, tentando tapar-se — Deixa de drama, deusazinha, você já deve ter feito isso mil vezes, sua... — antes que Órion conseguisse falar, uma flecha transpassou seu coração, fazendo-o cair de lado.

A deusa berrou. Tentando de todas as maneiras se afastar, mas suas pernas tremiam demais, e em sua tentativa de correr ela acabou simplesmente caindo no chão.

—Artie... — a deusa ouviu a voz familiar chamando-a.

Desesperada, Ártemis se lançou na direção do loiro, abraçando-o com toda força.

Apolo estava irritado. Ele não conseguia acreditar na cena que acabara de ver. Ártemis, sua linda Ártemis quase... Bem... não era hora de pensar nisso. Ártemis estava bem, abraçada nele, chorando, mas a salvo.

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—Eu... — Ártemis começou a dizer, perante todo o conselho. O julgamento de Órion havia terminado. Como Poseidon, seu pai, havia pedido, Órion havia virado um constelação no céu. Apolo protestou contra isso, mas acabou dando-se por vencido quando uma Ártemis de lindos e enormes olhos verdes lhe pediu para parar. — Eu... eu quero fazer o juramento... O juramento de castidade.

Os deuses se calaram. Ninguém respirava.

A ruiva deixou uma pequena lágrima escapar por seu rosto, mas logo secou-a.

Ártemis não iria passar por aquilo de novo. Aquele homem... Tentando tê-la como sua... Aquilo era nojento, repugnante...

— Minha querida, a senhorita tem certeza? — perguntou Hera, sorrindo de leve para a filha adotada.

— Sim, Vossa Majestade, não posso passar... por aquilo de novo — Poseidon lançou um olhar triste para Ártemis, e murmurou algum pedido de desculpas, mas Ártemis os silenciou ao virar-se para Héstia —Tia... Senhora... Pode me dizer o que devo fazer?

Os olhos de Héstia brilharam. Os olhos cor de fogo, como uma fogueira, os olhos mais perigosos do Olimpo, brilharam.

— Apenas... Uma breve introdução — disse Héstia e a visão de Ártemis ficou preta.

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As coisas clarearam devagar.

Ártemis viu primeiro o lugar. Um lugar escuro, frio... Um castelo se levantava no horizonte, porém muito longe. Era possível ver o movimento que estava lá.Havia grandes portões bloqueando qualquer outra vista. Muros cercavam o lugar.

Por fim Ártemis viu, o rio.

Era dourado e poder fluía dele. Era profundo, sombrio, e melancólico. Um tipo de rio que Ártemis teria se afastado assim que viu. Porém algo na beira dele vez a deusa ficar parada.

Uma jovem, com longos cabelos castanhos em lindos cachos, tais quais os dela. Sua pele era branca, porém suas roupas eram escuras, em tons de marrom madeira. Ártemis contornou a mulher, parando na frente dela e viu. Seus lindos olhos cor de fogo.

Héstia.

— Isso parece ridículo... — Héstia dizia, parecia que para si — Como muda o que faço aqui? Por que Zeus não permitiu que eu fizesse o juramento no Olimpo? O submundo me dá calafrios... — mesmo sendo Héstia, a deusa do lar, Ártemis viu algo inocente nela. Era apenas uma menina.

Estava assustada, assim como Ártemis estaria, e estava. Provavelmente se questionando do porque foi mandada aqui, igual a deusa da caça.

— Oh, querida, Zeus lhe mandou aqui para conhecer as consequências de seu juramento, se quer mesmo fazê-lo — disse uma voz, que parecia sair do interior do rio. — Agora... Apresente-se e diga para o que veio.

Héstia parecia assustada. Mas olhou fixamente para frente e disse:

— Eu sou Héstia, deusa do lar, das lareiras, do fogo... Quando os outros partem eu fico. Sou o lar, sou a última Olimpiana, aquela mais dispensável... — algo na voz de Héstia soou como se ela odiasse tudo aquilo — E vim porque quero fazer o juramento de castidade!

Uma risada cansada veio do Rio.

— Não conheço, faz muito tempo, deuses que queiram fazer tal juramento. Na verdade, isso nunca aconteceu. Porém... Posso abrir uma exceção... Mas diga-me, Héstia, oh última olimpiana, por que deseja fazer tal juramento?

— Desejo me ver livre do desejo — ela disse — Quero ser respeitada por ser quem sou, não quero privilégios de pessoas que me querem ver despida.

Novamente, o Rio riu.

— Deixe-me avisá-la, então querida, que o que pede é complicado. Posso dar-lhe apenas, uma proteção.

— C-como assim? — a deusa parecia confusa, e mais ainda estava Ártemis.

— Renunciar ao amor é algo que não posso dar para você. Um dia, em algum momento de sua vida, com ou sem juramento se verá apaixonada... — Ártemis tremeu — E quando isso acontecer, não há nada que possa fazer... Posso apenas prometer-lhe que... Se fizer o juramento, jamais irá cair em uma tentação romântica. Jamais se apaixonara levianamente.

—Porém? — Héstia perguntou.

— Jamais poderá perder sua castidade. Jamais. Com isso quero dizer... Sua pureza deve ser reservada para seu marido, apenas depois de casada poderá envolver-se com um homem. Desta forma, a castidade que há em você permanecerá ai.

Héstia balançou a cabeça, porém parecia confusa.

— Mas eu estou jurando castidade, todavia posso me apaixonar? Isso é perigoso...

— Não se souber esperar. E não se preocupe querida, apenas nós sabemos sobre isso, os outros deuses e mortais lhe verão como uma virgem eterna.

— Isso é bom... — murmurou Héstia.

— Então, aceitas o juramento?

Héstia pensou, ponderou e por fim falou:

— Eu, Héstia, deusa da lareira e do lar, juro pelo rio Estinge que permanecerei casta, como prometido em minha conversa com o rio. Jamais me apaixonarei levianamente, e jamais sentirei amor desnecessário.

Time

— Eu, Ártemis, deusa da caça e da Lua, juro pelo rio Estinge que permanecerei casta, como prometido no que vi. Jamais me apaixonarei levianamente, e jamais sentirei amor desnecessário.


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Notas finais do capítulo

Créditos:
A ideia do juramento ser diferente, e não ser um juramento de castidade eterna, veio da Marie, uma excelente escritora sobre o assunto. Ela tem várias fanfic's aqui no Nyah, eu recomendei quase todas, então se quiserem lê-las é só dar uma espiada no meu perfil, nas histórias que eu recomendo e ir lá ver as histórias da Marie, ela é uma ótima escritora, então não esqueçam de deixar os reviews lá.
[revisado]