Estávamos eu e Juvia no meio da aula, eu estava sentada no canto direito, última cadeira e a azulada atrás de mim.

O professor, com mais ou menos uns 50 anos de idade explicava várias coisas que eu não entendia. Estava a um passo de dormir quando sinto uma pontada nas minhas costas, despertei num pulo.

–Juvia! –sussurrei –pare! Está me machucando! Seu lápis é pontudo, sabia...? Juvia!

–Oi? –percebi que ela acordou de um tipo de transe, como se estivesse em outro planeta –O que? Eu não fiz nada.

–Ahn? Não? Mas eu senti algo pontudo no osso das minhas costas!

–Heartfilia! Lockser! –o professor chamou nossa atenção –Se querem continuar com conversa pararela, podem sair, mas não atrapalhem.

Se eu realmente pudesse já teria saído! Me deixe conversar em paz, porra! Não percebeu ainda que sua matéria é chata? Pensei, mas decidi deixar na minha cabeça. Revirei os olhos, me virei e ele deu continuação na aula.

Um pouco depois eu estava com a cabeça apoiada na cabeceira da mesa, dormindo, quando senti alguma coisa atingir minha testa, acordo e passo a mão onde o objeto caiu, uma caneta, corro os olhos pela sala e localizo, na fileira do lado, algumas carteiras a frente, Jet, um idiota que estuda conosco, o melhor amigo de Droy, o colega de quarto de Gray (outro idiota).Então foi ele quem me acordou... bom, ainda bem, senão Purehito ia brigar comigo novamente. Me indireito na carteira e me deparo com um pequeno pedaço de papel em cima da minha coxa.

Antes que eu pudesse abri-lo, ouvi um grito, um grito familiar, parecia uma menininha gritando, mas o o grito que eu ouvi -e que provavelmente a escola inteira também- era óbvio demais... era Gray. Começo a rir baixinho.

Ele passa correndo pela nossa porta, enquanto ouço a professora dele gritar, não entendi o que por causa das risadas que saíam da minha sala. Mas quando ele passou pude perceber do que se tratava: o indivíduo encontrava-se apenas de cuecas, típico.

–Er... professor... posso ir ao banheiro? – Juvia perguntou, com certa preocupação.

–Pode, mas cuidado lá fora... as coisas estão quentes... – o professor faz uma brincadeira e todos riem. Juvia sai.

***

–Gray-sama! Onde você está?! Gray samaa!- ando pela universidade procurando por ele, quando sinto alguém segurando meu braço e me puxando para perto.

–Juvia! O que está fazendo aqui? – ele havia me puxado para um pequeno vão entre duas salas. Ele realmente ele estava só de cueca, não pude me conter e dei uma leve olhada para baixo, admirando seu corpo, mas rapidamente volto a olhar para seus olhos.

–Eu que te pergunto! O que você fez, seu nudista de uma figa? – briguei com ele, em tom de brincadeira, ele abaixa a cabeça sorri, mas logo volta à sua expressão séria habitual.

–N-não te interessa! Não sei o porquê de você ter vindo aqui, você não tem nada a ver com meus problemas! Cuide da sua vida! –E virou-se de costas para mim. –Droga...

–Tudo bem então... eu só vim para ver o que tinha acontecido, caso não tenha percebido, eu me importo com você, mas parece que não lhe faz diferença... –Começei a andar, voltando para a sala, mas meu andar foi interrompido por ele, que agarrou fortemente meu braço. –O que foi agor... –Fui interrompida novamente, mas por algo muito mais agradável: um beijo. Um beijo quente e intenso, que por pouco não me fez cair no chão, correspondi quase no mesmo instante, era uma coisa que eu almejava fazia tempo. Ele é muito melhor do que o Ly...Lyon... o Gray ficou todo irritado quando eu contei que o Lyon tinha me beijado... será que ele estava bravo agora comigo porque...Começo a raciocinar enquanto ele passa os braços pela minha cintura. Não, não pode ser, Gray não é uma pessoa tão movida por sentimentos, e porque ele gostaria de mim? Ou estou enganada? De repente fico sem ar e tenho que soltá-lo.

–D-desculpe... –ele diz com a cabeça abaixada.

–N...não tem problema... –Como eu queria algo pra acabar com esse clima de uma vez...

Por favor, senhor Gray Fullbuster, da sala 7 C e senhorita Juvia Lockser, da sala 4 A, pedimos que voltem para suas classes imediatamente, se gostam de se beijar, façam isso em algum outro lugar. Muito obrigado... Isso aí Ju! Vai fundo!

Ouvimos o aviso dos auto-falantes da escola, olho para os lados e vejo uma câmera ligada em nossa direção... Então é isso...

–Acho que fomos descobertos... –falei, cabisbaixa.

–Pois é... e parece que não foi só o diretor que viu a cena –Ele responde, provavelmente se referindo à voz da Lucy no final da mensagem.

–Não importa quem viu ou não viu, acho, todos na escola escutaram os alto- falantes... –começamos a andar de volta para as devidas salas.

–É... Bom, é pra ficar marcado... de certa forma. –nós dois rimos novamente e eu entrei na minha sala, todos lá olhavam para mim, como se não fosse óbvio...

***

Logo após o que aconteceu entre Juvia e Gray, pudermos voltar às aulas normais, mas ainda com alguns comentários sobre o ocorrido no fundo da sala.

Só depois de alguns minutos eu me lembrei do pequeno papel dobrado, encontrado sobre minha coxa, após acordar. Cheia de curiosidade eu o pego e desdobro-o, a letra é tão garranchosa que eu quase não sou capaz de ler.

“Cuidado”

Dei um pulo na cadeira, espantada, e dei uma olhada ao redor da sala, esperando ser alguma brincadeira de mal gosto, mas não notei nenhuma movimentação diferente. Até que associei os acontecimentos de dias atrás envolvidos com Natsu e cheguei a pensar que seria uma mensagem dele. Então deve ser por isso que na biblioteca ele estava com uma cara triste... Mas... isso quer dizer que alguma coisa ruim vai acontecer COMIGO?

Até o final da aula permaneci calada e guardei o papel no meu fichário, não descartei a possibilidade de ser apenas uma brincadeira, mas que algo estava errado, eu sabia.

Um aviso simples, mas que contém o infinito.