Grávido. Bill estava grávido. Ele ainda não acreditava nisso. Num futuro, talvez próximo, isso seria motivo de risadas. Mas agora, causava-lhe medo. E isso com certeza seria motivo para uma discussão repleta de “por que não me contou antes?” e “tá vendo o que dá esconder as coisas de mim?” entre ele e seu irmão.
Bill suspirou, sentindo-se cansado. Precisava mesmo descansar. E agradecer por ter nascido homem, essa história de dar a luz doía, e muito. Fez menção de deitar-se, mas o barulho da porta sendo aberta o fez permanecer deitado.

Tom adentrou o quarto, virado de lado, segurando algo com extremo cuidado. Bill assistiu a cena, confuso.

-Tom, o que foi? – perguntou, e ganhou apenas um sorriso arteiro como resposta.

Tom caminhou vagarosamente até a cama, sentando-se na mesma, e revelando a Bill o que tanto protegia.

-Ela é linda... – murmurou Bill, observando atentamente o bebê que dormia nos braços do irmão – Eu que pari?

Tom riu, sendo acompanhado por ele.

-Quando nós chegamos, eu percebi que havia uma movimentação diferente no hospital. Depois que um médico te atendeu e você foi internado, eu fui atrás do que era. Sou curioso, você sabe. E era ele. Alguém tinha acabado de abandoná-lo na porta do hospital. – concluiu, entregando-a para Bill.

-Oh meu Deus, tão pequenininha... – exclamou, segurando a mãozinha do pequenino ser ainda adormecido.

-Eu já havia conversado com o médico, e já sabia sobre seu problema. Não sei se você se lembra, mas somos gêmeos. Temos aquela ligação, sabe? Me faz sentir o que você sente, sem que precise me contar. – percebeu as bochechas de Bill ficarem rubras – Eu sabia que você ia gostar dela. – Bill sorriu, e Tom pode ver o quão maternal ele era. O modo como a segurava, como sorria para ela e balbuciava palavras de carinho. – Por isso, eu entrei em contato com nosso advogado.

O olhar de Bill voltou-se para ele no mesmo instante. Se seu sorriso crescesse um milímetro sequer, seria capaz de rasgar-lhe os lábios.

-É isso mesmo. – Tom respondeu a sua pergunta silenciosa – Nós vamos entrar com um pedido de adoção. E ela será nossa.

-Sophie. – Bill murmurou, com os olhos brilhando – Você escutou o que o papai disse? Agora você tem um novo lar, pequena. Você vai ser feliz.

Tom curvou-se sobre a cama, fazendo Bill erguer o olhar a ele. Depositou um carinhoso beijo em seus lábios, roçando o nariz no seu em seguida.

-Nós vamos ser felizes Bill. – murmurou.

-É. Nós três. – Bill concordou, enquanto a pequena Sophie remexia-se sobre seu colo.