Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 48
Capítulo 48 - Emboscada


Notas iniciais do capítulo

Demoramos mas postamossssssss... Aí está mais um cap pra vcs, meninas! Que desfrutem, boa leitura! :D



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*Paulina narrando*

– Ai Lina, como você faz falta!!! – Disse Sophia abraçando-me com entusiasmo.

– E vocês também me fazem muita! – Retribui o carinho com um enorme sorriso nos lábios. Adelina nos esperava na porta principal e também sorria.

– E você está ótima, minha filha! Pelo jeito essa viagem lhe fez muito bem! – Adelina disse após me dar um beijo.

– Está tão evidente assim? – Perguntei mesmo sabendo a resposta.

– Está escrito na sua testa, danadinha! – Brincou Phia enquanto caminhávamos para dentro de casa.

– Como está tudo aqui? E o papai? – Perguntei preocupada. “O que pode ter acontecido em casa com a minha ausência...?”

– Está tudo nos conformes. Papai trabalhou em casa e foi à fabrica também mesmo no fim de semana, e além disso, ele chegou cedo em casa, e sóbrio! – Sophia respondeu satisfeita e Adelina confirmou com um aceno de cabeça. Me senti aliviada.

– E ele está em casa?

– Sim, está na biblioteca.

– Vou lá falar com ele... – Eu disse com um pouco de receio, temi quando pensei no que papai poderia dizer de minha ausência esse fim de semana, ele nunca foi de questionar as minhas viagens, mas desta vez era diferente, eu estava com Carlos Daniel Bracho, nosso então sócio.

Bati na porta da biblioteca e a entreabri, papai estava sentado analisando alguns papéis, estava bastante concentrado e não me viu entrar, fiquei ali o observando, fazia tempos que não o via assim focado em algo que parecia importante e me senti feliz ao perceber que, provavelmente, as coisas pudessem estar de fato mudando.

– Paulina... – Papai disse ao perceber a minha presença.

– Oi...Papai... – Respondi meio sem jeito.

– Há quanto tempo está aí? – Ele perguntou fechando a pasta que lia.

– Há pouco... O que está fazendo?

– Apenas analisando alguns documentos da fábrica... E você, acaba de chegar da... viagem? – Perguntou analisando-me e levantou-se em minha direção.

– Sim... Acabo de chegar.

– E o seu... namorado? – Perguntou novamente, sério.

– Já foi... Ele me deixou aqui e foi embora.

– Por que ele não entrou?

– Porque está cansado, dirigiu muito até aqui...

– Hmm... Suponho que ele saiba que precisamos conversar seriamente. – Papai disse pensativo.

– C-claro, mas espera mais um pouco papai e prometo que isso vai acontecer. – Eu disse completamente sem jeito, me sentia com a idade de Sophia naquele momento, mas eu já sabia que papai diria isso mais cedo ou mais tarde.

– Assim espero. E como foi a viagem?

– F-foi muito bem, bastante proveitosa. – Senti meu rosto esquentar com essa pergunta de papai.

– Pelo visto foi mesmo, você está muito mais relaxada... – Ele disse tocando o meu braço e sorri sem graça. – Agora, imagino que queira descansar um pouco...

– Sim, eu vou... Depois falamos mais, precisamos conversar sobre a fábrica. - Papai assentiu e eu subi em direção ao meu quarto.

...

– Pedi a Pedro que trouxesse a sua mala... – Sophia disse quando entrei em meu quarto.

– Obrigada, eu esqueci de fazer isso. – Respondi rapidamente enquanto tirava minhas sandálias.

– E como foi lá? Me conta tudo!!! Aproveitou bastante? Como foi? E vocês...? – Perguntou tudo de uma vez só me deixando tonta.

– Ei ei mocinha, calma! Vou te responder tudo, mas tenha calma que eu sou uma só!

– Eu sei, Lina mas é que eu to morta de curiosidade! Fiquei louca querendo te ligar mas sabia que não era legal porque né... – Disse com certa malicia em seu olhar.

– Sophia! – A adverti rapidamente e sorrimos.

– Então, como foi? Ai Lina, me conta...

Sophia pediu quase em súplica e eu lhe contei o que era conveniente, ela queria saber de tudo e com os mínimos detalhes, e é claro que eu a poupei, mas o que era importante saber eu lhe disse, inclusive que eu e Carlos Daniel agora somos namorados. Ela ficou tão contente que quase gritou e não parava de falar o quão feliz se sentia diante disso tudo, também a adverti sobre as roupas que ela havia colocado na mala, mas a perdoei porque elas foram essenciais.

Conversamos mais um pouco e ela me contou alguns detalhes de como foi o fim de semana em casa e do que ela fez durante a minha ausência, parece que está tudo bem e eu fiquei aliviada por saber que papai está realmente andando no eixo. Terminamos nosso papo e Phia me deixou sozinha, já estava ficando tarde e Carlos Daniel tinha ido pra casa há mais de uma hora e meia, estava começando a ficar preocupada, pois ele me disse que me ligaria quando chegasse e não leva tanto tempo assim de minha casa até a casa dele.

# Carlos Daniel narrando #

Ainda não era tarde, mas mesmo assim, por ser fim de semana as ruas já se encontravam desertas naquele horário. Enquanto seguia pelas ruas quase desertas me sentia cansado, depois de horas atrás do volante não via a hora de chegar em casa e poder provar da comida maravilhosa que, com certeza, Matilde tinha preparado para meu retorno, assim como sempre ela fazia quando eu saia de viagem.

Enquanto mais uma vez me encontrava parado em um sinal vermelho não pude me conter em voltar o olhar para o retrovisor em busca de eliminar qualquer paranóia que eu pudesse estar desenvolvendo, mas lá estava ele, bem atrás de mim. Isso não poderia ser apenas coisa da minha cabeça e a impressão de que aquele carro estava realmente me seguindo era forte demais para ser ignorada, mas ele não estava mantendo distancia alguma, se estivesse me seguindo não iria querer ser descoberto antes de conseguir me assaltar ou seja lá o que fosse...

– Muito estranho! – Pensei alto enquanto buscava tentar enxergar a placa do carro, por via das dúvidas.

Impossível... E isso apenas me deu a certeza que precisava para saber que não era apenas coisa de minha cabeça, eu estava mesmo sendo seguido e antes mesmo que o sinal pulasse para o verde pisei fundo no acelerador ganhando velocidade imediatamente. O carro preto levou apenas um minuto para conseguir me acompanhar bem de perto.

Passei por todos os sinais vermelhos e quando se precisava de um policial para me multar por infligir as leis de trânsito, não aparecia nenhum sequer. Peguei o celular tentando discar o numero da Policia.

– Alô! - Disse assim que uma atendente atendeu a minha ligação. – Preciso de ajuda! - Pedi tentando manter-me o mais distante possível do carro preto que vinha logo atrás. – Acho que estou sendo seguido! - Completei rapidamente.

– O senhor acha ou tem certeza, senhor? - A mulher do outro lado me perguntou paciente.

– ESTOU! - Gritei irritado.

– Por favor, senhor... Mantenha a calma! – Pediu ela. - Pode me dizer onde o senhor está? - Ela perguntou com a maior calma do mundo.

– Eu não faço a menor idéia, estou andando a alguns minutos tentando despistá-lo! - Respondi agitado olhando para fora em busca de algo que pudesse me dizer onde eu estava.

– Senhor, assim não será possível ajudá-lo! - Ela disse com o tom de irritação evidente em sua voz. – Talvez o senhor esteja apenas com mania de perseguição, recebemos muitas ligações desse tipo...

Desliguei o telefone antes que ela pudesse me chamar de louco. Estava sozinho e tinha que arrumar uma forma de entrar em contato com alguém que não me achasse um louco com mania de perseguição.

– RODRIGO! - Eu disse quase gritando como uma ultima esperança que me agarrava.

Enquanto tentava encontrar seu número na agenda do meu celular, do nada surgiu uma luz alta em meu rosto e afundei o pé no freio, e por um instante perdi o ar dos meus pulmões quando o carro parou bruscamente.

Uma Picape prata apareceu de repente bem na minha frente, agora eu estava cercado e antes que eu pudesse ter qualquer reação, um homem alto com um olhar nada amigável veio em minha direção. Ele estava apontando uma arma para a minha cabeça.

– Sai do Carro! - Disse uma voz grave.

– Se é o carro que vocês querem, podem levar! - Eu disse erguendo as mãos em sinal de rendição.

Estava disposto a entregar tudo o que queriam...

– Digamos que seu carro não é valioso o bastante! - Ele disse em tom de deboche enquanto me puxava pela camisa com violência.

Fiquei em pé com um cara apontando uma arma para mim sem poder fazer nada, me perguntava o que queriam que não fosse me roubar? Bom, acho que não precisaria esperar muito para descobrir, eles não pareciam pacientes, então logo saberia o que queriam de mim.

Uma movimentação atrás do homem que apontava a arma para mim chamou minha atenção.

– Você! – Eu disse desacreditando.

O que aquele cretino queria comigo agora? Vingança? Dei um passo em fúria em sua direção, mas rapidamente fui impedido de me aproximar, uma grande pena, acho que com a raiva que eu estava naquele momento não sobraria muito dele para contar a história no final.

– Surpreso? - Ele perguntou se aproximando de mim e o sorriso que brincava em seu rosto só me fez desejar ainda mais poder me soltar de seus capangas.

– O que quer? - Perguntei ignorando sua pergunta.

– Apenas te dar um recado! - Ele disse me olhando de cima a baixo.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa senti todo ar me escapar pela garganta quanto levei um soco no estômago, doeu, doeu tanto que me curvei tossindo, tentando recuperar o ar dos meus pulmões que ardiam feito brasa.

– Isso não vai ficar assim! - Ameacei ainda curvado sobre a dor.

– Acho que você ainda não entendeu o recado, não é? - Ele perguntou abaixando-se ao meu lado. – Levantem ele! - Pediu se afastando apenas um instante.

E antes que pudesse me proteger recebi um soco no rosto, e no instante seguinte senti o gosto metálico do sangue em minha boca.

– O que você quer? - Perguntei entre dentes.

– Apenas quero que entenda que comigo não se brinca e sai ileso! – Ele disse seriamente enquanto me olhava cheio de raiva.

– Nunca brinquei com você! - Disse devolvendo o olhar. – Tudo o que disse foi muito sério!

Bom, acho que essa noite eu estava mesmo disposto a apanhar porque o soco veio antes mesmo de eu percebê-lo armando em minha direção.

Acabei caído me contorcendo de dor enquanto podia ouvir os risos dos capangas a minha volta...

– Você definitivamente não me conhece! - Disse ainda caído tentando recuperar o fôlego, nunca me perdoaria sair dessa sem dizer a ele o que merecia.

– VOCÊ... – Ele disse cheio de ênfase. – Não quer conhecer quem é realmente Mauricio, aquela idiota conheceu e acredite em mim, ela não guarda boas recordações...

Antes mesmo que ele pudesse terminar não sei de onde tirei forças para conseguir me levantar e voar em cima dele distribuindo socos... Os capangas dele tiveram um pouco de trabalho para conseguir me tirar de cima dele e ver o sangue escorrendo por seu nariz me trouxe um sorriso ao rosto.

– Não sei o que viu naquela vadia! - Ele disse em tom de desdém ao conseguir se afastar.

– CALA ESSA BOCA! - Gritei em ódio.

Como aquele imundo ousava falar da Paulina dessa forma...

– Bom, ela é bonita... Ah sim! - Disse com ar pensativo. – Ela é realmente muito linda e tem um corpo que enlouquece qualquer homem! - Dizia sorrindo enquanto me olhava tentando me soltar de seus homens. – Se ela pelo menos soubesse usar sua beleza para...

– CALA ESSA MALDITA BOCA SEU IMBECIL! - Gritei em fúria. – Cala a boca ou te mato!

– Acha mesmo que vale à pena? - Ele perguntou me olhando com divertimento. – Vale à pena tudo isso por aquela vagabunda...? Bem, talvez agora você possa querer defendê-la porque ainda não a levou para a cama...

Mauricio dizia me olhando lutar contra seus dois homens que me seguravam, pouco me importava com a dor que atravessava todo meu corpo feito uma lança, a única coisa que queria era me soltar e matá-lo com minhas próprias mãos.

O som de rua risada seguida pela de seus capangas encheram minha cabeça e eu mal conseguia pensar com as dores que atingiam todo o meu corpo.

– Ela não vale à pena, senhor Bracho! - Mauricio disse pausadamente, o sorriso sempre estampado em seu rosto.

– DESGRAÇADO, COVARDE... Vai se arrepender amargamente, eu juro! - Ameacei em fúria.

– Você não sabe quem está ameaçando! - Ele disse enquanto me analisava com cuidado.

Em seu olhar via o quanto estava se divertindo, não podia deixar de me perguntar como um dia Paulina foi capaz de amar um homem desses? Esse cara era um covarde sem escrúpulos que não sabia com quem estava se metendo.

– Porque não me solta e resolvemos isso como homens? - Perguntei o provocando...

...Mas Mauricio era covarde demais para aceitar resolver tudo isso de forma justa e quanto mais o provocava, mais irritado ele ficava. Com isso a única coisa que conseguia é que me batessem mais, mas não me importava, não me submeteria a tudo isso calado.

E enquanto falava umas verdades a Mauricio, mal conseguia me sustentar de pé.

– Já me cansei disso! - Mauricio disse a seus homens dando de ombros. – Acabem com isso e vamos sair daqui! - Ordenou a seus homens e então se aproximou parando em minha frente me olhando, apreciando seu “trabalho” – Nos vemos por ai, senhor Bracho! - Desdenhou rindo satisfeito enquanto me observava.

Antes que tivesse a chance de respondê-lo senti um dor forte na parte de trás da minha cabeça e senti meu corpo cair em direção ao chão perdendo os sentidos...

* Paulina narrando *

Tomei um banho quente e vesti um pijama confortável, deitei em minha cama e não pude deixar de pensar nele, ele me faz muito feliz e eu não podia estar mais agradecida por tudo o que tem me acontecido depois que eu conheci Carlos Daniel, só a alegria que ele me transmite já me faz querer ganhar o mundo e me pego sorrindo igual uma boba quando penso nele, estou realmente apaixonada, nunca esperei sentir algo assim por alguém, sentir essas borboletas alvoroçadas no estômago que tanto dizem nos filmes, nos romances, sempre pensei que tudo não passava de uma bobagem contada, de uma fantasia e que só faziam com que idealizássemos para que sonhássemos a ta com um verdadeiro amor mas agora eu vejo que existe sim e pode ser muito mais intenso quando se é verdadeiro. O amor existe sim, eu estou sentindo isso em todos os poros de meu corpo!

Peguei no sono por um tempo que não sei bem, mas foi um cochilo porque acordei com barulho da cortina batendo na janela que eu esqueci aberta. Senti um arrepio percorrer a minha espinha e levantei-me rápido para fechá-la.

Olhei o meu relógio de cabeceira e já estava muito tarde, peguei o meu celular e não tinha nenhuma ligação de Carlos Daniel, sequer uma mensagem e me senti preocupada. “Carlos Daniel disse que me ligaria quando chegasse e ele não costuma esquecer.” Não hesitei e busquei imediatamente o seu nome no registro de chamadas de meu celular, logo disquei novamente e me surpreendi porque a ligação foi direto para a caixa postal e deixei uma mensagem, esperei um pouco para que ele retornasse quando a ouvisse mas não obtive resultado, fiquei ainda mais preocupada.

Tentei mais uma vez ligar e continuava indo para a caixa postal, enviei mais mensagens sem respostas e um desespero então me atingiu e eu não conseguia parar de andar por todo o meu quarto.

Não agüentando de aflição, desci e fui até a cozinha pegar um copo d’água, estava ficando tão preocupada que já me dava nos nervos. Estava muito tarde e eu não tinha outra forma de falar com Carlos Daniel que não fosse pelo celular dele e eu não via outras alternativas que não fossem as de me acalmar e esperar que ele me daria noticias muito em breve, que ele pode ter chegado em casa cansado, o celular dele pode ter descarregado e ele dormiu, por isso não me ligou. Tentei colocar isso em minha cabeça e subi novamente para o meu quarto ainda insistindo em ligar para ele sem sucesso, respirei fundo e fiz uma oração pedindo a Deus que ele realmente tenha dormido e que nada de mal lhe acontecesse, assim consegui ficar um pouco mais tranqüila, mas ainda impaciente. Fui até o quarto de Sophia que já dormia feito pedra, deitei ao seu lado e mesmo sem conseguir pregar um olho sequer, fiquei ali esperando alguma mensagem de Carlos Daniel.

# Carlos Daniel narrando #

Acordei em um quarto de hospital, não me lembrava como tinha chegado ali, sentia cada osso do meu corpo doer a qualquer movimento que fazia, minha cabeça parecia que iria explodir, me sentia atordoado, tonto.

– Senhor Bracho! - Uma senhora de meia idade veio em meu auxilio quando viu que eu estava acordando e impediu que me mexesse.

– Quem é você? - Perguntei a olhando com a testa franzida.

Não fazia idéia de quem era aquela senhora que me chamava pelo nome, não a conhecia.

– Meu nome é Karen e estou aqui para cuidar do senhor! - Ela respondeu me oferecendo um sorriso simpático. – E não se preocupe, já devem ter avisado a algum parente seu! - Disse tentando me tranqüilizar.

Mal sabia ela que essa noticia só contribuiu para me deixar ainda mais agitado.

– Os policiais estão apenas esperando que o senhor se sinta melhor para dar seu depoimento! - Explicava enquanto checava meus sinais vitais calmamente.

– Policiais? - Perguntei me sentindo confuso.

O que eles faziam aqui? Depois de eu quase morrer eles aparecem? Tarde demais, eu diria.

– Sim, o senhor foi encontrado desacordado e muito ferido! - Explicou a senhora me olhando. – Foi assaltado? - Ela perguntou curiosa.

– Não... - Dizia, mas mudei de idéia sobre o que diria a todos. – Eu... Eu não me lembro!

– Como não se lembra? - A senhora perguntou assustada.

– Não sei... Nem sei como vim parar aqui!

Não poderia dizer aos policias que o ex da minha namorada havia armado uma emboscada para mim apenas porque ele é um cretino, filho da mãe que é obcecado em vingar-se de todos que cruzam seu caminho dizendo-lhes umas boas verdades sobre o tipo de cretino que ele é. E mais importante, tinha Paulina em toda essa história, tinha de protegê-la disso tudo, não poderia permitir que mais uma vez Mauricio voltasse a machucá-la, ela poderia nunca mais se recuperar.

Foi muito difícil Paulina conseguir superar tudo o que passou nas mãos daquele imbecil para suportar passar por tudo isso agora, não, Paulina nunca poderia saber de nada disso, eu resolveria tudo a minha forma e Mauricio que me aguardasse porque isso não ficaria assim.

– Deve ser normal! - Disse a enfermeira pensativa. – Afinal, o senhor passou por um trauma muito grande e deve estar sofrendo de alguma amnésia passageira! - Disse me estudando com cautela.

Começava a me perguntar se em minha frente estava uma enfermeira ou uma médica.

– Bom, acho melhor chamar o doutor! - Disse saindo rapidamente do quarto me deixando sozinho.

Antes que eu tivesse chance de respirar um pouco Matilde entrou pela porta daquele seu jeito exagerado de sempre.

– Meu filho... - Dizia enquanto me olhava cheia de preocupação. – O que fizeram com você? - Perguntava enquanto secava as lágrimas que escorriam por seu rosto preocupado.

– Eu estou bem, Matilde! - Disse aliviado por vê-la entrando pela porta.

– Não parece! - Ela disse enquanto me examinava por si mesma. – Está todo machucado! – Constatou com exasperação.

– Mas estou vivo, não estou? - Perguntei lhe oferecendo um sorriso.

– Sim, você tem razão! - Concordou mais calma. – Mas agora os policiais têm que pegar quem fez isso com você! - Ela disse com determinação.

– Eu nem ao menos me lembro o que aconteceu! - Disse a olhando seriamente.- A enfermeira disse que pode ser uma amnésia passageira! - Usei do diagnóstico da enfermeira para me livrar das perguntas que, por certo, não poderia responder a Matilde.

– Mas... - Ela começou pensativa. – ...acredito que cedo ou tarde você se lembrará e então poderão colocar esses delinqüentes na cadeia! - Disse esperançosa.

– Também acredito nisso! - Lhe sorri.

Antes que Matilde tivesse a chance de me encher de conselhos. O doutor chegou me olhando com animação enquanto verificava meu prontuário.

– Olá senhor Bracho, a enfermeira disse que não se lembra do que houve?! - O doutor disse me olhando seriamente.

Eu começava a me perguntar para quantas pessoas teria de responder essa mesma pergunta?

– Não, eu não me lembro de nada! - Disse devolvendo o olhar.

– Não se preocupe... Isso é passageiro, acredito que logo se lembrará de tudo! - Concluiu fazendo algumas anotações em sua prancheta.

E Matilde não perdeu tempo em querer saber como eu estava, apesar de ver que eu estava perfeitamente bem tirando os hematomas espalhados por meu rosto e corpo.

– Não tem com o que se preocupar senhora! - O doutor disse a Matilde lhe sorrindo. – O senhor Bracho apenas fraturou duas costelas e os hematomas sumirão em poucos dias! - Completou

– Graças a Deus! - Disse Matilde respirando aliviada diante da boa noticia do médico.

– Quanto aos policias, eu pedi que fossem para casa, disse que o senhor não estava em condições de responder nada a eles agora! - Informou o doutor. – Bom... Vou deixar que descanse agora, amanhã bem cedo venho examiná-lo! - Completou enquanto se encaminhava até a porta.

– Boa noite, doutor! - Matilde disse sorrindo. – E obrigada!

Não conseguia deixar de pensar com raiva do quanto Mauricio estava se divertindo em saber que provavelmente eu não estava muito bem agora, meu ódio por ele só crescia com esse pensamento.

– Algum problema, meu filho? - Matilde me perguntou me tirando dos meus devaneios odiosos contra aquele canalha.

– Não... – A olhando despertando de meus pensamentos. – Só que... - Disse pensando em uma desculpa para minha distração. – Me lembrei que tinha prometido ligar para a Paulina assim que chegasse em casa! - Respirei aliviado por encontrar um bom motivo para estar tão distraído assim.

– Ela deve estar preocupada, então! - Concluiu Matilde me olhando.

– Sim... Ela deve estar, mas agora é muito tarde para ligar! - Disse seriamente. – Vou te dar o número dela e amanhã de manhã você liga e diz a ela onde estou! - Pedi a Matilde sabendo que ela daria esse noticia a Paulina da melhor forma possível.

– Claro meu filho! - Disse sorrindo. – Não se preocupe que amanhã de manhã quando for para casa ligarei para sua Paulina! - Ela afirmou cheia de animação.

Essa seria a primeira vez que Paulina e Matilde se falariam e o assunto não seria nada agradável. Desejava que elas se conhecessem em uma ocasião diferente.

Sentia uma consideração muito grande por Matilde para me importar com sua opinião sobre Paulina, mas tenho certeza que Matilde não ira desaprová-la, acho que ninguém seria capaz de desaprovar uma mulher como Paulina e, mesmo com dor em todo corpo, ainda conseguia sentir saudades dela.

– Você vai dormir aqui? - Perguntei a olhando enquanto se sentava em uma cadeira a meu lado.

– Não posso deixar que passe a noite sozinho! - Justificou-se me olhando ternamente. – Eu não dormiria sossegada sabendo que você está em uma cama de hospital sozinho.

– Sei que não! - Disse sorrindo agradecido. – Obrigado! - Agradeci a olhando com carinho.

E então caímos em silencio. Eu estava cansado e muito dolorido para me animar a conversar agora e já era muito tarde, logo o dia amanheceria e eu precisava dormir um pouco. Enquanto tentava dormir a imagem do rosto debochado de Mauricio vinha em minha mente e sentia tanta vontade de matá-lo por tudo que disse, sentia tanto desprezo por ele que acho que seria capaz de arruinar minha vida o matando com minhas próprias mãos, e pensar em todo o mal que um dia ele causou a Paulina...

Adormeci em meio aos pensamentos e só acordei na manhã seguinte. Rapidamente busquei por Matilde que dormia feito pedra na cadeira, acho que seu ronco era ouvido pelo hospital inteiro.

* Paulina narrando *

Mal consegui dormir, toda hora eu me assustava por preocupada com Carlos Daniel e checava o meu celular em vão, pois não tinha nada dele. Quando finalmente dormi e acordei no dia seguinte com Sophia abraçada a mim.

– Bom dia, maninha! – Ela disse baixinho enquanto me olhava com um sorriso no rosto.

– Bom dia, Phia! – Te incomodei, né?!

– Não, de maneira alguma. Me surpreendeu muito te ver aqui em minha cama, mas eu gostei da surpresa. – Dizia e sentou-se frente a mim. – Insônia?

– É, não consegui dormir quase nada.

– Hmm, sentindo falta dele? – Perguntou com leve malicia em seu olhar. – É tão bom assim, danadinha?! – Brincou.

– Ai Sophia, por favor! – Sorri com seu comentário. – Não é isso, é que Carlos Daniel não me deu sinal de vida e eu não sei o que pode ter acontecido, até agora ele não me ligou para avisar que está em casa.

– Estranho... Mas fica tranqüila, relaxa que ele logo vai te ligar, deve ter esquecido e ido dormir.

– É... Pode ser... – Concordei e fiquei pensativa quando enfim meu celular tocou e dei um pulo da cama para atendê-lo, era um numero desconhecido e senti meu coração apertar com essa constatação, atendi imediatamente.

– Alô?!

– Alô, falo com Paulina Martins? – Se pronunciou uma voz feminina do outro lado perguntando por mim, uma voz doce e madura, parecia de uma senhora já com certa idade.

– Sim, sou eu, em que posso ajudá-la?... - Perguntei curiosa.

– Senhorita Paulina, sou Matilde, trabalho com o senhor Carlos Daniel, que prazer falar com a senhorita finalmente. – Disse amavelmente a senhora ao telefone.

– Matilde, o prazer é todo meu, ouvi coisas muito boas a seu respeito. – Retribui a simpatia mesmo sentindo o meu coração palpitar cada vez mais forte. – A-aconteceu alguma coisa? – Perguntei já aflita.

– Bem, de antemão eu lhe peço que não se preocupe, o senhor Carlos sofreu um pequeno acidente e agora está no hospital, mas está tudo bem com ele...

– Pequeno... acidente...? – Perguntei sentindo todo meu corpo estremecer.. Como pequeno acidente se ele está no hospital? Me perguntava enquanto a escutava. – Mas o que aconteceu? Como ele está?

– Ele teve que passar a noite no Hospital para fazer alguns exames, mas agora passa bem... O assaltaram e ele está um pouco ferido, mas não se preocupe.

– Ele está ferido? – Perguntei com voz trêmula, a minha preocupação não era em vão, algo tinha acontecido com ele e agora só Deus sabe como ele realmente está. – Em que Hospital ele está?

– No Hospital San Jose, estou aqui com ele.

– Estou indo pra aí. Obrigada por me avisar, Matilde, nos vemos logo. – Agradeci a senhora e levantei rapidamente da cama de Sophia, que me olhava atenta com os olhos bem abertos.

– O Carlos Daniel está mal, Lina?

– E-eu não sei, Phia, parece que assaltaram ele e o machucaram. Não sei qual a situação. – Respondi com voz embargada, meus olhos molhados pelas lágrimas.

– Calma, Lina... Não deve ter sido nada demais, sabe como esses médicos são, nunca querem deixar a gente sair do hospital logo, temos que ficar lá plantados até a hora que eles decidirem só por uma besteirinha. – Disse Sophia tentando me tranqüilizar.

– Eu vou até lá, preciso vê-lo, saber como ele está.

– Eu posso ir com você?

– Você tem aula hoje, Phia, não pode faltar. Eu vou e te dou noticias logo.

– Tudo bem. – Respondeu desanimada. – Mas manda o meu abraço para o meu cunhado, e fica tranqüila, não deve ter sido nada demais. – Ela disse com um terno sorriso e aproximou-se de mim para me abraçar.

– Obrigada, Phia. Vou me arrumar e ir para o Hospital.

Me arrumei no mais rápido que pude, liguei para a fábrica e avisei a Branca que não tinha horário para chegar e segui caminho direto para o Hospital San José, não se porque, mas minha intuição me dizia que algo muito sério teria acontecido com Carlos Daniel, algo que me estaria sendo ocultado...


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Notas finais do capítulo

Qual será q vai ser a reação da Lina ao ver o CD? Comentem, por favor... Logo voltaremos com mais um cap :D

Beijossss, Tamy e Marta ;**