Estava olhando o porão velho da minha nova casa. Aquela casa me dava uma sensação ruim.

Peguei uma caixinha de som. Estava quebrada, fazia um ruido infernal.

Procurei nas caixas. Havia livros, pilhas de livros. Havia cartas, com desenhos infantis. Porém esses desenhos me chamavam atenção. A maioria era sobre uma sombra negra, mal desenhada. Esta sombra sempre estava no canto das salas, observando...

Abaixo da carta, havia uma mensagem, a letra era ruim, porém consegui ler:

Minha nova amiguinha. Ela disse que papai e mamãe são maus.

Algo me dizia para sair, que ainda era tempo. Estava ficando paranoica. Não era nada demais.

Continuei procurando. Dentre todos os livros e documentos, um me chamou atenção: Seu nome eraDiário da Mary e estava sujo do que parecia ser... Sangue?!

Peguei e fui para meu escritório. Comecei olhar. Eram imagens. Sobre "Ela".

Nas primeiras imagens, ela estava na parede, longe.

Cada página, ela estava desenhada mais perto. Conforme eu passava as páginas, o quarto ficava frio.

Ela estava na metade do quarto agora, de acordo com o desenho. Meu quarto estava frio, queria me levantar, beber um café quente e colocar meu agasalho, por mais que eu tentava, era como se não conseguisse levantar, eu tremia e hesitava. Assustador.

Seu corpo no desenho ficava mais próximo... E mais próximo...

Eu podia ver uma sombra pelo cantos de meus olhos.

Eu passava página, como se minha mão andasse sozinha. Seu corpo estava cada vez mais próximo, tanto que eu podia ver seus olhos no desenho infantil. Eles pareciam ser de verdade.

Cada página, o desenho ficava mais e mais realístico. E o rosto ia se aproximando.

Seus cabelos cobriam grande parte do rosto. Sua boca estava ferida, e seu rosto era pálido. O desenho estava ficando bizarro.

Por um momento pareceu que a foto se mexeu, logo desviei a atenção para um livro que havia caído da instante. Saí do transe e corri para fora da casa.

De noite meus pais chegaram. Contei tudo, como esperado eles não acreditaram.

Não até ver os desenhos, não até ver as fotos, não até ver as imagens. Não até ver o corpo podre de uma criança, caído perto do poço.

Eu não estou segura. Nem você.

Boa sorte, aliás, este texto também é uma das páginas do diário. Reze por sua vida... E para não ter uma morte como a minha.

Morte? Não é bem isso, você está morta. Você está viva. Você agora pertence a "ELA"