Prisioneira do inferno - Parte 1 escrita por Giovanna Sorvillo


Capítulo 7
Capítulo 7




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No dia seguinte, eu me inscrevi para o tal ciclo. Mas antes eu tinha que passar por uma reunião particular com Lúcifer. Que merda. Entrei no salão principal e lá etava ele, sentado em sua poltrona vermelha, se achando o rei do mundo. E na verdade ele é. Pelo menos do mundo de baixo.

Lúcifer disse:

– Olha só. Se não é minha princesa favorita.

– Então. Eu já me inscrevi para o ciclo e agora?

– Tera que fazer o juramento de puro sigilo e que será fiel á mim.

– E o que você sabe sobre ser fiel?

– Muito mais do que você.

– Tá. Tanto faz. Eu juro.

Ele riu. Sua risada ecoou pelo salão e me deu um arrepio na espinha. Ele disse:

– Não é tão fácil assim.

– Como é esse juramento então?

Ele me guiou até uma mesa que tinha uns objetos estranhos. Ele pegou um objeto triangular, mas ela tinha uma ponta afiada. Ele pegou minha mão e segurou com força. Colocou a ponta fina do triângulo em uma tinha gosmenta preta e começou a desenhar alguma coisa em meu braço.

Aquilo doía, mas não era uma dor normal. Era como se veneno estivesse se misturando com meu sangue em todo lugar. Eu gritei:

– Que merda é essa?

– Tinta demoníaca. Você agora está com a marca do ciclo.

Olhei meu braço e tinha desenhado o que parecia um T que no final se divide em dois e volta para a superfície da letra. Aquilo ainda ardia.

– Agora me de sua outra mão.

Dei meu outro braço para ele. Nesse ele fez um pequeno corte e derramou sangue em uma taça de vinho comum. Ele fez o mesmo com o sangue dele e depois ordenou:

– Beba e estará presa a mim para sempre.

Eu hesitei. Não queria ficar presa a Lúcifer, mas era o único jeito de voltar a ver minha família e minhas amigas. Peguei a taça e bebi. Senti os sangue escorrendo pela minha garganta. Logo em seguida ele disse:

– Agora aguarde até a próxima reunião.

Assenti e me retirei do recinto. Thomas me esperava na frente do salão principal. Ele perguntou:

– E ai?

– Está feito. Agora é só aguardar.

Ele assentiu. Ficamos parado por um tempo sem falar nada, mas Thomas quebrou o silêncio:

– Eu quero te levar a um lugar.

– Que lugar?

– É surpresa.

Ele pegou minha mão e me guiou até uma salinha, pegou uma chave no bolso e abriu a sala. As paredes eram pretas e tinha apenas uma parede que era de um azul celeste. Eu fiquei maravilhada. Perguntei:

– O que é isso?

– Um sugador de mentes. Ele te leva para dentro da sua mente.

– Como?

– Não é bem sua mente, mas suas lembranças se juntam e te levam para um lugar que sua mente criou e que você não sabia que existia até entrar. Então, vamos dar um passeio em sua mente.

Assenti. Eu não gostaria de ter ele na minha mente, mas eu queria entrar na minha e só ia conseguir com ele.

– O que devo fazer?

– Feche os olhos e deixe sua mente te guiar, não pense em nada. Assim que eu pegar sua mão vamos estar conectados e assim eu poderei ir para sua mente ao invés da minha.

Assenti e fiz o que ele pediu. Passei pela parede e por meio segundo senti como se eu estivesse caindo em um abismo, mas depois eu senti o chão e o cheiro de erva doce.

Levantei e Thomas estava parado observando o lugar. Era uma casa de campo, com as paredes cinza claras e detalhes em madeira branca. O lugar estava vazio a não ser por um banco e um teclado no meio da sala. E um grande jardim na parte superior da casa.

– Isso é tipo o pais das maravilhas? - perguntei.

– Tirando o fato de que você não é a Alice e só nós habitamos esse lugar. Esse é o lugar para onde você gostaria de ir quando estivesse com problemas.

– É. Quando eu brigava com alguém eu queria apenas tocar no meu teclado em um lugar isolado.

– Posso ver você tocar?

Assenti e sentei no banco. Ele se sentou ao meu lado. Antes de eu tocar, Thomas se virou e disse:

– Você não pode trazer mais ninguém aqui e nem vir sozinha.

– Por quê?

– Você só conseguiu entrar sem treinar por causa da nossa conecção e da minha energia, é muito perigoso vir sozinha ou com outra pessoa.

– Ta bom. O que você quer que eu toque?

– Não sei. Qualquer coisa.

Comecei a tocar uma música que eu conhecia. Ele me olhava maravilhado. Talvez Thomas não fosse um Asmodeus comum. Ele nem parecia um demônio. Acho que eu o estava mudando. Ele nem pensava mais em sexo. Até onde eu sei. Ai meu deus! Eu não posso me apaixonar por um demônio, será bem mais difícil ir para casa se eu me apaixonar por Thomas.

Os dias foram se passando e eu fui criando uma rotina. Eu acordava e ia conversar com Caroline. Depois eu e Daniel sempre fazíamos alguma coisa. Todo dia eu e Thomas íamos visitar minha mente e eu sempre tocava para ele. Depois eu voltava e normalmente eu ficava lendo.

O ciclo de Lúcifer ainda não recebera nenhuma missão. Daniel se inscreveu também. As vezes Thomas saia do castelo comigo e me levava para passear. Uma vez eu perguntei a Thomas se podiamos visitar a mente dele, mas ele respondeu:

– Minha mente é sombria de mais para se visitar. Eu mesmo só vou para lá quando fico triste com alguma coisa.

Deixei o assunto de lado. Meses haviam se passado e eu me acostumei com a minha vida no inferno. Lúcifer havia me chamado para a primeira missão. Eu estava torcendo para que fosse na terra. Quando ia entrar vi que Thomas conversava com ele. Eu sabia que era errado, mas decidi escutar a conversa.

– Você está deixando de fazer suas obrigações por causa daquela menina - dizia Lúcifer.

– Desculpe. Mas é que esses dias eu não estou inspirado para criar castigos para as almas pecadoras. Eu simplesmente não consigo achar algo cruel para fazer.

– Aquela menina está fazendo mau para você. Não vou matá-la nem enxota-la, mas vou transforma-la em uma pessoa mau para ver se resolve.

– Lúcifer...

– Nada de Lúcifer. Agora espere porque daqui a pouco ela estará aqui.

Eu estava trazendo humanidade para Thomas. Eu sabia o que tinha que fazer, antes que Lúcifer, desse seu jeito.

Não posso desistir de Thomas, não agora. Eu tinha que converte-lo ao bem.

Bati na porta, ouvi ela se abrir. Entrei e fiquei ao lado de Thomas.

– Nessa missão eu dividi em grupos, cada grupo para cada cidade. Na cidade de vocês são três grupos de dois. E vocês são um grupo. Vão ficar na Califórnia.

– E qual é a missão? - perguntei.

– Vocês vão trazer todos os espíritos que não aceitaram a morte para o inferno e todos os anjos caídos. Você minha querida Isabelle. Agora sabe identificar os espíritos e os anjos caídos. Está preparada?

Assenti e Thomas me olhava. Ele parecia olhar uma obra prima, mas na verdade, ele parecia uma obra prima. Partiríamos hoje a noite pelo que Lúcifer disse.

Depois da reunião fui ao meu quarto arrumar minhas coisas. Daniel estava lá. Ele disse:

– Já sabe em que cidade você vai ficar? - perguntou ele.

– Por sorte na Califórnia, mas eu não entendo o porque. Já que ele deve saber que eu morava lá.

– Ele não sabe. Na verdade, ele não liga muito pra essas coisas. Lúcifer nem deve ter notado.

– E você?

– Paris.

– É melhor você arrumar as malas logo. você só tem meia hora.

Peguei uma mala e coloquei praticamente todas as minhas roupas dentro de qualquer jeito. Eu não tinha tantas coisas, então era basicamente só minhas roupas, minhas maquiagens e só.

Daniel se aproximou de mim e me olhou nos olhos. Ele me encarando daquele jeito me deixou constrangida. Perguntei:

– O que foi?

– É que...Eu quero que você fique com algo.

– O que?

Ele tirou do bolso uma corrente de ouro com um pingente de coração que abria e lá dentro estava uma foto minha de um lado e do outro uma foto dele. Coloquei no pescoço e o abracei.

Quando comecei a me afastar ele me puxou de novo, mas ao invés de nos abraçarmos,ele me beijou. Seus lábios “passeavam” pelos meus como se tivéssemos todo o tempo do mundo.O que não tínhamos, pois se Thomas entrasse ou qualquer um naquele momento nós dois estávamos ferrados.

Me afastei e perguntei:

– Por...Por que você me beijou?

– Eu gosto de você e quero que você lembre desse beijo quando voltarmos da missão.

Ele saiu correndo e eu fiquei lá parada como uma idiota. Coloquei minha corrente para dentro da blusa para esconder.Alguém bateu na porta e eu mandei entrar. Era Caroline.

– Oi – digo.

– Oi. Você vai ficar na Califórnia né?

Assenti. Senti que ela queria me perguntar algum coisa. Fiquei olhando esperando que ela falasse. Ela suspirou e falou:

– Tem como você visitar minha família e avisar a eles que eu estou bem?

– Claro. É só me passar o endereço.

Ela passou o endereço e depois eu fui encontrar Thomas para irmos embora. Ele pegou minha mão e passamos por um portal.


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Notas finais do capítulo

Sei que nesse capítulo parece que Lúcifer é um bobão por não ligar para isso, mas fiquem tranquilos que ele sabe sim.
Comentem o que acharam!!!