Prisioneira do inferno - Parte 1 escrita por Giovanna Sorvillo


Capítulo 6
Capitulo 6




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Alguém bateu na minha porta. Primeiramente eu achei que era Caroline, mas quando eu abri a porta quem estava lá com cara de bobo era Daniel. Ele estava sorrindo torto. Qual é a desses meninos que ficam sorrindo lindo assim?

– E ai Hennemamm?

– Hennemamm? Sério?

Ergui uma sobrancelhas e deixei espaço para ele entrar.

– Falei com o Thomas e agora eu estou encarregado de te divertir. - disse ele.

– Então agora você é meu brinquedinho? Você por acaso é alérgico a sombra?

– Não, por quê? Pera, você não está pensando em...

Cai na risada.

– Eu só estou brincando seu tonto.

Ele riu também.

– Não se brinca com um homem sobre maquiagem.

Isso me fez rir mais ainda.

– Acho que essa coisa de brinquedinho pode dar certo.

Ficamos conversando o fim da tarde inteira. Até que a mulher ruiva que me trouxe para esse castelo entrou e disse:

– Dani, você já pode ir. Agora eu tenho que fazer umas coisinhas com ela.

Aquela mulher parecia ser uma vadia. Tanto pelo jeito como pela aparência. Daniel assentiu e saiu. Ela chegou mais perto, me olhou dos pés a cabeça e disse:

– Você parece uma boneca, mas hoje vou te fazer parecer uma mulher.

– Você quer dizer uma vadia?

– Não seria legal você aparecer na frente de pessoas importantes se vestindo como eu, não é mesmo?

Ela ainda confessou ser uma vadia.

– O Que temos hoje?

– Uma reunião. Todos os demônios e suas princesas estarão presentes e alguns anjos caídos.

– Uma reunião sobre o que?

– Não sei dessas coisas internas, você só vai saber por que é a prometida de Thomas. Você já se lavou?

Assenti. Ela me fez uma maquiagem preta e passou meu batom vermelho. O vestido que eu coloquei tinha um corpete preto muito apertado que mostrava o que eu mais odiava, o decote. E uma saia vermelha que na frente, era um palmo acima do joelho e atrás tinha uma calda que tocava o chão. Coloquei um salto gigantesco vermelho. Resumindo: Eu estava realmente linda, mas desconfortável. Aquela roupa mostrava tudo o que eu odiava e eu nem conseguia respirar direito nela. E o cabelo. Ela arrumou meus cachos bagunçados e fez um topete com a minha franja. E ainda pintou algumas mechas do meu cabelo loiro de preto.

– Pronto. - disse ela - Você está linda.

– Valeu...Qual é mesmo o seu nome?

– Margaret.

– Ta bom. Valeu Margaret.

– Thomas está te esperando no quarto dele. É o primeiro á direita da escada principal.

Assenti e fui ao quarto de Thomas. Eu estava com saudades da Megan e das besteiras que a Chloe sempre fala. Até dos meus pais que nunca me deram atenção, mas estão preocupados. Bati duas vezes na porta do quarto de Thomas e quando eu ia bater a terceira ele abriu a porta. Thomas estava de calças jeans e sem camiseta. Ele tinha um tanquinho e tanto e uma única cicatriz que vinha da barriga até o ombro esquerdo.

– Ual Isa. Você está linda!

– Eu sei. A Margaret disse a mesma coisa. Você não vai se trocar?

Sentei em sua cama e aquele quarto tinha seu cheiro de sangue e terra, o que era pra ser uma combinação nojenta, na verdade até que era bom. Ele trocou de calças e me pegou olhando para seu tanquinho, e isso o fez sorrir torto. Tá bom, ele era bonitinho. Não, ele era um deus grego como dizia Chloe, mas ele ta me forçando a ficar aqui e ser sua princesa.

– Você poderia pegar uma camisa branca no meu ármario por favor? - perguntou.

Assenti e peguei. Eu não conseguia falar nada de grosseria pra ele agora. Entreguei a camisa e voltei a sentar na sua cama.

– Posso te pedir um favor? - perguntei.

– Pode. Só não garanto que vou cumprir.

– Deixa eu avisar meus pais que estou bem, só para eles não se preocuparem. Nem minhas amigas.

– Isabelle...

– Por favor? Eu só queria falar com eles pela última vez, só para me despedir.

Eu estava quase chorando. Por que eu tinha que ser tão sensível. Ele se aproximou e se sentou ao meu lado. Colocou um dedo em meu queixo e ergueu minha cabeça, disse docemente:

– Tudo bem. Eu deixo, mas só dessa vez. Por favor, não chore.

Eu olhei em seus olhos e vi uma coisa diferente. Não parecia tão vazio e tão cruel, parecia que tinha um pouquinho de compaixão.

Ele pegou o telefone digitou uma senha. Me deu o telefone e eu digitei o número.

– Alô? - disse minha mãe do outro lado da linha.

– Mãe, sou eu. Isabelle.

Choro. Pausa. E mais choro acompanhado de soluços.

– Onde você está minha filha?

– Não posso te falar, mas eu liguei para avisar que eu estou bem e que não vou voltar. Não me espere.

– Por que está fazendo isso com a gente?

Eu tinha que fazer todos eles me esquecerem, mas eu não queria. Respirei fundo e falei:

– Droga mãe! Você não vai me fazer borrar a maquiagem. Eu não quero estar junto de vocês. Eu estou ótima, mesmo e minha vida ta muito melhor do que antes. Avisa pra Chloe e para a Megan que eu mandei um tchau e não espere mais nenhum sinal de vida vindo de mim. Vocês não quiseram me dar atenção, quiseram? Pois bem, agora sofram as consequências. Ah, e antes de desligar. Tire aquela merda de manchete do jornal, pois toda vez que vejo aquele choro falso me da vontade de vomitar.

Desliguei o telefone e comecei a chorar.

Thomas me abraçou. Tudo aquilo era culpa dele, mas mesmo assim eu não conseguia ficar brava com ele. Por sorte não chorei tanto e a maquiagem era a prova da água. Ele colocou um smoking e meus deus. Como o cara mais lindo do mundo pode ficar ainda mais bonito? Ele segurou minhas mãos e saímos do quarto.

Fomos para a sala de jantar e sentamos no lado direito na ponta, onde no meio estava Lúcifer. Em nossa frente sentava Caroline e seu demônio. Perguntei baixinho para Thomas:

– Que tipo de demônio é aquele perto da Caroline?

– Ah. Aquele é Azrael. Bem famoso.

Assenti. Eles serviram um negócio muito estranho, mas até que era bom. Lúcifer começou a reunião.

– Primeiramente, o assunto da reunião morre com suas almas bem aqui.

Todos assentiram com a cabeça e eu fiz o mesmo.

– Ótimo. Eu estou pensando em criar um ciclo, para fazer certas missões em particular e que estará em absoluto sigilo para aqueles que não participarão. Estou dando a chance de vocês se inscreverem, mas é opcional.

Caroline levantou as mãos e Lúcifer olhou para ela.

– Qual sua dúvida, menina?

– Onde normalmente acontecerão essas missões?

– Em vários lugares. Depende da missão.

Ela assentiu e abaixou a cabeça.

– Venham falar comigo até amanhã. Depois vou abrir as vagas para o ciclo pra o resto das pessoas. - Lúcifer saiu da mesa.

Algúns se retiraram e outros voltaram a comer. Caroline fez sinais falando que precisávamos conversar.

– Eu já volto. - digo a Thomas.

– Onde você vai?

– Vou conversar com a Caroline. Depois eu passo no seu quarto.

Ele sorriu maliciosamente. Dei um soco fraco em seu braço e disse:

– Não para isso que você está pensando. Chama a Alana seu tarado.

Eu falei aquilo baixo, pois eu sei que se alguém ouvisse eu poderia me dar mau. Fui ao quarto de Caroline e ela me esperava lá.

– O que você quer? - perguntei.

– Ei! Deixa de ser grossa.

– Você estava fazendo...Com o cara que te trouxe pra cá.

– Não me julgue Isa. Se eu me negasse a transar com ele, eu seria estuprada e eu acho que dói menos se eu participar do sexo. Nós não temos chance. Vamos ficar presas aqui para sempre, então se eu conseguir gostar dele vai ser melhor.

Eu entendi o que ela estava fazendo, só que eu não concordava. Eu até que me sentia um pouco atraída fisicamente pelo Thomas, mas eu não me via apaixonada por ele.

– Ta bom. Me desculpa. O que você precisa conversar?

– Acho que devemos nos inscrever para esse ciclo.

– Você só pode estar louca! Você quer entrar para um ciclo do mau?

– Pensa. As missões podem ocorrer na terra e eu ficarei mais próxima da minha família e dos meus amigos. Eu vi a reportagem sobre você. Temos que ver eles de novo.

– Não adiantaria. Não depois do que eu falei para minha mãe hoje no telefone.

– Como assim?

Eu contei tudo a ela. Caroline ficou boquiaberta.

– Um dos príncipes do inferno que é viciado em sexo e luxuria, teve compaixão por você?

– Como você sabe tanto sobre demônios?

– Eu pesquisei assim que cheguei aqui. lá na biblioteca do castelo. Você topa virar desse ciclo ai?

Hesitei um pouco, mas ela tinha razão. Eu podia chegar mais perto da minha família. Tudo bem, eles nem precisavam saber que eu estava na terra, mas eu poderia vê-los.

Concordei e sai do quarto. Fui ao quarto de Thomas, como prometido. Bati na porta e ele demorou para abrir. Girei a maçaneta, mas estava trancada. Quando eu desisti e ia sair, alguém abriu a porta, mas não era Thomas. Era Alana. Ai meu deus! Thomas me levou realmente á sério?

– É a sua princesinha Thomas.

– Meu nome é Isabelle. Agora dá licença.

Entrei no quarto e Thomas estava pelado deitado na cama. Eu não sei o que me deu e de repente eu fiquei com uma crise de ciúmes, mas por quê? Eu nem gosto dele. Ou gosto? Sem pensar eu me joguei em cima dele e pressionei meus lábios contra os dele. Nem liguei se aquela vaca estava nos olhando, ou se ele estava pelado e eu sobre o seu corpo nu. Simplesmente lhe dei um beijo desesperado e o beijo que ele retribuiu não foi doce, foi feróz e maravilhoso.

Soltei ele e deitei ao seu lado na cama. Fiquei tonta e ofegante.

– O que... - começou ele.

– Cala a boca e dispensa essa vadia daqui.

– Alana...

– Nem vem, essa menina invade seu quarto e você me manda embora?

– Sim. Agora vá.

Ela saiu furiosa do quarto e quase deu para ouvir seus xingamentos sobre mim.

– Agora se veste. - ordenei.

Ele apenas colocou a cueca e a calça. Pressionou seu corpo sobre o meu e me beijou novamente. Eu o empurrei e disse:

– Eu só te beijei para tirar aquela vadia daqui. Desgruda.

Ele se sentou na minha frente e não tirava o soriso do rosto em nenhum momento.

– O que ela tava fazendo aqui? - perguntei.

– Você sabe.

– Então porque você não casa com ela e me leva de volta pra terra?

– Por alguns motivos. Primeiro, porque eu não gosto dela, gosto de você. Segundo, ela se casou com um cara que vende seu corpo para ganhar dinheiro.

– E se ela tiver AIDS.

– Como se eu fosse transar com alguém com AIDS.

Eu sentei e fiquei olhando para ele.

– Você vai entrar para o ciclo?

– Tenho que entrar e representar.

– Eu vou entrar.

Ele nem prestava atenção em mim. Estava olhando para meus lábios. Por que não beijá-lo? Era só uma ficada. O puxei. Minhas mãos estavam em seu pescoço e nossos lábios se encontraram novamente. Ficamos nos deliciando do beijo e eu passava minha mão por toda as suas costas. Pareciam um mapa e a divisa eram suas cicatrizes. Claro que eu só senti e não vi para dizer se pareciam mesmo um mapa. Coloquei minha mão direita agora em seu cabelo preto e o trouxe para mais perto de mim, se é que era possível.

Me virei para respirar e ele beijava a linha da mandíbula e depois foi descendo, até chegar em minha garganta e depois ele voltou para a boca. Não foi um beijo desesperado, mais sim um agressivo e tenho que admitir. Eu estava amando. Relutante eu o afastei e disse:

– Preciso ir dormi.

Ele pegou minha mão e me puxou para si antes de eu sair de sua cama. Pela proximidade achei que iamos nos beijar novamente, mas ele apenas pediu:

– Dorme comigo.

Levantei uma sobrancelha e cruzei os braços.

– Não desse jeito - disse ele revirando os olhos - Só dorme aqui hoje.

Dei de ombros. Afinal, eu ia acabar indo para sua cama um dia mesmo. Pelo menos eu ia continuar intacta. Me deitei na cama e ele me abraçou. Não sei o que tinha dado em minha cabeça, mas eu estava tentando pensar que eu estava sendo obrigada a fazer isso, mas no meu interior eu sabia que eu queria isso.


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Notas finais do capítulo

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