Prisioneira do inferno - Parte 1 escrita por Giovanna Sorvillo


Capítulo 11
Capitulos Finais


Notas iniciais do capítulo

Vou colocar os últimos capítulos da primeira parte. Foi bom esse tempinho que passamos juntos e eu amei os comentários. Aguardem a parte 2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486454/chapter/11

Eu acordei no meu quarto no castelo e estava usando a mesma roupa que ontem, mas agora toda amassada.

Coloquei um vestido azul casual e fiz uma trança no meu cabelo, coloquei sapatilhas azuis e passei minha maquiagem básica no rosto.

Quando eu abri a porta do meu quarto dei de cara com Caroline. Seus cabelos loiros estavam curto. Ela parecia menos inocente e mais durona, mas eu também me sentia assim.

Ela sorriu e me abraçou.

– Eu já ia bater. – Ela disse e se afastou de mim – Meu deus, como você está diferente!

– Você também. Como foi?

– Foi normal, mas eu não agüento mais o Alex, aquele demônio. Ele só quer o meu corpo. Eu juro que tentei ama-lo para tornar tudo mais fácil, mas é impossível.

Essa é a Caroline que eu conheço e de quem gosto. Ela é animada e falante.

– Mas e você, amiga. Como foi?

– Bom, meus pais estão bem, minha melhor amiga virou uma vaca a outra descobriu tudo sobre o minha “saída”...

– Ela sabe sobre o Thomas?

– Sabe, e do resto foi normal.

– Você falou com meus pais?

– Caroline, eu falei.

Eu contei toda a minha conversa com seus pais e depois ela disse:

– Meu pai não muda. Se minha missão fosse na Califórnia, e eu encontrasse eles, provavelmente levaria muitas surras.

– Ele é um cretino.

Caroline me contou que arrumou um amante em sua missão e que Alex não podia nem sonhar uma coisa dessas. O casamento dos dois já estavam marcados e ela disse que estavam preparando uma coleira com diamantes para ela virar a cachorra dele, o que basicamente significa que seria uma cerimônia luxuosa em que ela estaria presa em um relacionamento de bosta.

Depois de ouvir as reclamações de Caroline, eu consegui sair do quarto sem saber pra onde ir. Esse era meu problema com esse lugar. Thomas cuidava de suas coisas de demônios e eu ficava largada, conversando ou lendo. Claro que as vezes eu ia pra cidade dentro da minha mente, mas não posso ir sem o Thomas.

Eu estava perdida em meus pensamentos quando trombei em alguma coisa gigante, mas na verdade era alguém.

Daniel estava na minha frente. Seus cabelos loiros caindo na testa e um sorriso se formando em seus lindos lábios que já tocaram os meus.

Sua mão estava se aproximando de meu corpo e por um momento eu achei que ele iria me beijar e congelei, mas ele tocou meu pescoço e pegou o colar que ele tinha me dado.

– Está tudo bem com você, flor? - foi tudo que perguntou.

Ouvir sua voz reconfortante foi a melhor coisa que pôde acontecer naquele momento, mas ali, com ele, eu me senti mais viva do que nunca.

Eu o abracei e comecei a chorar em seu ombro. Ele começou a sussurrar palavras tranqüilizante no meu ouvido e depois disse:

– Vamos para um lugar mais reservado.

Fomos ao jardim e ninguém nunca ia para o jardim naquela hora. Sentamos na frente da árvore onde nos conhecemos e eu perguntei:

– Como é Paris?

– Lindo, mas eu queria que você estivesse comigo.

– Eu também queria estar.

– Soube sobre você e o Thomas.

– É. Eu gosto dele, mas...

– Mas o que?

– Eu também amo minha família, meus amigos e eu sou humana e estou viva. Ainda não pertenço a esse mundo. Eu estou cada dia me apaixonando mais pelo Thomas e criando laços fortes com você e Caroline, mas eu pretendo voltar e sei que estou fazendo tudo errado. A única chance que tenho de voltar é fazer Thomas me amar o bastante para me deixar escolher, mas eu não sei o que vou escolher quando isso acontecer, porque isso me afeta de um jeito.

– Você vai fazer a escolha certa Iss, seja qual for. Porque o certo é o que vai ser melhor para você e é isso que importa.

– Eu sei o que é melhor pra mim, mas e se eu esquecer isso depois.

– Sua decisão só vai mudar se as circunstancias mudarem e talvez assim você chegue no que é certo.

– Talvez você tenha razão.

Depois de conversar com Daniel me senti melhor e fui encontrar Thomas. Eu tinha que deixar rolar e ver o que ia acontecer no final.

Ele estava no escritório e eu entrei, empurrei sua cadeira, sentei em cima de sua perna e o beijei como uma viciada em bebida, e no caso, ele é a bebida.

Thomas jogou todas as coisas que estavam em cima da mesa no chão e eu sentei na mesa. Antes que ele ficasse em cima de mim, eu disse:

– Tranque a porta. Você sabe como eu me importo com a privacidade.

Ele trancou e depois começou a me beijar ferozmente e tirar minhas roupas. Ele era tudo o que eu precisava naquele momento.

Se passaram dois meses e o casamento de Caroline seria amanhã. Era um cerimônia diferente e na verdade eles iam receber a benção de Lúcifer. Depois de concluída o casamento dos dois, o meu seria o próximo.

Eu me sentia assustada em saber que meu casamento estava próximo e que depois disso eu estaria presa para sempre e tinha que conseguir o que eu queria bem rápido.

Thomas teria que fazer uma viagem e só voltaria para o casamento. Eu estava com Daniel, na sala de estar e estávamos jogando buraco.

– Iss, o Thomas te falou do portal? – Ele perguntou.

– Sim – murmurei e comprei uma carta e descartei cinco.

– Você é boa nesse jogo. Sabe, nos podemos ir. Eu meio que...Consegui a chave da porta.

– Mas não dá. Precisamos de uma energia forte e treinamento.

– O que? Claro que não! Energia todos temos e não precisa de treinamento coisa nenhuma. Eu já fui sozinho várias vezes.

– Mas o Thomas disse...

– Bom, ele mentiu.

Eu não acreditei que Thomas mentiu para mim daquele jeito. Eu fiquei nervosa, mas por que ele mentiria? Eu olhei para Daniel e respondi

– Então vamos dar uma volta na minha mente.

Estávamos dentro do quarto onde se localizava o “portal”. Ele segurou minha mão e eu esvaziei minha mente como Thomas me ensinou.

Quando percebi, eu tinha dado um passo adiante e entrei em outra dimensão. Abri os olhos e Daniel me olhava.

– Vamos descobrir o que tem dentro dessa cabecinha.

A casa continuava a mesma, mas o lugar estava frio e sombrio. Fui até a janela e tudo estava igual, mas ainda parecia outra mente e eu me senti tão sozinha.

Daniel se sentou no sofá da casinha e disse:

– Nossa, que lugar legal. Você fez uma casa com a sua mente e um campo também. A minha é o vácuo e as lembranças em forma de fotos espalhadas.

– Parece mais divertido.

– E é. Da próxima vez vamos na minha mente

– Tem como eu visitar sua mente, sem que você me leve?

– Sim, mas é muito difícil. Precisa de muita concentração. É complicado.

Caroline não saia do quarto desde ontem. Ela estava escolhendo o vestido. Eu passei o dia inteiro com o Daniel e acho que ele lidou bem só na amizade, se bem que eu via o brilho no seus olhos sempre que me olhava, mas agora ele estava ocupado saindo com sua mãe e eu estava sozinha.

Eu preferia estar sozinha do que com a pessoa que apareceu na sala de estar. Marcus usava um sobretudo cinza e o resto da roupa preta. Ele sorriu e disse:

– Como você não queria cruzar comigo no inferno, eu fiz questão de te procurar.

– Não me diga que tem a ver com roubar o que pertence aos demônios? Sinto lhe informar, mas eu não pertenço a ninguém.

Ele riu e se sentou ao meu lado.

– Lindinha, eu na verdade queria me desculpar por meu comportamento e eu só estava tentando te irritar, se eu quisesse você de verdade eu teria te seduzido até você ir pra cama comigo.

– O que não daria certo.

– Se você diz.

– Você veio mesmo para se desculpar?

Eu não ia acreditar em uma pessoa que caiu do céu e que está para se juntar ao plano de Lúcifer. Seja qual fosse ele.

Ele chegou mais perto e eu senti seu cheiro forte. Ta, ele era muito gato, mas não posso confiar.

– Você não acredita em mim, não é lindinha?

– Tenho motivos, não acha?

– Concordo, mas e se eu puder provar.

Ele queria provar que não quer destruir Thomas e não está interessado em me usar como objeto para atingir os demônios? Que mal faria uma prova de confiança?

– Se você conseguir provar em dois dias eu penso em te perdoar.

– Trato feito.

Meus olhos estavam vendados e Marcus me guiava á algum lugar. Ele me segurava pela cintura, mas não era uma coisa natural, tinha um tom de hesitação no toque.

Senti seu hálito quente em meus ouvidos quando ele sussurrou:

– Estamos quase chegando, lindinha.

Ele parou de me guiar e senti seus dedos em meus cabelos, ele estava tirando a venda tão demoradamente, como se me manter cega fosse prazeroso.

Quando voltei a ver a luz, eu estava em um porão cheio de espelhos velhos, como em uma sala de balé.

Eu estava com uma blusa azul de regata e short jeans e ele usava uma camiseta branca e bermudas.

– O que estamos fazendo aqui? – perguntei

– Eu dei uma pesquisada em você e minha forma de retribuir minha grosseria do outro dia, vai ser fazendo as coisas que você mais gosta, começando por dançar música Clássica. Mas vou logo avisando, eu não sei dançar.

Como ele sabia isso, nem mesmo Daniel sabia. Daniel, não o vi desde ontem quando ele sumiu repentinamente.

Marcus ligou o som e me puxou para perto de seus músculos. Quando ele disse que não sabia dançar, estava claro que estava mentindo. Ele dançava melhor que eu.

Meu corpo correspondia a cada passo de nossa dança. Nos conectamos com a música e não importava onde, com quem ou como eu estava. Eu senti a música, e percebi que Marcus também sentiu.

Era uma música melancólica, assim como nossa dança e assim que acabou, abri o olhos e vi que Marcus também os mantinha fechados, mas estávamos a mínimos centímetros de distância e nossos lábios pareciam imãs sendo atraídos. Eu era o Norte magnético e ele o Sul.

Era inevitável a atração que estávamos tendo e ele não se aproximava mais com medo de que estragasse toda a idéia de pedir desculpas.

Então fiz uma coisa da qual eu me arrependeria por muito tempo, menos naquele minuto. Eu encostei meus lábios nos dele. Ele segurou meu quadril e me puxou para mais perto e eu segurei em seus cabelos ruivos e macios.

Seus lábios eram macios e tinham um gosto doce. Sua língua roçava na minha e elas se mexiam em sintonia como na música que dançávamos minutos antes. Ele me segurava como se eu fosse dele, e naquele momento eu queria ser.

Quando nos soltamos, eu estava esperando uma declaração de como fui burra em cair na dele e de como eu era como as outras que foi seduzida e que todo o inferno ficaria sabendo da minha traição, mas tudo o que ele disse foi:

– Não devíamos ter feito isso.

– Eu sei.

– Mas foi bom.

– Eu sei.

– Mas você ama o Thomas.

– Amo, mas eu quis beijar você.

– É. Você quis.

– Isso...

– Não aconteceu.

– É. Não aconteceu – repeti.

Com um sorriso falso, ele se afastou mais um pouco e disse logo em seguida:

– Agora você vai mostrar seu talento em tocar piano.

– Não diria que é um talento, mas da pro gasto.

Comecei a tocar a melhor música que eu sei tocar e pensei em como minha vida era boa quando eu jogava vôlei e tocava piano nas aulas de música.

Ele estava sentado em cima do piano e eu tocava mais uma música melancólica e ele me olhava como se eu fosse de ouro.

A música tinha acabado e eu me levantei, ele fez o mesmo. Hesitante perguntei:

– Já que aquilo ta esquecido podemos esquecer os outros por hoje, não é?

Ele não respondeu, só me puxou para perto e me beijou novamente e foi ainda melhor do que o primeiro, tinha calor e não romance, mas o clima continuava o mesmo.

Ele me deitou no piano e ficou em cima de mim. Sabia que não devia fazer nada com ele além de beijo, mas eu fiz mesmo assim. Tirei sua camiseta e explorei seu corpo já que seria minha única chance.

nesse momento que percebi que não sabia nada sobre Thomas, como você pode gostar de uma pessoa que você nem conhece? Eu descobri que não gostava de Thomas, eu sentia atração por Thomas, assim como eu sentia atração por Marcus. Eu seria incapaz de amar alguém se não saísse daquele lugar, eu tinha que sair do inferno o quanto antes.

Eu estava parecendo um tipo de prostituta naquele lugar. Empurrei Marcus e me levantei, arrumei minhas roupas e disse:

– Por favor, não chegue mais perto de mim.

– Mas...

– Por favor? – implorei.

– Se você quer assim.

Eu estava me arrumando para o casamento de Caroline. Eu usava um vestido longo roxo que tinha uma manga regata que tinha pedrinhas prendendo a alça do resto do vestido. Ele era colado até o quadril e depois se soltava em um fino tecido.

Meus cabelos estavam cacheados e preso em um coque. Minha maquiagem era leve e meu salto agulha.

Quando sai de meu quarto, vi Thomas me esperando. Ele estava maravilhoso, usava smoking preto e o cabelo meio bagunçado.

– Você está lindo, Thom.

– Você também, Isa.

Ele me ofereceu o braço e fomos para a cerimônia.

A cerimônia não foi nada parecida com o que estamos acostumados na terra. Eles cantavam uma música meio estranha e era completamente diferente.

Era tudo uma mistura de preto e vermelho, com Lúcifer usando um vestido muito estranho e uma túnica na cabeça. Resumindo, estava mais para macumba compartilhada do que casamento.

Assim que os dois compartilharam o sangue, literalmente, fomos para a festa.

Eu finalmente encontrei Daniel na festa e ele estava meio esquisito, estava mais parecido com um demônio do que com um fantasma que eu gostava de verdade.

– Iss, como você vai?

– Tudo bem, mas podemos conversar?

– Claro, linda.

Eu lembrei de Marcus e como ele me chamava de lindinha, felizmente lembrar de seu toque em mim não me causou os arrepios e foi o clima que me deixou daquele jeito.

Fomos para o jardim e eu contei que pensava em ir embora hoje e nunca mais voltar. Ele me abraçou, disse que sentiria saudades e tentaria voltar em outro corpo para me ver.

Depois me despedi da Caroline:

– Não acredito que você vai me deixar,vadia – ela disse – Vou sentir saudades, vaca.

Eu ri e a abracei.

– Eu também, Car.

Bebi um pouco na festa, se eu estivesse alta seria mais fácil. Thomas estava se divertindo e conversando com os amigos. Ele parecia tão feliz e pensar que tudo seria diferente.

Cheguei para ele e sussurrei que precisava ter uma conversa em particular. Ele assentiu e fomos para seu escritório.

– O que é, Amor? – ele perguntou acariciado meu rosto.

Aquele toque me deixou totalmente submissa a ele. Talvez eu gostasse dele, mas queria acreditar que não para parecer mais fácil.

– Eu gosto de você – disse sinceramente – Mas eu amo minha vida na terra e não suporto a idéia de ficar mais um minuto aqui. Eu queria te levar comigo se fosse possível, mas eu sei que não é e por gostar de você que não faria uma coisa dessas. Thomas...

Eu segurei seu ombro e sei a dificuldade que ele estava tendo para se controlar. Ele deixou eu encostar minhas mãos em sua pele fria e depois disse:

– Quando nos conhecemos, eu queria que você tivesse medo de mim, mas nunca teve e isso me impressionou. Eu era egocêntrico, vaidoso, egoísta, estúpido, basicamente um demônio e você aos poucos foi me desmontando. Eu deixei de fazer minha torturas e até Lúcifer temia que você destruísse minha vida. E se olhar por esse lado, destruiu pra ele, mas melhorou para mim. Eu aprendi a amar e é como se você desapertasse um lado humano que eu nunca nem imaginei que existisse. Eu te amei como nunca amei ninguém antes e por amar você desse jeito. Eu deixo você ir embora, se assim você desejar.

– Uma parte de mim não deseja te largar, mas a outra necessita voltar.

– Você pode ir agora se quiser e eu invento alguma história.

– Posso te pedir uma última coisa?

– Tudo.

– Uma última noite juntos para registrar nossa história de amor.

– Tudo bem.

Nós estávamos em seu quarto quando eu ia tirar meu vestido, mas ele segurou minha mão e disse:

– Já que será a última vez, vamos fazer durar o máximo que pudermos.

– Tudo bem.

Ele começou a beijar meu pescoço e a cada beijo eu me convencia a ficar. Ele me beijou nos lábios com a maior doçura do mundo. Cada beijo era como estar no paraíso.

Ele começou a tirar meu vestido lentamente enquanto mordia meu pescoço e depois lambia. Eu estava completamente nua.

– Você fica lindo de smoking como todos os homens, mas é lindo de um jeito único quando está nu.

Tirei toda sua roupa e fiquei olhando para aquele corpo para guardar na memória. Depois ele levantou minha cabeça e me beijou novamente, me colocando delicadamente na cama e beijando meu corpo inteiro.

– Essa noite não serei Asmodeus com você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Prometo que só vou finalizar a parte dois e começo a postar!