Supernatural escrita por Jay


Capítulo 1
Capítulo 1 - The beginning - The Woman in White




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NO INICIO - Lawrence Kansas

A garoa fina batia contra a janela da casa simples no final da quinta rua do condomínio Stalder. Dentro da casa uma mãe terminava de colocar seu bebê no berço cor de rosa, enquanto seu irmão mais novo terminava de escovar os dentes no banheiro, a duas portas dali.

Mary Waters era uma das melhores mãe já encontradas, sua vida se resumia a seus filhos e o amor que sentia por eles. Ela era cuidadosa e nunca os deixava sozinhos ou desamparados.

- Estou pronto mamãe. – o pequeno Leo de cinco anos entrou no quarto cor de rosa com seu pijama de mangas compridas com desenhos de aviões. Mary sorriu ao vê-lo.

- De boa noite a sua irmã. – ela saiu de perto do berço para que o garoto pudesse se aproximar. Mary ajudou-o a chegar até a irmã. Leo deu um rápido beijo em sua testa e depois se virou para a porta onde seu pai estava parado.

- Papai! – Leo desceu dos braços da mãe e correu até o velho homem de cabelos pretos e barba bem feita. O homem envolveu-o em seus braços fortes.

- Oi filhão! – sua voz era cansada pelo longo dia de trabalho. Robert ainda estava com as roupas sujas.

- Trabalhando até tarde? Isso não é bom. – Mary se aproximou do marido depositando um rápido beijo em seus lábios antes de pegar a mão do filho. – Vamos para a cama agora Leo?

- Boa noite papai. – o menino falou baixinho enquanto saia do quarto.

Mary fez exatamente o que costumava fazer todas as noites. Pegou o livro de contos de fadas no topo da estante acima da cama de Leo enquanto o menino entrava em baixo das cobertas. A história desta noite foi Peter Pan, Leo estava entusiasmado e mal conseguia se conter.

Após a história Mary desligou as luzes do quarto e puxou a porta, deixando apenas uma fenda de luz adentrar o quarto do menino. Leo aconchegou-se ainda mais nas cobertas e fechou os olhos, pronto para entrar no mundo de Peter Pan.

Já era passado de meia noite quando Mary acordou com o choro de Jay vindo da babá eletrônica. Ela se virou a procura do marido na cama, mas tateou apenas o vazio. Forçou suas pernas a se levantarem e caminhou ainda sonolenta até o quarto da menina.

- Que bom que está aqui. – ela falou vendo a silhueta preta do marido perto do berço da criança. Mary esfregou os olhos e se virou em direção as escadas. – Vou pegar um copo de água.

O barulho da televisão estava soando alto demais, então a mulher caminhou para a sala a fim de desliga-la. O corpo de Mary paralisou no momento em que viu Robert deitado no sofá perdido em um sono profundo. Os movimentos lhe voltaram com extrema velocidade.

- Jay! – ela gritou correndo escadas acima com toda a velocidade que conseguia. Ao chegar no quarto a silhueta ainda estava lá para ao lado de Jay. Então o grito agudo escapou por seus lábios e a silhueta se virou para Mary.

Robert acordou com os gritos agudos da esposa e se apreçou para chegar até o andar de cima. Os gritos haviam parado e tudo ficou silencioso demais. O homem encontrou o quarto de Jay sem ninguém, correu até o berço e viu a pequena menina deitada em um sono profundo. Algo caiu no travesseiro da menina enquanto Robert a olhava. Ele esticou a mão e tocou o liquido vermelho, então olhou para cima em busca de sua fonte.

No teto estava Mary, presa contra o concreto. Um nó se formou na garganta de Robert quando ele viu o sangue na barriga da mulher. Então Mary entrou em combustão iniciando um incêndio que se alastrava rapidamente. Robert agarrou a garota nos braços e correu porta a fora, no corredor Leo estava em estado de choque.

- Leve sua irmã lá para fora e não olhe para trás. – Robert deu a menina nos braços do pequeno garoto a sua frente. O menino segurou a irmã com força enquanto caminhava apressadamente para o lado de fora da casa.

Leo sentou com a irmã no gramado da casa, logo o som do carro de bombeiros começou a se aproximar e então seu pai apareceu em sua frente abraçando forte os dois filhos.

- Você está bem? – ele perguntou para Leo que apenas assentiu para o pai. Robert pegou a menina nos braços olhando-a. Jay estava olhando tudo calmamente, sem nenhum arranhão.

AGORA – 20 ANOS DEPOIS

O quarto estava escuro devido à má iluminação vinda das janelas. A garota forçou as pernas saírem de baixo das cobertas e caminhando até o banheiro, fechou as mãos em concha e lavou o rosto tentando mandar embora a sensação terrível causada por mais um de seus pesadelos.

Respirou fundo e voltou para o quarto, viu seu namorado jogado na cama. Ele dormia calmamente. Então um ruído vindo da sala chamou sua atenção, ela não hesitou em ir ver o que estava acontecendo.

A sala estava tão mal iluminada quanto o quarto, o barulho havia cessado e não havia nenhum sinal de que algo pudesse ter passado por ali. Então houve outro ruído e ela se virou rapidamente a tempo de ver um braço vindo em sua direção. Em pouco tempo ela estava no chão, quase imobilizada. Um feche de luz iluminou o rosto de seu agressor.

- Leo? – o nome soou estranho ao tom de sua voz. Fazia muito tempo desde a última vez que vira o irmão ou que tivesse pronunciado seu nome.

- Olá irmãzinha. – Leo sorriu para ela ainda mantendo-a imóvel. – Vejo que perdeu suas habilidades. – Jay se moveu rápido e em poucos instantes quem estava com as costas no chão era Leo. – Ou não.

- O que faz aqui? – Jay começou a sair de cima do irmão enquanto se levantava. Tateou a luz, mas ela acendeu antes que pudesse chegar ao interruptor. Na entrada da sala estava Aspen, o namorado de Jay.

- O que está acontecendo aqui? – Aspen perguntou olhando de Jay para Leo, sem entender nada que estava acontecendo naquele momento. Jay se adiantou aproximando-se do namorado para esclarecer as coisas.

- Aspen esse é o meu irmão Leo, Leo esse é o meu namorado Aspen. – Jay apresentou os dois observando o namorado franzir a sobrancelha. – Sei que não é um bom momento.

- Até que você tem um bom gosto para homens. – Leo brincou com a irmã, mas ninguém sorriu além de Leo.

- Fale logo o que quer Leo. – Jay exigiu saber.

- Preciso falar com você.

- Tudo que precisar falar para mim pode dizer na frente de Aspen. – Jay parou ao lado do namorado.

- Tudo bem. – Leo colocou as mãos nos bolsos da calça. – Papai saiu para caçar a duas semanas e desde então não deu mais noticias.

Ela sentiu o arrepio percorrer sua espinha ao ouvir o que o irmão tinha a dizer. Jay analisou por um momento o que o irmão dizia e depois se afastou do namorado olhando-o nos olhos.

- Posso falar com meu irmão um momento? – Aspen assentiu voltando para o quarto. A garota se virou para o irmão. – O que aconteceu?

- Não sei, ele saiu atrás de um espirito em uma cidadezinha e até agora o único contato que tive com ele foi essa mensagem. Leo pegou o celular colocando a mensagem para rodar.

- Oi Leo, sou eu, esta tudo bem. – a voz do pai soava estranha para seus ouvidos, a última vez que ouviu a voz daquele homem estavam gritando um com o outro enquanto Jay fazia as malas e se mandava de uma vez por todas da vida de seu pai e seu irmão. - Mas as coisas estão difíceis de serem resolvidas aqui. Até mais.

- Esta tudo bem, ele só está demorando um pouco no caso. – a garota falou tentando fingir para si mesma que estava tudo bem.

- Não, não está. – Leo parecia irritado com a atitude da irmã. – Isolei a frequência e ouça o que obtive.

- Nunca poderei voltar para casa. – a voz era retorcida e não dava de distinguir se vinha de um homem ou uma mulher.

- O que acha agora irmãzinha? – Leo desafiou-a erguendo uma sobrancelha. A garota estava em um beco sem saída, ela sabia a decisão que havia tomado e não estava nem um pouco a fim de voltar atrás de sua decisão.

- Não posso largar tudo e ir atrás do papai Leo. – ela respirou fundo passando a mão pelos cabelos, tentando pensar um pouco. – Eu tenho uma vida aqui, tenho a faculdade. Não posso largar tudo e correr atrás do papai, não posso voltar a trás do que eu decidi.

- Tudo bem, eu já esperava isso de você. – Leo parecia abalado, sua voz estava baixa e fraca. – Só pensei que você pudesse me ajudar dessa vez e por um momento, apenas por um momento ter nossa família unida mais uma vez.

As palavras atingiram o coração da garota como facas afiadas, cortando em pedaços enquanto ela tentava manter sua decisão.

- Preciso estar de volta na segunda, consegue fazer isso? – sua voz era pesada e cansada.

- Dois dias será o suficiente. – Leo assentiu com um sorriso se formando em seu rosto.

- Vou arrumar minhas coisas. – a menina passou as mãos no cabelo voltando para o quarto.

JERICHO, CALIFÓRNIA

A música tocava alta dentro do carro, Psychosocial do Slipknot. Já passava das dez horas e a estrada estava um tanto quanto escura, o garoto tomava cuidado para não passar muito do limite de velocidade, pois nunca se sabia onde a policia poderia estar.

- Amy, não posso ir hoje. – ele disse ao telefone com o braço encostado na janela. Seus olhos atentos a estrada. – Porque tenho que trabalhar de manha, por isso. – a garota falou mais alguma coisa do outro lado tentando convence-lo a mudar de ideia. – Está bem, se eu faltar meu pai come meu fígado.

Quando o carro virou a curva a música no rádio começou a falhar. O garoto mexeu nos botões por um momento mas nada mudou. Enquanto a garota tagarelava do outro lado da linha ele avistou uma garota morena na beira da estrada.

- Amy, posso te ligar depois? – ele perguntou sem esperar para ouvir a resposta da garota. Guardou o celular e começou a diminuir a velocidade até parar ao lado da garota. – Problema com o carro?

- Leve-me para casa. – a garota morena se virou para o carro, seu rosto era lindo e quase perfeito. Ela usava um vestido branco que ia até os pés, com um leve decote na frente.

- Claro. Entre. – ele abriu a porta empurrando para que ela entrasse. A garota caminhou até ele entrando lentamente no carro. – Está vindo de uma festa do dia das bruxas? – a garota permanecia em silencio. Os olhos dele desceram até o decote de seu vestido. – Sabe, uma garota como você não deveria estar aqui sozinha.

- Estou com você. – a voz dela era fraca, quase como um sussurro para provocá-lo. Sua mão foi até o queixo do garoto quando ele se virou, ela puxou seu rosto para que voltasse a olha-la. – Pode ir para casa comigo?

- Claro que sim. – ele respondeu com um sorriso no rosto. O carro acelerou pela rodovia.

A garota ia guiando-o pelo caminho até sua casa. Eles entraram em uma estrada de chão. Depois de um tempo chegaram até uma velha fazenda que parecia não ter moradores há muitos anos. O garoto estacionou o carro em frente a velha casa, que mais parecia um galpão.

- Qual é. Você não mora aqui. – o garoto falou observando a casa enquanto a garota fazia o mesmo.

- Nunca poderei voltar para casa. – a garota sussurrou mais uma vez.

- O que? De que está falando? Ninguém mora aqui. – ele falou voltando a olhar a casa abandonada. – Onde você mora?

No banco onde antes estava a garota agora não havia mais ninguém. Como se nunca tivesse tido ninguém naquele local.

- Essa foi boa. Acabou a brincadeirinha está bem? – ele falou saindo do carro. – Quer que eu vá embora?

Estava tudo em silencio e cada vez mais o garoto. Então ele resolveu se aproximar da casa e tentar entender o que estava realmente acontecendo. A casa parecia cada vez mais assustadora.

- Olá? – ele estava bem de frente à porta escancarada. Lá de dentro, no escuro, um morcego voou em direção ao garoto que com o susto acabou caindo no chão. Seus pés se moveram rapidamente em direção ao carro, ligando-o e partindo de arranque para longe da casa.

Ele se virava algumas vezes para ter certeza de que estava se afastando rapidamente da casa. Olhou pelo retrovisor mais uma vez e então encontrou aqueles olhos pretos fitando-o.

O garoto perdeu o controle do carro e entrou em uma velha ponte interditada, o carro começou a se desligar até parar por completo no meio da ponte. Então ela se aproximou, mais e mais e mais.

AGORA

A garota batia com o pé na brita do lado de fora do velho carro preto. Já fazia um tempo que estava ali esperando o irmão que havia entrado na velha mercearia para comprar o café da manhã. Ela lia algumas matérias do jornal da cidade procurando por algo que a ajudasse no caso.

- Café da manhã? – Leo apareceu ao lado dela segurando dois salgadinhos e duas garrafas de refrigerante. Ela franziu a testa olhando para o café da manhã que o irmão havia arranjado.

- Não, obrigada. – ela voltou à atenção para o jornal em suas mãos. – Como você paga por essas coisas? Você e o papai ainda fraudam os cartões de crédito?

- Sim. – Leo falou guardando algo no porta malas. – Bem, caçada não é uma carreira profissional. Nós só solicitamos, não é culpa nossa se eles mandam os cartões.

- E que nomes escrevem no requerimento desta vez? – a garota se endireitou sentando-se corretamente dentro do carro enquanto o irmão vinha para entrar no carro também.

- Burt Aframian e o filho, Hector. – Leo entrou no carro jogando as comidas sobre a irmã. – Levamos dois cartões no negocio.

- Parece bom. – a garota falou com certo humor voltando para o jornal enquanto o irmão ligava o carro e partia de arranque para fora do velho posto de gasolina.

Eles ficaram em silencio por um tempo, então Leo pegou o celular e entregou na mão da garota.

- Ligue para o hospital e para o necrotério, veja se tem algum sinal do papai. – a garota pegou o celular discando os números rapidamente.

Depois de quase meia hora no telefone ela finalmente conseguiu se desvencilhar das atendentes. A cabeça dela doía e o estomago roncava de fome.

- Nenhum sinal dele, acho que isso é uma boa notícia. – ela jogou a cabeça para trás fechando os olhos com força.

- De uma olhada. – o irmão falou chamando a atenção da garota para uma velha ponte onde haviam muitos carros da policia. Leo foi parando o carro até estacionar próximo aos outros carros.

Leo se inclinou até alcançar o porta luvas e tirar de lá uma caixa onde haviam diversos distintivos, carteiras de identidade falsas entre outras coisas.

- Vamos. – Leo chamou a irmã saindo do carro. Os dois saíram do carro indo em direção aos policiais

Meio hesitante a garota seguiu o irmão em direção aos outros policiais que procuravam algo na ponte ao redor de um carro e no rio que passava em baixo. Ninguém pareceu perceber a presença dos dois até que Leo começasse a falar.

- Vocês tiveram um caso como esse no mês passado, não tiveram? – Leo perguntou se aproximando dos homens. Jay seguia o irmão tentando ser menos notada o possível.

- Quem são vocês? – o moreno se virou para os dois irmãos. A garota afundou as mãos nos bolsos da jaqueta de couro.

- Policia federal. – Leo mostrou um distintivo falso rapidamente para que o homem não tivesse muito tempo de analisar e descobrir que era falso.

- Não são meio jovens para federais? – os olhos do homem se prenderam por tempo de mais na garota. Ela começou a pensar na hipótese do homem ter percebido que ela não tinha chances nenhuma de ser uma federal.

- Obrigado, que gentileza. – Leo falou irônico se aproximando do carro que eles estavam analisando. – Então, tiveram outro como esse?

- É tivemos, mais a diante na estrada. – o homem esclareceu observando Leo caminhar ao redor do carro, olhando cada detalhe. – E houve outros...

- E quanto à vítima? – Jay se meteu na conversa de supetão, surpreendendo o velho policial a sua frente. O homem a olhou por um instante, analisando suas feições e sua atitude. – Vocês conheciam?

- A cidade é pequena, todo mundo se conhece. – o homem falou assentindo.

- Alguma ligação entre as vitimas? Além de serem homens é claro. – Leo perguntou do outro lado do carro.

- Não, até agora não achamos nada.

- E qual é a teoria? – a garota se meteu mais uma vez na conversa recebendo mais um olhar atravessado do velho homem.

- Honestamente? Não sabemos. – o homem deu de ombros. – Serial Killer, sequestradores.

- É, esse é bem o trabalho de quinta que esperamos de vocês. – Leo falou irônico sorrindo de canto. Jay que agora estava próxima do irmão deu uma cotovelada em suas costelas.

- Obrigada pela atenção. – ela falou sorrindo gentilmente para o policial. Pegou o irmão pelo braço e puxou-o de volta para o carro.

Leo se soltou das mãos da irmã e deu um rápido tapa em sua cabeça recebendo olhares tortos da irmã.

- Porque fez aquilo? – ela falou irritada.

- Precisava me dar uma cotovelada? – o irmão revidou.

- Aquilo é jeito de se falar com um policial? – a garota retrucou aos resmungos enquanto iam para o carro.

- Qual é? Eles não tem ideia do que está havendo. – o irmão parou na frente da garota encarando-a. – Estamos sozinhos nessa, se quisermos achar nosso pai temos que investigar por contra própria.

Houve um barulho de garganta sendo limpa. Então Leo se virou, abrindo espaço para ver três homens parados atrás dele. Um usava uniforme policial e os outros dois usavam jaquetas pretas.

- Posso ajudar? – o homem fardado falou com voz autoritária.

- Não senhor, estamos de saída. – Leo se apressou a responder.

Então voltou a caminhar para o carro passando pelos homens, sua irmã em seu encalço andando rapidamente. Os dois entraram no carro ambos em silencio.

- Vamos encontrar a namorada do garoto e fazer algumas perguntas. – Leo falou estacionando em alguma rua da cidade.

Jay permanecia com as mãos no bolso e emburrada enquanto caminhava atrás do irmão. Ela avistou logo a frente uma garota colocando papéis em postes e paredes espalhados pela cidade.

- Hey, deve ser ela. – ela cutucou o irmão apontando para a garota. Caminharam até a garota parando ao seu lado.

- Você deve ser Amy. – Leo falou tomando a frente.

- Sou. – ela respondeu baixo terminando de colar um papel e se voltando para encarar os dois parados ao seu lado.

- Troy falou de você, eu sou Leo tio dele e essa é Jay minha namorada. – Leo continuou a mentira recebendo um olhar torto da irmã.

- Ele nunca falou de vocês. – ela voltou a colar os papéis deixando os dois para trás.

- É o Troy é assim. – Leo falou forçando um humor na voz. – É que a gente não vem muito aqui, somos de...

- A gente também está atrás dele. – Jay se botou na frente da garota conseguindo a atenção dela. – Estamos perguntando por aí.

- Oi? Esta tudo bem? – uma garota morena apareceu passando o braço pelo de Amy.

- Sim, está tudo bem. – Amy falou olhando Jay em sua frente.

- A gente pode fazer umas perguntas? – Jay perguntou tentando manter o olhar calmo.

- Claro. – Amy falou assentindo e olhando para a amiga. – Porque não fazemos uma pausa para um café?

- Claro. – a amiga assentiu.

Cinco minutos depois os quatro estavam sentados em uma mesa de algum café da cidade. Jay e Leo tomavam cappuccino e Amy e a amiga um expresso.

- Eu estava no telefone com o Troy e ele ia para casa disse que ia me ligar em seguida e nunca ligou. – Amy contava tudo enquanto observava o café em suas mãos.

- Ele não disse nada estranho ou fora do comum? – Jay perguntou mantendo o olhar na garota.

- Não, nada de que eu me lembre. – ela negou com a cabeça levantando para olhar a menina em sua frente.

- Gostei do seu colar. – Jay falou forçando um sorriso para a menina.

- Foi Troy que me deu. – a garota falou pegando o colar na mão e olhando-o.

- Ok, voltando ao assunto. – Leo cortou a conversa das duas. – É o seguinte, do jeito que o Troy desapareceu tem alguma coisa errada, então se ouvir alguma coisa... – Leo parou observando o olhar que Amy trocava com a amiga ao lado. – O que é?

- Bom é que com tantos caras sumindo as pessoas as pessoas falam. – a amiga de Amy respondeu.

- O que elas falam? – Jay e Leo perguntaram juntos em uníssono.

- É uma lenda local, uma garota, ela foi assassinada na rodovia há décadas. – Leo trocou um olhar com a irmã. – Ao que parece ela ainda está por lá. Ela pega carona e quem da carona, bem, desaparece para sempre.

- Jay e eu temos que ir, deixamos o carro em um lugar proibido. – Leo se levantou tirando uma nota do bolso e jogando sobre a mesa. – Vamos encontrar Troy.

Os dois saíram rapidamente da cafeteria recebendo pelas costas os olhares confusos das duas garotas que ficaram para trás.

Leo passou longe do carro e foi direto para uma lan house. Pesquisou em alguns sites sobre a lenda da garota.

- Foi em 1981, Constance Welch vinte e quatro anos pulou da ponte Silvania e se afogou no rio. – Jay leu para o irmão que largou seu computador e se aproximou para ver a pesquisa da irmã.

- Aí diz porque se matou?- o garoto perguntou.

- Diz.

- Por quê?

- Uma hora antes ela telefonou para a emergência. – a garota começou a ler a reportagem. - Os dois filhos estavam na banheira, ela saiu por um momento e quando voltou os dois não estavam mais respirando. Os dois morreram. Nossos filhos morreram e Constance não aguentou, diz o marido dela Josef Welch.

- A ponte não parece familiar? – Leo falou indicando a foto. Jay olhou para a foto da ponte que eles haviam estado hoje mais cedo. – Vamos nessa ponte hoje à noite.

20:00 – ponte Silvania

- Então foi aqui que Constance deu seu último mergulho. – Leo se pendurou na grade protetora da ponte.

- Acha que o papai esteve aqui? – Jay olhou para a água lá em baixo sentindo sua cabeça girar com o movimento da água.

- Ele está atrás da mesma história e a gente está a trás dele. – Leo falou se afastando da beirada da ponte.

- Ta bom e agora? – Jay foi atrás do irmão.

- Continuamos procurando-o até acha-lo, pode demorar. – Leo falou ainda caminhando para o carro.

- Leo, eu já disse, eu tenho que voltar até segunda. – Jay falou lembrando o irmão.

- Sim, segunda. – Leo resmungou. – Você está levando isso muito a sério, não está? Está querendo se tornar uma advogada de verdade? Casar com aquele garoto?

- Talvez, porque não? – Jay parou para encarar o irmão.

- Aspen sabe a verdade sobre você? Ela sabe das coisas que você faz? – Leo continuou provocando.

- Não. E ele nunca vai saber. – Jay estava começando a perder a cabeça. Ela odiava quando o irmão começava com essas conversas sobre a faculdade dela e sobre seu futuro, esse havia sido um dos motivos dela ter saído de casa.

- Muito saudável. Pode fingir o quanto quiser, mas cedo ou tarde vai ter que encarar quem você é. – Leo falou dando as costas a irmã.

- O que é isso? – Jay perguntou perdendo a linha.

- Você é um de nós. – Leo deu de ombros.

- Eu não sou como vocês e a minha vida não vai ser assim! – Jay já estava com a cabeça pra lá de quente.

- Você tem uma responsabilidade...

- Com o papai? E com a cruzada dele? Se não fosse pelas fotos eu nunca ia saber como era a mamãe e que diferença faria? Mesmo se a gente encontre a coisa que a matou a mamãe se foi. – a garota falou encarando o irmão. – E ela não vai voltar.

- Não fale assim dela! – Leo se segurou para não agredir a irmã. Se havia algo que realmente o irritava e tirava ele do sério era falar de sua mãe, aquele realmente era seu ponto fraco.

O garoto passou as mãos pelo cabelo se virando e olhando a ponte. Sobre a grade de proteção ele avistou uma garota morena com um vestido branco até os pés.

- Jay. – ele chamou a irmã que virou a cabeça avistando a garota que deu um passo para a frente desabando no precipício até o rio. Os dois correram até a grade e olharam para baixo, mas não havia nada lá. – Aonde ela foi?

- Não sei. – Jay respondeu.

Então houve um barulho de carro sendo ligado e a luz dos faróis iluminou os dois. Ambos se viraram para olhar o carro deles que havia sido ligado.

- Droga. – Leo balbuciou.

- Quem esta dentro do carro? – Jay perguntou. Leo mostrou as chaves antes do carro acelerar para cima dos dois. Eles correram rapidamente, mas o carro se aproximava cada vez mais.

- Pula da ponte. – Leo gritou correndo para a lateral e se jogando de cima da ponte. Jay pulou aterrissando em uma parte de metal mais a baixo.

O carro se desligou parando próximo a ela. Jay olhou para a ponte tentando ver se havia algo errado e então pulou de volta para a ponte. Ela olhou para baixo, em direção ao rio em busca do irmão.

- Leo! Leo! – ela gritava sem resposta. – Leo!

- Que? – ela ouviu um resmungo baixo do irmão, então viu a silhueta se arrastando para fora do rio.

- Você ta bem? – ela perguntou observando o irmão que se virava de barriga para cima fazendo sinal de positivo para a irmã.

- Beleza! – ele falou deitado na beira do rio.

A garota desceu até o irmão e o ajudou a subir de volta para a ponte. Leo estava completamente cheio de barro, dos pés a cabeça.

- Tudo certo com o carro? – Jay perguntou enquanto o irmão mexia no carro.

- Não sei o que ela fez, mas está tudo certo. – Leo fechou o capô sentando no carro.

- E aí? Qual a próxima pista gênio? – Jay sentou ao lado do irmão que deu de ombros mostrando que não sabia mais o que fazer. – Você está com cheiro de esgoto.

Leo não fez nada a não ser passar as chaves para a irmã e entrar no carro. Jay dirigiu até um hotel na beira da estrada. Estacionou o carro em uma das vagas e entrou na recepção junto com o irmão.

- Um quarto por favor. – Leo falou colocando o cartão de crédito em cima da mesa.

- Tem uma reunião ou algo assim? – o homem perguntou.

- Como assim? – Jay tomou a frente.

- Outro cara Maddox chegou e alugou um quarto para o mês inteiro. – o atendente falou encarando os dois.

- É, temos uma reunião. – Leo falou sorrindo e pegando o cartão de volta. – Vamos bater no quarto dele que é...?

- 405 – o homem respondeu.

Jay usou suas habilidades em destrancar a porta e a abriu rapidamente usando apenas alguns clipes. Depois puxou o irmão para dentro do quarto dando de cara com um quarto repleto de papéis pelas paredes e algumas caixas abertas.

- Nossa. – Jay deixou escapar pelos lábios.

- Acho que ele não esteve aqui nos últimos dias. – Leo falou olhando um sanduíche velho.

- Sal, olho de gato. Ele estava preocupado, tentou evitar que alguma coisa entrasse. – Jay falou olhando o rastro de sal no chão. – O que tem ai?

- As vitimas da rodovia, não entendo, homens diferentes, profissões diferentes, idades diferentes. Sempre tem uma ligação não é? – Leo falava enquanto a irmã analisava outra parede repleta de papéis.

- Papai descobriu. – Jay falou olhando para os papéis.

- Como assim? – Leo se virou para a irmã.

- Ele achou o mesmo artigo que a gente. Constance Welch, ela é uma mulher de branco. – Jay leu os papéis em sua frente.

- Espertinho. – Leo falou olhando outra parede. – Se Constance é uma mulher de branco papai teria encontrado o corpo dela e queimado.

- Ela pode ter outro ponto fraco. – Jay falou continuando a ler os papeis.

- Não, papai iria garantir. – Leo se aproximou mais uma vez. – Iria desenterrar e queimar. Ai diz onde foi enterrada?

- Não, nada disso. – Jay falou. – Se eu fosse o papai perguntaria ao marido. Talvez ainda esteja vivo.

- Você procura o endereço, eu vou tomar um banho e dormir um pouco. – Leo falou se colocando no banheiro.

- Olha Leo, o que eu disse antes do papai e da mamãe, desculpa. – Jay falou se virando para o irmão.

- Sem clichês. – Leo levantou a mão parando a irmã.

- Obrigada, palhação. – Jay revirou os olhos.

- Bobona. – ele resmungou antes de entrar no banheiro.

- Acorda! – Leo empurrava o ombro da irmã na cama. A garota abriu os olhos encarando o irmão. – Vou pegar alguma coisa para comer, fique pronta para sairmos em dez minutos.

- Tanto faz. – ela resmungou rolando para o lado da cama e fechando os olhos com força.

- Não me faça tirar você dai a força. – Leo falou antes de sair pela porta.

O garoto arrumava a jaqueta sobre os ombros quando avistou a viatura policial no estacionamento do hotel. O cara da recepção conversava com outros dois policiais enquanto olhava para Leo apontando logo em seguida. O garoto foi mais rápido, pegando o celular e discando o número da irmã rapidamente.

- Sujo, se manda. – Leo falou antes que a irmã pudesse dizer algo.

- E você?

- Eles me pegaram, ache o papai. – Leo falou antes dos policiais chegarem até ele. O garoto se virou encarando os dois homens. – Problemas oficiais?

- E o seu cumplice? – um dos policiais perguntou cruzando os braços sobre o peito.

- Cumplice? Mas que cumplice? – Leo tentou parecer o mais calmo possível, embora seu coração estivesse bombeando em suas veias com força. O homem fez sinal para que o outro policial fosse para o quarto de onde Leo havia saído.

- Falsos federais, cartões falsos. – o homem se aproximou mais de Leo. – Tem alguma coisa de verdade?

- Meus seios. – Leo permaneceu sério, embora sua ironia estivesse no nível máximo.

O policial não mediu esforços e jogou Leo sobre o capô de um carro algemando suas mãos rapidamente enquanto pronunciava os direitos do garoto. Os homens colocaram o garoto dentro do carro e o levaram até a delegacia onde ficou sentado em uma cadeira algemado ao pé de uma mesa por muito tempo.

- Quer dizer seu nome verdadeiro? – um policial gordinho entrou pela porta carregando uma caixa de papelão que jogou sobre a mesa.

- Eu já disse, é Maddox, Travis Maddox. – Leo respondeu de mau humor enquanto levantava a cabeça para olhar o homem.

- Acho que ainda não percebeu o problema que se meteu. – o velho policial encarava Leo com as mãos nas bordas da caixa.

- Quer dizer o problema da contraversão ou da coisa mais séria? – Leo imitou a voz dos policiais de filmes.

- Tem o rosto de dez desaparecidos colados em sua parede, junto com bugigangas satânicas. – o policial falou agora usando a voz de acusação. – Você é oficialmente um suspeito.

- Faz sentido, porque quando o primeiro desapareceu em 1983 eu tinha três anos. – Leo apoiou o braço livre sobre o encosto da cadeira.

- Eu sei que tem cumplices, um deles é um cara mais velho. – o policial voltou a falar. – Vai ver foi ele que começou a coisa toda. Me diga, Leo, isto é dele?

Leo olhou fixo para o diário do seu pai sendo jogado sobre a mesa em sua frente. Sua cabeça dava nós tentando entender como aquele policial havia chegado até o diário antes deles.

- Achei que esse seria o seu nome. – o policial abriu o diário e começou a folhar as paginas. – Pelo pouco que entendi isso é pura maluquice. Mas achei isso também.

Em uma folha havia um escrito grande “Leo 35-111”. Leo observou por um tempo aquilo.

- Agora, vai ficar aqui até me contar que droga isso quer dizer. – o policial apontou para o escrito.

Jay bateu na porta suja de poeira e enfiou as mãos no bolso da jaqueta de couro enquanto esperava ser atendida. Ela passou os olhos pelo local, haviam pneus empilhados em enormes pilhas, carros amaçados por todos os lados. Aquilo realmente era um lixão.

A porta rangeu ao abrir em sua frente. Do lado de dentro um homem de cabelos um pouco grisalhos, boné de beisebol e camiseta xadrez a encarava confuso, tentando entender o motivo de aquela garota estar em sua porta.

- Olá, o senhor é Josef Welch? – Jay falou simpática tentando fazer com que o seu melhor sorriso forçado permanecesse em seu rosto.

- Sou. – o homem respondeu.

- Preciso fazer uma pergunta. – Jay sorriu puxando uma velha foto dela, Leo e seu pai mais novos quando ela tinha cinco anos. Ela havia encontrado aquela foto presa em uma das paredes do quarto do hotel. – Esse cara passou por aqui?

- É, ele esteve aqui a três ou quatro dias, disse que era repórter. – o homem olhou a foto rapidamente antes de voltar a olhar para Jay.

- É verdade, estamos trabalhando juntos. – Jay sorriu entusiasmada enquanto guardava a foto no bolso.

- Eu não sei que tipo de trabalho estão fazendo, as coisas que ele perguntou...

- Sobre sua esposa Constance? – Jay se antecipou.

- Ele perguntou onde ela está enterrada. – o homem continuou.

- E onde ela está?

- Eu vou ter que passar por isso novamente? – o homem parecia irritado.

- Só quero conferir. – Jay deu de ombros. – Se não se importar é claro.

- Em um terreno atrás da minha velha casa. – ele respondeu ainda um pouco irritado.

- Porque se mudou?

- Eu não quis viver na casa onde meus filhos morreram. – o homem encarou os próprios pés.

- Sr. Welch, nunca se casou de novo? – Jay perguntou.

- Nem pensar, Constance era o amor da minha vida. – Josef respondeu. – A mulher mais linda que eu conheci.

- Então seu casamento foi feliz. – o homem hesitou por um momento.

- Com certeza. – parecia incomodado com as perguntas de Jay.

- Ta legal, isso é tudo, obrigada pela sua atenção. – Jay se virou e começou a descer as escadas da velha casa sentindo os olhos do homem atrás de si. – Sr. Welch já ouviu falar da mulher de branco?

- Quem?

- A mulher de branco ou a mulher que chora. – Jay repetiu se virando para o homem. – História de fantasma, na verdade isso é mais um fenômeno, são espíritos. Tem sidos vistos a centenas de anos em vários lugares, Havaí, México. São todas mulheres diferentes, mas tem histórias iguais.

- Garotinha, eu não ligo para besteiras. – ele fez menção de fechar a porta.

- Quando elas viviam os maridos foram infiéis com elas e essas mulheres, sofrendo de insanidade temporária mataram os filhos. – Jay começou a falar impedindo que o homem fechasse a porta. – Depois que perceberam o que haviam feito elas se suicidaram. Seus espíritos foram amaldiçoados. Vagam ao lado de estradas e de rios. Se elas encontram alguém infiel elas o matam e a pessoa desaparece para sempre.

- Você acha que isso tem a ver com a Constance? – o homem parecia abalado, sua voz tremia e ele deu dois passos para fora da casa.

- O senhor que tem que me dizer. – Jay desafiou-o.

- Talvez, talvez eu tenha cometido erros, mas não importa o que eu fiz Constance não mataria as crianças, agora vai embora daqui. – o homem desceu um degrau da escada fazendo Jay recuar. – E não volte nunca mais!

Jay se virou voltando para o carro rapidamente e saindo daquele lugar antes que o homem perdesse a sanidade e acabasse fazendo alguma coisa errada e da qual se arrependesse mais tarde.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir? – Leo perguntou olhando para o velho policial ao seu lado. – É o segredo do meu armário da escola.

- Vamos ficar aqui a noite toda? – o policial perguntou cansado. Já passava das sete da noite.

- Nós temos um chamado, tiros na estrada Welkford. – um policial falou da porta.

- Quer ir ao banheiro? – o policial perguntou observando Leo.

- Não.

- Ótimo. – ele respondeu saindo rapidamente e fechando a porta atrás de si.

Leo olhou para o diário e então percebeu um clipe preso em uma das folhas. Seus dedos trabalharam rápido com o clipe e abrindo a algema que o prendia a mesa. Leo foi rápido saindo da delegacia logo atrás dos policiais levando consigo o diário de seu pai.

Jay dirigia um pouco a baixo da velocidade, tomando cuidado com a sinalização para não acabar levando alguma multa no carro do próprio irmão. O telefone começou a tocar no banco ao lado, Jay se espichou pegando o telefone.

- Alarme falso Jay, acho que isso deve ser ilegal. – Leo falou ao telefone sacando logo que o chamado havia sido feito pela própria irmã.

- De nada. – Jay falou brincando.

- Temos que conversar.

- Eu já estou sabendo, o marido de Constance era infiel. – Jay disparou as novas noticias. – Estamos lidando com a mulher de banco. Ela está enterrada atrás da casa velha, papai deve ter ido lá.

- Jay quer calar a boca? - Leo falou tentando parar a irmã.

- Só não entendi porque ele não destruiu o corpo de uma vez. – ela continuava tagarelando sem parar.

- É o que eu estou tentando dizer, o papai se foi. – Leo finalmente conseguiu falar. – Ele saiu de Jericho.

- O que? Como sabe?

- Peguei o diário dele.

- Ele não vai a lugar algum sem o diário. – Jay falou recordando das lembranças de seu pais sempre com aquele maldito caderno nas mãos.

- Mas foi e deixou uma mensagem.

- E o que diz?

- Aquelas coisas de fuzileiro quando quer nos dizer pra onde foi.

- Coordenadas. – Jay sacou na hora, já estava cansada desses joguinhos de seu pai. – Pra onde?

- Ainda não sei. – Leo falou desanimado.

- Eu não entendo, o que pode ser tão importante para fazer o papai sair no meio de um trabalho? Leo, que negocio é esse? – a garota falou voltando a atenção para a estrada em sua frente onde havia uma mulher morena vestida de branco parada no meio da estrada. Os pneus cantaram bruscamente e o celular caiu de sua mão. O carro passou pela garota que sumiu rapidamente.

- Jay? Jay? – Leo chamava a irmã sem obter resposta.

A respiração de Jay estava acelerada e o coração descompassado. Suas mãos tremiam e suavam frio. O que havia sido aquilo? Para onde a mulher tinha ido?

- Me leva para casa. – ela ouviu uma voz vinda de trás. Ao olhar pelo retrovisor viu a imagem da garota no banco de trás. Seu coração disparou ainda mais. – Me leva pra casa.

- Não. – Jay falou firme.

O barulho das trancas do carro se abaixando fizeram Jay dar um pulo e tentar desesperadamente abrir as portas sem sucesso algum. Então o carro voltou a andar em velocidade alta cantando pneus ao arrancar.

Por todo o caminho Jay tentou parar o carro e abrir as portas, mas de nada adiantava, nem as janelas ela não conseguia abrir. E o carro se movia sozinho pela estrada em direção para alguma coisa ou algum lugar. No retrovisor a garota ainda continuava observando Jay.

O carro entrou em uma estrada de terra e andou até uma velha fazenda abandonada. Jay logo reconheceu o lugar, aquela devia ser a última casa de Constance. O carro parou em frente a casa e desligou-se.

- Não faça isso. – Jay falou encarando a garota pelo retrovisor.

- Nunca poderei voltar para casa. – a garota falou com voz manhosa e triste.

- Você tem medo de ir para casa. – Jay falou se virando para trás para encarar a garota, mas ela já não estava mais ali. Então ela apareceu no banco ao lado vindo para cima de Jay. – Não pode me matar, não sou infiel. E eu nunca fui.

- Vai ser. – a imagem da garota começou a falhar e logo a imagem de um garoto moreno apareceu em frente a Jay. Ele tinha cabelos pretos e olhos negros. – Me abraça, me beija.

O homem vinha cada vez mais para cima de Jay que tentava a todo custo recuar do espirito, mas ele pegou sua cabeça entre as mãos e grudou os lábios nos da garota. Com a mão livre Jay tentava alcançar as chaves do carro enquanto um beijo intenso se arrastava ali.

Ao se afastar o homem havia desaparecido e agora Constance encarava Jay com o sorriso sombrio nos lábios. Então ela desapareceu e uma dor extremamente forte atingiu o peito de Jay que soltou um grito agudo. Ela abriu a jaqueta e havia cinco furos na camiseta. A imagem de Constance enfiando suas unhas em seu peito começou a aparecer em sua frente. Os gritos de Jay eram cada vez mais altos conforme a dor ia aumentando e se tornando insuportável.

Houve um estrondo alto e barulho de vidro sendo quebrado. Constance desapareceu por um momento possibilitando que Jay se levantasse e visse o irmão ao lado do carro com uma arma na mão. Jay girou as chaves do carro ligando-o.

- Eu vou levar você para casa. – Jay falou acelerando o carro em direção a casa. Os pneus cantaram erguendo uma nuvem de fumaça ao arrancar. O estrondo de madeira sendo quebrada ao entrar na casa foi alto e assustador.

Jay só parou o carro quando estava no meio da sala. Estava quase tudo quebrado. Leo correu para dentro da casa indo direto para o carro onde a irmã estava.

- Jay? Ta tudo bem? – ele perguntou ao chegar no carro e ver a irmã acordada com a mão no peito.

- Eu acho. – ela falou baixo apertando os olhos com força.

- Pode se mexer? – Leo deu um jeito de abrir a porta para que a irmã saísse.

- Posso. – ela começou a sair do carro.

Ao sair do carro os dois avistaram Constance parada logo a frente com um porta retratos nas mãos. A mulher ergueu os olhos para os dois e então jogou o porta retratos no chão. Um móvel veio em direção a Jay e Leo rapidamente prendendo os dois contra o carro. Constance observava os dois atentamente.

Então as luzes começaram a piscar enquanto água escorria pelas escadas atrás da mulher. No topo das escadas apareceram duas silhuetas de crianças. Constance observou aquela imagem com um certo receio.

- Você voltou pra nós mamãe. – as crianças falaram em uníssono do topo das escadas. Então rapidamente os dois estavam ao lado de Constance e abraçaram-na enquanto a mulher gritava e seu espirito falhava. Depois desaparecendo completamente. Leo empurrou o móvel facilmente, libertando os dois.

- Então é isso? Ela tinha medo de encarar as crianças? – Jay perguntou observando a casa.

- É, você encontrou o ponto fraco. – Leo deu de ombros. – Bom trabalho Jaz.

- Queria poder dizer o mesmo de você. – a garota falou rindo. – Que ideia, atirar no Gasparzinho maluco?

- Aí, eu salvei sua pele. – Leo falou olhando para o carro. – E tem mais, se tiver arranhado o meu carro, eu te mato.

- O papai foi pra esse lugar, o nome é Colina Blacwater Colorado. – Jay falou observando o mapa com a ajuda de uma lanterna enquanto o irmão dirigia o carro.

- Parece legal, é longe? – Leo perguntou.

- Uns mil quilômetros. – Jay falou.

- É se a gente correr chega lá de manha. – Leo deu de ombros.

- Hmmm Leo... – Jay começou a falar sem saber que palavras usar ao certo.

- Você não vai. – Leo voltou o olhar para a estrada, parecendo decepcionado.

- A entrevista é daqui a dez horas, preciso ir para casa. – Jay falou determinada.

- Falo, tanto faz. – Leo assentiu com uma expressão decepcionada. – Te levo para casa.

Já passava da meia noite quando Leo estacionou o velho carro em frente a casa de Jay. A garota desceu do carro segurando sua pequena mochila por uma das alças.

- Me liga quando achar ele? – pediu olhando o irmão pela janela do carro. Leo assentiu. – Quem sabe a gente se encontra mais tarde.

- Tudo bem. – Leo tentou parecer o mais indiferente possível. Jay se virou indo em direção a ponta quando ouviu o irmão chamando-a. – Jay! Nós dois juntos arrebentamos!

- É. – ela assentiu sorrindo timidamente para o irmão que arrancou o carro indo embora.

Jay entrou na casa encontrando tudo vazio e em silencio. Não havia movimento algum ou sinal de que alguém estivesse ali.

- Aspen! Ta em casa? – ela perguntou entrando na sala e indo para o quarto.

A porta do banheiro estava entre aberta e de lá vinha o som do chuveiro, junto com a fumaça que escorria para fora da porta. Jay sentou na cama prendendo os cabelos, então fechou os olhos e deitou exausta. Algo molhado caiu em sua testa. Ao abrir os olhos Jay encontrou Aspen no teto, preso nele com um corte no peito.

- NÃO! – sua voz saiu alta e esganiçada por causa do pânico. O corpo do garoto entrou em combustão rapidamente, queimando como um fósforo e espalhando o fogo por todo o quarto. Houve um barulho alto de estouro antes da voz.

- JAY? – a voz de Leo se aproximava rapidamente.

- Aspen! – Jay gritou pela última vez antes de ser puxada para fora pelo irmão. Seu corpo todo lutava contra os braços do irmão, se debatendo e tentando escapar.

A policia e os bombeiros chegaram rápido. Leo ficou responsável por explicar o ocorrido enquanto Jay esperava próximo ao carro. Tudo lembrava Leo da noite em que havia perdido sua mãe. Rever a cena de um corpo entrando em combustão no teto trouxe de volta toda a mágoa que Leo havia afastado por tanto tempo.

Ao voltar para o carro encontrou a irmã mexendo na mala de armas do porta malas. Ela pegou um revolver enfiando na parte de trás da calça e abaixou o capô, batendo com força antes de falar com a voz mais fria que Leo já havia ouvido.

- Vamos caçar.


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