My Sweet Prince escrita por Alessandro Campos


Capítulo 1
... You are the one.


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa fic de madrugada, quando eu tive um surto de inspiração. Espero que goste.

A propósito, eu não revisei direito, por isso releve errinhos bobos de digitação e essas coisas. :)

Ótima leitura!



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Hogwarts. Sexto ano de Harry Potter. A confirmação de todos os seus maiores medos já havia chegado. Voldemort voltara, já reunira seus comensais e muito em breve atacaria o castelo. A questão agora, não era mais “e se”, mas sim, “quando”. Havia também mais uma confirmação, a qual não surpreendera todos: Draco Malfoy estava aliado aos seguidores do lorde das trevas e os auxiliaria a acabar com a Ordem da Fênix e principalmente, o próprio Potter.

Apesar de todos já imaginarem na possibilidade disso desde que o pequeno Draco nascera, as pessoas, especialmente Dumbledore, acreditavam que ele poderia mudar de ideia e não seguir o destino que seu pai planejara para ele. Infeliz credulidade. Era demais para ele, ver Potter receber toda a atenção do mundo por carregar um poder imensurável para a derrota da alma sombria de Tom Riddle. Poder que, para Harry, se assemelhava mais a um fardo. E se ele tivesse a opção de escolher? E se ele simplesmente não quisesse ter nada a ver com isso? Ele não conseguia parar de pensar em como sua vida poderia ser diferente. Se ainda tivesse seus pais, se não precisasse se envolver com aquela guerra, se pudesse caminhar pelos corredores da escola de magia sem perceber murmurinhos do lado de cá e risadinhas cruéis do lado de lá.

“Never thought you’d make me perspire

Never thought I’d do you the same.

Never thought I’d fill with desire

Never thought I’d feel so ashamed

Me and the dragon

Can chase all the pain away

So, before I end my day

Remember

My sweet prince

You are the one. (…)”

Draco

Ninguém nunca me perguntou o que eu queria para minha vida. Sempre fiz o que fiz porque eu carrego um sobrenome importante. Às vezes eu queria poder simplesmente me disfarçar e viver como uma pessoa comum. Eu até poderia fazer uma poção polissuco, mas eu teria que assumir a vida de outra pessoa que já existe e isso não me deixaria satisfeito. Essa vida de aparências está me cansando demais. Mas existe algo que me motiva a continuar: Harry Potter.

O maldito meio-sangue deve adorar a vida que tem. Ele pode dizer o que for, mas eu sei que ele adora ser ovacionado por todos quando consegue alguma aparente vitória sobre Voldemort. Ele se vangloria o tempo inteiro por ser O Eleito e gosta de esfregar isso na minha cara e de todos os outros da escola. Justamente por isso, preciso ajuda a depô-lo do poder.

Não aguento mais.

Não aguento mais vê-lo ser assediado por todas essas meninas. Nem as minhas companheiras de casa escapam da hipnose que esse garoto é capaz de fazer. Não aguento vê-lo ficar vermelho cada vez que a Gina Weasley passa por ele. Na certa, ele senta algo por ela.

Me envergonho em pensar que, por um momento sequer, possa ter cogitado ter inveja dele. Me envergonho em pensar que se nada disso estivesse acontecendo, poderíamos ser amigos.

Harry

Hoje, atravessando o pátio de transfiguração, percebi que Draco estava sentado embaixo da árvore, isolado. Ele me observou cruzar o pátio e não esboçava nenhuma reação. Talvez ele não saiba que eu já estou ciente de toda a sua participação nos planos do meu maior inimigo. De qualquer forma, não é a primeira vez que o pego me observando mais que o necessário. Não, isso não é de hoje. De forma alguma. Isso começou no quarto ano, mais próximo do fim do ano. Seu olhar é tão carregado que consigo percebê-lo com facilidade, mesmo que esteja de costas, pois eu sinto como se seus olhos estivessem apoiados sobre meus ombros. Não sei bem o motivo, mas ele me deixa mais nervoso que o comum com esses olhares.

O que será que ele quer? Não consigo pensar em nada, além de imaginar que ele está me observando para coletar informações sobre mim e repassa-las para o outro lado.

...

Ambos se sentiam extremamente intimidados um pelo outro, todavia, uma ligação diferente os unia de uma forma completamente inexplicável.

“A linha entre o amor e o ódio é muito tênue”, como já nos contava o ditado popular. Mas como os dois jovens poderiam lidar com esse tipo de sentimento? Isso implicaria em perdas irreparáveis para ambos.

Poucas vezes passara pela cabeça de Draco que seu ódio poderia ser uma estranha obsessão por Harry. Tampouco, passava pela cabeça do moreno que o outro poderia também sentir calafrios por cada milímetro de seu corpo cada vez que se esbarravam pelos corredores.

“Never thought I’d have to retire

Never thought I’d have to abstain

Never thought all this could backfire

Close up the hole in my vain.

Me and my valuable friend

Can fix all the pain away.

So, before I end my day

Remember:

My sweet prince,

You are the one. (…)”

Num dia qualquer, Harry chegou à sua aula de poções um pouco mais tarde que o comum, pois passara a noite estudando e tentando entender a matéria de adivinhação. Por algum motivo que ninguém sabia, Malfoy também se atrasara e Snape os colocou para realizarem uma tarefa juntos. Era típico de Snape não perder qualquer oportunidade para castigar seus alunos e aquela era uma oportunidade que não era corriqueira, porque ele sabia do ódio que um tinha pelo outro. Os dois fizeram cara feia, mas não tinham a quem recorrer, então sua única opção era realizar a atividade o mais rápido possível para que pudessem se ver livres um do outro.

Estavam sentados muito próximos e tinham que preparar uma poção qualquer indicada no livro passado pelo professor. Vez ou outra, sua mãos e coxas se esbarravam. Num primeiro momento, ambos faziam caras feias e davam a entender como se não gostassem daquilo. O curioso é que, além do diálogo estritamente necessário para o preparo da poção, nenhum dos garotos proferiu uma palavra sequer. Nem uma ofensa. Nada. Com o passar dos minutos, os dois nem demonstravam mais estar incomodados com o toque do corpo do outro. E isso começou a acontecer com mais frequência. Seus corpos estavam entrando em contato mais que o necessário.

Ao término da tarefa, os dois chamaram o professor, que, por sua vez, elogiou seu trabalho e ainda comentou que os dois faziam uma boa dupla para o preparo de poções. Como tentativa de ser simpático e por toda a educação que sempre tivera, Harry estendeu sua mão para cumprimentar Draco.

Draco

Ele era quente, muito quente. Cada vez que nossas mãos ou pernas se esbarravam, eu sentia o calor emanando do seu corpo. Aquilo era bom, eu estava realmente gostando do seu toque. Sua pele era macia e eu podia sentir um frio na espinha cada vez que ele sorria para mim ao ver que completávamos mais uma etapa do preparo da poção.

Então foi aí que eu percebi que gostava dele. Na verdade, foi aí que eu parei para prestar atenção e perceber mais uma série de coisas.

Naquele momento, não tive coragem o suficiente para ironizar qualquer coisa que dissesse ou qualquer coisa que pudessem denegrir sua imagem. Ele estava ali, como de costume, com o cabelo um pouco bagunçado, as bochechas rosadas e os óculos redondos. Tudo isso, acompanhado daquele sorriso que somente ele sabia dar. Um sorriso não falso ou vazio, mas um sorriso com os olhos. Um sorriso que acabava com o vazio que eu sinto dentro de mim, pelo menos por um momento.

Todavia, não posso me dar ao luxo de ser assim para sempre. Afinal de contas, estamos de lados opostos da moeda, como sempre estivemos e sempre estaremos. Eu sou um sangue-puro, ele é um meio-sangue. Eu sou da Sonserina, ele é da Grifinória. Eu sou aliado de Voldemort, ele de Dumbledore. Eu o amo, ele não.

Preciso me afastar e evitar que essas coisas ocorram novamente. Preciso evitar que esses pensamentos me tomem por completo e isso se torna algo incontrolável.

Harry

Mal posso acreditar que passei a maior parte da manhã ao lado de Draco Malfoy e não trocamos uma ofensa sequer. Mais que isso, ainda apertamos nossas mãos ao final de tudo.

Sei que Hermione e Ron acharam tudo muito estranho, mas por incrível que pareça, nenhum dos dois veio falar nada – pelo menos até agora. Talvez que não seja o único que percebeu que Malfoy anda diferente e por isso ninguém veio falar nada comigo sobre o assunto.

É estranho pensar que ele, justamente ele, possa estar diferente. Ou que, sei lá, ele possa ter mudado de lado, ou pelo menos esteja cogitando fazer isso. Mas ainda sim, isso pode não passar de mais um plano pra acabar com minhas defesas e me pegar de surpresa.

Só que tem uma coisa que me deixa incomodado: ele parece estar sempre triste. E o pior é que eu sinto como se a tristeza dele, fizesse parte da minha tristeza também. Posso parecer feliz pelo fato de ter amigos excelentes, boas notas e ter dinheiro o suficiente para viver sem ter que me preocupar com trabalho por pelo menos alguns anos. Posso parecer feliz também, pelo fato de ser o único detentor do poder para destruidor o lorde das trevas, mas isso tudo não me faz feliz. Principalmente porque esse dom que me foi dado – ainda que sem querer – foi o que mais desgraçou minha vida.

Seria tão errado tentar dividir isso com alguém?

“Never thought I’d get any higher

Never thought you’d fuck with my brain

Never thought all this could expire

Never thought you’d go break de chains

Me and you, baby

Used to flush all the pain away

So, before I end my day

Remember:

My sweet prince,

You are the one.”

Numa tarde de outono, Harry percebeu que não via Draco pela escola desde o dia em que fizeram o trabalho juntos. Quer dizer, o via entrar na sala de aula sempre junto com o professor e sair logo após o término da mesma, sumindo pelos corredores sem deixar pista. Por algum motivo que ele mesmo desconhecia, estava começando a se sentir preocupado com o outro.

Justamente por isso, no dia seguinte, ao término da aula de Herbologia, dispensou seus amigos e deu um jeito de seguir Draco sem que fosse percebido. De uma forma ou de outra, ele precisava saber o que estava acontecendo. Mesmo que em seus devaneios noturnos ele imaginara que Draco pudesse estar assim por conta do dia em que trabalharam juntos, ele ainda precisava cogitar a hipótese de Draco estar sumido por ter algo a ver com os Comensais da Morte.

Draco saiu da sala e seguiu pelos corredores, abraçado em uma pequena porção de livros. Sempre olhando por cima do ombro e para os lados, como se procurasse se assegurar de que ninguém o seguiria até seu destino final. E assim seguiu até o lado de fora do castelo, descendo pelas escadas na frente e caminhando pela margem do lago negro.

Harry teve a brilhante ideia de usar sua capa de invisibilidade que carregava numa mochila que usava para carregar seus livros. Desse modo, seguiu Draco sem precisar se esgueirar por aí.

Draco chegou até uma parte mais afastada da margem do lado, colocou seus livros sobre uma rocha e logo se sentou em uma ao lado desta. Fitou o lago por minutos a fio, enquanto Harry permanecera imóvel, apenas observando-o não muito mais distante que dois ou três passos dele.

Draco

O que sinto por ele está se tornando algo tão insuportavelmente aterrador que consigo sentir sua presença comigo aqui, agora. Acho que a solidão faz isso com as pessoas. Não tenho amigos de verdade, e os poucos que eu tinha que mais se aproximavam disso, sequer notaram minha ausência na maior parte do tempo. São todos uns cretinos!

Eu só queria poder entender melhor isso que sinto. Queria poder compartilhar isso com alguém. Não, mais que isso, queria compartilhar isso com ele.

...

Draco pegou meia dúzia de pedras, se levantou e começou a atira-las no lago, fazendo-as quicar algumas vezes antes de afundar.

...

Harry

Então era aqui que ele vinha todos esses dias. Definitivamente, ele não estava arquitetando nada com o lado negro. Eu estava certo. Por um lado, fico feliz em ver que ele aparentemente não está atrelado com coisas ruins, por outro, me preocupa vê-lo assim.

Sei que não deveria sentir compaixão ou qualquer sentimento que, de longe, lembrasse algo bom por ele. Mas isso é mais forte. É inevitável. Por um momento eu queria ler sua mente e saber o que se passa lá dentro.

...

Em um rompante, Draco começou a chorar. A pele branca de seu rosto começara a ficar avermelhada e sua respiração um pouco mais pesada. Ele cerrou os punhos e os apertava como se fora bater em algo ou alguém.

Harry permaneceu atônito por um momento, enquanto observava o outro, que chorava copiosamente tão proximamente dele.

Estava confirmado. Os dois estavam sofrendo e não tinham com quem compartilhar toda aquela dor que mantinham presa. Era claro que precisavam um dom outro, pois somente eles poderiam se entender e se apoiar de uma maneira única.

Ainda incerto sobre o que deveria fazer, Harry caminhou até Draco e o abraçou por trás. Subitamente, o corpo Draco se petrificou e sua expressão era completamente indecifrável. O loiro arriscou deslizar sua mão para a força que o abraçara e sentiu um pano, que até então era desconhecido para ele. Mas havia algo especial. O toque. Ele conhecia aquele toque. Mais uma vez, arriscou puxar o pano e o sentiu cair nas pedras, fazendo o rosto vermelho de Harry surgir em seu ombro.

O momento era muito terno, mas os dois estavam nervosos e incertos demais para falarem qualquer coisa naquele momento. Harry fechara os olhos – talvez com medo da reação do outro – e não se mexeu, pelo contrário, o apertou mais para si, como se quisesse mostrar para ele que sua dor não significaria nada se estivessem juntos.

E foi realmente o que aconteceu.

Draco se virou para Harry e fez o que ansiava há dias, meses, ou quiçá anos.

Assim que seus lábios se tocaram, ambos foram tomados por uma sensação de torpor quase que imediata. Uma descarga de adrenalina também dominava seus corpos, fazendo com que seus batimentos se acelerassem numa velocidade estelar. Harry passeou com suas mãos pelas costas de Draco, cravando levemente suas unhas curtas por aquela região. Draco apoiou seus dois braços no pescoço de Potter e o puxava mais para perto, como se correspondesse ao abraço apertado de segundos atrás. E permaneceram se beijando por minutos seguidos.

Naquele momento, descobriram que juntos, poderiam enfrentar qualquer coisa e que suas dores sempre cessariam quando estivessem juntos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha sido uma leitura gostosa. Ficarei agradecido se você comentar e deixar sua opinião aqui para que as pessoas (e eu) saibam o que cada um achou da história.

Caso tenha gostado da história, por que não visita meu perfil e confere minhas outras fics?

Até a próxima!