O Colar de Anúbis escrita por studyinscarlet


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Samantha acordou com o despertador tocando alto demais na cabiceira ao lado dela. A colega de quarto dela acendeu a luz e tudo que ela conseguia pensar em fazer era se esconder de baixo das cobertas e dormir por mais algumas horas, de preferência até o meio-dia

- Annmarie, qual é a primeira aula do dia? – Samantha perguntou enquanto sentava na cama, se espreguiçando. Ela tinha que ter o mínimo de certeza que não ia acabar dormindo de novo. Mais alguns atrasos e iam acabar ligando para os pais dela, e a última coisa que ela queria pensar nessa hora da manhã era em um xingão dos pais.

- Só coisa boa, começa com Religião e depois... Espanhol! – Annmarie ironizou. Samantha gemeu de desgosto. Annmarie e Samantha eram amigas desde o momento que pisaram no mesmo quarto que dividiram. Era aquelas amizades inevitáveis, que apesar das diferenças de interesses, há um interesse mútuo uma na outra.

- Vai rolar aquela noite hoje? – Samantha perguntou enquanto se levantava da cama. Ela procurou a jeans preta desfiada no armário bagunçado, porque era a jeans mais confortável que tinha.

- Sim! O Pete acabou de confirmar – Annmarie sorriu com o celular na mão. – Ele disse que passa aqui para nos levar para o quarto. Algumas meninas do terceiro ano também vão, e alguns meninos também – Annmarie sorriu daquele jeito pervertido que conseguia arrancar um sorriso de qualquer carranca. As duas terminaram de se vestir em alguns minutos e desceram de pantufas para tomar o café da manhã. Era normal ver alunos de pantufas e pijamas no refeitório. Era o horário da preguiça, os últimos minutos no conforto do pijama antes de ter que vestir o uniforme mandatório para pode entrar na sala de aula.

Samantha tomou o café da manhã em silêncio. Annmarie estava muito focada no celular para conversar e até comer – ela intercalava um gole de café com uma mordida no bagel dela antes de voltar a digitar.

- Você sabe que você parece extremamente patética comendo desse jeito, né? – Samantha provocou com um sorriso arrogante nos lábios.

- Eu estou arrumando os detalhes pra hoje à noite. Eu não quero ser pega, sabe – Annmarie provocou.

- Claro! E é por esse desespero em saber como chegar no quarto 287 que você está comendo seu bagel como se você fosse um neandertal?

- Eu como assim normalmente!

- Eu vou fingir que acredito nessa mentira, Annmarie. Continua a sua conversa com o Pete, eu tenho certeza que ele deve tá comendo desse jeito especial também – Samantha revirou os olhos e depois acabou rindo.

Annmarie tentava desesperadamente disfarçar que estava completamente apaixonada platonicamente por Pete, um cara do terceiro ano. Eles eram amigos próximos, mas Pete tinha uma namorada bem louca, o que impedia Annmarie de falar qualquer coisa. Samantha sabia de tudo isso, então ela não se surpreendia que Annmarie mentiria sobre estar “arrumando detalhes” quando na verdade, só estava tendo uma conversa muito interessante com um cara que ela gostava.

- Ann? Eu vou ir me arrumar. Eu ainda nem lavei o rosto. - Apesar de ter falado em voz alta e clara com Annmarie, ela não tinha certeza se a amiga tinha realmente ouvido.

Ao chegar no quarto, Samantha estava tão tentada a voltar a dormir que quase cedeu. Ela não ia sentir muita falta daquela aula de Religião, porém ela ia sentir falta de poder matar alguns períodos quando realmente precisasse dormir mais de cinco horas por noite. Preguiçosamente, então, Samantha foi ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Ela suspirou quando viu o estado do cabelo loiro claro dela. Ela passou um pouco de base e deliniador nos olhos claros e depois lutou para conseguir desembaraçar o cabelo. Quando ela saiu do banheiro, já se sentia realmente acordada e (quase) pronta para encarar Religião. Nada mais gostoso para enfrentar pela manhã do que uma freira com um amor incrível por Deus.

Ela tirou as pantufas para colocar o coturno preto – ela não podia usar pantufas para ir à aula, infelizmente. Tinha tentado uma vez - levou uma bela de uma detenção e muitos xingamentos. Valeu a pena, a situação das pantufas de vaca rendeu boas risadas disso depois. Samantha abriu a caixinha de jóias para pegar o único colar solitário ali dentro. Era a única jóia que ela usava, afinal, mas cuidava daquele colar com um carinho especial. Tinha ganhado da avó paterna quando nasceu; aqueles presentes que passam para as mulheres de cada geração, de mão em mão, e enfim chegou a ela.

O colar era fascinante e simples ao mesmo tempo. Era um cordão grosso dourado – ela não sabia se era realmente ouro, mas gostava de fingir que era, para se sentir valiosa – com um pingente vermelho. A beleza da pedra lembrava de um rubi, mas novamente, Samantha não tinha como saber se era porque nunca largaria aquele colar com um joalheiro qualquer. Ela cuidava daquele colar mais do que cuidava do telefone. O pingente era uma pequena ave vermelha num ninho dourado. O brilho da pedra somado ao brilho do “ouro” formava uma jóia perfeita para Samantha, era quase como se ela combinasse com a personalidade dela, não com a roupa que vestia. Era simples, mas chamativa e muito individual. Samantha não largava aquele colar por nada no mundo.

- Sam, você está pronta? A gente vai se atrasar! - Annmarie entrou no quarto gritando.

- Ei, reclamona, eu já estou pronta e você que vai se atrasar – ela provocou com uma risada enquanto pegava a mochila pesada.

Annmarie acabou fazendo Samantha a esperar e elas se atrasaram um pouco. A aula da Irmã Mary tinha acabado de começar quando elas entraram ofegantes depois de subir as escadas para o terceiro andar correndo.

- Vocês deviam acordar mais cedo. – a freira reclamou, olhando feio para as duas meninas. – Próxima vez, não entram na minha aula. Continuando...

Annmarie e Samantha sentaram-se nos lugares mais ao fundo da sala de aula. Samantha revirava os olhos só de ouvir falaram de Deus, agora, quando a Irmã Mary começava a falar do perdão e do amor do Senhor, ela sentia um mau-estar inacreditável. Annmarie e ela tinham uma brincadeira de dizer que Samantha tinha algum tipo de demônio no corpo.

- Segura pra mim? – Annmarie pediu, entregando um espelho de bolso para Samantha.

- Sério? Você demorou todo aquele tempo no quarto e nem passou maquiagem? Que tipo de mulher imprática você é, Srta. Mortan?

- Cala a boca porque a sua franja tá estranha – Annmarie fez um bico e tentou xingar a amiga. Samantha só riu:

- Isso? – ela apontou para a franja bagunçada e com mexas azuis. Ficava inacreditavelmente bem com o cabelo loiro platinado dela. E ela não precisava descolorir, o que também era uma vitória. – Essa coisa é estranha. Tem vida própria. Nem chapinha consegue domar a minha franja. Ela é muito radical, punk mesmo e..

- Ok, entendi, para de falar? Eu estou com sono demais para processar palavras.

- Vou ter que cortar o seu The Sims, moça – Samantha piscou e deu uma risadinha.

Quando Samantha estava na metade do seu décimo quarto ano de vida, ela resolveu que a calma rotina nos subúrbios não era para ela e que tinha ambições e curiosidades demais para viver do jeito que a mãe dela gostaria. Começou pintando o cabelo de verde, e depois fez uma tatuagem – uma frase de uma música embaixo do peito direito, era o orgulho dela. Ela aprendeu a falsificar documentos de indentidade no mesmo ano, curiosamente. Ela também colocou um alargador, experimentou alguns vários tipos de piercings até decidir que ela só gostava os buracos extras na orelha. Quando completou quinze anos, começou a fazer novos amigos e ir em festas diferentes. Chegava em casa às seis e meia, dormia algumas poucas horas, e ia à aula. Ela teria parado se isso a afetasse. Era muito curioso como ela podia tomar um porre, virar a noite e a aula de Biologia do dia seguinte ainda era fascinante – e não numa visão bêbada de fascinante. Ela conseguia ficar sóbria até a hora de ir à aula. Ela não ficava bêbada como os amigos também. Ela podia beber infinitos shots de tequila – recorde, dezoito shots e muitas idas no banheiro – e não ficar mal. Os amigos vomitavam, ficavam com uma ressaca terrível e nem iam à aula. Ela ficava solta, claro, fazia as típicas idiotices porém... Não passava mal. E ela tentava, testava os limites do corpo dela mas o mesmo parecia não conhecer tal coisa como um limite. A mãe de Samantha deu um basta na vida inconsequente de Samantha quando ela começou a perder muito peso – ela admite que não era a melhor ideia se encher de bebida e não comer quase nada durante o dia. Era suspeito, ela acho que a filha estivesse doente, até uma vez que a encontrou fumando na varanda de casa. Foi a gota d’água e a Sra. Forbes a mandou para o colégio interno. Samantha não aceitou a decisão bem – ela só queria testas os limites do corpo dela, se conhecer. Ela não era viciada – “quem se vicia em maconha, mãe?!” – ela só queria aprender, experimentar. A vida é curta demais para pensar muito e aproveitar pouco.

“E porque eu não sou a alienada, perfeitinha, dançarina meiga da minha irmã, eu vim parar nesse colégio ridículo” Samantha pensou irritada. Ela se prometou que ia exagerar nessa festa, ia beber como nunca e se divertir assim também. Uma vingança pessoal, um gostinho de vitória adicionado à bebida álcoolica dela. Um gostinho que a irmã dela nunca se atreveria provar.

- Srta. Forbes, eu preciso pedir a sua atenção novamente?! – Irmã Mary levantou o tom de voz, fazendo um sorriso preguiçoso atravessar o rosto de Samantha.

- Se eu disser que talvez precisará, vai ter que me tirar da aula?

Samantha saiu da aula com um sorriso orgulhoso no rosto e o nariz empinado. Era tudo que ela queria, tentava e nunca conseguia, um verdadeiro desafio que ela não tinha certeza se ia conseguir ganhar – ser expulsa de uma aula de religião.

- Matando aula, Sam? – ela ouviu a familiar voz de Dallas Storm atrás dela.

- Não – ela sorriu, olhando fundo nos olhos cor de chocolate dele. – Fui expulsa da aula de Religião, Dallas – Samantha piscou.

- Sério?! Você é inacreditável! O que você fez? Disse que Deus não existe?! Cara, eu falei que Maria não era realmente virgem e a Irmã Belva não deu nem bola – Dallas parecia exasperado e Samantha deu uma risada um pouco alta demais.

- A Irmã Mary tava dando a aula e o ponto fraco dela é tão óbvio! Eu só viajei um pouco e ela surtou! – Samantha jogou as mãos para cima e os dois acabaram rindo. Dallas e ela tinham se conhecido em uma dessas festas “secretas” que sempre aconteciam semanalmente, se não mais. Já que eles não podiam ir até a festa, eles faziam a festa ir até eles. A amizade entre Dallas e Samantha era divertida e leve, ambos eram extremamente competitivos então toda semana tinha um novo desafio no ar – quem conseguia quebrar a calculadora mais rápido, quem comida mais tacos no Dia do Taco, quem conseguia ser expulso de todas as aulas primeiro.

- Agora só me falta Sociologia – Samantha comemorou. – E você vai ter que me pagar uma vodka de morango.

- Ei, eu só preciso ser expulso de Sociologia e Literatura. Eu acabei de sair de Matemática, você está falando com um profissional – Dallas riu e Samantha viu o tom avermelhado que as bochecas dele tinha adiquirido nos últimos minutos. – Mudando de assunto, você vai no... Grupo de estudos do Pete hoje à noite? – ele perguntou e Samantha caiu na risada. Aquele era o nome mais ridículo para mascarar uma festa: grupo de estudos.

- Vou! Estou incrivelmente entusiasmada para estudar Espanhol! Você vai?

- Vou – o sorriso de Samantha foi refletido pelos lábios de Dallas. Eles caminharam alguns minutos em silêncio. Samantha sorriu pensando em apostar com Dallas quem fazia mais shots da pior vodka que tivessem comprado em menos tempo. Ela podia muito bem ganhar, ela tinha uma resistência fantástica.

- Você está com aquele sorriso – Dallas disse em um tom sério, mas não conseguia apagar o sorriso do rosto. – O que você está tramando, Sam?

- Quer apostar quem faz mais shots da pior vodka que tiver hoje à noite? – ela mordeu os lábios na hora de perguntar, tentando conter a excitação. Dallas pareceu fora do ar por alguns segundos, mas logo ele balançou a cabeça, como se clareasse os pensamentos.

- Apostado, Forbes. O vencedor escolhe o prêmio. Qualquer um – Dallas abriu um sorriso diferente, um sorriso com um quê de malícia.

- Fechado, Storm.

- Eu tenho que ir indo porque eu tenho aula de Filosofia – Dellas fez uma careta e Samantha riu. – A gente se vê lá?

- Claro! Tchau Dallas – ela acenou e Dallas se inclinou para beijar o rosto de Samantha.

Todas as aulas do dia foram tão chatas que Samantha pensou seriamente em tentar ser expulsa. Ela odiava Física, a Irmã Mellisa, professora de Biologia, estava sem voz e deu um exercício chato demais, e a aula de Matemática tinham sido exercícios ridículos que eram um insulto a inteligência nem tão avançada de Samantha. Quando ela conseguiu voltar ao quarto após a última aula do dia, ela estava tão frustrada que resolveu dormir até a hora da festa. Ela podia usar a energia extra para ganhar de Dallas na aposta. Depois que ela acordou, Samantha foi tomar um banho demorado e as horas voaram. Quando ela tinha terminado de arrumar o cabelo com o secador, faltavam só uma hora para a festa.

- Sam, você viu a minha bota preta? – Annmarie perguntou enquanto arrumava a maquiagem em frente ao espelho.

- De baixo da sua cama – Samantha respondeu enquanto pegava a caixa com as maquiagens dela.

- Obrigada! – Annmarie riu. A morena terminou de passar o rímel e foi procurar a bota preta em baixo da cama. Samantha riu enquanto espalhava a base pelo rosto. Ela não tinha muito tempo, então preferiu só passar deliniador escuro – ela adorava o contraste da pele clara com o preto – um pouco de rímel para escurecer os cílios loiros e um batom vermelho escuro, que forçava qualquer pessoa a focar o olhar nos lábios dela. O contraste era enlouquecedor.

- Annmarie, bota a chapinha pra esquentar, por favor – ela pediu quando a amiga foi para o banheiro terminar de se arrumar.

- Ok. Com que roupa você vai? – Annmarie perguntou, a voz abafada pela porta do banheiro.

- Você tem essa mania ridícula de querer falar comigo em outro cômodo! Parece a minha mãe, porque você também sempre reclama quando eu não escuto.

- E como que eu consigo escutar você? – Annmarie reclamou enquanto saía do banheiro.

- Porque vocês morenas tem uma audição sinistra – Samantha fez a amiga rir. – Eu acho que eu vou com a minha jeans cinza e aquela blusa do Breakfast Club, sabe? - ela começou a procurar a blusa no armário caótico enquanto Annmarie a acompanhava com os olhos. Era uma blusa de manga cavada, bem aberta, que mostrava parte das costelas de Samantha.

- Apesar desse filme ser uma completa droga, eu achei legal.

- Eu não sei como eu sou sua amiga, você não gosta do melhor filme do mundo!

- Sam, minha linda, eu uma notícia ruim para dar: só você gosta dos anos oitenta.

- Mentira! O Dallas também gosta! – ela se defendeu, colocando a jeans ao mesmo tempo que fazia uma careta.

- O Dallas é outra história – Annmarie revirou os olhos. – Vermelha, não azul – ela apontou para a camisa xadrez que a loira tinha escolhido – Combina com o batom.

- Srta. Fashion ataca novamente! – ela agradeceu com uma risadinha. – Escolhe um sapato pra mim, eu vou arrumar a minha franja.

- Não era a sua franja que era punk e não podia ser domada por uma chapinha?! Hein?!

- Cala boca, Ann! – Samantha resmungou. Ao entrar no banheiro, ela puxou o colar de dentro da blusa e o admirou por alguns segundos, deslumbrada como mesmo depois de tanto tempo, ela não enjoava do colar – a beleza dele não desbotava.

- O Pete chegou! Vem logo! – Annmarie gritou do quarto. Samantha desligou a chapinha e saiu correndo, calçando as alpargatas pretas com algumas tachinhas e saindo do quarto, com o celular na mão. Pete estava bem vestido, uma calça jeans e a camiseta xadrez azul fazia os olhos azuis dele brilharem mais que o normal. Ela quase ouviu a amiga suspirar.

- Oi – ele arriscou um sorriso.

- Oi Pete! – Annmarie sorriu. Eles foram caminhando lentamente e no mais completo silêncio até o quarto 287. Arriscar ser pego por uma freira no dormitório masculino era a última coisa que os três gostariam, então até chegarem à porta do quarto 287, nenhuma palavra foi dita. Entretanto, no momento que a porta do 287 abriu e eles entraram, foi como entrar em outra realidade. O quarto era todo iluminado por luzes coloridas de Natal e algumas lâmpadas de luz negra. As duas camas estavam uma em cima da outra, ocupando pouco espaço. Música tocava em um volume relativamente alto, dando uma atmosfera de festa muito gostosa e aconchegante. Alguns isopores estavam espalhados pelo quarto e, julgando pela fumaça que vinha da sacada, várias pessoas tinham fumo.

Era tudo que Samantha tinha sonhado e desejado. Ela estava pensando em abrir um isopor e decidir por vez com o que ela ia começar a se intoxicar, quando sentiu mãos grandes e quentes pousarem suavemente nos ombros dela. Ela se virou para ver Dallas em um estado impecável, diferente de hoje pela manhã. O cabelo loiro escuro estava arrumado e ele usava aquela camiseta estilo baseball de uma banda que ela não conhecia. Ele abriu um sorriso.

- Oi, Sam!

- Ei, Dallas – ela acabou sorrindo também.

- Eu vou pegar alguma coisa para beber, você quer?

- Quero. Qualquer coisa alcoólica.

- Já vai começar a beber? – ele provocou.

- Com toda a certeza! Eu quero ficar muito louca hoje – ela piscou para Dallas.

- Eu... Eu vou fazer as bebidas – ele deu um meio sorriso sem jeito e saiu rapidamente, sumindo no meio das pessoas dançando no meio do quarto. Samantha ergueu as sobrancelhas, estranhando a reação de Dallas. Estranho ele se comportar desse jeito! Ela acabou dando de ombros e resolveu ir até a sacada, ver o que conseguia para fumar.

O clima na sacada era diferente. A música ficava um pouco mais baixa e as luzes de Natal criavam um clima até um pouco romântico, apesar da fumaça. Algumas pessoas estavam no canto da sacada, tão chapados que Samantha conseguia imaginar eles pulando a grade da sacada. Tinham dois pufes, e enquanto um estava sendo ocupado por um casal que certamente não gostaria de ser interrompido, o outro estava sentado um garoto de cabelos ruivos que Samantha tinha certeza que não conhecia. Ela resolveu sentar ao lado dela – um amigo a mais não era nunca demais!

- Oi, e aí? Samantha – ela se apresentou com um sorriso amigável.

- Oi, sou Set – ele sorriu um pouco. Ele tinha uma beleza ímpar. O rosto era pálido comparado aos olhos negros e brilhantes. Era difícil saber onde terminava a íris. Os lábios eram fartos e avermelhados, e o cabelo ruivo era bagunçado e casual. Ele era ridiculamente bonito.

- Você é novo aqui?

- Sou e me fizeram essa pergunta umas dez vezes hoje – ele sorriu. Ele tinha um forte cheiro de hortelã e cigarros, uma combinação que funcionava para ele.

- Perdoe-me por ser curiosa – ela ironizou em um tom de deboche. Ele acabou rindo.

- Você é tão bonita que não precisa se desculpar – Set piscou. A loira sentiu um rubor subir pelas bochechas dela automaticamente.

- E você tem cheiro de cigarros e hortelã – ela tentou desviar a atenção dele porque não queria que notasse que ela tinha corado. Ela normalmente não era assim! Era ela quem fazia as pessoas corarem. Ela era a que deixava as pessoas sem graça sutilmente, nunca ao contrário.

- Você gosta?

- Não sei, é uma combinação diferente – mentiu. A porta da sacada se abriu e Dallas apareceu com dois copos nas mãos.

- Finalmente achei você! Oi Set, oi Sam – ele entregou a bebida para Samantha, que automaticamente tomou um longo gole.

- Vocês se conhecem?

- Sim, ele é do 3B – Dallas ergueu os ombros como se fosse óbvio. – Você conhece todas as meninas do seu dormitório, não me olha estranho assim.

- Não conheço não! – ela se defendeu prontamente.

- Quem é aquela loira de preto que está completamente chapada?

- É a Abigail, do primeiro ano.

- Eu disse! – Dallas riu.

- Não são todas! Eu conheço só...

- A maioria – Set completou.

- Exatamente! – ela agradeceu com um movimento rápido com a cabeça.

- De nada, Samantha – Set piscou novamente.

- Dallas! – uma menina baixinha, provavelmente era Tish, mas Samantha não a reconheceu muito bom. – Quer dançar? – ela ofereceu. O olhar de Dallas ficou parado por alguns segundos, provavelmente pensando, e depois foi de Samantha para Set e finalmente para Tish.

- Vamos – ele afirmou com a cabeça e puxou Tish para dentro pelo braço.

- Ciumento – Set revirou os olhos, falando baixo.

- O quê? – Samantha não tinha conseguido ouvir, ainda estava muito confusa pensando o que diabos estava acontecendo.

- Nada, Samantha. Você se importaria se eu a chamasse de Sam? – Set abriu um sorriso.

- Claro que não! – Samantha até ficou com um pouco de calor. Ela estava muito confusa, desde quando ela agia como se tivesse doze anos? – Porém... Você vai ter que aceitar meu convite de ir dançar – ela se levantou mordendo os lábios.

- Pedido aceito, Sam – ele disse e um brilho avermelhado passou pelos olhos dele. Samantha resolveu virar o copo e olhar de novo, talvez ela estivesse muito sóbria – realmente, tinha sido só impressão. Provavelmente era por causa das luzes de Natal penduradas.


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Notas finais do capítulo

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