- Posso dormir aqui essa noite? - Felix sorria entre alegria e alívio por finalmente não estragar tudo...

Qualquer resposta, mesmo um "não" do Carneirinho não o faria desistir de todas as mudanças que planejava em sua vida.

Niko não diz nada, seu sorriso se transforma em um abraço longo.. um susurro, uma palavra

- Vem...

A porta do quarto Niko pede para Félix entrar, por um momento Félix tenta estragar tudo:

- Carneirinho! O quarto que você dividia com a lacraia?! Eu devo ter..

Niko interrompe:

- Shhhh - Desculpe, mas esse eh o quarto de hospedes. Pode me esperar aqui dentro? E pode não acordar ninguém? Amanhã o Jayminho tem aula...
- Desculpe - Félix abaixa a cabeça envergonhado.
Quando ele entra no quarto...desaba "como eu pude? Se eu quero sair de São Paulo e recomeçar, como deixar o Carneirinho com esperanças, como não magoá-lo depois?
Um afago nos ombros o salva de seus próprios medos.
- Felix, tá tudo bem?
- Ah carneirinho, eu realmente não sou uma boa companhia...quando ele se levanta só encontra o abraço forte de Niko.
- Eu...
- shhhhh ... O importante é você estar aqui, - e Niko começa a beijá-lo desde o pescoço até que encontra sua boca com a seguinte questão " você tem certeza?"
Um beijo silencioso responde a qualquer dúvida.
Sem saber exatamente como, Félix se viu deitado aninhado a Niko que pacientemente sabe que precisa esperar o tempo do amado. Não há porque ter pressa, cada barreira tem seu tempo pensa ele.

Felix desiste de lutar e se entrega ao desejo mais real - todo o cuidado e carinho que ele tinha medo de buscar em Niko.

Amaram-se. Sem perguntas, sem medos - apenas como duas pessoas descobrindo-se pela primeira vez.
Niko extasiado, depois de tantas tentativas já havia perdido a esperança daquele corpo, do calor que o envolvia e protegia. Felix implorando a si que não estragasse tudo com algum comentário ácido que magoasse seu carneirinho; sim SEU carneirinho que agora lhe fazia até doer o coraçãode tanto desejo e sentimentos que nunca havia provado.
Acalmaram-se depois de tudo. Tudo aquilo que se propuseram-se a ser naquele momento - duas pessoas que se amavam.
Felix não dormia, cada afago nos cabelos de Niko o fazia mais acordado - sabia que cada minuto que dormisse seria um minuto a menos naquele momento. O calor do corpo de Niko o fazia lutar cada vez mais pra não estragar nada.
Amanheceu e Niko admirava seu amado sentado aos pés da cama.
Felix acordou e com um aorriso tímido disse que tinha fome. Na verdade não tinha planejado dormir - como sairia sem ser notado pelas crianças e a Adriana - talvez fugir pela cozinha?

Niko o convidou para o café com todos a mesa, para espanto de Félix:
- Mas o que você vai dizer?
Apenas um sorriso de Niko "- Na hora eu penso, não seja bobo!"

- Bobo, eu? "Eu não havia planejado o café da manhã" - seus olhos piscaram forte para disfarçar qualquer possibilidade de lágrimas e alegria em ser tão bem tratado pelo Carneirinho.

Mesmo assustando com toda aquela confusão matinal - Félix não se lembrava de cobrar Jonathan para sair para a escola ou abraçar o filho desejando um bom dia na despedida. Mas Félix saiu com uma certeza - aquele Carneirinho não era descartável, de maneira nenhuma.

Niko ficou em pé meio adolescente meio pés no chão "pra onde ele for eu vou!" confirmando o que acabara de dizer.