Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 4
Divergência




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– Jaqueline!

Uma garota loira de aproximadamente um metro e cinquenta e cinco treinava em uma academia improvisada pela facção criada por Júlia Dalboni. A força foi criada somente por seis pessoas que eram consideradas divergentes, entre elas estavam à própria potiguar que fora salva duas vezes da morte por sua amiga. Sentia-se culpada, inapta a ajudar e isso a fez voltar a treinar, voltar a ter sua rotina antes de entrar na universidade.

Seu pai sempre treinou Boxe, era bom e ela herdou essa paixão por lutas e principalmente o esporte o qual seu pai sempre praticava. Queria voltar, mas sempre pensava primeiro nos estudos e como o curso de farmácia exigia dela. Agora, com sua amiga sequestrada por membros de uma facção que deveriam lutar com eles contra uma nova espécie da natureza, ela voltou a treinar, a praticar, a lutar. Socos fortes, movimentação rápida. Tinha que compensar de alguma maneira o uso dos braços com uma velocidade e agilidade nas pernas para não ter pontos fracos... Sentia-se cada vez mais impotente, queria ajudar agora, não somente ser aquela garota que sempre era salva...

E ainda se perguntava onde estava o seu “marido”. Um baiano que ela conheceu no grupo e rapidamente os dois se encantaram um pelo outro. Ele estava organizando uma viagem para sua terra natal quando o apocalipse estourou. Esperava que estivesse vivo, e ela – uma divergente – se possuísse as condições necessárias, depois de resgatar a Júlia, partiria nem que fosse sozinha procurar por notícias dele. O baiano em questão era o soteropolitano Vinicius Ribeiro.

– Sim, Elaine – disse a vice-líder do grupo que tinha o gene da divergência – O que foi?

– Quando iremos salvar a Júlia? – disse a garota sentando-se em um banco do galpão abandonado que servia de base para o restante da facção que sobrevivera a primeira leva da horda de mortos vivos.

– Não tenho um plano... – Jaque, como era conhecida, ajeito seus cabelos e começou a socar um saco de areia – Alguém do grupo tem?

– Estão esperando e com medo... Somos somente quatro tirando as crianças que salvamos. O que espera que nos aconteça?

– Vamos sobreviver. Tem que ser otimista num cenário como este. Se formos pessimistas...

– Pereceremos.

Elaine começou a balançar as pernas quando viu os sobreviventes. Tirando as crianças que tinham até oito anos, existiam quatro pessoas. Três mulheres e um homem, o qual já estava ferido e infectado. As garotas não sabiam o que fazer, ninguém sabia o que fazer. A falta de decisão de Júlia atrelada à inaptidão de liderança de Jaqueline fez com que o fracasso ficasse estampado no rosto de cada uma das meninas. Duas delas eram amigas: Carla Aires e Endyell Digitten. Ambas eram gaúchas sendo que a segunda era descendente direta de estrangeiros. O homem ferido atendia pelo apelido de “Tuco” e a mulher que cuidava dele parecia ser sua esposa.

Tuco, percebendo que o destino havia lhe pregado uma peça pediu para que sua mulher chamasse todas para perto. Queria contar-lhes uma história de vida, uma história a qual ele escutara quando estava descendo de moto pelo litoral a fim de ajudar sobreviventes. Quando todo mundo chegou perto – incluindo as duas distantes – ele começou a contar de um garoto baiano, também com o gene da divergência que fornecia suprimentos as diversas resistências espalhadas pelo litoral.

– Eu o conheci quando passei pelo litoral baiano, mas precisamente por Salinas das Margaridas, uma localidade do outro lado da Baía de Todos os Santos – ele tossiu – Nunca lutou ou tentou enfrentar os Zumbis de forma direta. Sempre procurou evitar e utilizar seu barco e a capacidade de alocação de recursos deste para fornecer comida, roupa e armas. Não sei como ele consegue...

– E por que você está falando isso Tuco? – indagou Carla.

– Porque ele é a pessoa que mais vai saber sobre o vírus

– Como assim? – dessa vez foi Endyell que perguntou.

– Ele conheceu físicos, biólogos e outras pessoas durante seu vai e vem. Com isso, adquiriu um conhecimento maior sobre a infecção. Não que os brasileiros não sejam bons, mas tem conhecimento suficiente sobre o tema.

– Qual o nome dele? – perguntou uma Jaqueline interessada.

– Vinicius Ribeiro.

A garota de cabelos loiros sorriu de alegria... Ele estava vivo, o homem estava vivo. E ainda por cima ajudando as pessoas a lutarem por si próprias durante uma crise sem precedentes na história humana. Elaine percebera a alegria da sua vice-líder e atual representante do grupo enquanto Tuco continuava com dificuldades a sua história.

– Júlia queria entrar em contato com ele por que já o conhecia e ele pode saber um jeito de curar alguém com a divergência.

– Irei salvar a Júlia – disse Jaque retirando suas ataduras – Não se preocupe Tuco, aguente firme que você irá sobreviver.

– Como irá fazer isso Jaque?

– Fazendo o impossível.

***

– Anderson!

O nome chamado se aproximou vagarosamente. Magro e franzino tinha uma camisa vermelha de mangas longas para se proteger do frio que a serra carioca trazia.

– Você sabe sobre o gene da divergência? – perguntou um senhor com aparentes trinta e cinco anos sentado sobre um trono de madeira feito recentemente.

– Não, meu governador – respondeu o mulato com corte militar – Não sei.

– Simplesmente são pessoas que convergem com o vírus. Por causa daquele livro maroto de nome homônimo. Alguém deve ser muito fã para colocar esse nome tosco.

– Concordo Governador.

– Eu adquiri informações, de toda forma – o homem detinha uma grande barriga e era muito forte, porém lento. Ele se ajeitou no trono e continuou a falar – Que elas são imunes ao vírus dos mortos vivos. Vírus que foi criado pela merda dos militares para soldados perfeitos. Quero investigar e saber o porquê... Se é que me entende

– Sangue? Você quer o sangue das pessoas consideradas divergentes?

– Quero que você me traga as que existem no Brasil.

– E quais seriam?

– Receberá um dossiê contendo os nomes. A Carol Ramos vai com você.

– Vivos correto?

– Os do gene da divergência sim. O restante você pode matar.

– Compreendo meu governador.

– O império que formaremos com o sangue dos divergentes poderá fazer com que possamos exterminar com os zumbis da face da terra.

– Você sabe que quase quatro quintos do planeta foram para o espaço. Ou seja, só existe um quinto da população mundial.

– A humanidade não perecerá, meu amigo. Cabe a você desejar se quer está por cima ou por baixo. Eu quero ficar por cima e você.

A resposta de Anderson Morais, o braço direito do Governador foi praticamente instantânea.

– Eu quero estar por cima.

E Anderson partiu numa missão: Capturar todos aqueles que possuem o gene da divergência...


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