Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 24
Duelos




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O velho carro conduziu tanto Anny quanto Claudio a Ilha Comprida. Por via das duvidas, visando não chamar atenção de gente indesejada – notavelmente os zumbis – ela estacionara o barulhento automotivo na entrada da cidade para quem vinha de Iguape. Continuariam de outra forma que fizesse o mínimo de barulho possível. Todavia, ao aproximar-se cada vez mais da localidade, o divergente capixaba perguntou a si mesmo da verdade missão dele ali: Adquirir informações sobre um novo vírus. Só que as pastas e arquivos de sua nova amiga não diziam muita coisa sobre algo novo, nem como explicavam as mortes desconhecidas a qual o Obreiro ouvira falar. Ele passou a questionar a veracidade das informações... Se tudo que chegava a seu mestre ou “sensei” – assim Claudio chamava Vinicius – era verdade.

De onde vinham as informações? Impossível era o baiano ser profeta. Existia ai uma espécie de assimetria do conteúdo o qual chegava a ele. Anny nem sequer conhecia o seu mentor e isso fizera não só ele questionar as informações como também os métodos os quais Vinícius adquiriu o que sabe. E isso, essa duvida, o fez recordar de algo visto por ele algumas semanas após a invasão dos chamados supersoldados no Brasil. A comunicação estava a dias de ser cortada e as pessoas, de um dos seus grupos em um aplicativo de mensagens instantâneas no celular, indagavam-se de maneira plausível sobre se viveriam a aquele apocalipse descrito na Bíblia.

– Eu vou ficar no litoral mesmo. Já reuni suprimentos suficientes para eu me manter vivo por alguns dias e passarei nas cidades próxima à costa visando ajudar no que for possível – disse um dos poucos ativos. O homem que o jovem nascido em Aracruz chamava de mestre. – E vocês?

Desde quando tudo aquilo começou só Cláudio, Vinicius, Marcela e Lídia apareciam. O restante só deus sabia – apesar de que o primeiro da lista se reunira rapidamente com Pâmela e Cássio. Portanto, tudo o que ele via, os outros dois viam também.

– To em Viamão ainda... Dificilmente sairei daqui sozinha.

– A Bica não esta indo a sua cidade te visitar? Foi isso que eu soube. Bem como que a Júlia adentrou em um grupo de resistência no Rio de Janeiro. Tirando isso as informações são conturbadas.

A partir daí, deste momento, as informações de Vinicius estavam sempre corretas ou meio corretas. Nunca totalmente erradas. Qual era o segredo para tanta certeza? De onde ele recebia essas verdades absolutas? Como ele sabia de tudo isso, mesmo quando as comunicações estavam cortadas e avariadas?

Perguntas como estas não saiam de sua cabeça. Porém, logo foram dissipadas, pois um homem totalmente encapuzado encontrava-se parado com dois grandes facões. Seu capuz era diferente dos normais. Parecia um cone com três furos. Se ele não estivesse todo negro, diria facilmente que ele era do Ku Klux Klan.

Anny se arrepiou. Claudio pôs-se em guarda e retirou seus dois cassetetes das costas. A mulher poderia o ter derrotado, só que ela estava naquele momento em desvantagem de não possuir uma arma sequer.

– Quem é você? – indagou sua nova parceira.

– Tenho muitos nomes, mas o principal deles é Bandeira Negra.

A voz saía com certa rouquidão e pesada. Quem quer que fosse a psicóloga de imediato deduziu que ele não estava totalmente em forma e parecia ferido em algum ponto de seu corpo.

– E por que o tom ameaçador – perguntou Claudio olhando ao fundo movimentos que ele considerava suspeitos.

– Por que minha longa espera acabou.

– Espera pelo que? – Anny deu dois passos a fim de se por entre os dois rapazes, visto que ela não gostava dos rumos daquele conversa.

– Um divergente. Uma pessoa com o gene especial.

O capixaba espantou-se.

– Para?

A gaucha de pelotas, assim como Vitória, Endyell e Carla, pôs a mão no peito do rapaz de Aracruz como se o dissesse para correr. Afinal ela considerava os divergentes a única solução a sobrevivência humana.

– Banhar minha arma com o seu sangue!

Depois da exclamação, o homem correra em direção a Cláudio. A garota ameaçou correr, mas possuía saltos e por isso seu companheiro fora mais rápido e impulsivo que ela. O autoproclamado aprendiz de Vinicius Ribeiro não fugiria de um duelo e nem sacrificaria uma garota para que ele fugisse com um rabinho entre as pernas, como se fosse um cachorrinho precisando de cuidados. Não era covarde. Se o que aquele homem queria era um duelo, ele teria um.

Nem que fosse um até a morte.

– Você é meu!

Gritou seu oponente na mesma hora em que procurou uma estocada com o facão em sua mão direita. Mirava o peito do divergente. Contudo, este se inclinou à esquerda e com seus dois cassetetes fez a arma deslizar pelo corpo da sua. O homem, então, tentou um golpe transversal com seu outro instrumento em sua mão esquerda, facilmente bloqueado por Cláudio por uma singela elevação da sua mão direita. A lâmina do facão chocou-se contra a ponta da arma de combate corpo a corpo usada pela polícia.

– Anny! Procure a Vitória e a traga aqui! – ordenou – Agora!

– Acho que ela não irá a nenhum lugar se sair daqui. – murmurou o misterioso humano empurrando com um chute seu inimigo – Não existe somente um Bandeira Negro.

– Como assim? – indagou a mulher retirando seus saltos.

– Somos uma organização. Somos muitos e vocês são apenas poucos. Reles quatro pessoas que pensam que podem ir de frente contra uma organização inteira. Bandeira Negra é o nome de dez de nós. Vestidos da mesma forma. Usando da mesma tática. – ele ficou novamente em guarda – A tática kamikaze.

– Anny! Vá!

O aclamado Bandeira Negro não deixou mais Cláudio descansar. Atacava incessantemente com uma variedade extensa de golpes. O jovem se defendia como podia e por mais que a garota quisesse ajudar, deveria obedecer a aquelas ordens, pois racionalmente falando elas, unidas, poderiam ajudar o adolescente a vencer aquele homem.

Com uma dor no coração, Anny Goulart passou correndo pelo embate dos dois. Com algumas perguntas que surgiram após a fala do “Bandeira Negro”

Ilha Comprida ficaria pequena demais.

Ou grande demais.

***

A batalha continuava sem pausas. Em instantes as grandes metralhadoras ficariam sem munição e a horda parecia não ter fim. As primeiras grandes baixas já aconteciam de forma massiva e os zumbis mais rápidos fizeram a resistência recuar até o segundo muro de contenção. E tudo pioraria se eles tivessem que ir ao combate corpo a corpo. Não que fosse uma alternativa ruim, entretanto os números atrelado à rapidez ocasionariam mais baixas que eles poderiam suportar.

Bruno coordenava maestriamente. Thallita havia ocupado o lugar de Marcela e cobria a magra jovem de Viamão maestriamente. Os oficiais mais qualificados da resistência começaram a deixar suas armas de combate carregadas e preparadas para um enfrentamento eminente.

– Não tem fim! Vamos morrer! – gritava um dos homens

– Se vamos morrer! Vamos fazê-lo com glória! Como verdadeiros guerreiros! – disse outro pulando o muro e caindo no abraço gélido do inferno.

Ao decepar a cabeça do primeiro zumbi, o corpo deste explodiu em cima do homem. Sangue infectado caíra nas extremidades dos poros do corpo humano – olhos, nariz, boca e ouvidos. Isso era fatal e aquele corajoso homem de aparentes trinta anos, já estava fadado à morte. Mas levara muito consigo até começar a sentir os efeitos da transformação. E se matar com um corte horizontal na região do estômago.

Thallita impressionava-se com o valor dos daquela resistência em fazer com que pelo menos a maioria sobrevivessem. A batalha era árdua e via até crianças pegarem em armas para proteger suas famílias, seus entes queridos, seus amigos e comandantes. Muito diferente de Thanatos e sua trupe a qual sacrificaria quem quer que fosse somente para se manter vivo. Nunca que iria viver assim.

Preferia viver como aquelas pessoas. Viver por um ideal. Um de liberdade.

E acima de tudo

Sobrevivência.

E com os espíritos renovados, Thallita liderou a primeira leva do contrataque. Um que faria eles saírem vitoriosos frente aquela horda enraivecida de mortos-vivos.


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